Existe décimo vigésimo sono?



         Algumas semanas haviam se passado desde que Hannah descobrira que estava grávida, e estava chegando perto o dia que faria o primeiro ultra-som. Teddy, como curandeiro, tinha feito questão de cuidar pessoalmente de todo o pré-natal dela. Ela dormia profundamente, mas algo que apareceu em seus sonhos a fez acordar.


         Hannah abriu os olhos. Ainda estava escuro, e ela consultou o relógio. Duas da manhã. Não importava. Precisava falar com os pais de qualquer jeito.


         Levantou da cama e, passando pelo espelho, não pode deixar de reparar na pequena barriga que já começara a se formar, apesar de apenas há poucos dias ter completado dois meses de gravidez, data que Scorpius lembrou e fez questão de comprar um bichinho de pelúcia para o bebê. (Um cachorro, não uma cobra.)


         Ela andou até o quarto dos pais e cutucou a mãe, chamando baixinho:


         – Mãe... – Tonks, como tinha sono leve, acordou rapidamente e olhou para a filha.


         – Hannah? Está tudo bem?


         – Está, mas é que... – Ela corou antes de falar. – Eu estou com um desejo.


         Os olhos de Tonks brilharam:


         – Oh, o primeiro desejo da minha filhinha grávida! – Ela virou-se para Remus. – Remus, acorda! Acorda, homem!


         – Que foi? Onde é o incêndio? – Ela acordou, sobressaltado.


         – Não tem incêndio nenhum, mas a Hannah está com um desejo.


         Ele levantou e foi para o lado da filha, segurando as mãos dela.


         – Então diga o que quer e você terá, minha princesa.


         – Eu quero sonho de chocolate.


         Remus arregalou os olhos.


         – E onde você acha que eu vou arrumar isso, Hannah?


         – Na casa do tio Sirius. – Ela disse como se fosse óbvio.       Remus suspirou. Tentar acordar Sirius de madrugada era uma missão quase impossível.


         – Hannah, não dá pra esperar até amanhã?


         – Não! Se eu esperar, o bebê vai nascer com cara de sonho de chocolate. Você não quer isso, não é, papai?


         – Claro que não, Hannah. Vou dar um jeito nisso.


         Ela pareceu satisfeita, mas virou-se novamente pra ele:


         – Ah, e eu também quero bolo de coco.


         Antes que ele respondesse, Tonks respondeu:


         – Isso pode deixar comigo. Eu faço.


         – Não, mamãe, eu quero o bolo de coco que a vovó faz.


         Tonks e Remus trocaram um olhar surpreso. Teriam que acordar a cidade inteira para satisfazer os desejos de Hannah ou ela pararia por ali?


         – Hannah, a sua avó está dormindo a essa hora.


         – E daí? Você quer que o bebê nasça com cara de bolo de coco? Vocês não amam o meu filho? – Lágrimas começaram a se formar nos olhos dela, e Remus começou a agradar seus cabelos.


         – Não, princesa... – Mas ela o interrompeu.


         – Não, vocês não amam?


         – Não! Eu disse não para a pergunta se nós não amamos o seu filho, porque a gente ama, Hannah.


         Ela enxugou as lágrimas, sem entender muito bem o que Remus havia dito, e ele virou-se para Tonks.


         – Você fala com a sua mãe e eu vou tentar acordar Sirius, OK?


         Satisfeita por ter ficado com a melhor parte, Tonks levantou e começou a se vestir. Remus virou-se novamente para Hannah, e pediu a ela:


         – Pode ir esperar lá na cozinha, querida?


         Ela assentiu com a cabeça e desceu as escadas, sentando numa cadeira da mesa da cozinha.


         Remus, por sua vez, trocou de roupa e disse para a esposa:


         – Me deseje sorte.


         – Boa sorte, amor. Ah, e é muito fofo você fazer isso pela Hannah, sabia?


         – É. Se eu não fizesse, sabe quando ela ia parar de chorar na minha orelha?


         – Bom, é fofo do mesmo jeito. – Ela sorriu, e ele desaparatou.


         No apartamento de Sirius, foi até o quarto do amigo, que estava dormindo. Ele começou a cutucá-lo.


