A Ilha Queequeg



–        Patrick está debruçado sobre o Mapa da Magia há horas. Ela sumiu. – Rony disse a Harry.


–        Bom, pelo menos ela não está explodindo nada por ai. –respondeu Harry.


–        Como estão Gostamino e os outros?


–        Em choque ainda. Kingsley liberou magia para ajudar na reconstrução da cidade e depois alterar a memória de todos.


–        Eles bem que vão querer esquecer esse dia.


Hermione apareceu na sala acompanhada de Rebecca.


–        Harry, lembrei do que você contou sobre o Guardião e pesquisamos o feitiço que Elvira usou para evocar os fantasmas na Mansão Malfoy.


–        O que descobriram?


–        Um pouco mais que nada; é muito raro... só tem um lugar em que podemos descobrir alguma coisa agora...


–        Hogwarts. – respondeu Harry.


 


A diretora McGonagall utilizava a antiga sala de Dumbledore, mas pouca coisa havia mudado. Livros, quadros dos antigos diretores e uma estranha sensação de nostalgia. Era a primeira vez que Harry, Hermione e Rony pisavam em Hogwarts desde que Voldemort havia sido derrotado há pouco mais de três anos. A diretora e Neville os recepcionaram. Harry apresentou Neville a Rebecca Slater e Patrick Rent com muito entusiasmo.


–        Preparamos uma sala para vocês. – disse Neville depois de cumprimentá-los.


–        Espero poder conversar com o quadro de Dumbledore. – disse Harry.


–        O quadro está vazio a mais de um ano Potter. – disse a diretora McGonagall.


–        Vazio?


–        Dumbledore saiu para visitar amigos ao redor do mundo. Foi visto pela última vez no canto de um quadro em uma exposição de arte em Genebra. – explicou Neville. – Há um quadro dele aqui; eu coloquei na sala que preparamos para vocês. Ele está bem mais jovem nesse quadro.


–        Então não podemos saber qual o nível de conhecimento dele. – disse Harry desanimado.


McGonagall segurou Harry pelo braço


–        Não há garantias que ele saiba alguma cosia sobre o que vocês estão procurando, aliás, quando o quadro foi pintado ele conhecia você apenas como um bebê. Ele não sabe o que aconteceu e você não deve dizer a ele, entendeu?


Entraram num longo corredor Rebecca cochichou com Patrick:


–        Por que você não me deixou dizer o que sabemos?


–        Ia parecer suspeito saber muitos detalhes.


–        É, não ia pegar bem você contar que tirou informações de Roman Young antes de jogá-lo de quase vinte metros.


–       Sem contar que provavelmente ela usou a lareira da casa que encontramos Roman Young.


–       Patrick! Poderíamos tê-la impedido! Quero me vingar dessa mulher! Ninguém rouba minha varinha novinha em folha!


–       Quero pegá-la, mas também quero saber o que ela vai fazer com o bastão para continuarmos de onde ela parar.


–       Isso parece tão simples pra você...


–       Sim. Sempre quis conhecer essa escola. Gostaria que tivéssemos tempo pra ver o campo de Quadribol.


–        Por que Draco não veio junto? Você não acha que ele pode contar ao Ministério o que sabe? – Rebecca perguntou preocupada.


–        Não contará; mandei os homens de Solomon vigiá-lo e ele sabe que se pensar em dizer alguma coisa contra mim vai fazer companhia aos pais em Azkaban se eu não cuidar dele primeiro...


–        Chegamos! – anunciou a diretora e com a varinha abriu a porta de uma pequena sala. – Entrem. Lembre-se o que eu falei Potter.


Sobre a mesa um retrato pequeno; Dumbledore apenas um pouco mais jovem; barbas não tão longas e nem tão brancas. Examinou com olhos curiosos o grupo se aproximar.


–        Que grupo mais carismático. – sorriu gentilmente.


–        Professor Dumbledore... eu sou... Harry Potter. O senhor deve se lembrar que me deixou na casa dos meus tios anos atrás.


Dumbledore fixou os olhos em Harry.


