CAPÍTULO OITO



CAPÍTULO OITO


 


E assim ele fez. Aconchegou Gina em seus braços, certificando-se de que ela estava segura com as mãos ao redor de seu pescoço e carregou-a atravessando a sala.


- Qual porta?


- A direita.


Harry pousou seus lábios nos dela enquanto a amparava com um dos braços e abria a porta com a mão livre.


Oh, sim. Exatamente como ele havia imaginado. Uma cama de ferro batido com uma coberta branca, almofadas de veludo vermelho espalhadas sobre ela. E, no alto, cortinas finas e transparentes.


Ele a deitou na cama e puxou as cortinas. Estavam dispostas de modo que houvesse luz suficiente para se ver, mas ele queria mais. Era a primeira vez que a explorava e desejava ver cada expressão da face de Gina. Queria ver o que a faria contorcer-se, suspirar, o que a faria cair em seus braços.


E a luz de vela seria perfeita. Nada berrante, como se ela estivesse numa vitrine, mas o suficiente para dar o visual que ele precisava. Perto da cama, havia um castiçal de ferro batido. Absolutamente perfeito.


- Fósforos?


Sem comentários, ela entregou-lhe uma caixa de fósforos que tirou da gaveta ao lado. O suporte para velas era perfurado de estrelas que deixavam a luz passar.


Estrelas.


Ele se inclinou e a beijou, atento ao modo como ela abria os lábios para recebê-lo. Mas ela estava usando muitas roupas para o gosto dele. Desejava pele contra pele. Mudou então de posição, deitando-se de costas e trazendo Gina para cima dele. Melhor assim. Seus dedos tatearam o vestido sedoso até encontrar um zíper. Ele a despiu, suave e gentilmente. Era a vez dele de deslizar os dedos sobre a pele nua dela, e explorou suas costas.


Precisou de alguma artimanha, mas conseguiu remover o vestido sem provocar nenhum estrago e sem permitir que ela escapasse a seus braços. E acariciou a pele macia desnuda.


Oh, céus. Ela usava um sutiã de renda negra, combinando com as calcinhas. E meias com bordas rendadas. O sonho de todo homem. O sonho dele.


Então sentiu os músculos dela ficarem tensos.


Moveu-se ligeiramente de forma a ver melhor o rosto dela.


- O que está errado?


- Estou praticamente nua e você... cheio de roupas. - Ele a beijou na ponta do nariz.


- E isso é um problema?


- Sim


Ele reconheceu a chama do desejo nos olhos dela. O mesmo desejo percorria descontrolado por todo o seu corpo.


- O que sugere?


Aquele sorriso brincalhão e provocante mostrou a Gina outro Harry, a quem ela queria conhecer melhor. Conforme fosse sua reação, poderia aproximá-lo ou afastá-lo. Ela arriscou:


- Você poderia fazer um strip-tease.


- Strip-tease. - repetiu ele.


E, então, levantou-se da cama. Afrouxou a gravata. Seda pura - ela pôde ver pelo modo como o tecido refletia a luz. Ele desfez o nó; ao ver os dedos em movimento, ela soube exatamente como seriam deslizando em sua pele. Habilidosos, primorosos. Mal podia esperar.


Ele pendurou a gravata no espelho giratório, e depois terminou o que ela iniciara, desabotoando o restante dos botões de sua camisa e desnudando um peito musculoso. Ele deixaria os artistas dos anos 50 no chinelo, pensou ela. E, com a camisa desalinhada, parecia incrivelmente ardente. E era todo dela.


Por aquela noite.


- Continue.


Ele pendurou a camisa sobre o espelho. O visual de suas costas era tão bom quanto a frente: sem uma camada de gordura, os músculos se destacavam sem que fossem super desenvolvidos. Ele agarrou o cós da calça.


Ela não despregou os olhos, enquanto ele abria o zíper, lentamente.


