Capítulo O4



Capítulo O4


- Estou pensando seriamente em cometer um assassinato a sangue frio. – Marlene falava como se fosse algo extremamente sério e importante. Jill ria enquanto dirigia. Ela conseguiu fazer com que seus pais emprestassem o carro para ela, e já que Aaron não havia aparecido em casa desde a noite passada, estavam apenas as garotas. Lily parecia aérea, mas ria de leve de vez em quando.


- Só porque Sirius Black te beijou? Aliás, se foi mesmo como você disse, nem foi um beijo de verdade, e sim um selinho. – Jill falou sabiamente.


- E apertou meu bumbum! – Lene se escandalizou.


- Como se o Edgar não fizesse isso a cada dois minutos quando vocês namoravam. – riu-se Lily, parecendo finalmente prestar atenção na conversa desde que entrou no carro. – E você gostava.


- Você falou certo, nós namorávamos. – Marlene ainda retrucava.


- Simples, namore Sirius Black. – Jill deu a solução.


- Só no dia em que você admitir para o Remus que gosta dele mais do que como uma irmãzinha. – a morena sentenciou.


- Você também? – ela exclamou, e Lene ergueu uma sobrancelha. – Ontem James veio falando a mesma coisa, sobre eu gostar do Remus. – explicou.


- Claro, é tão na cara. – Lily falou como se fosse óbvio. – Sabiam que James tem uma namorada? – perguntou alguns segundos de silêncio depois.


- Sim, e você sabia que ele e Sirius… Ai! – Jill deu um tapa em Marlene para que ela parasse de falar.


- Ele e Sirius o que? – Lily perguntou, se inclinando entre os bancos da frente, e olhando para as duas com uma sobrancelha erguida em desconfiança.


- Ele e Sirius querem fazer com que os Marotos sejam assunto municipal novamente. – Jill falou a primeira coisa que veio em mente.


Eles, Sirius, Remus, Lene e Jill haviam feito um acordo sobre não deixar Lilian saber sobre a aposta. A desculpa era de que ela poderia resolver jogar do lado de James e esconderem caso deles dos outros.


- Mas e porque o interesse na namorada de James? – Lene puxou a conversa para outro lado.


- Não tem interesse nenhum, só perguntei por curiosidade. – a ruiva deu de ombros, voltando a apoiar as costas no encosto do banco.


As outras duas não disseram mais nada, mas sorriram significativamente. Elas não estavam na aposta, mas obviamente torciam para que Sirius ganhasse. Logo em seguida chegaram ao parque, e se separaram, Lene para a barraca do algodão-doce, e Jill e Lily para a montanha-russa.


-


- Você está quieto. – Sirius afirmou, chegando à barraca de James, que terminava de organizar as coisas para poder abrir.


- Cheguei faz cinco minutos, e você só agora. Porque eu estaria falando se nem o tinha visto ai? – ele perguntou com uma sobrancelha erguida.


- Não sei, eu falo sozinho. – Sirius deu de ombros, e James riu. – Ouvi dizer por ai que você deu carona para uma bela ruiva, com quem, não posso deixar de ressaltar, você teve uma ardente paixão no passado. – falou como se não fosse nada demais.


- Ardente? – riu-se James. – Nós tínhamos quatorze anos, não se pode dizer que aconteceu algo muito ardente.


- Bem, não para você então. – sorriu maroto. – Se eu fosse contar cada coisa que fiz naquela época passaríamos o dia inteiro aqui, e...


- Eu sei de todas as coisas que você fez Pad’s. – James revirou os olhos. – Não precisa contá-las de novo.


- Você dois! Chega de conversa e já para o trabalho! – Sr. Mathews passou por eles, com seu bigode farto apertado contra o nariz em irritação. – Magic Land já vai abrir e quero todos em seus lugares. E sem palhaçadas como foi ontem, vão cumprir seus horários! – ele não decorava nomes, então não sabia que era Remus quem ficava passeando pelo parque em horário de serviço, mas sabia que tinha alguém. – E façam caras mais simpáticas, a partir de hoje são esperados muitos mais visitantes! – e saiu brigando com outros garotos em outras barracas e brinquedos.


