Uma Bruxa em Ipswich



Capitulo 1 – Uma bruxa em Ipswich


 


     O sol já havia amanhecido há algum tempo quando Olivia Taylor despertou. O longo quarto ainda permanecia em silêncio, já que todas as outras garotas ainda dormiam. Liv passou a mão nos olhos e se sentou, observando as duas fileiras de camas de metal brancas, com as outras órfãs dormindo. Era sempre assim. Liv era a primeira a acordar e em poucos minutos a freira Tereza apareceria batendo palmas e gritando “Acordem crianças! O Senhor está esperando por nossas preces!”. Há onze anos era a mesma coisa. Por um pouco período quando tinha três anos, Liv chegou a ser levada por uma família para uma experiência de convívio, mas não deu muito certo. Ela era o que as outras crianças chamavam de “Menina estranha”, não tinha amigos no orfanato. Mas ela não se importava muito, era como se ela soubesse que era de um mundo diferente do deles.


     De repente as portas se abriram e uma senhora vestida de freira surgiu com o seu costumeiro sorriso e sua frase habitual. Algumas garotas apenas se mexeram, outras começaram a sentar com seus resmungos. Liv se levantou e foi uma das primeiras a entrar no banheiro onde havia seis lavatórios diante de um espelho. Depois da higiene, todas se vestiam com o uniforme, composto de uma blusa branca, saia de prega cinza e sapatos. Algumas garotas faziam tranças nos cabelos, outras com rabo de cavalo, Liv simplesmente passava a escova nos cabelos lisos e claros. Então, o dia começava.


     Havia a prece matinal antes do café da manhã, e depois do café começava as aulas. Liv fazia todas essas coisas mecanicamente. Quando dava o intervalo, ela sentava em um banco afastado do pátio, e ficava olhando as outras crianças brincando ou olhava para os montes no horizonte. O Orfanato Elizabeth Denverell ficava próximo a cidade de Ipswich, a nordeste de Londres. Rodeado de verde era considerado um dos melhores orfanatos da região, conhecido pela formação de jovens responsáveis e direitos. O que Liv mais gostava no lugar era a vista. A maioria dos órfãos passava a vida toda sonhando em encontrar uma família, e receber carinho e amor. A única coisa que ela queria era sair de lá, era conhecer o mundo enorme que existia fora daqueles muros. Mas ela só tinha onze anos, ela não podia simplesmente desaparecer do orfanato.


     Liv passava o olhar pelo pátio quando seus olhos pousaram na freira Juliet que estava acompanhada de um homem alto, com os cabelos loiro platinado. Eles seguiram para o prédio de tijolos marrons, “provavelmente estão indo ver a madre, mas por quê?”


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     A sala de aula permanecia em silêncio. Todas as alunas estavam fazendo uma atividade. Liv não parava de pensar no homem que apareceu mais cedo. Durante todo o tempo em que esteve no pátio, não o viu ir embora.  “Parece que a conversa com a madre era bem longa”. Todos no orfanato faziam varias suposições sobre o que ele fazia aqui. Talvez quisesse adotar uma criança.


    Em meio a esses pensamentos, começou um burburinho na sala. Curiosa, Liv levantou o olhar e havia acabado de entrar na sala a freira Juliet.


     --- Boa tarde crianças. --- Cumprimentou a freira. --- Desculpe interromper a aula. Srta Taylor me acompanhe, por favor.


     Naquele momento todos os olhares se viraram para a garota. Liv baixou o rosto, constrangida pelos olhares. Ela estava confusa, o que tinha feito? Será que tem algo a ver com o homem loiro?


     --- Vamos Olivia! Venha comigo. --- Chamou a freira com gestos, e um pequeno sorriso. --- Não se assuste, venha logo. --- Os pés de Liv pareciam pedra, ela não conseguia se mexer. Levantando o olhar, ela respirou fundo e se aproximou lentamente.---- O resto da crianças podem voltar a seus afazeres.


     A freira Juliet e Liv trocaram um olhar rápido e com uma mão apoiada no ombro de Liv à freira a levou para fora da sala.


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      A sala da madre superiora ficava no fim do corredor. Era um lugar simples, tinha um estante de madeira, onde às vezes Liv pegava algo para ler. As paredes eram de uma cor bege e havia uma janela que dava para o pátio.


