A.M.N.I



(Atividade Mágica Não Identificada)


Enquanto Harry e Patrick andavam pelos corredores do Ministério tentando escapar para uma partida de Quadribol antes do almoço Patrick reclamava de Rebecca para Harry:


–          Achei que com um elfo em casa eu me alimentaria melhor, mas Rebecca o mandou ficar no laboratório que está montando para suas poções.


–          As poções dela fazem sucesso, são campeãs de vendas na Gemialidades Weasley. – respondeu Harry.


–          Ela prepara excelentes poções tenho que admitir. Ainda bem que você conseguiu que ela recebesse essa herança logo.


–          Não foi nada demais.


–          Foi de grande ajuda! Pelo menos não tenho que pagar por um elfo que não faz nada pra mim.


Conselheira Hayes surgiu bem à frente deles.


–          Onde as duas fadas pensam que vão? – perguntou num tom desagradável. – Sigam-me os dois.


Desanimados Patrick e Harry a seguiram até uma sala de cores muito fortes.


–          O que quer de nós? – perguntou Harry.


–          O que Harry quis dizer é: em que podemos ajudá-la Conselheira?


–          Com certeza ele quis dizer isso Sr. Rent! – a Conselheira respondeu sarcástica. – Solomon Bluter está processando vocês dois pela deficiência causada a um ciclope. Achei que era brincadeira, mas soube que a notícia anda se espalhando.


–          Deficiência causada por nós? Pelas regras dele o ciclope deveria ser morto! – Harry disse com rispidez.


–          Exato. Se o ciclope morresse não haveria problema, mas ele sobreviveu e esta incapacitado de lutar novamente. Solomon alega prejuízos incalculáveis para seu negócio.


–          Isso é um absurdo, esse cara escraviza essas criaturas para que lutem para ele ganhar uma fortuna com as apostas!


–          Parece absurdo Sr. Potter, mas acredite ou não ele está dentro da lei. As criaturas ou bruxos maiores de idade assinam um contrato.


–          Se Hermione estivesse aqui lhe diria com detalhes o quanto isso é injusto.


–          Se sua amiga não gosta das leis como estão que entre para o Ministério e as mude.


–          Por que Ministério não as muda agora? Po conta própria!


–          Conselheira – Patrick os interrompeu – se pagarmos Solomon o Ministério perderá credibilidade e ele terá certeza que é intocável.


–          Vocês dois se meteram nisso por razões pessoais. O Ministério não tem poder para intervir nesse caso.


–          Não vou pagar nada a esse homem! – gritou Harry deixando a Conselheira indignada.


–          Enquanto estiver a serviço do Ministério e eu for Conselheira sim Sr. Potter; o senhor vai fazer o que eu lhe mando fazer! Pagará a Solomon Butler duzentos galeões até a próxima terça-feira. Sugiro que da próxima vez que queriam bancar heróis façam isso depois do horário de trabalho. O Ministério não paga hora extra por bravura.


Quando saíram Harry estava quase explodindo e raiva e ficou indignado com a calma de Patrick.


–          Patrick, você não está pensando seriamente em pagar esse cara?


–          Você gritou de novo com Madeleine Hayes.


–          Ela está errada!


–          Isto não basta Harry, pelo menos não aqui. Você tem que aprender a ser mais político; tenho certeza que alguém já lhe disse isso.


–          Hermione já me disse isso... mas a Conselheira está errada!


–          Você não precisa concordar, mas precisa obedecer pelo menos num primeiro momento.


–          Como você fez quando a Conselheira Hayes mandou você engolir Percy?


–          É por aí sim. Percy é vaidoso demais e nosso trabalho não está à altura de seu histórico de serviços prestados ao Ministério. Ele pediu transferência hoje de manha. Viu?


–          Você disse a Hermione que me deixo levar pelas emoções.


–          É eu disse. – confirmou Patrick. – E pelo jeito ela concorda comigo.


–          Quero esse cara em Azkaban. Quero Solomon Bluter preso.


–          Tudo tem seu tempo Harry.


Enquanto voltavam à suas salas Patrick perguntou a Harry:


–          O que incomoda além de Solomon? Você está meio diferente esta manha. Nem se animou com a idéia de jogarmos uma partida de Quadribol em horário de expediente.