–        Você poderia... – disse após alguns minutos.


Harry levantou a franja expondo a cicatriz.


–        Da última vez que o vi... essa cicatriz tinha acabado de ser feita. Se você está aqui é porque venceu não é mesmo? Fez o que tinha de fazer.


–        Sim, vencemos... – Harry chamou Rony e Hermione para junto dele. – Tive ajuda dos meus amigos.


Hermione segurou a mão de Harry e Rony. Harry achou melhor tocar logo no assunto para tentar dominar sua emoção.


–        Professor, precisamos que o senhor nos conte sobre os fantasmas que são libertos pelo bastão de Zenobhia. Como podemos vencê-los?


–        O que aconteceu? – Dumbledore perguntou num tom preocupado.


–        Uma bruxa tem evocado fantasmas com o bastão; achamos que está planejando alguma coisa maior e pior.


–        Como ela chegou a isso?


–        Longa historia senhor...


Dumbledore continuou a observar o grupo; demorou os olhos em todos.


–        O poder maior desse bastão é libertar a bruxa que criou o feitiço: Zenobhia. – disse Dumbledore.


–        Por favor, professor conte o que sabe para podermos detê-la.  Ela já matou uma pessoa e feriu uma dezena.


–        O bastão evoca almas esquecidas, pessoas não amadas em vida ou criaturas mortas por crueldade. É preciso estar perto do lugar onde o corpo foi enterrado, mas Zenobhia pode evocar vários de uma vez ha quilômetros. – explicou Dumbledore.


–        Será possível que Elvira saiba onde Zenobhia está enterrada? – perguntou Hermione.


–        Não temos sinal dela. Pode ser que já esteja a caminho de encontrar o lugar. – disse Harry.


–        Professor Dumbledore, o senhor sabe onde essa bruxa está enterrada? – perguntou Hermione.


–       Um lugar muito de difícil de achar. Uma ilha no meio do nada chamada Ilha Queequeg.


–       Difícil, mas não impossível! – disse Harry. – Se a intenção de Elvira é libertar Zenobhia para ter mais fantasmas temos que chegar lá primeiro!


Dumbledore olhou para Hermione e, por algum motivo, se dirigiu a ela pra dar instruções.


–        A ilha foi escolhida para abrigar a tribo Garrout e para se tornar a morada final alem de Zenobhia de muitas outras criaturas que não podiam pertencer mais a... Doug McClure, um explorador bruxo foi o único a localizá-la; escreveu sua possível localização num diário que lançou ao mar. O mapa foi achado, mas ele e a ilha nunca. Tenho um livro falando dele e com uma foto do mapa original em minha biblioteca particular.


Quando todos saíram Harry se deteve por mais alguns minutos olhando a figura de Dumbledore melancolicamente pintado em cores vivas.


–        Harry Potter, o menino que sobreviveu! – disse Dumbledore quebrando o silêncio. – Cuide de seus amigos.


–        Eles que cuidam de mim na maioria das vezes. – respondeu Harry engolindo em seco. – Gostaria de ter mais tempo para contar mais detalhes. Tomei uma série de decisões erradas...


–        Harry – Dumbledore o interrompeu – eu o deixei na porta da casa dos seus horríveis tios e aqui está você: um belo rapaz! Seja o que for que tenha feito agora você está tentando fazer o que é certo.


Na biblioteca Hermione virava as páginas de um livro com Rebecca e Patrick à suas costas. Harry entrou e olhou para Rony; o amigo desviou o olhar voltando a observar o que Hermione estava fazendo.


–        Vejam o mapa! A foto é bem nítida. – apontou Patrick.


–        Coordenadas marítimas. Podemos decifrá-las. – disse Hermione. – Vamos começar a trabalhar.


–        Certo, passamos a noite aqui e partimos amanha à tarde. – disse Harry.


–        Vou providenciar mantimentos! – disse a diretora McGonagall saindo da sala apressada.


No Salão Comunal da Grifinória Harry observava o fogo estalando. Hermione desceu as escadas do dormitório das garotas.


–        O dormitório das garotas também parece menor? – Harry perguntou sorrindo.