Sr. Mathews (ninguém sabia seu primeiro nome), não era velho, mas também não era jovem, devia estar nos seus trinta e tantos anos, e até onde se sabia tinha herdado o parque de seu pai. Haviam mais de dez anos que a coisa mais importante para ele era manter o parque em funcionamento, mesmo que já tivessem dito para ele fechá-lo várias vezes. Mas no fundo, querendo ou não, Magic Land era o lugar preferido dos jovens durantes as férias, tanto para trabalhar quanto para passar o tempo.


- Morsa rabugenta. – Sirius balbuciou para o amigo, enquanto ia para a barraca ao lado. – Mas você não escapa, James. – anunciou apontando intimidadoramente para o outro.


James apenas fez um gesto de descaso. Ele passara quase a noite inteira pensando sobre Melissa e Lily. Mas o que ele não podia esquecer era de que no momento estava com a primeira, e realmente gostava dela. Ele só não conseguia entender porque várias vezes, durante o dia, se pegou pensando em como seria estar com Lily agora, se estava tão convencido de que era de Mel que gostava.


Em uma coisa Sr. Mathews teve razão, o parque estava bem mais movimentado nesta quarta-feira, o que para James era bom, já que não teria que ficar ouvindo Sirius e suas conspirações sobre ele e Lily, ou o próprio Sirius e Marlene. Por várias vezes Sirius tentava puxar conversa com James, nos momentos em que não havia ninguém querendo jogar, mas o chefe sempre estava por perto, e acabava cortando-os.


Remus, como sempre, estava fora do carrinho-choque no seu horário, e ia em direção aos amigos, quando avistou Mathews em tempo de virar e voltar pelo caminho que vinha.


As únicas que pareciam se divertir mesmo eram Marlene, Lily e Jill. A primeira passava o dia conversando com qualquer pessoa que chegasse querendo algodão-doce, e as outras duas se divertiam com as crianças que tinham medo da montanha-russa, e escolhendo músicas animadas para tocar naquele brinquedo.


- Os dias não parecem passar tão rápidos por aqui? – Marlene perguntou com um sorriso enorme, seu cabelo já soltando do rabo de cavalo. Ela havia fechado sua barraca meia hora antes do normal por ter acabado o açúcar, e agora estava no vão entre as barracas de Sirius e James.


- Só para você. – resmungou Sirius, aproveitando que Mathews tinha ido cuidar do outro lado do parque, para ignorar um garotinho tagarela que tentava chamar sua atenção para pegar mais bolas. – Vai querer carona de novo? – perguntou com um sorriso malicioso.


- Não obrigada. Vou com Jill hoje. – ela diz falsamente triste. – Quem sabe outro dia.


James cuidava a conversa, tentando não rir, enquanto atendia um grupo de crianças que pareciam ter gostado de atirar.


- Sempre que você quiser. – falou galante. – Vai na festa do Prewett sábado?


- E eu por acaso vou perder uma festa? Claro que vou. – Lene exclamou empolgada. – Vai ser um bom dia para eles dois verem que o tempo não apagou a chama do amor deles. – falou teatralmente, mas sem deixar James ouvir. Sirius ria.


- Assim como a nossa. – falou provocativamente, chegando mais perto dela.


- Sai fora, Sirius! – ela reclama dando um passo para trás, ficando fora do alcance dele. – Nós é um assunto a ser discutido!


- Então já está decidido? – ele pergunta, ainda no mesmo tom, fazendo menção de abrir o portãozinho.


- Sim. Não. Quer dizer, sim! – ela fala confusa, o fazendo rir cada vez mais. – Nós não existe. E pare de mudar o assunto, é de Lily e James que estamos falando!


- Ok chefona, mas isso não termina aqui. Você ainda vai perder suas chaves muitas vezes. – Sirius falou com certeza, e então finalmente foi atender o garotinho insistente, deixando uma Marlene vermelha para trás.


