Prisão













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James encarou os olhos verdes, pensativo. E agora? Nunca se sentira tão inseguro assim. Bom, sentira, sim. Mas fora aos doze anos, quando era uma criança ainda imberbe e inexperiente. De qualquer modo, não achava que o clima entre os dois fosse propíscio. E ele ainda precisava saber por que ela era uma pedra de gelo antes de envolver-se com ela.


- Hmm... Lily?


- Sim?


- Er... - Como perguntar? Como perguntar?! - Lily, eu fico muito... Hm... Feliz que você agora seja nossa amiga e ande com a gente e tudo mais... - Ela não respondeu, conforme ele esperava. Depois de uma breve pausa e ele continuou: - Mas... Por que você nunca... Nunca se misturou, nem nada? Quer dizer... Você é muito legal. Não sei por que nunca fez amigos.


- Quando eu cheguei em Hogwarts... Eu... Bom, eu estava muito... Triste quando cheguei a Hogwarts. Eu não teria vindo se a minha mãe não tivesse me obrigado. Eu estava muito triste, algumas poucas pessoas tentaram se aproximar de mim, mas eu evitei tudo e todos. Quando minha... Quando eu melhorei um pouco... Bom, todos já me achavam estranha e ninguém queria se aproximar de mim.


- Mas... - James agora estava sussurrando - Por que você estava tão triste?


- Eu... - Lily sentiu os olhos encherem-se de lágrimas quando pensou no motivo. Não sabia se seria capaz de falar disso. Nunca falara com ninguém. Ela baixou os olhos. Queria tentar falar disso. Mas sabia que ia chorar. E não queria deixar James ver.


- Quando eu tinha de-dez anos... Eu estava brincando de bola com a minha irmã Petúnia. Nós estávamos na casa da minha avó, no interior do país. Um lugar meio deserto, quase ninguém ia lá. A bola caiu no meio da estrada e eu fui correndo buscar. Era mesmo deserto, eu nunca esperaria que um carro estivesse passando. - Lily não conseguiu evitar o tom de súplica na sua voz. Como se estivesse implorando para que ele não a culpasse. E se ele, tal como Petúnia, achasse que ela era culpada pea morte do pai? - Mas um carro apareceu. Eu não sei o que me deu, fiquei paralizada. Meu pai viu isso e me tirou da frente do carro, mas... Não deu tempo de sair. Ele foi... Atr-tropelado. E ele morreu. - A voz de Lily falhou - Por isso minha irmã Petúnia não gosta de mim. Ela acha que eu sou culpada por...



James ficou chocado com a história. Ele quase podia sentir a dor dela. Sabia que ela estava chorando, mas ela mantinha os olhos baixos, de modo que ele não podia ter certeza. Não sabia o que dizer. Ele ergueu a mão e segurou a dela com força. Lily ergueu os olhos de pura surpresa e James pôde ver os olhos verdes mais lindos do mundo marejados.



- Não foi sua culpa. - Ele falou, com firmeza.


Não foi preciso dizer mais nada. Ele apenas segurou a mão dela e a olhou nos olhos, arrependido de tê-la feito lembrar disso. Mas Lily não lamentava ter falado. Era como tirar de dentro dela algo ruim. Era bom ouvir alguém - que não era a sua mãe - dizer-lher que não foi sua culpa. Ela queria agradecer a ele, mas sabia que isso não era necessário. Lily suspirou uma vez e enxugou as lágrimas do lado direito do rosto, com a mão livre.


James secou ele próprio a bochecha esquerda da garota. Lily começou a sentir vergonha por chorar na frente dele. Baixou os olhos mais uma vez e tentou controlar-se. As lágrimas pararam de cair. Ela sentiu James mover-se e ergueu os olhos uma segunda vez e percebeu o quanto os rostos deles estavam próximos. Preocupada em ser sempre indiferente às baboseiras dos amigos sobre ela e James, Lily nunca reparara no James propriamente dito.


Ele era um rapaz muito bonito, tinha que admitir. Os cabelos rebeldes muito negros davam à ele um certo... Charme. Os olhos dele eram castanhos, ou assim pensara ela à primeira vista. Por que na verdade, além do tom de avelã haviam também um toque esverdeado nas íris? Involuntáriamente, Lily desceu os olhos para a boca dele. Sentiu-se estranha. Algo que nunca sentira na vida. Um tipo de... curiosidade? Queria saber como era o toque dos lábios dele. Que estranho. James inclinou-se para ela.


- James, espera. - Pediu ela, colocando delicadamente as pontas dos dedos nos lábios dele.