–        Bem menor e cheio de adolescente que ficam me encarando.


–        Não pode ser pior do que o nosso. Tinha me esquecido como um bando de moleques num quarto pode ser irritante.


–        Meninos... – Hermione balançou a cabeça.


–        Acabei de falar com Gina pela lareira; disse a ela para onde vamos. Expliquei que ela, Neville, Hagrid e mais quem eles conseguirem formará um segundo grupo caso precisem...


–        Nos resgatar.


–        Não vai acontecer Hermione; estamos bem preparados.


–        Essa ilha, segundo Doug McClure, é um depósito de coisas ruins. Essa tribo norte americana de lobisomens chamada Garrout foi isolada lá séculos atrás! Eles adoram os lobos como divindades e diferente do lobisomem comum não precisam da lua cheia; se transformam todas as noites.


–       Espere aí Hermione você não acha que eles ainda estão por lá?


–       Não sei, mas ainda estiverem e conseguirmos documentá-los...


Harry sorriu para a amiga


–       Só você pra achar isso mais educativo do que assustador Hermione.


–       Seria legal...


–       Desculpe não ter contado tudo sobre o Guardião antes de tudo isso acontecer. Sinto muito também por você e Rony não viajarem; vou compensá-los de alguma forma.


–       Vamos viajar agora não é mesmo? De novo numa barraca mundo afora! – disse Hermione sorrindo.


Rony entrou no Salão Comunal.


–        A diretora McGonagall pode nos segurar amanha para cumprirmos detenções por estarmos fora da cama? – perguntou se espreguiçando.


–        Espero que não! – disse Harry. – Eu já ia me deitar.


Harry sorriu para Hermione antes de dar boa noite aos dois.


Hermione observou Harry com carinho; sabia que o amigo foi se deitar para ela e Rony terem um pouco de privacidade antes da viagem.


–        Quer subir lá e cobri-lo? – Rony perguntou num tom debochado


Hermione não respondeu. Os dois ficaram se olhando por um tempo; talvez recordando momentos que passaram sentados naquelas mesmas poltronas anos atrás; Hermione queria correr até Rony, beijá-lo e dizer como estava assustada. Rony se acomodou mais na poltrona e Hermione subiu para se deitar. Não trocaram mais nenhuma palavra até a manha seguinte.


Depois do almoço as mochilas estavam prontas devidamente enfeitiçadas para caber livros, poções, comida, a barraca e até um pequeno barco. Um escaler antigo que Hagrid guardava no castelo.


–        Estranho vestirmos todas essas roupas num dia de sol. – comentou Rebecca.


–        Vamos pra um lugar muito frio, e de lá seguindo as coordenadas; devemos navegar mais dois quilômetros. É onde a ilha provavelmente está. – explicou Harry.


–        No meio do Oceano Antártico; aparatar é única forma possível para atravessar o gelo...


–        A ilha foi preparada para evitar que a encontrem não poderemos aparatar até lá e nem de volta.  – disse Hermione.  – Vamos aparatar em pontos próximos para acostumarmos com o frio. Depois montamos o escaler para navegar até a ilha.


–        Prontos? – perguntou Patrick.


Todos responderam afirmativamente.


Hagrid, Neville e a diretora McGonagall desejaram sorte a todos.


A primeira parte da viagem durou o dia inteiro. Na última parada para acamparem a temperatura já estava menos treze graus e os únicos seres vivos além deles era um simpático grupo de focas.


A barraca que usaram foi presente do Sr. Weasley e nunca fora usada. Era ampla e confortável com três quartos, sala, cozinha e banheiro. O aquecimento era impecável. Não havia necessidade de montar guarda então todos foram dormir na mesma hora.


–       Sei que seu pai teve a melhores das intenções em nos dar esse presente, mas eu esperava nunca mais ficar numa barraca. Pelo menos dessa vez não temos que ficar em beliches... – disse Rony abraçando Hermione.


Hermione puxou as cobertas e se encolheu.


–       Não acredito que está pensando nisso!


–       Penso nisso quase todo o tempo.