Harry contou sobre a tentativa de Rony visitar Córmaco no St. Mungus e não contar nem a ele ou Hermione.


–          Como você ficou sabendo então?


–          Me contaram. Ele esteve lá e conversou com uma repórter, acho que a mesma que tem seguido você, a que estava na cerimônia da quebra de varinha.


–          Emily... – respondeu Patrick – ela é mesmo insistente...


–          Já os vi juntos antes. Ele me pareceu bem preocupado com o que fez a Córmaco, mas não deu a mínima quando os vi a primeira vez. Não é legal mencionar a Hermione se começou uma amizade com uma garota; ainda mais ele ciumento como é...


–          Rony não vai cair na conversa dela e contar o que aconteceu. Córmaco lançou algum feitiço em Rony; Hermione confirmou isso, não?


–          Confirmou, mas...


–          Provavelmente não é nada Harry. Você contou a Hermione sobre tê-lo visto juntos?


–          Não, não quero vê-la aborrecida.


–          Você é um amigo muito protetor. – observou Patrick.


–          Sou sim.


A Conselheira Hayes tornou a aparecer à frente deles e fez sinal para que a seguissem novamente.


Enquanto caminhava Harry tentava afastar a idéia de Rony e Emily juntos, trocando confidências. E pensar que tinha ido até a loja para se desculpar por ter se esquecido da intimação. A conversa de Patrick com a Conselheira o despertou:


–          Percy Weasley acertou em uma coisa: naquele relatório havia um trecho mencionando atividade mágica e recebi uma mensagem de Rick Nelson confirmando. Ele está com Deanna Troy nesse momento. Percy é agora seu concorrente direto a minha vaga Patrick. Sei que não está preocupado com isso, mas devia.


Patrick parou e encarou a Conselheira com uma expressão calma e disse:


–          Não temo a concorrência de Percy Weasley; nem mesmo me importo. Também tenho um histórico de serviços prestados ao Ministério que falam por mim.


A Conselheira ficou ligeiramente corada o que fez Harry se sentir constrangido e ao mesmo tempo satisfeito.


Patrick realmente não se deixava levar por emoções ou provocações pensou Harry. Intimamente Harry desejou poder ser assim.


A Conselheira se recuperou logo do constrangimento.


Entraram numa sala com uma imensa mesa no centro. Harry notou a falta de janelas. Percy e Rick Nelson estavam sentados. Ambos apertaram a mão de Harry, mas só Percy cumprimentou Patrick. Rick Nelson, Harry percebeu, discretamente fingiu estar acertando papéis em cima da mesa. A bruxa morena bonita que Harry viu na apresentação de Percy dias atrás o cumprimentou:


–          Sr. Potter, sou Deanna Troy responsável junto com Sr. Nelson e Sr. Raiker por alguns departamentos de segurança bruxa.


–          Muito prazer. – Harry sorriu a vontade. Poucas pessoas no Ministério foram sinceramente simpáticas quando se apresentaram a ele.


Todos sentaram e Deanna Troy começou a explicar a razão da reunião.


–          Como foi observado no relatório do Sr. Weasley foi detectada atividade mágica em territorio não mágico. Por favor, retirem objetos de cima da mesa.


Na superfície da mesa se formou um mapa muito parecido com o Mapa do Maroto, mas havia apenas pontos coloridos. As cores iam mudando e alguns pontos se moviam.


–          Cada ponto colorido representa o tipo de magia realizada em tempo real. –  a Srta. Troy explicou diretamente a Harry. – Os pontos piscando são bruxos aparatando; repare que as cores mudam, mas são sempre cores claras o que significa que não há feitiços proibidos sendo realizados. Feitiços de remoção de memória, por exemplo.


–          O que são esses pontos fixos? – Harry apontou.


–          Lareiras utilizada por bruxos na Grã-Bretanha. Os pontos acima dessa linha representam vôos de vassoura.


–          Vassouras têm sido rastreadas?


–          Não todas ainda. Algumas já têm saído com rastreador de fábrica. Mas ainda estamos procurando uma solução com os fabricantes.


–          Vassouras já são caras; com os rastreadores o preço vai disparar.