Foi um erro. Os lábios dele eram quentes e macios e Lily foi tomada pelo desejo insano de beijá-lo.


- Qual é o problema, Lily? - ele grunhiu, perturbado com o toque dela - Você não quer...


- James... - Ela interroupeu-o - Eu não sou como as garotas com quem você está acostumado a sair, ok? Eu não sei bei... - Lily parou de falar, envergonhada e recomeçou - Acho que não sou tão boa nisso.


- Sei. - Murmurou ele indiferente. - Totalmente impossível.


E sem dar a ela tempo pra dizer mais nada, ele inclinou-se e a beijou.


**


- It's obvious that you're dying, dying... Just living proof that the camera's lying! And oh oh open wide... You're oh oh open wide! You're oh oh open wide... You're oh oh open wide... 'Cause you'll go out in style... You'll go out in style!¹


Era o segundo ensaio que eles faziam essa semana. Depois de tocarem a primeira música, James anunciara que seria um milagre se não fossem escolhidos para tocar no baile da escola no fim do ano. Lily cantava cada vez melhor e agora Mandy e Patrícia faziam segunda voz na banda.


- Lily... Essa música nova é demais! - Elogiou Patrícia


- Cara... - Sirius exclamou andando até Mandy com as mãos nos bolsos - Quando vocês dois disseram que tinham passado a tarde inteira escrevdno músicas ontem, eu achei que vocês estavam inventando para esconder uma coisa mais... Hum, vocês sabem.


- Sei... - Fez Lily.


Lily corou e baixou a cabeça para que os outros não notassem. Ela não contara à Patrícia e tampouco à Mandy o que ela e James haviam feito na detenção, na noite anterior.


- Ah, sai, Sirius! - gritou Mandy, afastando-se do garoto.


- Mandy, você está magoando meus sentimentos... - Falou Sirius usando sua melhor imitação de cão sem dono


- Eu já falei que Mandy é só pros amigos! Me chame de A-MAN-DA! - Mandy gritou


- Hm... Eu sou o único que não tem a mínima ideia do que está acontecendo? - Perguntou Remus


- Ah, eu não contei? - Sirius sorriu, radiante - Eu estou apaixonado pela Mandy.


- É. - concordou James - Ontem na detenção ele chamou ela pra sair, levou um fora, beijou ela e saiu.


- E a Mandy correu atrás dele, deixando a limpeza da biblioteca todinha pra nós dois.


- Ah, merda! - gritou Mandy


- Ah, Mandy, eles iam ficar sabendo mais cedo ou mais tarde... - Falou James - Aliás, do jeito que o Sirius aqui é, daqui a pouco a escola inteira vai saber


- Não, James! São dez horas!


- Ah, merda! - concordou Patrícia


- Só podemos ficar nos corredores até nove e meia... Urgh, se o Filch pegar a gente, nós estamos mortos! - Gemeu James


Lily abriu a porta lentamente e saiu andando o mais silenciosamente que pode.


- Nem sinal do Filch. Vamos. - Ela murmurou


Era muito ruim ter que andar sorrateiramente pela escola vazia. O lugar era cheio de ecos e a cada corredor eles esperavam ser pegos. James sabia que se pegasse mais uma detenção, seria suspenso e isso acabaria com suas chances de ser aceito em alguma faculdade boa.


- Quem esta aí? - A voz asmática de Filch, o zelador chegou a eles.


- CORRE!


Filch surgiu no fim do corredor empunhando ameaçadoramente uma lanterna, perseguindo-os. Eles fugiram desembalados pelos corredores escuros, iluminados aqui e ali pela lua que entrava pela janelas.


- Entrem aqui! - gritou Lily, indicando a porta de um banheiro feminino.


Sem hesitar, eles entraram correndo e seguraram a porta por dentro. Ficaram todos imóveis, juntos à porta, ouvindo. Passos apressados. Um gato miando. James segurou a porta com mais força. Como se fossem um só, eles prenderam a respiração ao mesmo tempo.


- Fugiram, não foi, minha querida? - a voz de Filch soou abafada. - Ah, mas eu descubro quem foram... Vamos, minha querida...


Um clique metálico. James soltou a maçaneta da porta e respirou lentamente, com a mão no peito.


- Todo mundo aí? - perguntou Lily, também respirando com dificuldade.


- Sim. Ah, vamos sair daqui. - Mandy empurrou levemente James e girou a maçaneta. Nada aconteceu. Mandy fez cara de horror - O Velho nos trancou!


- 'Tá brincando, né?