         – Sirius! Padfoot! – Mas Sirius apenas se virou e resmungou algo que Remus entendeu como:


         – Ah, me deixa matar aula, a cara de coruja seca da McGonaggal não vai ligar.


         Remus olhou para cima:


         – Céus, o que fiz para merecer isso? ACORDA, SIRIUS!


         Ele acordou, sobressaltado, e virou para Remus:


         – Moony?


         – Não, a McGonaggal.


         – Nossa, você está idêntica ao Moony. Olha, aquele negócio de coruja seca, era mentira, tá?


         – Acorda, Padfoot! Sou eu mesmo, imbecil!


         – Ah, tá, pra me chamar de imbecil, tem que ser o Remus. – Ele consultou o relógio ao lado da cama. – Por que diabos você vem aqui pra me acordar às três da manhã?


         – A Hannah está com desejo.


         – Ah, cara, eu sei que sou padrinho dela, mas você me acorda só pra contar isso? Eu já estava no meu... no meu... décimo vigésimo sono!


         – Isso existe?


         Sirius parou para pensar, mas Remus não deu tempo.


         – Não importa, eu acordei você porque ela quer um negócio que tem aqui na sua casa. Um tal de sonho...


         – Sonho de chocolate? Hannah adora isso, ela sabe que eu sempre tenho aqui.


         Ele levantou e foi até a cozinha, seguido por Remus. Sirius começou a remexer em armários, procurando, e Remus falou:


         – Whisky de fogo, você tem?


         – Claro, mas Hannah não pode beber. Ela está grávida, lembra?    


         – Não é pra Hannah, é pra mim!


         – Você precisa tanto assim de uma bebida?


         – Eu estou acordado às três da manhã com a mala do meu melhor amigo pra tentar satisfazer um desejo da minha filha que está grávida. O que você acha?


         – Que você precisa mesmo de uma bebida. Posso fazer uma pergunta? – Sirius pegou dois copos e colocou whisky para ele e para Remus.


         – Pode, o que é?


– A Hannah não pensou em usar camisinha, não? É questão de consciência, sabe? Até eu uso.


– Não sei, acho que você devia perguntar pra ela. Além do mais, a camisinha é só 97% segura. – Sirius cuspiu o whisky que havia acabado de por na boca e gritou:


– O QUÊ? ENTÃO QUER DIZER QUE TEM UM RISCO DE 3% DE ELA FALHAR? – Remus confirmou, tomando o whisky, despreocupadamente, e Sirius ficou com o rosto mais assustado ainda.


– DEVIAM COLOCAR ISSO NA CAIXA!


– Mas eles colocam na caixa. – Sirius correu para o quarto e voltou, com uma caixa na mão.


– DEVIAM POR EM LETRAS GRANDES! – Ele largou a caixa em cima do sofá e voltou a encher os copos, mas, antes de tomar, Remus falou:


         – Espera aí, eu vou levar esses sonhos pra Hannah e já volto.


         Ele pegou os sonhos e aparatou em casa, onde Hannah esperava pacientemente no sofá que os pais voltassem.


         – Pai! Trouxe?


         – O que você acha, que eu não ia fazer o que a minha princesinha queria?


         Ele entregou o pacote para ela, que beijou sua bochecha e saiu correndo para a cozinha. Ele aparatou novamente para a casa de Sirius, que estava esperando com cinco garrafas em cima da mesa.


         Enquanto isso, Tonks chegava em casa com uma Andromeda consideravelmente sonolenta, mas felicíssima por Hannah estar tendo desejos.


         – Vovó! – Hannah a abraçou, limpando a boca cheia de açúcar.


         – Hannah, o seu pai já voltou? – Tonks perguntou, indo trancar a porta de casa.


         – Já, mas saiu de novo.


         Na posição de sogra, Andromeda não perdeu a chance de liberar veneno para o lado do genro:


         – Ele sai a essa hora da manhã e você nem se importa, Dora?


         – Quem disse que não me importo? Ele vai estar me devendo boas explicações quando chegar em casa.


