Um último adeus



 


                  O que se seguiu foi a cena mais bizarra que Harry já tinha visto. Hermione estava vomitando litros e litros de sangue, com uma expressão de profunda dor que se aliviou um pouco quando viu Harry. Mas logo em seguida o vomito piorou, fazendo-aela retornar a expressão anterior.


                   Harry, rapidamente, segurou-a por trás para o medico poder dar o remédio. O vomito cessou e Hermione respirou ofegante por alguns minutos até que algo não deu certo.


                   Hermione soltou um grito baixo, porem intenso, de dor. Em seguida outro, e mais outro. Então, com um ultimo grito, mais alto que o anterior, ela caiu inconsciente nos braços de um Harry completamente desesperado.


                   - O QUE HOUVE?! - Harry gritou.


                   - E-eu... eu não sei – disse o medico, também surpreso – talvez seja um efeito colateral da medicação....


                   - VOCE DEU O REMEDIO ERRADO A ELA?! – bradou Harry, que só não o dava um soco por estar segurando Hermione. As enfermeiras logo disseram:


                   - O aparelho mostra parada cardíaca!


                   - Rápido! Insira respiradouros e 2,5 ml de Kuliofilex! – disse o médico.


                   A enfermeira retirou Hermione de seus braços. Harry, derrotado, sentou-se e fechou os olhos, perdendo a noção do tempo durante breves instantes, até que o medico finalmente se pronunciou:


                    - Fizemos o possível. Agora dependerá como o corpo reagirá aos medicamentos.


                    - Mas afinal, o que houve aqui? – Harry perguntou, indignado.


                    - Sua amiga teve um taquicardia. – ele disse. Harry reprimiu um grito de exclamação.


                    - Noiva. – fez questão de corrigir. – ela é minha noiva. – Harry não suportaria dizer “ela era minha noiva”.


                    - Claro, eu... vou te deixar a sós com ela. – ele fez menção de sair, mas Harry o deteve.


                    - Quero que seja franco – disse Harry com firmeza – quais são as chances?


                    - Já que quer que seja franco... – ele disse – devo confessar que as chances são relativamente ruins.


                    - Relativamente? – Harry perguntou, desconfiado.


                    - É, relativamente. Cerca de 40% de chance de sobrevivência. – Harry não pode deixar de soltar um palavrão baixo. O medico ouviu, e saiu um tanto envergonhado.


                    Harry, desolado, sentou-se ao lado da noiva. Parecia incrível ele estar ali, já que sua vida perdera o chão e ele, por algum motivo desconhecido, ainda não caíra na imensidão escura que era sua infelicidade.


                    Harry olhou para cada traço de Hermione, a fim de memorizá-los. Buscou cada linha de expressão, cada traço escondido, cada ruga (não que ela tivesse alguma, claro), enfim, tudo. Fez isso primeiro com os olhos, e depois com as mãos.


                    Passou suas mãos por seu cabelo, sua pele macia, seus olhos, aqueles olhos sinceros e ternos que sempre o reconfortaram, seu nariz perfeito, sua boca. Desceu ate os seios, de onde sentiu a batida fraca de seu coração. Passou um dos braços por trás de seu pescoço e outro por sua cintura, até levantá-la e poder dar a ela um beijo.


                    Recolocou-a na cama e afastou uma mecha de cabelo da frente de seus olhos. Pegou em sua mão e, como se buscasse a compreensão da amada, disse:


                    - Eu te amo.


                    A mão que Harry segurava, surpreendentemente, apertou a dele.


                    - Você me escuta? – perguntou ainda muito surpreso. A mão de Hermione apertou a sua, afirmativamente. – Hermione, eu te amo muito, mais do que você pensa. Por favor, não faça isso comigo. – a mão apertou novamente a sua, porem agora sem querer dizer nada.


                   - Você é a pessoa mais especial para mim. Eu a amo mais do que a minha vida. – outro apertou para dizer que tinha entendido– Você sente isso? – perguntou ao mesmo tempo em que passava os dedos delicadamente sob sua face perfeita. Ela apertou, dizendo que sim. – Então deve sentir isso – e a beijou novamente. E foi ali, naquele momento, que a mão de Hermione, que apertava com força a de Harry, cessou.


                   Harry percebeu, e interrompeu o beijo imediatamente. Tentou sentir seu pulso, mas não obteve resultado. Chegou ate a levar seu ouvido ao coração, lagrimas já se formando naqueles incríveis olhos verdes. Mas era tudo em vão.


                   O coração de Hermione já não batia. Harry, entregando-se a dor, chorou sem piedade, abraçando aquela mulher que tanto amava. Mesmo sabendo que sua vida nunca mais seria a mesma, que dias muito difíceis estavam por vir, tinha certeza de uma coisa: Hermione morrera do jeito que queria, nos braços da pessoa que mais amava no mundo.  


                        


                   


 

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