Hermione ficou em silêncio.


–       Sei que não está dormindo. – disse Rony rindo.


–       Sim, estou.


–       Será que não podemos...


–       Boa noite Ronald.


–       Eu posso morrer nessa viagem.


–       Pare!


–       Você vai sentir remorso...


–       Não vai acontecer nem uma coisa nem a outra!


–       Um simples beijo de boa noite... meu ultimo desejo.


–       Se eu beijar você... você promete me deixar dormir?


–       Prometo!


Os dois se beijaram e Hermione pode sentir que Rony não iria cumprir a promessa.


Harry demorou a pegar no sono; ouviu barulho na mesa da sala. Achou que talvez uma foca tivesse entrado, mas não encontrou nada. Na cozinha tampou um pote de biscoitos que provavelmente Rony deixou aberto antes de deitar.


Todos levantaram cedo no dia seguinte; juntaram as coisas e tornaram a aparatar. A cada parada eram necessárias mais camadas de roupas. Um dia e meio de viagem e estavam isolados no topo de um iceberg. O mar a frente deles era cinza, bravo e assustador.


–        Melhor deixarmos para manha o tempo está muito ruim e já estamos cansados. – sugeriu Patrick.


O aquecimento da barraca parecia não dar conta; Hermione deitou enrolada em pelo menos três cobertores e se juntou a Rony.


–        Onde será que Elvira está? – perguntou.


–        Espero que esteja passando mais frio junto com aqueles cadáveres. – respondeu Rony abrindo a mochila para pegar mais um suéter.


–        Que bagunça que você faz Rony. – comentou Hermione vendo as roupas de Rony reviradas.


–        Não fiz não! Estava tudo dobrado Hermione!


A montagem do barco foi fácil. As peças se encaixavam com facilidade. Navegar, no entanto não era tão simples. Sem experiência em navegação e mesmo com magia demorou que tomassem o rumo certo. Duas horas no mar avistaram pássaros que voavam em círculos sobre a água e que depois seguiram para o norte.


–        Vamos segui-los! Estamos perto! – disse Harry.


Avistaram uma imensa parede branca. O barco começou a ser arrastado até ela.


–        Vamos bater! Segurem-se! – gritou Patrick.


A lateral do barco foi raspando na parede congelada até parar. Harry avistou uma abertura no gelo.


–        Parece um túnel.


–        Estamos sendo puxados para lá ! – gritou Rony.


O túnel de gelo acabava numa espécie de praia. A água se tornava mais clara e o vulto de uma serpente marinha passou por debaixo do escaler.  Uma imagem que Harry achou incrível.


–        Será possível que ela não nos viu? – perguntou Rony.


–        Se viu nos achou mais estranhos do que nós a ela. – respondeu Hermione. – Ao contrário do que se imagina serpentes marinhas são muito tranqüilas. Elas só atacam quando invadem o território que escolhem para procriar.


Rebecca surpreendeu Patrick sorrindo para Hermione. Fixaram o escaler e foram explorar a ilha.


O clima tropical fez os quatro se livrarem das camadas de roupas.


A ilha não parecia muito grande; a vegetação era fechada. As árvores próximas estavam carregadas de frutas tropicais. Pela areia vários caranguejos-de-fogo andavam tranqüilamente. Hermione tirou seu bloco e começou a fazer anotações. Rony e Harry trocaram olhares e sorriram. Havia piscinas naturais com água fresca.


Entre as árvores pequeninos macacos com chifres no meio da testa brincavam entre si. Faziam um barulho que se parecia com sinos e bastava um começar que os outros acompanhavam.


–        Aqui seria o paraíso para Hagrid e Luna; cheio de animais exóticos. – brincou Rony.


Encontraram ruínas de algumas casas.


Resolveram que era mais seguro montar acampamento.


Harry e Rony não conseguiam abrir a barraca. Harry tirou a varinha que começou a tremer em sua mão.


–        O que foi? – perguntou Rony.


–        Não sei! Não consigo manter a varinha apontada para a barraca. Parece que alguma coisa a está segurando e sacudindo. Tente você.