-


O resto da semana correu normalmente. Jill conseguiu o carro todos os dias, para alívio de Lene, que não precisaria pegar carona com Sirius. Lily ia com elas simplesmente por ir. James continuava dando carona para Remus, e este continuava andando pelo parque em horário de serviço. Mathews estava cada vez mais bravo por não saber quem era o Matador de Serviço, como ele começou a chamar, e todos os garotos do parque sabiam quem era, mas nunca o entregavam. A não ser por Snape, que por várias vezes tentou contar ao chefe, mas sempre acabava ameaçado por um dos Marotos, que diziam que era ele mesmo quem mandava Lupin para longe. Aaron apareceu na quarta-feira mesmo, mas não falou com nenhum deles, apenas tentou convencer Jill a ceder o carro para ele, o que não deu muito certo.


Melissa ligava todas as noites e intervalos para James, que acidentalmente esqueceu o celular em casa no sábado. Ele não sentia tanta falta dela como achou que sentiria, ainda mais com essa perseguição por parte dela, que o estava deixando louco. Remus era o único para quem ele podia contar sobre isso sem que ele fizesse alguma piada de mal gosto, ou cobrasse os cinqüenta euros.


- Mais um dia de trabalho escravo terminado. – Sirius falava se espreguiçando, quando todos se encontraram no estacionamento depois do expediente, no sábado.


- Você reclama demais, Sirius. – Lily falou rindo e se esticando para escabelá-lo. – É tão legal trabalhar aqui.


- Para você que trabalha em algo legal. – ele falou sério.


- Deixa de ser velho Sirius, o parque é divertido mesmo. – Remus falou casualmente, se apoiando em um dos carros do estacionamento.


- Falou o MDS! – James disse.


- MDS? – Marlene perguntou.


- Matador de Serviço. A pessoa mais procurada de Magic Land! – Jill falou como se anunciasse um prêmio, fazendo os amigos rirem.


- Mathews está ficando louco com você, cara. – James falou quase em aviso.


- Como se ele fosse algum dia descobrir. – Remus deu de ombros.


- Bem, não sei vocês, mas eu tenho que ir para casa me arrumar para a festa na casa do Prewett. – Jill falou divertida, jogando vaidosamente os cabelos para o lado. – Vocês vão comigo? – perguntou as garotas.


- Claro. – Lily respondeu, e logo acenou para os garotos, indo quase saltitando até o carro de Jill. Os outros levantaram a sobrancelha para sua atitude.


- O que deu nela? – Sirius perguntou com a cabeça virada de lado.


- Lily é louca, não lembram? – Marlene riu. – Vamos indo. – imitou o gesto da amiga e saiu, mas andando calmamente.


- Espera ai. – Sirius chamou indo atrás dela. Lene o olhou curiosa. – Posso passar na sua casa para lhe dar carona pra festa? – pediu com uma cara de cachorrinho abandonado.


Marlene abriu e fechou a boca várias vezes. Olhou para mais adiante e as amigas faziam sinais positivos para ela. Suspirou profundamente.


- Tudo bem. – falou baixo, dando um meio sorriso.


- Te pego daqui uma hora. – ele abriu um sorriso enorme, Lene concordou e saiu.


- Uhul garanhão. – Jill riu, dando um soquinho no ombro dele e também indo atrás das duas, que já faziam sinal para ela se apressar.


- Pelo menos um garanhão temos nesse grupo. – Sirius falou convencido, assanhando os cabelos orgulhosamente. – Agora, vocês dois poderiam me fazer orgulhoso uma vez na vida. – disse como um pai magoado pelo mau comportamento dos filhos. Remus e James se entreolharam.


- Isso foi algum tipo de indireta? – Remus perguntou com uma sobrancelha erguida.


- Uma sigla para você Remmie, JC. – Sirius falou rindo, e seguiu para seu carro, deixando um Remus sem entender, e James também rindo.


- O que isso significa? – Lupin perguntou a James quando entravam no carro.


- Vai ter de descobrir sozinho. – ele falou rindo e entendendo a “piada”.