         Naquele momento, Sirius e Remus já haviam esvaziado quatro das cinco garrafas, e como era de se esperar, estavam completamente bêbados.


         – Se eu chegar assim em casa, a Dora me mata.


         – Então só vá pra casa amanhã de manhã.


         – Aí ela me mata, me ressuscita, e me mata de novo.                       Quando ele disse isso, Sirius começou a rir descontroladamente, e ele também. Então os dois começaram a cantar, cada vez mais alto, até que Remus olhou o relógio.


         – Sirius, como provavelmente eu vou morrer, vou dizer algo pra você que eu guardei por todos esses anos.


         – O que é, Moony?


         – O seu cabelo é esquisito.


         Então ele aparatou para casa. Tonks o esperava sentada com uma cara não muito amigável.


         – Remus! Que bom que você resolveu agraciar a sua família com a sua humilde presença. Posso saber onde você estava?


         – Poder pode, amor, mas não sei se você quer.


         – REMUS JOHN LUPIN, TRATE DE FALAR ONDE VOCÊ ESTAVA ANTES QUE EU FIQUE IRRITADA!


         – Dora, fale baixo ou vai acordar Hannah e Teddy.


         – MELHOR, PORQUE AÍ ELES FICAM SABENDO QUE TEM UM PAI CAFAJESTE QUE SAI DE CASA PARA BUSCAR SONHOS DE CHOCOLATE PARA A FILHA GRÁVIDA E VOLTA EMBRIAGADO! E SABEM TAMBÉM QUE ESSE MESMO PAI VAI DORMIR NO SOFÁ SEM DIREITO A APELAÇÃO DESSA VEZ!


         – Dora, não!


         Mas ela já havia apontado a varinha para as escadas e um travesseiro e um cobertor estavam flutuando escada abaixo.  


         Ela subiu as escadas, e ele pôde ouvir a porta do quarto sendo trancada.


         Na manhã seguinte, Hannah acordou cedo, apesar de só ter ido dormir às três e meia na noite anterior. Estava nervosa, pois hoje faria o primeiro ultra-som e esperava que tudo estivesse bem com o seu bebê. A cada dia que passava, o seu amor pela pequena criaturinha que crescia dentro dela aumentava.


         Trocou de roupa, transformou os cabelos para que ficassem rosa-chiclete e desceu as escadas, indo direto comer alguma coisa na cozinha.


         Depois de tomar um farto café da manhã, passou na sala e viu o pai dormindo. Chamou-o, delicadamente:


         – Pai! – Sem sucesso. Chamou um pouco mais alto. – Pai! Acorda! ACORDA, PAI!


         Remus levantou-se, sobressaltado, e virou-se para ela.


         – Que horas são, filha?


         – Nove horas. Você tem sorte de a mamãe não ter acordado ainda, eu garanto que ela não estava planejando métodos muito delicados pra acordar você. A que horas você chegou ontem?


         – Não sei. Acho que eram quatro e meia.


         – Isso explica porque a mamãe estava tão braba. Nunca a vi assim.        


         – Claro que não, você nunca viu a sua mãe grávida.


         Ele levantou-se e foi até a cozinha, seguido por ela, que exibia um brilho perigoso no olhar.


         – Você está insinuando que mulheres grávidas são nervosas?


         – Não! – Ele disse, de uma forma nada convincente. – Estou dizendo que a sua mãe ficava nervosa, mas isso não quer dizer que sejam todas as mulheres.


         – Melhor assim. – Os dois ficaram um pouco em silêncio, mas ela o quebrou: – O que tem pra comer?


         Mas, antes que Remus dissesse o que estava pensando (“Você não acabou de tomar café da manhã?         “) e deixasse Hannah altamente estressada, eles ouviram passos na escada, e Tonks entrou na cozinha.


         Pelo jeito, ela achava que dormir no sofá já fora castigo suficiente para Remus, porque o cumprimentou como em todas as manhãs. Então, a campainha tocou e Hannah foi atender.