Aconteceu a mesma coisa com a varinha de Rony, Rebecca, Hermione e Patrick.


Montaram acampamento manualmente. Hermione e Rebecca debatendo o que podia ter acontecido; se talvez fosse algum truque de Elvira que ficou de posse das varinhas por algum tempo.


Sem magia o interior da barraca era de uma barraca normal. Sem espaço para cinco pessoas e todo material que haviam levado.


–        Ainda bem que não colocamos toda a comida lá. – disse Rony.


–        Você disse que não poderíamos aparatar Hermione; não tem nada no diário que fale que as varinhas não funcionariam aqui? – perguntou Harry.


–        É coerente para o propósito da ilha.  – respondeu Hermione. – Se todo mundo pudesse vir aqui e fazer a magia que quisesse essa bruxa nem a tal tribo não estariam aqui.


–        Hermione estamos ferrados num lugar desses sem magia! – Rebecca disse zangada.


Harry sentou numa pedra.


–        Minhas costelas começaram a doer.


Rony também precisou se sentar.


–        Minha perna também.


Hermione puxou a perna da bermuda de Rony para cima; Harry tirou a camiseta.


–        Hermione, você usou algum feitiço nas costas de Harry? – perguntou Rebecca examinado as costas dele.


–        Usei! Harry tinha partido outra costela na briga com o ciclope. Usei no ferimento de Rony também!


–        Tudo que foi feito com magia está perdendo o efeito? – perguntou Harry.


O ferimento de Rony provocado na explosão na casa de Elvira estava como se ninguém tivesse feito nada. Hermione tirou uma toalha da mochila e o enrolou.


–        No que mais usamos magia para trazer para cá? – perguntou Patrick verificando a própria mochila.


–        Meu kit de poções! – exclamou Rebecca tirando da mochila vidros quebrados. Todos os ingredientes vazaram ou sumiram.


–        O retrato de Dumbledore que peguei da sala de McGonagall!


Harry o tirou da mochila; o retrato estava estraçalhado.


–        Meus livros... – disse Hermione suspirando.


–        No fim Elvira não é a idiota que todos pensavam. – Rony disse tentando ficar de pé.


–        Nós erramos em confiar nela, mas isso não a faz um gênio. – respondeu Rebecca mal humorada.


–        Rony estava certo desde o inicio. Não sabíamos nada a respeito dela. – disse Harry.


–        Eu nunca parei dois segundos para conversar com ela. – disse Rebecca.


Patrick que estava em silêncio coçou o queixo e sorriu.


–        Ela a enganou também Rebecca; fez você insistir para que eu descansasse. Ao mesmo tempo em que convenceu Rony a viajar com Hermione.


–        Contamos coisas a ela...  – comentou Hermione deprimida.


–        Já está anoitecendo, temos que sair daqui. – disse Patrick


Harry olhou em volta e percebeu movimento na floresta.


–        O que você disse a ela Hermione? – Rebecca perguntou de repente.


–        Nada muito específico.


–        Ora, vamos Hermione! Elvira não gostava de mim, mas gostava muito de você. Não comentou nada pessoal com ela?


–        Bem... comentei sobre as brigas de Harry e Rony e como isso me chateia às vezes?


–        Você trata Harry feito criança. – Rony disse também olhando para a floresta.


–        Quer saber o que eu disse sobre você Rony? – Harry perguntou irritado.


–        Não importa o que dissemos a Elvira. Só importa o que já dissemos uns aos outros várias vezes! – Hermione disse com firmeza.


–        Comovente... – disse Rebecca. – O que disse a ela sobre mim?


–        Nada. – respondeu Hermione com raiva.


–        Acabo de ver um homem nu correndo entre as árvores. – apontou Rony.


–        Temos que sair daqui. – disse Patrick


–        Pra onde vamos? Vamos entrar numa dessas casas? – perguntou Hermione.


–        Estão em ruínas. Eles podem entrar por qualquer lugar. Temos pouco tempo. – disse Rony.