-


- Você não pretende ir vestindo isso, pretende? – Lily perguntou cautelosamente ao sair do banheiro de Jill e encontrar a mesma provando um vestido branco, justo, com a saia levemente rodada, caindo até pouco abaixo do meio da coxa.


- Porque não? – ela perguntou assustada.


- Porque nós estamos indo em uma festa onde tem uma piscina, piscinas têm água, branco fica transparente com água, e aposto como não está usando sutiã. – a ruiva falou sabiamente, tirando a blusa que usava e vestindo uma bata azul claro.


- Não tinha pensado por esse lado. – falou alisando o vestindo, se olhando no espelho. – Mas gosto tanto desse!


- Então o use em um encontro com o Remus. – Lily falou rindo.


- Se isso um dia vier a acontecer. – murmurou e trocou o vestido por uma calça jeans curta e uma blusa rosa. – Achei que essa fosse uma festa com água. – falou ao ver a outra se maquiando.


- A prova d’água. – sacudiu o rímel para a outra. Jill revirou os olhos, rindo, e terminou de se arrumar, assim como Lily.


-


Mal James entrou em casa sua avó veio lhe procurar preocupada, dizendo que seu telefone tocara várias vezes, e a garota Melissa havia ligado para a casa pelo menos três vezes atrás dele. Ele suspirou profundamente, e falou que subiria para tomar um banho, ligar para a garota e que sairia mais tarde.


- Não se esqueça de comer alguma coisa! Você está tão magrinho, James. – ela falou amorosamente.


- Pode deixar vó. – concordou sorrindo, e a beijou na bochecha.


Entrou em seu quarto, ainda faltavam quarenta minutos para sair de casa. Tomou um banho quente, pensando em muitas coisas ao mesmo tempo. Seu trabalho em Magic Land, Lily, Melissa, a festa dessa noite.


Vestiu a primeira roupa que tinha em seu armário, uma calça jeans e uma camisa azul escuro. Pegou o telefone e ligou.


- James! – a voz do outro lado da linha soava animada. – Achei que nunca fosse ligar.


- E eu achei que você fosse parar de ligar. – falou normalmente, andando de um lado para o outro do quarto, e bagunçando os cabelos molhados. Continuou falando no que ela ficou muda. – É sério Mel, assim fica difícil. Eu falei para você que tenho meus amigos aqui, e quero ficar com eles tranquilamente, não é para você me ligar a cada meia hora.


- Eu me preocupo com nosso relacionamento, ao contrário de você. – falou magoada, algum tempo de silêncio depois. James bufou.


- Talvez não esteja funcionando… isso de termos que ficar nos comunicando por telefone.


- Quer que eu vá para ai com você? – ela perguntou docemente, e James quase gritou um “não” enorme.


- Não é isso que quero dizer… o que eu quero dizer é que talvez a gente não se dê tão bem assim. Talvez nosso relacionamento não funcione a distância. – ele tentou falar o mais educadamente possível.


- Você está terminando comigo? – Melissa perguntou quase um minuto depois. Sua voz extremamente magoada. – Por telefone James? – ela parecia prestes a chorar.


- Você sabe que eu não terminaria por telefone. – ele resmungou, esfregando o rosto com a mão livre. – Seria mais dar um tempo e ver como as coisas ficam.


- Eu não “dou um tempo”. – ela falou grosseira. – Tem uma outra garota na história, não é? – parecia mais controlada.


- Não exatamente… – ele falou coçando a cabeça e a ouviu bufar do outro lado.


- Como tem coragem James? Depois de todo o nosso tempo de amizade, e agora de namoro, você fica ai menos de uma semana e já diz que tem outra garota? Onde está o James que eu conhecia? – ela berrava do outro lado da linha, o fazendo esticar o braço para longe do ouvido.


Como explicar para ela que não era apenas uma outra garota? Ela não sabia sobre Lilian, ele nunca havia falado nada, e tinha guardado todas as fotos dos dois dos olhos curiosos.


- … você é um sem coração! Só porque tem esse rosto bonito acha que pode brincar com os sentimentos dos outros, e… - ela continuava seu discurso.