- É a segunda vez que me trancam só esse mês! - James exclamou, fazendo Lily rir.


Eles sentaram no chão, resignados. Mandy praguejou e eles ficaram em silêncio por vários minutos.


- Aaah, vamos chamar a loira do banheiro? - perguntou Patrícia


- Vamos... O que?


- Chamar a loira do banheiro!!


- Não, ela vai raspar minha cabeça! - Argumentou Lily - E ela vai roubar meu cabelo e virar a ruiva do banheiro. Não, eu gosto de ter cabelo, obrigada.


- De onde você tirou isso, Lily? - perguntou Remus


- A irmã dela falou isso pra ela quando ela tinha dez anos e ela ficou com complexo. - Explicou James


- Olha... - Sirius deu uma risadinha - Ele já conhece o passado obscuro dela, sabe do que ela tem trauma. E agora a Lily não pode jogar nada em mim por que não tem nada pra ser jogado.


Lily foi até a torneira mais próxima, encheu as mãos de àgua e derramou-a na cabeça de Sirius.


- Eu improviso. - Falou Lily sob as risadas gerais.


- Algum assunto? - perguntou Mandy depois de algum tempo.


- Por que você não nos conta a história do seu primeiro beijo, Tarzan? - Perguntou James, sorrindo - A Mandy e a Lily ainda não sabem...


- Vai por inferno, James. - retrucou Sirius


- Como assim Tarzan? - perguntou Mandy


- Nós tínhamos doze anos e o Sirius ainda era BV. - Remus começou, animado - Eu e a Patrícia ainda não estávamos namorando na época... O James estava com... Ele estava com a Jessica, não era? E o Sirius era o inocente... Nós fomos ao zoológico.


- Foi muito legal! - Disse Patrícia, os olhos brilhando - O Sirius estava com um sorvete de pistache... E o macaco roubou o sorvete dele.


- E deixou a cara do Sirius completamente ensorvetada, diga-se de passagem... - Continuou James - Só que o macaco gostou do sorvete. Ele queria mais. O macaco fugiu da jaula, pulou no pescoço do nosso Six. E o macaco chapou um beijo na boca do Sirius pra sentir o gosto do sorvete.


- Maca-CA. Era uma macaca, o tratador falou! - gritou Sirius, tentando se sobrepor às risadas


- ECA! - fez Mandy - Eu beijei um cara que beijou um macaco!


As palavras de Mandy foram seguidas por mais uma rodada ainda mais alta de risos. Lily parou de rir, de puro choque. Estava rindo. Pela primeira vez em sete anos, ela estava realmente rindo como os outros. Pela primeira vez na vida tinha amigos. Sentiu-se incrivelmente leve. Percebeu que aquela sensação de abandono com a qual estava acostumada. A sensação sumira em parte quando desabafara com James na noite anterior... Mas só sumira completamente agora.


- Como nós vamos sair daqui? - perguntou Sirius, azedo, visivelmente desejando um assunto novo.


- Boa pergunta. - Lily falou erguendo-se. Ela examinou as janelas do banheiro, a quase um metro e oitenta de altura. - Rola uma mãozinha?


James levantou-se prontamente e postou-se ao lado da ruiva. Com ajuda de James, Lily subiu no parapeito da janela. O parapeito do banheiro era mais estreito que o da sala de aula. James ficou onde estava, pronto para segurar Lily caso ela caísse.


- Alguém aí tem uma agulha de tricô? - perguntou Lily examinando a tranca.


- Eu tenho um bico-de-pato. - Patrícia falou, tirando a fivela que prendia seu cabelo - Serve?


- Claro. Mas eu não responsabilizo pela sobrevivência dele. Pode quebrar.


Patrícia hesitou. Ela fez uma careta e olhou o prendedor de cabelo laranja incrustado de pedrinhas brilhantes. Ela murmurou algo que soou como "Isso foi tão caro..." antes de entregá-lo a Lily. Passaram-se alguns segundos. Um clique baixinho. Uma exclamação.


- Pronto. E nem quebrei o trequinho da Patrícia. - Lily falou abrindo a janela - Uuh, isso não vai ser tão fácil quando eu pensei. A má notícia é que estamos no primeiro andar.


- Lily, desce daí, por favor. - Pediu James. - Deixa que eu desço primeiro.


- Por que você desce primeiro? - ela ergueu as sobrancelhas.


- Se eu quebrar alguma coisa... - Falou James sorrindo e puxando Lily pra baixo pela cintura - ... Você arranja um outro jeito de sair.


