Capítulo O6



Subiu direto para seu quarto assim que chegou em casa, nem parou para falar com seus avós, e se jogou na cama. Porque ele tinha que ser tão idiota assim? Se perguntou, para depois tirar os óculos do rosto e colocá-los no criado-mudo.


Como ele pôde nunca deixar de gostar dela? Ou melhor, deixar de amá-la? Por mais de quatro anos que não se viram nem se falaram, seu sentimento por ela nunca mudara. Ele não conseguia entender como conseguira pensar um dia que poderia amar Melissa do jeito que amava Lily. Essa idéia parecia tão absurda agora.


- Eu tenho que falar com ela. – decidiu, e pulou da cama.






Era isso, ela não havia nascido para ter o que queria. Foi a conclusão de Lily. Já era quase uma hora da manhã, mas ela não conseguia dormir. Não, ela não estava brava com ele. Pelo menos não agora. Logo que terminaram a “conversa”, ela poderia matá-lo, mas agora havia pensado bem. Será que ele estava com ciúmes? De Aaron? Isso era estupidez, como se ela pudesse chegar a se interessar no mais velho sabendo como ele é.


Mas a verdade é que no fundo isso a fez pensar que talvez ele ainda gostasse dela, ou que estivesse começando a gostar novamente. E com isso ela sorriu.


Se seus pais já tivessem voltado da viagem achariam que ela é louca. Chegara em casa quase aos prantos, mesmo que tentando provar para ela mesma que não choraria, e agora estava com um sorriso enorme no rosto.


A campainha tocou, e Lily levantou desconfiada da cama, indo olhar discretamente pela janela. Não conseguiu ver quem era, mas reconheceu o carro. Um arrepio correu por sua espinha, mas foi uma sensação tanto boa quanto ruim. Desceu as escadas muito devagar, e abriu a porta na mesma velocidade.


James estava parado ali, ainda vestindo a camiseta azul do parque, e olhando para os próprios pés.


- Oi. – ela disse sem mostrar nenhum sentimento.


- Lily, eu preciso falar com você. – sua voz soava como se ele estivesse com o nó na garganta, o que a espantou bastante, já que nunca o vira assim. Lily deu um passo para trás e fez um gesto com a mão para que ele entrasse. – Eu fui um idiota. – disparou assim que colocou os pés no tapete da sala. A ouviu fechar a porta calmamente, e se virar para ele com os braços cruzados, como que esperando que ele continuasse falando. – Eu não devia ter falado com você daquele jeito, afinal, é a sua vida, e eu posso dizer que aproveitei a minha nesse tempo todo.


Ela ainda permanecia quieta, agora com apoiada contra o encosto de uma poltrona fofa e alta.


- Será que, de algum modo, você pode me perdoar? – pediu dando um passo na direção dela, que levantou os olhos para acompanhar o seu olhar. – Por favor? – foi um sussurro quase inaudível. Lily suspirou e fechou os olhos, caminhando para o lado oposto a ele, que ficou parado.


- Se eu vou te desculpar por ter sido um completo idiota? – ela falou ácida. Quantas vezes ele já havia se chamado de idiota desde o começo do dia... – Te desculpar por não acreditar no que eu falei? Já disse, eu nunca faria nada além de ficar com aquele imbecil, e isso faz algum tempo já. Antes mesmo de terminarmos o último ano. – falava mais calma agora.


Virou de frente para ele e caminhou em sua direção, até estarem próximos. Ela ainda mantinha os braços cruzados na altura do peito.


- É o que eu espero… - James engoliu em seco, sem desviar do olhar atento dela.


- Por quê? – Lily perguntou um tempo depois.


- Porque eu descobri o motivo de ter falado daquela maneira. – ele falava, e ela o olhava com atenção e curiosidade. – Porque eu te amo.


- Não venha querer me comprar com essas palavras, porqu…


- Eu te amo. – ele a cortou. – Nunca deixei de amar, só não sabia disso. E a cada vez que eu vejo você, a amo mais.


- Por quê? – ela perguntou novamente, suas narinas infladas.


