Amigos



Amanda Holmstrom olhou seu novo quarto. O piso era de madeira clara. As paredes foram pintadas num delicado creme. Haviam várias pinturas e posteres decorando as paredes. Havia um enorme armario que sem dúvida seria dividido entre todas as ocupantes do quarto. Haviam três camas. Uma delas estava ocupada por vários bichos de pelúcia e o edredom embaixo era verde-claro. A cama do meio estava abarrotada de travesseiros cor-de-rosa e brancos. A do canto tinha apenas três travesseiros e um edredom roxo e rosa. A cabeceira de cada cama era uma estante pronta para ser ocupada pelos pertences da sua dona.


Amanda não queria ocupar uma cama assim - E se ela ocupasse uma cama que já tinha dona? Ela não queria conseguir uma encrenca no primeiro dia na escola nova. Ela sentiu os olhos marejarem quando pensou na sua antiga escola em Nova York. Sentia saudade desmedida das suas amigas. Seu namorado. Sua verdadeira casa. Ela não gostava de Londres. Não gostou dessa história de estudar numa escola interna. Mas sua mãe foi transferida no trabalho e ela foi forçada a mudar para a Europa.


Ela virou-se quando a porta abriu-se com um clique. Amanda virou-se e viu uma garota entrar. A garota tinha os cabelos vermelho-alaranjados mais chamativos que Amanda já vira. A pela dela lembrava porcelana. Os olhos eram bonitos, embora os cabelos sombressem o rosto, não permitindo saber a cor da íris. O nariz era bem-feito e arrebitado. Os lábios vermelhos e polpudos. Amanda esperou que a garota a cumprimentasse ou dissesse "oi". Mas a ruiva apenas dirigiu-se a cama roxa e largou sua mochila lá. Ela usava uma camiseta de uma banda de rock larga, jeans velhos e meio desbotados e tênis All Star pretos.


- Hmm... Oi. - Disse Amanda, hesitante - Você é veterana aqui?


A garota olhou-a, parecendo educadamente interessada, como se Amanda fosse um programa de TV levemente interessante. Então ela assentiu, sem falar nada.


- Eu sou novata. Então... Meu nome é Amanda. - A ruiva não respondeu nada - Essa aí é a sua cama? As outras camas já tem dono?


- A cama amarela é da Princesa Patrícia. - o queixo de Amanda caiu ao som da voz dela: Era uma voz doce e melodiosa - A cama do meio era da Rose Kirk, mas ela saiu da escola ano passado.


- Ah, certo, obrigada. Você sabe qual é a primeira aula agora?


- Trigonometria. - a garota respondeu e sem dizer mais nada, levantou da cama e saiu do quarto.


- Ah, quanta receptividade! - ironizou Amanda para a porta fechada. Ela largou a mochila na cama do meio e apanhou as coisas necessárias para a aula, atirando-as numa bolsa de qualquer jeito. Desesperada para não chegar atrasada na aula, ela correu. A sala do sexto ano estava quase cheia quando ela entrou. Amanda sentou-se na cadeira ao lado de uma morena de olhos claros como água. Ela conversava animadamente com um grupo de três garotos. Um deles era loiro com os olhos claros e pele levemente bronzeada. O segundo tinha cabelos arrepiados e rebeldes, muito negros e olhos castanho-esverdeados.


O terceiro era simplesmente divino. Ele tinha olhos castanhos-acinzentados, um rosto perfeito e cabelos negros com uma elegância inigualável. Amanda ficou embasbacada com a beleza dele. E de repente, ele virou-se para ela. Amanda corou e baixou os olhos. Ela podia sentir que o garoto ainda a olhava com curiosidade. "O que eu estava pensando? Ficar olhando de boca aberta para o cara mais bonito do mundo e deixar ele notar isso!", ela pensou, xigando-se por dentro.


- Oi. - Ele chamou. Amanda ergueu os olhos. Agora os três garotos e a garota a olhavam - Você é nova por aqui?


- Ah... Oi! Meu nome é Amanda, mas pode me chamar de Mandy.


- Bem vinda a Hogwarts, Mandy. Eu sou Sirius Black e esses são os meus amigos James Potter - ele indicou o garoto de cabelos rebeldes -, Remus Lupin - indicou o loiro - e a namorada dele, Patrícia Masen - A garota sorriu


- Então, onde você estudava? - Patrícia perguntou, interessada


- Em Nova York. Estou me sentindo muito deslocada aqui em Londres.


- Mesmo? - Patricia começou a conversar com Amanda, deixando-a mais tranquila com relação à receptividade dos ingleses. Afinal, a ruiva que era sua colega de quarto devia ser mesmo estranha. Mas ela era tão... Misteriosa. Amanda jamais resistira a um mistério. Quando Patrícia virou-se para perguntar sobre outro assunto a Remus, a ruiva passou pela porta. Ela olhou Mandy sentada com o grupo mais popular da escola e sorriu. Mandy quase sorriu de volta, mas reparou que o sorriso dela não era um sorriso amistoso. Era um sorrisinho de deboche, como se Mandy estivesse fazendo exatamente o que ela esperava que fizesse. Mandy odiava ser previsível.