- Melissa! Por favor, pare de falar! Eu estou tentando me explicar aqui. – ele a interrompeu, e entendeu seu silêncio com um “continue”. – Eu não sei o que aconteceu, ok? Mas eu nunca quis apenas brincar com você. Eu realmente gosto de você, de verdade, mas… eu não sei, ok? Você fica ligando, não me deixa respirar. E isso está acontecendo em apenas uma semana um longe do outro, nem consigo imaginar como vai ser quando tivermos que ficar mais tempo distantes.


- Entendo. – ela murmurou. – Se é assim que você vê as coisas não precisa nem se dar ao trabalho de terminar comigo, porque é o que eu vou fazer com você. – não falou ameaçadora nem nada, apenas… normalmente, o que surpreendeu James.


- Isso é um término pacífico? – arriscou.


- Sim. Até algum dia James. – falou ainda no mesmo tom sóbreo.


- Até Mel. –e os dois desligaram.


Ele não conseguia acreditar no que tinham acabado de fazer. E ainda mais por telefone, algo que ele não achava nem um pouco legal. Mas o que parecia mais estranho era o sentimento de que a coisa certa havia sido feita. Que Sirius nunca soubesse disso.


Olhou no relógio de pulso, e lembrou que tinha cinco minutos para passar na casa de Remus e irem para a festa.


-


Marlene vestia uma calça jeans e uma regata laranja, e esperava por Sirius, sentada na calçada em frente a sua casa. para variar, seus pais já estavam dormindo antes mesmo de ela chegar em casa. Rascunhou um bilhete e colou na geladeira.


- Quem diria… Marlene McKinnon esperando Sirius Black para irem juntos a uma festa. – ela murmurava com ela mesma, arrancando graminhas que cresciam entre o cimento. Ele já estava quase dez minutos atrasado. – No mínimo quer fazer uma entrada triunfal na festa, exibindo a idiota da vez. – resmungou novamente, arrancando as graminhas com agressividade.


Ela pegou uma pedrinha e atirou para a frente, sem ver que no mesmo momento um carro parava ali. levantou em um pulo, tapando as mãos com a boca, temendo que apanhasse, fosse presa, tivesse que pagar o arranhado, ou qualquer coisa assim.


- Você está bem Lene? – Sirius perguntou, saindo do carro e andando até ela. Ele estava incrivelmente bonito, a camisa preta com os dois primeiros botões abertos, o cabelo negro quase encostando nos ombros, o incrível perfume masculino… – Lene? – ele chamou mais uma vez, e ela sacudiu a cabeça, acordando do transe.


- Sim. Estou. – respondeu, nem ela mesma tendo certeza disso. – Desculpe pela pedra, eu não reconheci o carro. Aliás, esse não é seu carro, é? – quis confirmar, ao ver o carro esporte escuro, com vidros também escuros.


- Tudo bem. – ele riu. – É o carro do meu pai. Pode jogar quantas pedras quiser.


- Roubando carros já? – perguntou rindo.


- Só se forem dos meus pais. – Sirius falou, abrindo a porta do carona para ela, em um gesto de puro cavalheirismo. Ela entrou, tentando lembrar quando ele havia sido tão polido assim com uma garota.


-


James e Remus chegaram na festa quando já tinha muita gente. Alguns eram seus colegas do parque, mas a maioria era completamente desconhecida. As noticias de uma festa em cidade pequena voavam rapidamente. Haviam alguns que já tropeçavam nas próprias pernas, andando de uma lado para o outro com copos de cerveja nas mãos.


- Bem vindo ao nosso novo mundo. – brincou Remus. James havia saído da cidade antes de começar esse tipo de festa.


- Parece divertido. – ele falou rindo.


- Nem idéia de quanto. – Remus também riu. – O que é JC? – perguntou de repente, lembrando do assunto de algumas horas atrás.


- Já disse, abra seus olhos e vai descobrir. – James gargalhava, aceitando por educação, já que iria voltar dirigindo, um copo de cerveja que Fabian oferecera para eles logo que passaram pela cozinha.