- Porque não existe ninguém mais perfeita do que você. Por causa da cor dos seus olhos no sol, ou o modo com que o verde deles seja perceptível mesmo no escuro. Pelo seu jeito de falar com as pessoas, seu jeito de andar, e até como amarra o cabelo com a borrachinha da mesma cor da que eu te dei no seu aniversário de dez anos. – ele esticou a mão e puxou do cabelo muito mal preso dela uma borrachinha azul bebê. Brincou com ela nos dedos por alguns instantes, os quais Lily se controlava para manter a boca fechada. – Eu amo o jeito com que você dobra a barra das meias para que elas fiquem mais justas no pé, e o fato de você ter colado os cadarços dos tênis já amarrados, já que nunca aprendeu direito como amarrá-los.


Os dois não conseguiram se segurar e riram de leve nessa hora. Lily esticou os olhos para os próprios pés. Era verdade, mas ela nunca havia contado isso para ninguém.


- Entendeu agora? – ele perguntou segurando o queixo dela, levantando seu rosto.


- Você está desculpado, seu idiota observador.






Eram três horas da tarde quando James entrou na pequena casinha de funcionários para comer o lanche quase passado da validade que ofereciam aos jovens, e para sua surpresa, ali dentro, sentada com os pés sobre a mesa, estava Lily.


- Hey. – ele disse sorrindo. – Seu horário de lanche?


- Não, estou trabalhando, não está vendo? – ela respondeu rindo, e tirando os pés de cima da mesa. – Senta ai. – falou indicando uma cadeira ao seu lado.


- Bem humorada, heim. – James riu, e Lily apenas lançou um sorriso discreto. – O que temos de bom hoje? – perguntou levantando um pano que tapava um pote, para espiar.


- Uns salgadinhos emborrachados. Mas eu achei esse sanduíche na geladeira, e até onde eu pude ver não tem nada vivo ou verde dentro dele. – falou cortando o sanduíche ao meio e oferecendo uma parte para ele, que aceitou.


- Menos mal. – riu, dando uma mordida no pão, e fazendo uma careta. – Mas podiam ter feito sem maionese. Essa é a primeira coisa que azeda. – falou em uma careta, engolindo o pedaço que mordera, e enrolando o resto em um guardanapo. – Você acha engraçado, né? – resmungou ao ver que Lily gargalhava.


- Você caiu direitinho. – falou com um sorriso convencido, e mostrando a ele que não havia nem tocado no seu pedaço. – Não faz essa cara. – ela falou ainda rindo, apertando as bochechas dele. James a olhava sério. – Ei, não fique brabo comigo, não. Foi só uma brincadeira. – Lily falou docemente, com a cabeça de lado. Ele sorriu. – Eu sabia, você não consegue ficar brabo comigo. – concluiu com o mesmo sorriso de antes.


- Não, eu não consigo. – James disse ainda sorrindo.


Um sorria para o outro, até que foram diminuindo os sorrisos, e fixando os olhos cada vez mais intensamente um no outro. Lily, ao ver que ele não faria nada, arrastou sua cadeira, que por incrível que pareça não fez ruído algum, até encostar os joelhos na perna de James. Seus olhos corriam o rosto dele rapidamente, até se fixarem em seus lábios. Sem pensar muito, ela beijou o canto de sua boca, demorando seus lábios ali.


Ela inclinou a cabeça para trás, se separando dele por poucos centímetros. Um ainda sentindo a respiração do outro no seu rosto, sem abrirem os olhos. James deslizou uma mão pelo pescoço dela, a puxando pela nuca, e dessa vez a beijando com vontade.


- Não amola Sirius! – a voz de Marlene foi ouvida alta e clara, assim como a claridade que irrompeu na salinha quando a porta foi aberta. Lily, que estava quase no colo de James, deu um pulo com o susto caindo de sua cadeira.


- Eu disse que eles iam se agarrar! – Sirius exclamou alegremente, logo após terem entendido o que estava acontecendo. Marlene segurava o riso, Lily tentava se esconder debaixo da mesa, com o rosto completamente vermelho, e James estava estático na cadeira, tentando absorver o que tinha acontecido.


- Desculpa, a gente devia ter batido na porta antes. – Lene tentou concertar assim que parou de rir. – Mas estamos de saída. – falou com um sorriso como de quem pede desculpas, e puxou Sirius, que parecia estar se divertindo muito, para fora.