Andando o mais rápido possível chegaram ao que parecia ser o único prédio inteiro. Patrick empurrou a porta atrás de todos.


Os corredores estavam iluminados por tochas.


Pelo chão varias armaduras vazias e muitos ossos quebrados. Por uma fresta viram um homem careca e magro vigiá-los até a noite cair. A noite estava tão clara que todos puderam vê-lo se esticar inteiro e começar a morder a própria pele. Arrancou cada pedaço deixando a mostra pelos negros. Por último puxou a pele do rosto como quem tira uma mascara revelando a cabeça monstruosa de um lobo. Nenhum deles havia visto um lobisomem daquele jeito. Assim que completou a transformação o lobisomem passou a se atirar contra a porta. Ouviam o barulho das unhas arranhando a porta.


–        Vejam isso! – Harry apontou para um lobisomem desenhado na parede. – Não é a toa que ele quer entrar! Estamos na casa dele.


–        Vocês estão ouvindo alguma coisa? – perguntou Rony.


–         Não é a casa só dele não... Tem outro aqui dentro. – disse Patrick. – Está farejando a perna ferida de Rony.


Harry e Patrick pegaram uma espada cada um da pilha de ossos no chão. Ficaram em silêncio ouvindo a respiração de alguém ou alguma coisa se aproximar. Sentindo calafrios Harry apoiou Rony em suas costas:


–        Tive uma idéia. Vamos atraí-los pra longe de vocês.


–        Harry o que está fazendo? – Hermione se colocou na frente deles.


–        Não vou atirar Rony aos lobisomens Hermione. Fiquem aqui!


–        Não Harry!


–        Vigie esse corredor Patrick.


–        Pode deixar. – disse Patrick dando uma espada pra Rony também.


–        Você ouviu Hermione; ele não vai me dar de comida ao lobisomem. Certo? Harry?


Harry deu um leve aperto no ombro de Rony e os dois se afastaram do grupo o mais rápido que puderam.


–        Harry volte aqui! – Hermione gritou antes de Patrick segurá-la.


Entre as colunas o vulto do lobisomem deixou de espreitar os outros e começou a seguir Harry e Rony.


–        Você queria contar a Hermione sobre Emily não é? – perguntou Rony ofegante com o esforço em andar.


–        Queria, mas mudei de idéia e resolvi fazer de você isca para lobisomem.


–        Você é um grande amigo já lhe disse isso?


Harry encostou Rony na parede a sua frente e manteve espada segura firme nas mãos.


–        Você o vê?


–        Está entre as colunas, pela sua esquerda. Deus... ele é muito feio!


–        Conte a Hermione o que está acontecendo.


–        Você não sabe o que está acontecendo. Ele está a menos de um metro. Já me farejou!


Harry preparou a espada.


–        Avise-me quando ele estiver perto o bastante.


–        Ele parou bem a minha frente. Você podia ter nos contado sobre Guardião.


–        Não quis preocupar vocês...


–        Eu não estou preocupado! Você está? Ele está se preparando para saltar...


–        Rony... você acha que tudo que está acontecendo é minha culpa?


–        Ele vai saltar! Já lhe disse Harry... um...


–        Responda Rony!


–        Dois...


O lobisomem deu um salto em direção a Rony.


–        AGORA HARRY!!


Harry perfurou o abdômen do lobisomem num golpe certeiro de espada. encarou os olhos vermelhos até voltasse a se tornar humana. Largou a espada e se largou ao lado de Rony.


–        Nem tudo é sobre você... – disse Rony quase sem respirar.


Hermione apareceu no corredor e abraçou os dois.


Patrick veio ao encontro deles.


–        Você matou o lobisomem Harry! Muito bem. – disse Patrick olhando o corpo.


–        Não gosto de matar.


–        Não gosto de lobisomens! A baba deles me deixa nervoso.


Hermione se soltou de Rony e se virou para Patrick.


–        Um dos nossos amigos era um lobisomem e... CUIDADO!


Patrick se virou e atravessou outro lobisomem com a espada que carregava. O corpo ainda estremeceu alguns segundos e quando começou a voltar à forma humana Patrick o jogou para o lado. Hermione apertou as costas de Patrick.