         Na porta, estava a pessoa que, se tivesse que definir com uma palavra, Hannah escolheria “perfeita”. Victoire Weasley, a namorada do irmão, era simplesmente maravilhosa. Tinha lindos cabelos ruivos e lisos, mas com leves cachos nas pontas. Os seus olhos eram azuis, e ela tinha um porte elegante e esbelto. E também era muito gentil, e ela e Hannah eram muito amigas.


         – Oi, Vic! – Ela abraçou a amiga. – Entre.


         – Oi, Hannah! E esse bebê, está bem?


         – Está sim. – Ela respondeu, colocando a mão em cima da barriga.


         – E o Teddy?


         – O meu irmão, acordado, antes das dez da manhã num sábado em que estará trabalhando de tarde? Até parece. Mas não se preocupe, eu vou lá acordar ele.


         – Não precisa, Hannah, eu volto mais tarde.


         – Claro que precisa. Sente-se, eu já volto. – Victoire sentou-se e Hannah subiu as escadas, indo para o quarto de Teddy.


         Ela entrou devagar e pegou uma almofada que estava solta no chão. Foi até perto do irmão e acertou a almofada em cheio na cabeça dele. Ele levantou-se, sobressaltado.


         – O quê? Quem? Como? Onde?


         – Levanta logo, a Vic está lá embaixo, esperando você. 


         Quando ela disse o nome da namorada, ele levantou correndo, mal escutando o resto da frase. Começou a procurar alguma coisa no guarda-roupa, mas ela achou antes e deu pra ele.


         – Como você sabia que eu queria essa camisa?


         – Eu só conheço você muito bem.


         – Os velhos já acordaram? – Ele perguntou, amarrando os tênis e transformando o cabelo para preto.


         – Sim.


         – Ótimo, não quero ter que falar isso duas vezes.


         – Falar o quê?


         – Não interessa. – Ele disse, pegando um moletom e saindo do quarto, deixando Hannah sem entender nada.


         – E depois eu é que sou a maluca.      


         E desceu as escadas também. Agora, sim, ela tinha certeza que os pais se tinham se acertado, porque eles estavam na maior paixão, sentados no sofá. Ela sentou na poltrona, pegando uma revista, e logo Teddy e Victoire entraram na sala, parecendo nervosos.


         – Mãe, pai, eu e a Vic queremos falar com vocês.


         – Pelo amor de Deus, Teddy, a Vic não está grávida, não é?


         Ela se apressou a negar.


         – Não! De maneira alguma, sr. Lupin, não é isso.


         Remus suspirou, aliviado, e Tonks perguntou:


         – O que é, então?


         – Eu e a Vic queremos nos casar, mãe.


         – CASAR? – Tonks e Remus disseram juntos, e os dois concordaram com a cabeça. Hannah largou a revista e abriu um sorriso enorme:   


         – Vocês vão casar?


         – Vamos sim, irmãzinha.


         – Teddy, seu idiota, você podia ter me dito.


         – Quando? – Perguntou Tonks, consideravelmente atordoada.


         – Depende da Hannah. – Respondeu Teddy.        


– De mim? – Ela perguntou, consideravelmente surpresa.


– É, porque eu não posso casar se você estiver perto demais de ter o bebê, mas ele também não pode ser recém-nascido. Afinal, não existe casamento sem a madrinha.


– Eu? Madrinha? Ah, Teddy!


         Ela se atirou nos braços do irmão.


         – E Fleur e Bill, já sabem? – Perguntou Remus.


         – Ainda não, pai, mas vamos falar com eles hoje. Então, vocês aprovam?


         – Mas é claro que aprovamos! – Os dois responderam e Remus acrescentou:




         – Se for pra você tomar jeito, Teddy, que seja com a Vic.


         – Obrigada, sr. Lupin. – Então, ela virou-se para Hannah. – Então, o que você prefere?


         – Pelo que conheço sobre o meu irmão, sei que ele quer se casar o quanto antes, então... acho que vou estar com uma barriga enorme no casamento.


         De novo, Teddy a abraçou, então ele e Victoire foram à casa dela para conversar com Bill e Fleur.


         – Caramba. Teddy vai casar. Tipo, CASAR.


         – É, Hannah. Seu irmão vai trocar todas por uma só. O maior erro da vida dele.


