Relembrar é viver



                     Já fazia um mês desde a morte de Hermione. Mas não fazia diferença. O sentimento sentido por Harry há 30 era o mesmo que sentia hoje: uma dor e tristeza enorme.


                      Há 30 dias, quando saiu caminhando, ou melhor, se arrastando pelos corredores daquele hospital maldito, tinha certeza que sua vida simplesmente não tinha mais rumo. Hermione era sua razão e sua consciência. A motivação que buscava ao enfrentar Voldemort.  A pessoa na qual se espelhava e que compunha boa parte de seu passado e presente. Aquela que lembrava seus valores e o resgatava de suas dores quando não podia mais continuar.


                       Sua rotina, desde a morte da amada, mudara completamente. Ia ao cemitério todos os dias. Acordava cedo e dormia cedo. Não era mais o bruxo que obtinha maior sucesso nas missões de auror. Não compareceu ao casamento de Rony com Luna. Se não estava trabalhando, estava em casa. Sempre.


 


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                        Mesmo seis anos após a morte de Hermione, Harry Potter ainda era o mesmo, senão pior. Estava totalmente desolado. Emagrecera, não fazia a barba, só trabalhava se fosse estritamente necessário. Bebia, fumava. Alguns diziam que estava louco. E, parcialmente, estava. Vivia chamando Hermione pelos cantos da casa, guardava noticias sobre si mesmo em um velho armário e dormia no quarto que antes era dela.


                         Certo dia recebeu uma chamada urgente do departamento dos aurores. O cara, que Harry não fazia a menor idéia de quem era, relatava uma fuga em massa de Azcaban, que Rony e Luna não podiam conter sozinhos. O “cara” recebeu um sim relutante vindo de Harry.


                          Aparatou em um lugar escuro, perto de algumas montanhas. Logo encontrou Rony e Luna, e eles partiram atrás dos comensais da morte. Caminharam por um longo tempo e, finalmente, encontraram o local em que supostamente eles estavam escondidos.


                          A suposição provou-se verdadeira e um combate iniciou-se. Harry estuporou e prendeu três comensais, até que foi atingido por outro feitiço. Então, como em um flash, tudo pareceu recuperar a antiga lucidez. Harry pode, novamente, ter consciência do que estava fazendo.


                           Só então percebeu que Rony tinha se distraído com a sua queda, e conseqüentemente dado ao comensal uma chance de derrotá-lo. Este, por sua vez, não perdeu a oportunidade. Com um gesto rápido produziu um jato de luz verde, a maldição da morte.


                            A partir daí tudo se passou em câmera lenta. Harry se deu conta de que Rony não merecia morrer, tinha acabado de se casar, tinha uma vida inteira pela frente. Já ele... se tornara um insensível sem valor, que perdera o rumo da vida quando deixou-se levar pela dor...


                            Harry atravessou correndo o local. Rony, percebendo o que ia fazer, gritou que não. Mas a decisão já estava tomada. Harry estava a menos de dois metros da maldição quando saltou. Por um aterrorizante momento, achou que não conseguiria.


                             Porem, a maldição acertou Harry em cheio e ele caiu sem vida no chão, mas com um sorriso sutil no rosto.


 


                                 ********************************************


 


                               Harry acordou em um local extremamente claro. Será que estava vivo? Não, concluiu enquanto examinava as longas pastagens cobertas da grama mais verde que Harry já vira. Ao longe, podia-se ver um imenso lago e grandes montanhas no horizonte.


                               Só então se deu conta das pessoas a sua volta. Viu, espantado, Fred e Gina Weasley passarem correndo na sua frente. Mais ao longe, avistou quem pensou ser Dumbledore. Só podia ser um sonho. Alguém as suas costas riu, como se soubesse o que acabara de pensar. Este pronunciou:


                               - Não é um sonho, Harry – disse uma voz conhecida. Ao se virar descobriu, espantado, Tiago e Lilian Potter o observando. O que? Meus pais?, Pensou com sigo mesmo. Não podem ser meus pais! Acho que estou ficando realmente louco...