- James... Quem é a garota no canto? A ruiva? Ela é minha colega de quarto, mas não pareceu muito... Simpatica.


- Ah, é a Evans. - James respondeu, franzindo a testa para a ruiva no canto - Não ligue para ela, ela é bem reservada. Não se mistura, sabe? Eu nem sei qual é o primeiro nome dela.


- Estranho. - murmurou Mandy, franzindo os lábios.


A porta da sala abriu novamente e o professor - um homem nanico e franzino - entrou para dar a aula. Ele falou muito sobre a importância do sexto ano para toda a vida deles e mais um monte de coisas que Mandy não conseguiu e nem tentou entender. Ela olhou a tal Evans. A garota também não parecia prestar atenção. Ela escrevia algo numa folha, evidentemente concentrada. Por algum motivo, Mandy sabia que não eram anotações.


As aulas passaram, indistinta e invariavelmente. Quando finalmente o sinal tocou, anuciando o almoço, Mandy tinha tomado a decisão de resolver o mistério que era Evans.


- Ei, Mandy. - Sirius chamou quando ela levantou - Você vai almoçar com a gente, não vai?


Ele parecia quase esperançoso. Mandy não entendeu o motivo, mas, ao notar a expectativa do amigo, James deu uma risadinha debochada.


- Vou, sim. - ela sorriu - Mas daqui a pouco... Tenho que fazer uma coisa. Escontro vocês no refeitório.


Eles saíram, intrigados. Mandy andou até o fundo da sala. Evans ainda não deixara a sua cadeira. Ela estava escrevendo algo. Mandy leu de cabeça pra baixo.


"Como eu posso decidir o que é certo


Quando você está nublando minha mente?


Eu não posso vencer suas batalhas perdidas...


Todo o tempo.


Nunca vou conseguir o que é meu


Se você sempre toma partido


Mas você não pode levar meu orgulho


Não, não dessa vez.


Não dessa vez.


Como nós chegamos aqui?


Quando eu costumava conhecer você tão bem...


Mas como chegamos aqui?


Bom, acho que eu sei"


- É uma música? - perguntou Mandy


Evans se assustou e olhou Mandy como se nunca houvesse visto nada parecido. Ela fechou e abriu os olhos lentamente e retomou a sua frieza natural.


- Não, é uma poesia.


- Mesmo? Eu sou Mandy.


- Achei que seu nome fosse Amanda.


- Mandy é só um apelido. Então qual é o seu nome?


- Evans.


- Ah, seu nome não pode ser Evans Evans. - Mandy replicou - Quero saber seu primeiro nome.


- Lily. - Ela ergueu as sobrancelhas para Mandy como se questionasse sua sanidade


- É um nome muito bonito. Sabe, nós somos colegas de quarto e de classe também. Podíamos ser amigas. Por que você não senta comigo no almoço?


- Achei que você fosse sentar com os mais-mais da escola.


- Bom, você pode ir também. - Mandy sugeriu, hesitando diante da indiferença de Lily.


- Não. - a ruiva replicou, com um sorriso de escárnio - Eu não sou do tipo que anda com James Potter e seus amiguinhos. Se você quer ser amiga de uma colega de quarto, seja amiga da Patrícia Masen. Ela dorme na cama ao lado da sua. Não é nada pessoal, patricinha. É só que você vai se dar melhor com aqueles caras.


Lily levantou. Mandy ficou paralizada onde estava. Acabara de ser chamada de "Patricinha".


- Eu não sou patricinha! - rosnou. Lily virou-se e olhou-a de cima a baixo.


Mandy corou. Ela parecia mesmo fresquinha e afetada perto da displiscência de Lily. Lily cujos cabelos lisos e ruivos estavam espalhados pela cabeça num charme displiscente. Os cabelos de Mandy estavam cuidadosamente arrumados em ondas e ela usava uma mini-saia jeans, sandálias da ultima moda e uma blusinha cor-de-rosa. Lily sorriu outra vez e falou:


- Desculpe. Não foi minha intenção ofendê-la.


E a ruiva saiu da sala. Mandy amaldiçoou a si mesma "Não sou Patricinha", que coisa mais idiota para se dizer! E essa tal de Lily podia ao menos se dar ao trabalho de sorrir direito! Aquele sorrisinho irônico irritou Mandy profundamente. E ela tentando ser amigável. Ela achou o refeitório sem muita dificuldade. Apanhou uma bandeija e começou a juntar comida.


- Oi, Mandy! - chamou Patrícia acenando freneticamente.


- Ah, oi. - Ela se aproximou da garota, de bom grado.