- Que bom que vieram! Essa festa é para você James! Um brinde! – Fabian, que era um dos que já estavam trocando as pernas, anunciou e várias das pessoas que estavam ao redor brindaram junto. Alguns perguntando “quem é James?” depois de virarem o copo.


- Valeu. – James agradeceu, e deu um jeito de sair daquele tumulto de gente bêbada. Lupin o seguiu.


Andaram por entre as pessoas por vários minutos, cumprimentaram alguns conhecidos, a maioria deles queria propor um brinde a James, e muitos lhe perguntavam se ele e Lilian Evans tinham voltado.


- Ótimo, então eu ainda tenho uma chance com ela. Já viram como ela está linda hoje? – um rapaz que fora colega deles também, mas que não conseguiam lembrar o nome, falou ao ouvir a resposta negativa de James. Ele deu três passos e um sofá “se atravessou” na frente dele, onde ele caiu por cima, e ali ficou.


- Lily já está aqui? – James perguntou, mais para ele mesmo do que para Remus.


- É bem possível, ela vem com a Jill, e ela não gosta nem um pouco de chegar tarde em uma festa. – Remus respondeu, dando de ombros.


- Olá garotos! – uma garota de cabelos curtos e loiros chegou na frente deles, os abraçando ao mesmo tempo, quase os sufocando. Isso lembrou muita a James de sua avó. – Vocês não me reconhecem? – ela perguntou fazendo biquinho. Era uma das poucas pessoas da festa que ainda estavam sãs.


- Claro que sim Héstia. – Lupin falou, delicadamente tirando os braços dela de seu pescoço, conseguindo respirar novamente. James fez uma expressão de compreensão. Héstia Jones também havia sido colega deles, mas ele lembrava dela como a garota recatada, de roupas grandes e cabelo muito mais longo do que o normal, e não com esse corte mais moderno e as roupas justas e curtas. – Como vai?


- Ótima! Melhor ainda que vocês estão aqui. Estou tão feliz que tenha voltado James! – ela falou e o abraçou novamente. Ele quase caiu para trás com o susto


Remus ria tanto que teve que se apoiar em uma das paredes. James não sabia como fazer para que ela saísse de cima dele sem parecer grosseiro.


- Posso roubá-los um pouco Héstia? – eles ouviram a voz de Jill atrás, e Héstia soltou James, revirando os olhos.


- Hey, Cooper. – ela falou com nojo na voz. – Não tem mais nenhum cara bom o suficiente para você e tem que vir aqui pegar os que eu achei antes? – as duas se queimavam com o olhar.


- Vai procurar o Aaron, Jones, ele gosta de garotas oferecidas como você. – Jill falou com os olhos apertados. A loira a encarou por mais alguns segundos, e então virou as costas e sumiu. – Essa va…


- Respire Jill. – Remus falou. – Vamos para um lugar mais tranqüilo? – ele perguntou aos dois. Jill sentiu as bochechas corarem levemente, e olhou rapidamente para James, que se segurava para não rir da inocência na frase do amigo.


- Na verdade eu tenho que encontrar umas pessoas. – ele falou. – Vão indo vocês, depois eu os encontro.


Ela olhou agradecida para James, e Remus apenas concordou.


- Eu realmente não entendo como alguém pode ser tão lerdo quanto o Remus. – Sirius falou alto o suficiente para James ouvir. Ele estava parado perto de onde os três estavam antes. Marlene ao seu lado.


- Ele ainda não entendeu o JC. – o de óculos falou falsamente incrédulo.


- JC? – Lene perguntou curiosa. Os dois olharam significativamente para ela. – Ah, sim!


- Viu? Até a Lene que é lerda entendeu! – Sirius falou rindo a risada de cachorro, para receber dela uma cotevelada na barriga.


- E quem o senhor estava pensando em ir procurar? – Marlene falou maliciosamente, ignorando os resmungos de Sirius.


- Vocês. – falou com um sorriso enorme.


- Não minta James, eu sei quem você vai procurar. – Sirius sorria como Marlene, ainda passando a mão na barriga.