         Ele sorriu com o canto da boca para Tonks, que fechou a cara e respondeu:


         – Quer dormir mais uma noite no sofá, Remus?


         – Não, amor, todos os meus músculos gritariam em protesto.


         Hannah revirou os olhos e pegou a sua bolsa, solta em cima do sofá.


         – Mãe, vou na casa do Scorp, está bem? Daqui a pouco estarei em casa.


         – Está bem, mas cuide-se.


         – Mamãe, eu já estou grávida. O que mais eu posso fazer?


         Não querendo escutar a resposta, ela abriu a porta e andou por Londres até avistar a fachada da untuosa mansão branca onde morava Scorpius.


         Mesmos que visitasse-o constantemente, ela nunca se acostumava com a avó de Scorpius. Mesmo que ela sempre fosse extremamente gentil com Hannah, algo no jeito chique e pomposo com o qual ela se portava intimidava a garota.


         Por isso, antes de tocar a campainha, ela respirou fundo e pousou as mãos na barriga:


         – Tudo bem, bebê. A gente só vai visitar o papai. Narcisa não é motivo para preocupação. Ela só é a avó assustadora do meu namorado.


         Então, estendeu a mão para a campainha, pedindo de todo o coração que fosse ele quem atendesse.


 


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         (Contado em primeira pessoa por eu mesma, Hannah Lupin, sobre o meu primeiro ultra-som.)


 


         O tique nervoso em minha perna se manifestou com mais força do que o comum enquanto eu estava na sala de espera do St. Mungus, com a mão quente de Scorpius em cima da minha. Meu pai, minha mãe e Narcisa estavam sentados nas cadeiras da frente, e nenhum de nos falava nada, por isso todos escutamos muito bem quando uma voz de homem disse para a secretária:


         – Antes de ir embora, eu te dou o meu telefone, gata.


         Revirei os olhos. O meu sedutor e egocêntrico padrinho não dava um tempo nem quando estava num hospital, um local que deveria ser de calma e silêncio e absolutamente SEM cantadas?
         Aparentemente, meu pai estava pensando a mesma coisa, porque quando tio Sirius apareceu, ele perguntou:
         – Por Merlin, Sirius, nem a secretária?


         – Que foi? Ela é gata. Ah, e eu não esqueci do seu comentário sobre o meu cabelo ontem, tá?
         Todos nós olhamos intrigados para os dois, mas Teddy apareceu e me chamou antes que eles tivessem que se explicar. Normalmente, não era permitido que cinco pessoas, além da grávida (nesse caso, eu), entrassem na sala de exame, mas ser irmã do curandeiro tem suas vantagens.


         – Você sabia, Teddy – disse tio Sirius, despreocupadamente, sem que desse qualquer idéia do que ele diria. – que a camisinha tem 3% de chance de falhar?


         – O QUÊ? – Meu irmão disse, parando de passar aquele líquido gosmento e gelado na minha barriga e olhando estupefato para o tio Sirius. – DEVIAM POR NA CAIXA!


         – É, EU TAMBÉM ACHO! – Disse Scorpius, mas calou a boca quando meu pai sussurrou, talvez de uma forma audível demais.


         – Que diferença faz? Ele não usou mesmo.


         – Eles realmente deviam por na caixa. – Murmurou Teddy, voltando ao que estava fazendo. Não deixei de reparar na pequena aliança discreta de ouro que brilhava na sua mão direita, e tive a impressão que talvez não demorasse muito para o meu filho ter um priminho.


         Scorpius, ao meu lado, olhava nervoso para o monitor onde o meu útero aparecia.


         – Já dá pra saber o sexo? – Eu perguntei, tentando olhar também.


         – Não, ainda não, Hannah. – Teddy respondeu, virando o monitor pra que eu pudesse ver. – Talvez daqui uns dois ou três meses, mas agora não dá pra ver.


         Mas eu não estava mais escutando. Toda a minha atenção estava voltada para a pequena coisinha que Teddy apontava como o embrião, mas não era assim que eu queria chamar. Era o meu bebê. O meu bebê, pequenino e indefeso, que dependia completamente de mim. As lágrimas (outra vez) escorreram dos meus olhos, e Scorpius enxugou-as, com delicadeza.