–          Isso não é relevante agora Harry. – interrompeu Percy.


–          Essas medidas foram tomadas depois que o senhor derrotou o Lorde das Trevas pela segunda vez. Juntou-se a outras que tomávamos antes. – explicou a Srta. Troy.


–          Por favor, não me chame de senhor. – pediu Harry.


A Srta. Troy sorriu e concordou.


Percy apontou para outra parte do mapa e explicou:


–          Essa parte do mapa em azul é declarada região não mágica há séculos. Percebi que a cada dois ou três meses apareciam pontos minúsculos e sem cor definida; mas houve um aumento significante em alguns dias.


–          Que cor? – Patrick perguntou.


–          Variadas, na maioria corresponde a pequenas explosões. – respondeu Percy.


–          Talvez seja uma criança bruxa de família trouxa. – sugeriu Rick Nelson.


A Conselheira Hayes abriu um caderno.


–          Quando é detectado atividade magica e comprovado que se trata de crianças de famílias trouxas é criado um arquivo. Na idade para início das aulas é feito contato com os pais; não há registro em Hogwarts de reserva de matricula de crianças de origem trouxa pelos próximos três anos. Confirmei com a diretora McGonagall. Resumindo senhores: não sabemos o que é.


–          Posso enviar um grupo de Revistadores do Ministério – sugeriu Rick Nelson.


–          A região em questão é somente habitada por trouxas Sr. Nelson. – disse a Srta. Troy. – A presença de bruxos atrairia desconfiança e, por vezes até pânico aos moradores locais. Por isso solicitei a presença de vocês dois. Harry tem um grande conhecimento dos procedimentos trouxas e como está ligado ao departamento do Sr. Rent... Gostaria que investigassem essa atividade mágica.


Harry ficou entusiasmado com a missão.


–          O que fazemos quando descobrirmos o que é?


–          Nos informem imediatamente e tomaremos providências. – respondeu a Srta. Troy.


–          O senhor ouviu bem essa parte Sr. Potter? – a Conselheira Hayes encarou Harry.


-          Sim. Sim... senhora.


A Conselheira Hayes passou a Patrick e Harry envelopes fechados.


–          Partam o mais cedo possível e usem transporte trouxa. Aqui está o dinheiro. Não usem magia a não ser que seja extremamente necessário. Providencie os mapas Patrick.


-          É pra já! – disse Patrick se retirando.


Deanna Troy se despediu discretamente de todos. Harry ficou parado na sala até que todos saíssem; sua intenção era se desculpar com a Conselheira Hayes. Aproximou-se dela, mas antes que dissesse alguma coisa ela começou a falar:


–          Entrei no Ministério um pouco mais velha que você. Quando fui nomeada Conselheira a cadeira ao meu lado era ocupada por Dolores Umbridge.


–          Uma pessoa detestável. – Harry respondeu.


–          Ela me tratava bem às vezes. Eu estava presente no seu julgamento; quando os dementadores o atacaram junto com seu primo.


–          Isso faz muito tempo. Nunca mais o vi.


–          Pois saiba que mesmo depois da guerra ainda vigiamos sua família trouxa por uns tempos.


Harry não pensava no Dursley havia muito tempo.


–          Conselheira eu gostaria de...


–          Leve seus amigos e sua namorada nessa viagem. Tem minha permissão; o dinheiro será suficiente. Tenha um bom dia Sr. Potter.


Patrick voltou a falar com Harry na hora do almoço e Harry lhe contou sobre a permissão da Conselheira para levarem os amigos tudo por conta do Ministério.


–          Acho que ela tentou me agradar.


–          Madeleine apóia Percy Weasley para ocupar sua cadeira no Conselho. Você é cunhado dele.

–          Vou apoiar você oficialmente Patrick.


–          Obrigado Harry, mas não quero que fique mal com a família da sua namorada. Não vou colocá-lo nessa situação.


–          Você entrou numa arena pra apanhar de um ciclope por minha causa.


–          É... é verdade. Foi um dia bem diferente.

–          Tô falando sério.

–          Obrigado Harry, mas eu me viro. Se tiver que ser Conselheiro... serei.