                               - Você não está louco, filho – disse sua mãe, novamente parecendo ler seus pensamentos. Então, ocorreu-lhe uma coisa: se sua mãe, seu pai, Gina, Fred, Dumbledore e tantas outras pessoas que tinha morrido estavam lá, que dizer que ela...


                               - Exatamente isso, filho – disse seu pai, antecipando seus pensamentos – Acredito que a pessoa que você quer ver está logo ali, a beira do lago.


                               Harry assentiu ainda incapaz de falar. Com um rápido aceno de mão, saiu correndo em direção ao que acreditava ser sua felicidade.


                               Harry cruzou veloz os campos e parte do terreno rochoso apenas para ter uma decepção. Ela não estava lá. Encostou-se derrotado em uma arvore, ate que ouviu uma voz, uma voz que gritava seu nome:


                                - HARRY! – ele se virou surpreso, e finalmente a viu.


                                Hermione estava maravilhosa. Seu rosto, perfeito como sempre, demonstrava uma felicidade estupenda. Ela vestia um bonito vestido rosa bebe que lhe caia muito bem. O decote na frente que se estendia até completar uma volta completa valorizava muito as costas e a cintura, deixando-a mais bonita do que já mais esteve.


                                  Harry ficou parado ali, admirando e sorrindo, por sentir que sua felicidade estava enfim completa. Quando sua voz finalmente voltou, gritou a primeira palavra que lhe veio à mente:


                                 - HERMIONE! – Harry correu em sua direção e a abraçou, sentido seu cheiro, a sensação de sua pele macia, seus cachos em sua nuca. Pegou-a nos braços e a beijou como nunca antes, feliz por ter seus lábios nos dela novamente, agradecendo a todos os deuses que conseguiu lembrar por estar vivendo aquele momento.


                                 Harry ia interromper o beijo, mas Hermione o puxou de volta. Ela também estava muito feliz, tão feliz que irradiava essa felicidade para todos os cantos daquele mundo desconhecido.


                                 Quanto o beijo realmente cessou, Harry assustou-se ao perceber que ela chorava.


                                  -Hermione, meu amor, por que está chorando? – perguntou.


                                  - Por que... eu... Perdoe-me, Harry. – ela disse soluçante.


                                  - Ei – ele disse, limpando uma das muitas lágrimas insistentes que rolavam pelo rosto Hermione – Perdoar pelo que?


                                  - Eu sei o que fiz com sua vida – ela disse, sem parar de chorar – Você... Ficou totalmente fora de combate por anos, fumou, bebeu, estragou metade das suas amizades... por minha causa.


                                  - Você não tem culpa se fui um idiota insensível e burro o suficiente para fumar, beber e me afastar de todos. Tenho total consciência de que estava ficando louco. Louco por você.


                                  - Mas... eu estraguei sua vida e... – ela tentou continuar, mas Harry a interrompeu.


                                  - Shhhiii... – disse, colocando o dedo sob seus lábios – Como você pode estragar minha vida de minha vida é você? – ela não pode conter um sorriso. – Entenda Mione. Você é minha razão e minha consciência. De onde eu tiro forças para lutar. Em quem me espelho e que compõe meu passado, presente e futuro. Aquela que me lembra meus valores e me resgata das dores quando não posso mais continuar. Você é minha vida, Hermione Granger.


                                  - Mas eu... – ela tentou começar de novo.


                                  - Alem disso, minha vida agora é outra. Não tem mais porque se preocupar. A única coisa que importa é que somos só nós dois pelo resto da eternidade.


                                  - Eu te amo – disse ela, finalmente se rendendo.


                                  - Eu também te amo – disse Harry, e eles se beijaram outra vez.


                                  Ao longe, o sol se punha diante daquela terra infestada de felicidade. Era ali, finalmente, o tão sonhado cantinho feliz e especial Harry e Hermione, que estaria sempre lá, para o resto da eternidade.


                                      


                         


                       


                   


 

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