         Mais tarde, Scorpius e Narcisa foram pra casa, e nós fomos para a nossa casa, e é claro, tio Sirius foi com a gente.


         Tínhamos sentado na sala, conversando despreocupadamente, quando a campainha tocou.


         – Hannah, vá atender a campainha. – Meu pai ordenou, e eu fui, resmungando.


         – Toda vez que toca a campainha nessa casa, o que as pessoas dizem? “Vá atender a campainha, Hannah!”. Tipo, qual é? Eu tenho cara de porteira.


         Abri a porta, mas não tive chance de ver quem era, porque a pessoa me esmagou em um abraço sufocante.


         – Hannah! Ah, meu Deus, recebi sua carta! Você está grávida? É claro que eu já comprei dois presentes pro bebê, um rosa e um azul.


         – Oi, Blair. – Eu interrompi o monólogo da minha melhor amiga, Blair Lovegood.


         Blair e eu éramos extremamente parecidas, e eu a amava. Ela era um tanto excêntrica, devo admitir, mas nenhuma de nós ligava para o que os outros pensavam dela. Tinha cabelos loiros que caíam em cachos delicados até a sua cintura e olhos extremamente azuis. Tinha muita atitude para o pouco tamanho (sim, ela era baixinha), e o pai dela era nosso professor de herbologia.


         – E então, como tem sido as suas férias prolongadas? – Ela perguntou, finalmente me soltando e abrindo um enorme sorriso. – Você tem muito o que me contar.


         – Tenho mesmo, mas você também tem que me contar sobre a França e a Grécia.


         – Ah, qual é, minhas notícias são bem menos empolgantes.


         – Hannah, quem está aí? – Berrou meu pai, e eu gritei em resposta:


         – Blair Lovegood, pai.


         Eu a puxei pelo braço.


         – Anda, venha cumprimentar meus pais.


         Entramos na sala, e meus pais, Teddy e tio Sirius sorriram para nós.


         – Olá, sr. Lupin, sra. Lupin, Teddy, sr. Black. – Ela corou ao se dirigir a tio Sirius e eu reprimi uma risada. Só Deus sabia há quanto tempo Blair tinha uma queda pelo meu padrinho. Eu não a culpava, já que tio Sirius era mesmo cativante.


         – Vem, Blair, vamos pro meu quarto.


         – Quê? Ah... está bem.


         Saímos da sala e subimos as escadas, apressadas. Entramos no meu quarto e eu fechei a porta, mais por hábito. Depois de engravidar, não tinha mais segredo que eu conseguisse guardar dos meus pais.


         – Então, quais são as notícias mais quentes? E, Hannah, pelo amor de Deus, é do Scorpius, não é?


         – Blair! O que acha que eu sou? – Ela era a única pessoa em Hogwarts que sabia do meu envolvimento com Scorpius.


         – Ah, tá, tá bom, foi mal. Mas... e então? O que mais conta de novidade?


         – Nem vem! Me fala de Paris antes!


         – Está bem. Conheci um francês que, amiga do céu, era maravilhoso.


         – Detalhes, Blair, detalhes!


         E assim passamos o resto do dia, contando os fatos mais minuciosos e pouco interessantes das nossas vidas.


 


         N/A: ah, gente, me desculpem pelo atraso! Mas, também, olha o tamanho do capítulo! Valeu a pena esperar, né? (Cara fofa tentando convencer as leitoras a não me matarem!) Enfim, respondendo aos comments:


        


Carol: minha leitora mais fiel e amadaa!! Que bom que você curtiu! Demoramos, mas estamos aí de volta! Beijos!


 


Maluh Weasley Hale: oi amore! Bem-vinda a fic! Pronto, postei!! Pelo Hale no seu nick, devo deduzir que você curte Crepúsculo? Beijinhos!


 


Karine Ferreira: que bom que você achou ótima, flor! Demorei, mais postei! Espero que você goste! Beijos!


 


Em breve: o chá de bebê + a escolha dos padrinhos + preparativos para o casamento do Teddy.


 


Aguardem o cap. 5, guys!

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