À tarde o grupo se reuniu na casa de Harry e traçaram um roteiro: iriam aparatar na estação de trem mais próxima de Zebediza e depois conseguiriam outro meio de transporte até lá. No trem Hermione e Harry conversaram com algumas pessoas e nenhuma sequer ouvira falar da tal cidade.


–         Tem certeza que esse lugar existe Harry? – perguntou Hermione virando o mapa de ponta cabeça.


–          Estou começando a duvidar, mas se o Ministério diz que está lá tem quem estar.


–          Vocês têm idéia do que vão fazer quando acharem a fonte dessa magia? – Gina perguntou a Harry e Patrick.


–          Temos que avisar o Ministério e aguardar instruções. – respondeu Patrick.


Gina e Hermione trocaram olhares de duvida.


–          Não se preocupem! – disse Harry notando a expressão das duas. – Vamos fazer tudo certo dessa vez.


Rony lia uma revista trouxa esquecida no banco atrás deles. Hermione sentou ao seu lado.


–          Você está muito calado.


–          Impressão sua.


–          Sei que não queria vir, mas foi legal ter mudado de idéia.


–          Você contou a Harry que enviou o livro pra ser publicado?


–          Contei e ele ficou feliz.


–          Ficou? Pareceu que ele estava mais interessado em contar as novidades dele.


–          Rony não comece, por favor.


–          Eu fiquei muito feliz com a notícia inclusive a parte da viagem para Florença para divulgação.


–          Vai ser por pouco tempo, uma semana no máximo.


–          Se você for de maneira trouxa pode demorar mais e até conhecer a cidade.


Hermione achou estranho e até brincou que Rony queria que ela demorasse mais por algum motivo. Foi quando Rony tirou do bolso da jaqueta duas passagens para Florença de primeira classe.


–          Na verdade eu estava pensando em nós dois demorarmos mais. Uma pessoa que entende de coisas trouxas comprou pra nós. Não sei exatamente o que significam, mas me disseram que é o melhor que um trouxa pode comprar para a namorada.


Hermione não conseguia dizer nada apesar de tentar.


Na estação Harry mostrou o mapa para várias pessoas e encontrou um caminhoneiro que seguia em direção a cidade com o caminhão carregado de ovelhas. As garotas foram na cabine e Harry, Patrick e Rony junto com a carga. Duas horas depois o motorista avisou que era o mais perto que podia levá-los.

As garotas saltaram e agradeceram.


–          Fizeram amizades aí atrás? – perguntou Rebecca rindo quando os rapazes desceram da carroceria.


–          Rony fez! – Harry caçoou. – Foi uma despedida tocante.


–          É, eu agradeci por ela não fazer xixi em mim.


–          Onde diabos estamos? – perguntou Rebecca olhando desconsolada para os lados.


Harry mostrou o mapa a todos.


–          Pelo mapa a cidade fica atrás dessas montanhas e não há outro meio de se chegar lá. Então quanto mais cedo começarmos a andar mais cedo ficaremos exaustos.


Acharam uma trilha que cortava a montanha e depois de quase uma hora de caminhada chegaram a um pub no começo do que parecia ser a rua principal.


Depois de se livrarem das mochilas entraram. Havia só uma mulher numa mesa que virou para olhá-los e deu um sorriso engraçado. De repente um homem de cabelo e barbas brancas com poucos dentes pulou de uma escada e se apressou a apertar a mão de todos.


–          Estão perdidos? Eu sou Gostamino e aquela doce criatura e minha mulher Joana. Estão com fome? Acabei de fazer uma sopa. Quantos pratos?


–          Seis. – Harry respondeu sem pensar.


–          Seis serão. Sentem-se!


Gostamino puxou as cadeiras para as garotas. Sentaram e o velho começou a servir uma cerveja escura.


–          Bebam. Se alguém vem parar aqui é porque não tem medo de fazer coisas estúpidas. Vou buscar os pratos e a sopa. Primeiro os pratos e depois a sopa. – saiu repetindo para si mesmo.


Rebecca empurrou a caneca


–          Definitivamente não vou beber isso! Li que trouxas fazem certas bebidas com os pés.