- E não se esqueça dos meus cinqüenta euros! – ouviram Sirius gritar lá de fora.


James e Lily se entreolharam sem saber o que falar. Ela ainda estava sentada no chão, então ele estendeu a mão, para ajudá-la a se levantar.


- Agora Sirius vai saber que você não está mais namorando. – Lily falou falsamente preocupada.


- Quem disse que eu não estou? – ele sorriu para ela, abaixando a cabeça para olhá-la nos olhos. Segurou o rosto dela com as duas mãos, o direcionando para o seu.


- Posso saber com quem o senhor está namorado agora? – ela perguntou com a mesma cara. Ele riu e a beijou de leve. – E que cinqüenta euros são esses? – ela perguntou, agora desconfiada.






- E um brinde a mim! – Sirius comemorava, erguendo seu copo de refrigerante. Marlene o fizera prometer não beber quando tivesse que levá-la em casa, e como ele queria fazer isso todos os dias…


O resto do dia passara voando, e Sirius tinha tentado cobrar o dinheiro de James dia inteiro, mas não havia conseguido. Agora estavam apenas os dois e Remus conversando depois que o parque fechou. As garotas estava no banheiro, assunto de mulher, como elas mesmas haviam dito.


- Não seja tão convencido Sirius, eu quem dei a idéia sobre a aposta. – Remus comentou olhando distraído para o lado que as garotas haviam saído.


- Tanto faz. – Sirius fez pouco caso. – O que importa é que eu ganhei cinqüenta euros. E dessa vez nem precisei fazer nada!


- Só duvidar de mim. – James revirou os olhos, rindo.


- Exatamente. Mas isso porque eu sabia o que ia acontecer. – Sirius falava convencido, como se tivesse feito um grande feito. – Não importa o que aconteça, vocês são Lily e James, nasceram para ficarem juntos.


- Eu concordo totalmente com isso. – Lily falou chegando por trás de James, e se pendurando em seu braço.


- Assim como eu e a Lene. – ele disse contente, a abraçando fortemente pelos ombros. – Nem invente de me bater. – cochichou para ela no que sentiu Marlene tentar lhe dar um soco na barriga. Os outros assistiam rindo.


- Se enxergue Sirius. – ela revirou os olhos, mas passou os braços ao redor da cintura dele, o abraçando de volta.


- Magic Land não é parece um lugar mágico mesmo? – Jill comentou indicando com a cabeça o parque, que ainda estava com as luzes acesas, e uma música tocando baixo, mesmo que já estivesse vazio.


- Depende do ponto de vista. – Remus falou isso para logo em seguida receber um beliscão no braço de Jill, ao que os outros riram, e pularam de susto quando o grande letreiro piscante com os dizeres “MAGIC LAND” desabou no chão.






N/A: não, eu não tenho vergonha na cara mesmo em fazer um capítulo final ruim desses .-. mas acho que foi porque eu queria terminar logo a fic, antes que eu desistisse de vez, então me desculpem mais uma vez. É impressão minha ou a coisa que eu mais fiz durante essa fic foi pedir desculpas? Pelo menos nos últimos dois capítulos eu tenho certeza de que foi.


Tenho que dizer também que eu esperava fazer uma fic bem mais longa, e que acabou dando nisso. E também o final não ficou nem um pouco como eu tinha imaginado no começo, mas acho que ficou aceitável. Como eu já disse em algum momento, estou bem chateada comigo mesmo pelas demoras e por não ter seguido o que eu queria no começo :/ e devo estar com algum problema, também, para estar tão emo assim. Talvez seja TPM, sei lá. Descobri uma coisa interessante uma tarde dessas, que eu consigo chorar na hora que quiser! Bom, eu achei legal, já que nunca tinha conseguido fazer isso antes :p


Mais uma vez eu agradeço de todo o coração a quem me aturou esse tempo, com as minhas conversas sem sentido e tal, a quem leu a fic e gostou, a quem leu e não gostou, a quem leu e ficou neutro, etc. Vou reforçar que só vou postar algo de novo quando já estiver em dia quanto a ler as fics de outros autores, e quando alguma minha história estiver realmente pronta e que seja boa (não estou escrevendo nada no momento, mas nunca se sabe :P).

Até a próxima o/

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