–       Tenho certeza que seu amigo não nos atacaria desse jeito...


Voltaram em silêncio para onde estava Rebecca e as mochilas.


–        Não olhe... – disse Rony segurando a mão de Hermione quando ela fez menção de se virar.


Rebecca não disse nada quando soube o que aconteceu. Todos se acomodaram nas mochilas.  Hermione quebrou o silêncio:


–        Segundo o mapa saindo daqui mais dois quilômetros chegaremos ao túmulo. "Uma pedra diferente de todas as outras."


–        Está amanhecendo; se cruzarmos com esses caras teremos que nos livrar deles enquanto estão na forma humana. – disse Patrick encarando Harry. – Sinto muito Harry, mas nossa segurança vem em primeiro lugar.


–        Eu sei. Vamos continuar.


Patrick tirou duas espadas da mochila e passou uma para Rony e Harry.


–        E as nossas? – perguntou Hermione.


–        Só trouxe três; era o que cabia na mochila sem magia. – Patrick se justificou.


O sol estava forte já nas primeiras horas da manha.


Com Harry e Rony feridos e sentindo muita dor a caminhada foi lenta.


Nas mochilas restaram só biscoitos. As frutas nas árvores pareciam apetitosas, mas ninguém as conhecia e temiam alguma reação alérgica ou até que fossem venenosas.


–        Vamos fazer uma pausa? – pediu Hermione cansada.


Patrick apontou para as piscinas naturais.


–       Vamos repor as energias e encher as garrafas.


Depois das garrafas cheias Hermione limpou mais uma vez o ferimento de Rony. Harry e Patrick entraram na água. Rebecca e Hermione optaram por um banho numa outra piscina natural mais afastada.


–        Se precisarem de ajuda chamem. – disse Harry.


Rebecca piscou para ele.


–        Faremos isso.


–        Quis dizer se aparecer alguma coisa perigosa. – Harry respondeu rápido.


–        Esperem! – disse Rony e entregou a espada que Patrick lhe passara a Hermione.


–        Espadas não são para garotas. – Patrick disse a Rony quando as garotas saíram em direção ao seu merecido banho.


Hermione e Rebecca se despiram e entraram na piscina de água morna.


–        Isso é muito bom – disse Hermione – não fosse pela situação eu podia até relaxar.


–        Sabe o que seria perfeito? Jorge Weasley aqui.


Hermione olhou Rebecca espantada.


–        Ele tem mãos enormes Hermione!


–        Não acredito que está me dizendo isso!


–        Você nunca reparou?


–        Não acredito. – respondeu Hermione indignada; depois de um tempo acrescentou: – Rony tem mãos enormes...


As duas começaram a rir e após alguns minutos saíram da água. Estavam se vestindo quando dois homens carecas e nus saltaram à frente delas. As garotas gritaram; Hermione levantou a espada e conseguiu ferir um deles no rosto.


Harry e Patrick surgiram e tomaram suas lanças. Mesmo ferido Rony acertou outro que apareceu e tentou pegar Hermione:


–        Sai de perto da minha namorada! – gritou.


Outros vieram e Rony jogou uma bombinha de gás Weasley entre eles e os Garrout.


–        Era pra acontecer alguma coisa Rony? – gritou Harry.


Quando os Garrout viram que não acontecia nada se agruparam para atacá-los. Nesse momento a bomba explodiu. Não com o efeito mágico esperado, mas bastante barulhenta para espantá-los.


Harry, Patrick e Rony pegaram as garotas e saíram correndo.


–        Vocês se saíram muito bem! – Patrick disse admirado.


–        Como vocês chegaram tão rápido? – Hermione olhou desconfiada para os três.


–        Ouvimos barulho e estávamos atentos. – Harry explicou.


Quando pararam e correr Rebecca e Hermione trocaram olhares desconfiados, mas os rapazes tomaram a frente na caminhada conversando sobre Elvira e o bastão.


Chegaram à encosta de uma montanha e havia uma pedra pequena, lisa e verde musgo que destoava de todas. Intocada.