Logo depois Gostamino enchia os pratos com uma sopa grossa. Harry, Gina e Hermione se olharam; apesar da aparência ser normal e o cheiro bom não se atreviam a dar a primeira colherada.


–          Da onde vocês são? – Gostamino perguntou enquanto servia Patrick e sorria para todos na mesa.


–          Londres. – Hermione respondeu.


–          Por que estão aqui? Ninguém vem aqui. Vocês cometeram algum crime?


–          Não, não senhor! – Harry se apressou em responder encarando o copo de cerveja. Se lembrou do Velho Dragão; impossível qualquer coisa ser pior ou mais forte. Tomou um gole e para sua surpresa o gosto era muito bom. Bebeu mais e incentivou os amigos a experimentarem. A primeira foi Gina e depois Rony; aos poucos todos provaram a cerveja e depois a sopa que também estava muito boa. Era difícil acreditar que a sopa e a cerveja feitas por um velho bêbado na cidade que ninguém conhecia; esquecida entre montanhas era deliciosa. Gostamino trouxe pão e salada de frutas para sobremesa.


–          Como vamos dizer a ele que viemos fazer aqui? – Patrick perguntou a Harry.


–          Do jeito que ele esta bêbado capaz que tenha visto acontecer todo tipo de magia e achou tudo normal! – Harry respondeu quando terminou a salada de frutas.


Gostamino voltou à mesa e começou a falar da cidade:


–          Essa cidade era boa, mas a mina morreu e ela morreu junto.  Agora só tem gente que não conseguiu se mudar para um lugar melhor ou gente como eu que ama esse lugar. Se vocês não são fugitivos ou se não vão cometer um crime... – Gostamino fez uma pausa franzindo a testa. – Vocês vão cometer algum crime?


–          Ora, não contaríamos não é? – disse Rebecca e Patrick a cutucou.


–          Então são muito bem vindos! Quero saber o nome de todos. Primeiro dessas adoráveis senhoritas.


Passava das dez horas quando Gostamino os levou a hospedaria do amigo Leonel. E lá tiveram o mesmo tratamento bizarro e gentil. Cada casal se instalou num espaçoso e confortável quarto com banheiro e vista para a decadente rua principal.


Na manha seguinte enquanto tomavam um café reforçado. Várias pessoas da cidade vieram conhecê-los. As garotas fizeram muito sucesso. Principalmente Gina, ruiva e tão bonita quanto uma parede de mina reluzente cheia de diamantes segundo Gostamino.


Por volta da hora do almoço as garotas foram a um antigo salão de beleza a convite da dona a Sra. Plovoskin. Nem Hermione que nascera trouxa tinha visto secadores tão antigos.


–          Aposto que você produzia todas as mulheres da região. – Hermione disse sentada numa das cadeiras.


–          Enquanto havia a mina sim. Eram festas, bailes o tempo todo. Agora não há nada nessas montanhas. Ainda há o problema da chuva. Dias como esse, de céu limpo são muito raros aqui; chove o ano inteiro.


Os rapazes e a mulher de Gostamino, Joana, foram chamar as meninas para o almoço.


Foi montada uma imensa mesa na rua principal. Gostamino convidou os moradores da cidade para acompanhá-los. Formaram uma animada fila; ele e a mulher enchiam os pratos com porções generosas de frango assado, purê, milho cozido e pão. Enquanto se sentava ao lado de Gina; Harry pensou que parecia estar mais de férias do que a trabalho.


–          Imaginem! Eles fizeram tudo isso sem magia. – disse Rebecca admirada.


–          Como poderemos retribuir? – perguntou Hermione.


–          Se ofereça pra lavar a louça. – respondeu Rony. – Não vai tomar mais que três horas do seu tempo.


Harry começou a rir. Estava realmente feliz que Rony e Hermione o tivessem acompanhado. 


Algumas amigas de Silvia trouxeram tortas de vários sabores. A preferida de Harry foi a de amoras. Enquanto comia o segundo pedaço reparou que havia uma pessoa que não se aproximava do grupo. Uma mulher baixinha, de braços gordos e o cabelo castanho escuro desarrumado que dava a impressão que acabara de acordar. Observava a multidão, mas não entrou na fila para almoço. Parecia estar se escondendo, mas de um jeito tão desajeitado que Harry achou engraçado. Quando comentou com Hermione a amiga se lembrou de tê-la visto perto do salão quando ela, Rebecca e Gina o visitaram pela manha. Perguntaram a Gostamino e depois de mais um gole em sua cerveja feita em casa. Ele falou mais alto do que realmente pretendia.