- Você não sabe de nada Pad’s. – falou enigmaticamente. – Dê um jeito na Lene que a noite já vai ser melhor para você do que cuidar o que eu estou fazendo. – falou brincalhão. Marlene fez uma cara verdadeiramente indignada, e Sirius sorriu maroto.


- Pode deixar capitão! – concordou, batendo continência.


-


Lily estava sozinha numa das cadeiras que ficam em volta da piscina. Sozinha porque não contava os outros que estavam em suas conversas paralelas. Segurava um copo de cerveja, que alguém havia lhe entregue pouco tempo atrás.


- Todos a abandonaram? – ela virou para ver quem sentava ao seu lado.


- Oi Aaron. – cumprimentou casualmente, e voltou a olhar para um ponto qualquer da piscina.


- Vamos, seja mais calorosa! Não tão emburradinha assim. – ele falou com um sorriso, a empurrando de leve.


- Não me empurra! – ela riu. – Só não encontrei ninguém para conversar.


- Bem, agora estou aqui. – falou com um sorriso maior ainda.


- Você não conta. – ela sorriu, o olhando de lado.


- Porque não? – Aaron perguntou falsamente indignado, fazendo Lily rir mais ainda. Esse era um momento estranho, geralmente ela se irritaria com ele e o mandaria embora, ele não iria e discutiriam até que ele a agarrasse. Mas agora ele não parecia tão terrível assim. Ou talvez fosse um pouco do efeito do álcool nela, nunca foi muito forte com bebidas.


- Porque você é um cachorro vagabundo que não vale nada. – ela disse honesta.


- Hm, tudo bem, não vou negar isso. – ele deu de ombros, e ambos riram. – Vou conseguir algo com você hoje? – ele perguntou diretamente. Ela revirou os olhos, pensando que estava demorando.


- Você nunca mais vai conseguir alguma coisa comigo. – falou firme.


- Por causa do Potter? – ele provocou. Lily bufou e virou o corpo para o lado. A melhor tática com ele era ignorar. – Sabe, ele tem uma namorada, e até onde eu ouvi ele é uma pessoa fiel. – falou como se isso fosse inaceitável.


- Ele é uma pessoa boa e honesta, ao contrário de você. – disse ainda virada para o lado.


- Se pretendia me ofender com isso, não conseguiu. Esperava melhores elogios de você Lily. – falava ainda no mesmo tom.


- Cansei de perder meu tempo sequer falando com você.


- Achei que estávamos nos dando bem. – Aaron fingiu-se de magoado.


- Onde está a Bellatrix? – Lily perguntou tentando mudar o rumo da conversa.


- Vou saber? – ele riu, e ela revirou os olhos. – Bem, vou indo. Alguem me chama. – ele levantou e ela o acompanhou com o olhar. Aaron caminhou em direção a uma garota loira, que o olhava quase com a mesma expressão que Bellatrix no estacionamento no começo da semana. A reconheceu com Héstia Jones, a falsa virgem da turma.


- Típico. – revirou os olhos de novo.


- Posso perguntar o que? – parecia que as pessoas haviam gostado de pegá-la desprevenida, chegando por trás.


- James. – ela sorriu de verdade. – Aaron.


- Nem precisa dizer mais nada. – ele levantou as mãos, rindo. – Posso sentar?


- Claro. – ela se espremeu para o lado, para que ele também apoiasse as costas no encosto da cadeira como ela.


- O que faz aqui sozinha? – ele perguntou parecendo realmente interessado, ao contrário de Aaron que sempre vem com segundas e até terceiras intenções.


- Jill me abandonou dizendo que ia pegar uma bebida e não voltou mais, e Marlene está com Sirius, e eu não quero atrapalhá-los, então vim para cá. E você?


- Consegui fazer com que Jill ficasse sozinha com Remus, e Sirius dar um jeito na Lene. – ele deu de ombros, para depois rir com ela.


- Você não falou isso na frente dela, falou? – Lily perguntou ainda rindo, e ele concordou. – Ela vai matar você. Isso depois que matar Sirius!


- Ai você me defende. – ele a olhou com o canto do olho.