- Onde você esteve? Vem, nossa mesa é por aqui. - chamou Patrícia andando com elegância


- Uau. - fez Mandy


A mesa parecia o centro do refeitório. A maior parte dos alunos parecia olhar a mesa como se a maior dádiva que eles podiam receber fosse sentar-se àquela mesa. James brincava distraidamente com uma bola de basquete, sentado no tampo da mesa. Um grupo de garotas suspirava por ele. Remus sorriu para Patrícia quando ela se aproximou e recebeu-a com o beijo. Sirius estava sentado na frente da sua bandeija, conversando com James. Sirius ergueu os olhos para Mandy e sorriu para ela, jogando todo o poder de seu charme na garota. Mandy corou.


- Sirius... - falou James, também sorrindo para Mandy. - Não faz isso com a garota. Ela vai pensar que você é um tarado.


- Cale a boca, James. - Mandou Sirius, fechando a cara para o amigo. James riu alto, enquanto Mandy sentava


Uma garota se aproximou com uma bandeija de comida e sentou entre Sirius e Mandy, quase no colo do garoto. James parou de rir e comprimiu os lábios, como se quisesse continuar, mas a presença da garota não permitisse isso. Ela abraçou Sirius pelos ombros e sem dizer nada beijou Sirius vorazmente. Mandy sentiu o queixo cair.


- Hmm... Essa é a Madson, Mandy. A namorada do Sirius. - falou James num tom de quem se desculpa.


Patrícia fez uma careta para Remus. Ele sorriu e murmurou para ela:


- Seja compreensiva, não precisa aturar ela por muito tempo.


- Ei, James! - chamou Sirius desvencilhando-se de Madson - Cadê a Allison?


- Hmm... Nós terminamos ontem. - James falou, com uma careta - Ela se irritou comigo, nós brigamos e terminamos. Por falar nisso, ela diz que não quer mais ser a nossa vocalista.


- Você está brincando! - Patrícia sibilou - Foi a Allison quem escreveu todas as nossas músicas! O que diabos nós vamos fazer sem uma compositora?


- Podemos compor novas músicas. - falou Remus - Mas o mais importante é achar uma vocalista nova. Patrícia, por favor...


- Não, Remus! - rosnou Patrícia num tom taxativo.


- Hum... Gente, do que vocês estão falando? - perguntou Mandy


- Nós temos uma banda. - falou Sirius, de testa franzida - Sou baterista, Remus é baixista, James guitarrista e segunda voz e a Patrícia toca teclado e faz segunda voz às vezes. A gente queria que a Patrícia fosse nossa vocalista, a voz dela é incrível, mas ela é uma garota do mal, não quer. Você não sabe cantar, sabe Mandy?


- Nem uma nota. - ela sorriu - Eu fazia coro para a minha amiga Demetria, mas só coro.


- Que pena. - suspirou James - E o que nós vamos fazer?


- Bom, vocês podiam fazer um teste - Sugeriu Mandy - Tipo aqueles programas de calouros. Seria divertido. Vocês podiam colocar cartazes na escola e fazer um teste no auditório!


Todos os ocupantes da mesa a olhavam como se Mandy fosse louca. Todos menos James.


- COMO EU NÃO TIVE ESSA IDÉIA ANTES? - ele exclamou


- É, James... Você encontrou um cérebro similar ao seu. - riu-se Sirius


- Como assim? - perguntou Mandy, num tom de criança dengosa que ela odiava.


- Quem tem as idéias mirabolantes é o James. - Patrícia piscou para Mandy. - E um show de calouros é uma idéia mirabolante. E ele é solteiro!


Mandy piscou enquanto entendia o que Patrícia queria dizer.


- Ah! Não. - ela negou com a cabeça - Podemos ser bons amigos, eu ainda tenho um namora em Nova York.


- Que pena. - Falou James com um suspiro. - Neste caso, amigos.


Amigos. Ela tinha amigos. Não era como em Nova York. Em Nova York, ela tinha poucos amigos e as pessoas da sua antiga escola a achavam estrnha justamente por suas "idéias grandiosas". Aqui, ela podia ser alguém. Era bom saber disso. Sofria por ser a excluida da turma. Isso sempre a incomodou, embora ela se mostrasse indiferente. Ela viu Lily Evans passar com o almoço e sentar numa mesa sozinha.


Talvez Lily Evans não fosse tão indiferente quanto parecia. Talvez ela sofresse com a solidão. Mandy era o tipo de garota que gostava de ter todos felizes ao seu redor. Talvez ela pudesse ser amiga de Lily Evans... E, de quebra, arrumar uma compositora para James.
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N/A: CULPADA!
O primeiro capítulo tá uma merda.
Mals.
Mas eu juro - JURO - que o segundo capítulo e o terceiro vão estar irados.
Não que eu tenha escrito. Mas eles estão na minha cabeça neste momento!
Juro, leiam os próximos capítulos. Se chegarem ao terceiro e não gostarem, podem fechar a janela e nunca mais ler nada escrito pela Luh Lovegood.
Ah, e a música que eu postei é Decode do Paramore.
A maioria das músicas dessa fic vão ser do Paramore, é claro
Comentem, por favor.
Beijos

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