Haviam conseguido. Chegaram ao túmulo e não havia sinal de Elvira.


Harry sentou e fez sinal positivo para o grupo. Sentaram ao pé da montanha. Hermione olhava em volta.


–        Vocês não acham estranho Elvira não nos atacar no caminho? Não tentar nos impedir. – comentou.


–        Os lobisomens foram só distração para você? – disse Rebecca. – Talvez tenham dado cabo dela. Sinceramente seria um grande favor pra nós.


–        Também estive pensando nisso. – disse Patrick e Harry concordou.


Hermione examinava a pedra; havia algumas palavras em latim, mas uma coisa chamava mais atenção: pedaços de madeira enfiados em volta.


Harry pegou os pedaços de madeira da mão da amiga.


–        O que é isso? Parecem... dos remos do escaler


–        Olhem em cima daquela árvore! Mais pedaços de madeira – Rony apontou.


Acharam muitos mais espalhados pela floresta.


Houve uma pausa incomoda e desanimo tomou conta de todos.


–        Ela nos enganou de novo... – disse Rebecca com raiva.


–        Acho que deu nosso escaler para a serpente marinha brincar. – disse Rony.


–        Destruído... – confirmou Harry.


–        O único meio de sairmos desse lugar. – murmurou Hermione.


–        Ela nos queria aqui, sabia que viríamos atrás dela. Ela vai querer nos mostrar o que pretende fazer.


No instante que Harry terminou a frase de todos os lados surgiram fantasmas e todos foram seguros por eles.


Elvira de posse do bastão apareceu no topo da montanha.


–        Você está certo menino que sobreviveu. Quero mostrar o que vou fazer em primeira mão para vocês! Mostrar o que vocês não vão conseguir impedir!


–        Você tem nos seguido? – perguntou Harry.


–        Melhor! Eu vim junto com vocês! Estou com vocês desde que saíram de Zebediza. Mais uma vez só tenho que agradecer a todos por me trazerem até Zenobhia e duplicar meu poder. Só para você saber Hermione; usei um feitiço redutor em mim mesma que combinado com que você e Rebecca usaram para caber tudo nas mochilas me deixou bem confortável, obrigada.


–        Ouvi barulho na cozinha uma noite. – disse Harry inconformado.


–        Era eu procurando alguma coisa decente pra comer. Quando os feitiços perderam o efeito tive que sair.


–        Você destruiu o retrato de Dumbledore!


–        Quem? Aquele velho?


–        Não fale dele! – gritou Harry.


–        Você que ouvir meu plano ou não?


–        Deixe-a falar. – disse Patrick a Harry. – Ganhamos tempo!


–        Quando o galpão com as coisas da minha família foi aberto eu recebi um sinal. – continuou Elvira. – E só precisava da varinha e blá, blá, blá tudo que vocês todos já sabem. Agora a parte que vocês não sabem!


Ao sinal de Elvira os fantasmas arrastaram todos para o topo da montanha. Apontou um triângulo desenhado no chão. Havia dois bastões em cada ponta.


–        Meu bastão funciona como varinha; devo encaixá-lo no espaço sobrando e dizer o feitiço! Evocarei Zenobhia; ela evocará muitas outras almas, muitos fantasmas passeando fora do túmulo. – Elvira deu uma gargalhada e continuou: – Ser morto por um fantasma é bem horrível... aquele cara no Beco Diagonal sofreu muito. E não pense que outros virão salvá-los. Nunca chegarão aqui a tempo! Deem uma olhada!


Os fantasmas os arrastaram para a beira da montanha.


–       Esses lobisomens estão só esperando a noite chegar...


Havia uma dezena de homens carecas rondando a montanha. Elvira encaixou o bastão cantarolando e ficou no centro do triângulo.


Harry olhou angustiado para os amigos.


Quando os homens iniciaram a transformação Elvira abriu os braços e gritou:


Howmalinoja!!


Um raio azul uniu os três bastões e no centro do lado de Elvira surgiu uma bruxa espectral de expressão dura e má.

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