Lily sorriu torto pra ele. James ignorou os gritos de Patrícia e Mandy de "QUE MEIGO!" e subiu agilmente na janela. Era um pouco mais alto do que ele pensava. Ele fez uma careta ao colocar as pernas pra fora. James desceu o corpo lentamente. Vislumbrou os rosto receosos dos amigos antes de pendurar-se pelas mãos e soltar. James caiu de pé, antes de cair sentado. "Ai" era pouco pra descrever o estado de suas nádegas.


- James! - gritou Lily surgindo na janela - Você está bem?


- Estou sim. - ele gritou de volta - Mas eu vou dormir de bruços pro resto da minha vida.


O próximo a descer foi Sirius. Para fúria de James, Sírius conseguiu se manter de pé, segurando-se na parede. James foi vingado por Remus que caiu de mal jeito e desequilibrou-se, caindo e derrubando Sirius. Patrícia pulou e caiu com leveza com ajuda de Remus. A aterrizagem mais graciosa até o momento. Segundos depois de Patrícia, as sandálias de salto dela foram jogadas provavelmente por Mandy, a próxima a pular. Antes que a garota pulasse, Lily gritou algo que soou como "Segura aí, Siriuuus".


- Ai, merda. - falou Lily colocando as pernas pra fora - Mandy, se eu morrer você pode ficar com meu som, mas eu quero ser enterrada com os meus CDs. E meu caixão tem que ter um CD player se não não adianta.


Lily pulou. James segurou-a pela cintura e puxou-a pra mais perto, abraçando-a.


- Há, você acha mesmo que eu deixaria você morrer fácil assim? - ele perguntou olhando-a nos olhos. Lily corou.


- Ooi! - Fez Mandy tentando afastar-se de Sirius - Aqui na nossa frente NÃO! Deixem o primeiro beijo pra quando estiverem sozinhos!


- Primeiro beijo? - Lily afastou-se de James, corada - Quem falou em primeiro beijo?


Eles começaram a andar na direção das portas da escola.


- Espera aí! - Patricia parou, a meio caminho - "Quem falou em primeiro beijo"? E qual beijo exatamente seria?


- Aaah... - Fez Lily, corando furiosamente - Por que você quer saber?


- Qual beijo??


- Quinto? - Lily murmurou muito vermelha, mas sem demonstrar nada na sua expressão.


James abraçou-a pelos ombros e corrigiu-a:


- Sexto, Lils.


- Ah, é. - Lily ignorou as exclamações dos amigos e falou para James: - Mas eu quero mesmo ser entenrrada com meus CDs e meu CD player. Aliás, eu quero um caixão mega plaza luxuator². Ninguém vai colocar algodão no meu nariz e na minha lápide vai estar escrito "Me tirar daqui que eu tenho claustrofobia".


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¹ Fences do Paramore
² O caixão que a Lily fala é o caixão que eu e o Marcos por acaso inventamos num trabalho sobre publicidade. Marcos, amourê! Se um você ler isso, saiba que eu não tenho que dar direitos autorais por que quem teve a idéia de fazer propaganda de um caixão fui eu. XD


Recomentários


Luh: GOOOOL! Até que enfim algum romance na fic!!! Gameeei!


James: Erm... Credo. Bom, comentários... Sam!!! Eu fiz! Você gostou? Pois é, o Sirius e a Mandy são dose... Maaaaas... Eu não reclamo que eles tenham me deixado à sós com a Lils, se é que você me entende. Enfim... Obrigada pelo comentário! Beijo'


Sirius: Thaynááá! Bom, mesmo que a Mandy resolvesse mesmo virar lésbica... Bom, ela não resistiria a mim (MHUAMHUAMHUA)(66' Aparentemente o James e a Lily são o casal perfeito dessa fic. Eles formam um casal bonito e tudo. Mas o James foi meio lerdo não acha não? O que você achou desse capítulo? Beijoo'


Remus: Nath, você não é a pior leitora do mundo. É só que a Luh é viciada em postar, só isso. A Mandy é meio louca mesmo. Dá um desconto pra ela. Não que eu ache que o Sirius mereça, mas... Gosto não se discute, né? Isso, tenha pena do Remus! Por que o coitado do Remus não merece ficar viúvo. Pelo menos não agora.


Luh: Ele tá aproveitando que a Patrícia não tá aqui...


Remus: Ah, droga, a autora vai contar... Bom... Um abraço, Nath.


Luh: Bom, só os marotos responderam hoje por que as garotas estão de folga \o/ Bom, obrigada pelos coments, meninas. E um big beijo pra vocês!




 

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