- Claro. Porque eu sou super forte. – ela falou brincando mostrando os músculos dos braços.


- É isso ai versão feminina do super-homem. – James bagunçou os cabelos dela.


- Hey! Sem bagunçar o cabelo da ruiva! – ela reclamou, tentando arrumar o cabelo, mas falhando. – Idiota. - murmurou falsamente brava. – Me fale da sua namorada. Como ela é? – ambos se espantaram com a pergunta, mas tentaram não demonstrar.


- Bem, ela é loira, tem olhos azuis, e… é uma pessoa legal. – ele falou mexendo no próprio cabelo.


- Só isso? Quer dizer, quando se gosta de alguém geralmente existe um motivo. – ela falou sabiamente.


- Eu não sei, a Mel foi a primeira pessoa que me recebeu bem em Londres, e ficamos muito amigos, até há uns seis meses atrás começamos a namorar. – olhou para Lily, esperando que ela estivesse satisfeita com a resposta, mas ela o olhava como quem exigisse saber mais. – Ela é divertida, tem um sorriso bonito, é simpática, e uma boa atriz. – falou tentando lembrar de mais alguma coisa.


- Tem certeza de que isso é um namoro? Quero dizer, a gente namora alguém porque tem algo em especial nessa pessoa, algo que só a gente nota, e não coisas superficiais que qualquer um vê em dois minutos. – Lily falava sem olhar para ele, torcendo para que ele não percebesse o tom de magoa que ela tentava esconder.


- Acho então que, eu e ela, somos apenas amigos. – James disse com um sorriso torto, a olhando discretamente.


- Não diga isso! – Lily exclamou. – Ela é sua namorada, vamos, pense, deve ter algo.


- Lily. – ele começou calmamente. – Nós não estamos mais namorando. – ela abriu a boca com a confissão de James. – Percebi que não era aquilo que queria em um relacionamento. Quando estávamos juntos era bom, mas agora que eu estou aqui percebi que com a distância as coisas mudam. – Lily ouvia atentamente. – Com ela eu não consigo conversar ao telefone, passar alguns minutos parecem uma tortura. Quero alguém com quem eu não canse falar nunca.


- Como era com a gente. – ela murmurou, e logo torceu para que ele não ouvisse, mas isso foi em vão. James sorriu, mordeu o lábio e baixou a cabeça.


- Como era com a gente. – repetiu. Ficaram algum tempo assim, apenas sorrindo sozinhos, em silêncio, com as lembranças. – Só uma coisa, - ele começou e Lily virou a cabeça. – não conta para ninguém sobre eu e a Mel. Sirius vai me incomodar durante a eternidade por isso. – pediu.


- Claro. – ela concordou.


O barulho de alguém caindo na água foi ouvido, e acabou chamando a atenção de todos ao redor.




n/a: Yes, eu sei que levei pelo menos duas semanas pra atualizar, e peço milhões de desculpas por isso! Mas posso me explicar: agora eu só estudo três dias por semana, até onze da noite, mas tenho quatro dias livres, que eu achei que seriam livres. É eu sentar na frente do note pra escrever que minha mãe acha que estou parada a tempo demais e começa: vai lavar louça, arruma o quarto, faz o almoço, leva tua irmã pra escola, limpa a casa, cuida da roupa, dá banho nos cachorros, etc. e fim de semana eu não passo muito em casa, ou seja, eu me enrolei mesmo :/ então esse capítulo está grande e com bastante coisa pra me redimir :D espero que tenha ficado bom e todos gostem (:


obrigada, obrigada, obrigada pelos comentários, eu adorei mesmo e li várias vezes cada um deles *-* se der respondo no próximo :D


ps (inútil, e quase sempre presente): daqui três dias eu pego minha carteira de motorista permanente, e estou muito animada com isso! Um ano sem multas, uhul o/ mas lembrem-se sempre de abastecer o carro, não é nada divertido ficar sem gasolina no centro como me aconteceu hoje.


ps²: só para variar, não revisei o capítulo, então qualquer erro me avisem que eu arrumo (:


chega de falar da minha vida ;x quero comentários :D beeijos.

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