–          Elvira, Elvira Magoo. A pessoa mais estranha da cidade. Nada dura perto dela! Já a vi explodir uma árvore. Disseram que foi um raio, mas pra mim foi Elvira e seu pensamento psíquico destruidor.


Harry se virou para os amigos sentados a


–         Achamos a causa da magia não identificada: uma bruxa.


–         Harry, você não pode ter certeza – disse Hermione quando voltavam para a hospedaria. – Quero dizer... essa cidade é toda meio excêntrica não?


–          Só alguém que fosse incrivelmente mais estranho chamaria atenção do povo daqui. E ela tem o perfil Hermione! Bruxos que não sabem que são bruxos causam acidentes! É o que ela tem feito! Gostamino disse que ela, pois fogo numa árvore. Nem deve saber como aconteceu e bruxos assim tendem a se isolar! Você sabe muito bem disso!


–          Como podemos ter certeza? – perguntou Patrick a Harry – Vamos fazer algum teste?


–          Vamos assustá-la. Se ela reagira... – Rebecca disse displicente.


–          É uma excelente idéia! – disse Harry.


–          Harry! Não podemos fazer uma coisa dessas! – protestou Gina. – Alguém têm alguma idéia melhor?


–          Tenho boas idéias, mas são só de como assustá-la. – respondeu Rebecca.


–          E se perguntassem a ela? – Rony disse e todos o olharam espantados. – Se ela confirmar que causa acidentes sem querer, que é o que Harry acha; daremos uma explicação.


Patrick encarou Rony por um instante.


–          É uma idéia... genial Rony!


–          Aí contamos que ela é uma bruxa. – disse Harry.


–          Aí avisaremos o Ministério. – respondeu Hermione.


–          O que acha que o Ministério vai fazer Patrick? – perguntou Gina.


–          Não sei. – Patrick encolheu os ombros. – Só queriam saber a fonte da magia não identificada. Com certeza ninguém esperava que fosse uma bruxa...


–          Pensei talvez numa criatura mágica ainda não descoberta. – disse Hermione pensando em Luna.


–          Pensei a mesma coisa Hermione. – disse Patrick sorrindo.


–          Claro que pensou... – disse Rebecca cruzando os braços.


A casa de Elvira ficava longe da rua principal. Construída com vários tipos de material, pintada de várias cores e o jardim mal cuidado cheio de peças quebradas e retorcidas.


–          Decididamente essa mulher é uma bruxa. – disse Harry rindo. Com exceção de Hermione todos o olharam curiosos. Talvez, pensou Harry, só bruxos criados com trouxas percebam as particularidades dos bruxos; como as roupas que usam e as casas que habitam.


–          Talvez ela se sinta melhor se as garotas derem a noticia. – disse Rony.


Harry e Patrick concordaram. Os três encostaram em um carro velho parado do outro lado da rua, enquanto as garotas abriam o portão. Hermione tocou a campainha:


–          Srta. Magoo, gostaríamos de conversar. Temos coisas importantes a lhe dizer. – disse Hermione batendo na porta.


Rebecca apontou para o andar de cima da casa. Na janela podiam ver a silhueta de Elvira olhando para baixo.


–          Vamos entrar? – Gina perguntou a Hermione.


–          Acho que é o que ela espera. – respondeu Rebecca empurrando a porta.


A sala de estar estava cheia de revistas e jornais velhos, uma estante cheia de pequenas estátuas de porcelana. Um rádio muito antigo perto da janela e uma cadeira de balanço. Elvira surgiu no topo da escada apertando as mãos; os olhos pequenos fixos em Rebecca, Gina e Hermione.


–          Podemos conversar Srta. Magoo? Eu sou Hermione Granger, essas são Gina Weasley e Rebecca Slater.


–          Muito prazer. – Elvira respondeu desconfiada. – Eu ia preparar o almoço, eu não almocei com seus amigos.