     A freira Juliet bateu delicadamente na porta e a abriu. Ela teve que dar um pequeno empurrão em Liv, como um incentivo a entrar. A primeira coisa que a menina viu foi o homem loiro, ”ele ainda está aqui”. Ele estava sentado em um simples banco comprido de madeira, que estava junto à parede.  O homem era muito bonito, parecia estar na faixa dos trinta ou quarenta anos. Ele tinha desviado o olhar da madre e agora olhava para Liv. Apesar da seriedade havia uma coisa boa ao redor dele, Liv não sabia explicar o que era. Ela sentia que podia confiar nele. “Que coisa louca. Como posso confiar em alguém que nunca vi antes?”


     --- Olá Olivia. --- Saudou a madre, que estava sentada em sua mesa. Ela deu um sorriso para acalmar Liv.--- Por que não se senta criança? --- Ela fez um gesto com a mão direcionando a cadeira, que ficava de frente para ela e de lado para o senhor.


     Liv confirmou com um gesto de cabeça e se encaminhou para o local. Ela evitou olhar para o homem. Este continuava acompanhando com o olhar todos os seus movimentos.


    --- Obrigada por trazê-la até aqui, irmã Juliet. – Agradeceu a madre.


    --- Foi um prazer Madre Janet. --- A irmã Juliet fez um cumprimento à madre e ao senhor, depois se retirou.


    --- Como foi o dia Olivia? --- Perguntou a madre.


    Liv tentou se concentrar. --- Foi bem madre. --- Ela deu um pequeno olhar para o homem ao lado e voltou o olhar para a irmã. --- Posso perguntar o que estou fazendo aqui senhora? ---perguntou deixando a curiosidade sair.


    --- Não serei eu a lhe explicar, querida. ---- Informou a madre. ---- Este é o senhor Draco Malfoy. ---- Ela apresentou o homem loiro a Liv.---- Ele veio representando uma escola muito especial, e gostaria de falar com você.


   Logo após isso a madre se retirou da sala, deixando Liv com o homem que continuava olhando para ela seriamente. Não tinha como a menina não ficar nervosa. “O que esse homem quer comigo?”


   --- Como a madre lhe falou, meu nome é Draco Malfoy e estou aqui em nome de Hogwarts. --- O homem se apresentou. Ela reparou que ele já não estava tão sério, na verdade parecia um pouco curioso.


   --- Hogwarts? --- Liv não se lembrava de já ter ouvido falar dessa escola. Às vezes algumas escolas aparecem no orfanato oferecendo bolsas de estudo para as órfãs, mas normalmente é realizado uma inscrição e testes para a escolha. Liv nunca havia se inscrito para nenhum deles, muito menos para uma escola com um nome tão... Imponente.


   --- Sim, Hogwarts. Eu trouxe uma carta para você. --- Draco tirou um envelope do sobretudo e entregou a Liv. --- Leia e então eu irei lhe explicar tudo.


   Liv pegou a carta. Na parte de trás era claramente visível que a carta estava endereçada, em tinta verde, a ela. Um pouco tremula a menina abriu o envelope amarelado.


 Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts


 Diretora: Minerva McGonagall
(Ordem de Merlim, terceira classe, Confederação Internacional de Bruxos)


 Prezada Srta. Taylor,


Temos o prazer de informar que V.Sa. tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários.


O ano letivo começa em 1º de setembro.


 Atenciosamente,


 Louis Goudge
Diretor Substituto


 
 Liv tentava entender o que ela tinha lido agora a pouco. Escola de Magia e Bruxaria? Bruxaria? “Meu Deus, só pode ser uma brincadeira...”


   --- Bruxaria?


   --- Eu sei que pode parecer uma brincadeira, mas tudo o que está escrito nessa carta é verdade. --- Draco inclinou o tronco para frente se aproximando de Liv que permanecia parada com os olhos fixos na carta. --- É fácil provar.


   Draco tirou a varinha do casaco e apontou para um peso de papel em cima da mesa.


   Quando Liv olhou para o que ele estava fazendo, ela ficou espantada. “O peso de papel estava flutuando!” O objeto estava parado a uns cinco dedos da mesa. Liv olhava para aquilo maravilhada. Quando o objeto voltou ao plano da mesa, Liv olhou para Draco. Ele estava segurando algo que parecia um graveto, com uns 30 cm e ele era todo liso, apenas com uns símbolos talhados no local onde o homem o segurava.


   --- Isto é uma varinha. --- Draco colocou o objeto mais próximo a ela. --- Todos os bruxos possuem uma.