–          Quer ajuda? Seria um prazer ajudá-la! – disse Gina.


Elvira encarou garotas como se alguém nunca tivesse lhe oferecido ajuda na vida; desengonçada desceu as escadas. Hermione, Gina e Rebecca a seguiram até a cozinha. Elvira olhava para trás desconfiada.


A cozinha não era melhor decorada que a sala. Era impossível não reparar que os objetos não combinavam entre si. O papel de parede era de margaridas e havia remendos grosseiros em alguns pontos. Elvira ofereceu cadeiras e todas se sentaram.


–          Em que posso ajudá-las?


–          Por que acha que você pode nos ajudar? – perguntou Rebecca. – Au! Por que todo mundo resolveu me cutucar agora?


Rebecca olhou para Hermione, mas Gina levantou a mão assumindo cinicamente o cutucão.


–          Bom, nos viemos de Londres... – começou Hermione.


–          Com os rapazes lá fora? – perguntou Elvira.


–          Sim, são nossos namorados.


–          O ruivo é meu irmão. – respondeu Gina.


–          É da pra perceber que são parentes. Ele é bonito, todos são bonitos.


As três garotas sorriram orgulhosas.


–         Por que não se juntou as pessoas no almoço? – perguntou Hermione.


–          Elas me odeiam. Todos aqui me odeiam. Me acham feia, louca... principalmente louca.


Elvira levantou e tirou de uma caixa de sapato um cartão de natal e entregou a Hermione. Dizia: Feliz Natal Elvira feia e louca.


–          Isso é horrível! – disse Gina indignada lendo o cartão e passando para Rebecca.


–          Pelo menos te desejaram feliz natal. E veja a cidade inteira assinou.


–          Você quer um cutucão mais forte dessa vez? – Gina ameaçou Rebecca que cruzou os braços e se encostou emburrada na cadeira.


–          Já me acostumei pra ser sincera e por isso não saiu muito. – respondeu Elvira dando de ombros. – O que realmente querem de mim? São de alguma associação de caridade ou algo assim?


–          Não. Bom, como eu estava dizendo viemos de Londres porque soubemos que anda acontecendo alguns acidentes como a explosão de uma árvore... entre outras coisas. – explicou Hermione cautelosamente.


Elvira se mexeu na cadeira.


–          Gostamino! – exclamou esganiçada. – Tropecei nas raízes! Ele começou a rir de mim... então um raio atingiu a árvore e o arremessou longe! Não restou nem as folhas! Ele disse a todo mundo que eu atraia má sorte. As pessoas, que já não gostavam de mim, começaram a desviar quando me viam na rua. Se ele prestou alguma queixa eu é que devia... isso foi a muito tempo!


–          Não viemos até aqui fazer nada contra você ou qualquer outra pessoa.


Hermione olhou para Gina e começou a tentar explicar da melhor forma possível.


–          Algumas pessoas provocam coisas assim sem querer. Você não explodiu realmente a árvore.


–          Sim! Eu a explodi! Olhei para ela e CABRUM!


Rebecca e Gina deram um salto na cadeira. Hermione recomeçou falar.


–          Isso que aconteceu com você é normal quando nos assustamos ou sentimos raiva. É tudo provocado por magia. Você é uma bruxa... como nós.


Elvira se levantou.


–          Saiam da minha casa, por favor. – disse com a voz amargurada. – Tenho muito que fazer e ainda preciso comer alguma coisa.


–          Sabemos que isso parece loucura. – justificou Hermione. – Quando soube que era bruxa fiquei muito surpresa também.


Hermione olhou para Gina e Rebecca pedindo apoio, mas as duas sempre souberam que era bruxas e por mais que tivessem boa intenção não sabiam do que ela estava realmente falando.


–          Por favor, saiam da minha casa. Essa é o pior trote que me pregaram e olha que já fui tema de uma festa a fantasia no Halloween.


–          Talvez uma pequena demonstração a convença. – disse Hermione sacando a varinha. – Elvira, o que você pretendia fazer para o almoço.


–          Só alguns sanduíches. Por favor, agora saiam.


–          Deixe-nos demonstrar o que podemos fazer.


Hermione apontou a varinha para o pão de forma em cima da geladeira que foi parar na frente de Elvira. A faca em cima da mesa passou a cortar as fatias ao meio sozinha.


Com um movimento de sua varinha Gina abriu a geladeira e um vidro de maionese flutuou até a sua mão.


–          Eu pego pratos! – disse Rebecca animada.


O armário atrás de Hermione se abriu; os pratos se acomodaram à na mesa e os sanduíches foram sendo montados um a um.


Elvira olhava para mesa e para as garotas; de repente os pratos começaram a voar pela cozinha. Gina se abaixou para evita-los; o encosto da cadeira de Rebecca arrebentou e ela caiu de costas. Os vidros dos armários estouraram; Hermione parou os cacos de vidro no ar. Elvira arregalou olhos e viu os objetos flutuando ao ser redor. Já em pé Rebecca usava a varinha para limpar a calça; Gina passou entre os objetos suspensos no ar e foi ate Elvira.


–          Tudo bem! Ninguém se machucou.


Elvira sorriu, agradeceu e desmaiou.


Dez minutos depois Elvira acordava na sala.


–          Não queríamos assustá-la Elvira! – Hermione se desculpou.


–          Vocês! Vocês são mesmo bruxas? Vocês querem minha alma ou qualquer coisa assim?


–          Não! Só queremos ajudá-la! – Hermione respondeu rápido.


–          Por quê?


–          Você é uma bruxa... então, você é uma de nós.


–          Aquilo que fizeram... você está dizendo que eu posso fazer também?


–          Bem, normalmente começamos crianças a aprender magia. Conversaremos sobre isso mais tarde está bem? – disse Hermione mais calma.


Harry, Rony e Patrick esperavam do lado de fora da casa e Hermione os avisou que Elvira estava bem.


–          Você tinha razão Gina! Assustá-la seria desumano. O jeito de Hermione foi bem melhor! – disse Rebecca.


–         Você só está zangada porque ela a derrubou a cadeira. – disse Gina.


–         Ela fez isso? – perguntou Patrick segurando o riso.


–         Não!


–         Ela fez. – confirmou Gina.


–         Segundo ela nunca ninguém entrou em contato quando era criança e ela nunca ouviu falar de Hogwarts. – disse Hermione ignorando Rebecca.


–          Temos a prova que ela é bruxa e é responsabilidade do Ministério agora. – Harry disse animado.


–          Então vamos para casa. – disse Rony.


–          Podemos convencer o Ministro a deixá-la aprender magia. – disse Harry mais animado ainda.


As garotas e Patrick trocaram olhares. Rony balançou a cabeça.


–          Se os pais delas optaram por deixá-la viver como trouxa...


–          Você a deixaria pra trás Rony? Sabendo das dificuldades que ela passa aqui e principalmente sabendo que pode ajudar?


–         Já que você perguntou! Não acho certo interferirmos na vida dela dessa maneira.


–          Ela quer conhecê-los. – disse Hermione.


Os rapazes entraram na sala; Elvira os observava admirada. Depois de se apresentar Rony saiu para a varanda; Hermione saiu atrás dele e o puxou de lado.


–          Pare de implicar com Harry. – disse zangada.


–          Eu? Todo mundo fez cara de que acha a idéia doida e ele pergunta pra mim...


–          Não é uma idéia doida!


–          Você concorda em levar essa garota... essa mulher com a gente e mandá-la pra Hogwarts?


–          Ela é uma bruxa Rony!


–          Já pensou como ela pode ficar frustrada se não pudermos realmente ajudá-la? E se não puder aprender magia?


–          Podemos ao menos tentar.


–          E ela está disposta a largar tudo na companhia de pessoas que conhece apenas há algumas horas?


Rony e Hermione olharam pela janela; Harry e Elvira estavam conversando. Harry contando como coisas estranhas aconteciam ao seu redor antes de saber que era bruxo. Elvira parecia aliviada e ao mesmo tempo admirada.


–          Então Elvira? – Harry perguntou de repente. – Gostaria de ir embora com a gente e aprender magia?


Elvira saltou do sofá.


–          Quando? Hoje?


–          Isso responde a sua pergunta Rony? – disse Hermione sorrindo.

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