   --- Eu posso tocar nela? --- Liv perguntou curiosa.


   --- Claro que pode, mas muito cuidado. Logo você terá a sua própria.


   --- Terei? Isso quer dizer que sou uma bruxa também? --- A idéia de que ela pudesse fazer coisas como os bruxos dos filmes, era uma idéia incrível.


   --- Claro. --- Draco deu um pequeno sorriso. --- Só pode ir para Hogwarts quem é bruxo. E lá você vai aprender a usar a sua magia.


   De repente uma coisa passou pela cabeça da menina e foi impossível não ficar triste.


   --- Eu não vou poder ir...


   --- Por que não menina?


   --- Eu sou órfã. Como vou pagar a mensalidade ou os materiais? Como vou chegar nessa escola? Eu nem sei onde fica... --- Liv abaixou a cabeça derrotada.


  --- Não se preocupe com isso. Hogwarts possui um fundo especial para ajudar aqueles alunos que não podem pagar os custos. E quanto ao resto... Eu já falei com a Madre Superiora e tudo está acertado. Amanhã passarei aqui para levá-la para comprar o material escolar, e no dia do embarque para a escola uma das irmãs a levará até a estação de trem em Londres. Não se preocupe. Hogwarts vai ser a melhor época da sua vida.


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   Durante mais algum tempo Draco Malfoy explicou para Liv algumas coisas de Hogwarts e do mundo bruxo. Ele explicou a ela que as pessoas não mágicas eram chamadas de “trouxas”, e antes de sair entregou a ela um livro intitulado “Conhecendo o mundo bruxo: para nascidos trouxas” de Carolyn Prunella. O livro explicava tudo o que um nascido trouxa tinha que aprender para entrar sem grandes dificuldades no mundo mágico. Falava sobre a escolha da varinha, sobre o Beco Diagonal, sobre animais de estimação (Liv ficou espantada quando leu que as pessoas  costumavam ter corujas como animais de estimação, já que elas serviam para entregar cartas), sobre Hogwarts e seus fundadores, e também falava sobre a  Segunda Grande Guerra. Liv percebeu que Harry Potter era mencionado muitas vezes durante o texto e que ele era considerado o grande herói do mundo bruxo.


   O que chamou a atenção da menina foi a menção ao nome Malfoy. D acordo com a história, a família Malfoy era conhecida por sua ligação com as artes das trevas e sua opinião contra a existência dos nascidos trouxas no meio bruxo. Mas as coisas passaram a mudar no final da guerra quando Draco Malfoy e sua mãe contribuíram com Harry Potter.


   “Isso com certeza é verdade, por que se o Sr. Malfoy fosse contra os trouxas, ele jamais viria até aqui falar comigo”. Para Liv o Sr. Malfoy parecia uma pessoa muito boa, um pouco seria às vezes, mas aparentava ser uma pessoa tranqüila. Ele não pareceu estar irritado de estar ali para explicar as coisas a ela, na verdade ele parecia estar gostando. Em um momento da conversa ela perguntou se ele era professor de Hogwarts e ele disse:


    --- Não. Eu estudei lá, mas não sou professor. Eu tomo conta dos negócios da minha família e sou um dos integrantes do conselho de Hogwarts. --- Ele contou. --- Eu costumo ajudar a diretora Minerva às vezes.


     Ele confirmou o encontro do dia seguinte. Ele viria buscá-la às 8 horas e a levaria por uma chave do portal até Londres onde fariam as compras.

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N/A: Essa é a primeira fic longa que eu me coloco a fazer. Na verdade é a primeira fic de um projeto longo que eu coloco na Floreios.
É claro que isso eu devo a minha friend Lara. Ela começou a postar uma fic e me incentivou a postar a minha. Foi aí que eu coloquei a "You Make It Real for Me". E agora estou colocando essa.
O primeiro volume dessa fic acompanha o primeiro ano de Liv, Scorpius e Alvo. O nome é Criando Laços por que de um certo modo essa fic é uma preparação para a parte principal que é o volume 2, que é eles com 17 anos. Então apesar das varias coisas que eles vão passar nesse primeiro ano, não pretendo fazer uma fic muito grande.

Os primeiros 2 capitulos não vão ser muito grandes, por que é apenas a entrada de Liv em Hogwarts. Os seguintes vão ficar maiores.

P.s.: O capitulo está sem betagem, então qualquer erro me desculpe.

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