Como tinha pernas bonitas! Fortes. Bem delineadas. Aí estava um homem que ela adoraria vestir. Ficaria maravilhoso num terno masculino pregueado. Ou como um juiz do século XVIII, com casaco vermelho e peruca longa, calças justas amarradas no joelho e botas compridas de couro.


Ou ali, no seu quarto de dormir, usando somente shorts de jérsei. E que ele acabara de despir, para ela.


Seria o clichê dos clichês, mas ela não resistiu, e lambeu os beiços.


Não levou nem um milésimo de segundo e ele já estava junto dela, na cama. E a beijou. Gina correspondeu à exigência dele. Ela o queria. Naquele momento. Jamais sentira tamanha urgência. Tanta que era quase uma dor física. Acabaria implodindo de ansiedade.


Dessa vez, as barreiras entre eles eram mais tênues. Apenas a renda do sutiã friccionando eroticamente os mamilos tesos. Ela podia sentir o coração dele batendo forte e rápido; era evidente que a desejava tanto quanto ela a ele.


Mas não estava sendo fácil para ela. Desde Draco. Embora soubesse que Harry tinha mais integridade na unha de seu dedo mindinho do que Draco em seu corpo inteiro, ela estava se entregando a um homem. E se desse errado?


Sentindo que a mente de Gina seqüestrara o coração, Harry se sentou, levando-a gentilmente com ele, de modo que ficaram face a face. Ele acariciou os lábios dela.


- Você ficou tensa. O que há?


- Eu... - Oh! Como ela podia explicar? Mas ele não a pressionou.


- Isso que está acontecendo entre mim e você não vai desaparecer. Não podemos parar senão iremos nos sentir mal. Desejando saber o que perdemos. E ficaremos malucos, até descobrirmos. Não te prometo um relacionamento. Não estou em condições agora. Não vou mentir para você, Gina. Mas não precisa se preocupar. Tenho camisinha na minha maleta.


O sangue subiu nas faces de Gina. Ele acabara de dizer que não queria relacionamentos. Como estava carregando uma camisinha? Ou ele estava pensando que ela seria assim tão fácil?


- Então você achava que era só estalar os dedos e eu estaria na sua cama?


- Achei que estava mais para você assoviar e eu vir correndo como um cachorrinho. Não faço disso um hábito. Não deixo ninguém me distrair dos meus objetivos. Mas você... - ele se inclinou e mordiscou o ombro dela. - Nunca foi como se algo fosse acontecer entre nós, a questão era quando. - ele murmurou essas palavras com a boca encostada à pele dela, a respiração fazendo cócegas. - E eu te quero tanto que chega a doer.


A mordiscada tocou uma parte sensível na lateral do pescoço de Gina, e ela se arqueou para trás, desejando que ele continuasse. Que seguisse mais ao sul. Que relaxasse a tensão de seus seios. Que beijasse sua barriga e, por favor, uma longa e demorada lambida em seu clitóris, lá onde ela mais precisava.


Ele desceu pela garganta e beijou a cavidade de sua clavícula. Isso a deixou querendo mais e mais. E ele seguiu seu caminho, vagarosamente. O autocontrole dela estava em frangalhos, estava a ponto de começar a implorar para que a possuísse.


Ele a beijou no V formado pelos seus seios e aquele leve contato a fez arder.


- Harry, você está me enlouquecendo.


- Estou por inteiro com você, creia-me. - Olhava direto nos olhos dela. As pupilas enormes e escuras, bordejadas por uma íris da cor de jade. - Quero beijar você inteira. Lentamente. Cada centímetro. E então repetir tudo novamente até que esteja ardendo de desejo, e então... - O orgulho dela ruiu.


- Faça isso, por favor. Faça isso... - Ele desenganchou o sutiã. E o deixou cair no chão. Abarcou os seios com as mãos, esfregando os mamilos já endurecidos. Colocou um deles dentro da boca. E sugou-o até que as mãos dela agarrassem seus cabelos e ela projetasse e rebolasse seus quadris contra os dele. O tempo de fala coerente já havia passado, e ela precisava dele desesperadamente dentro dela, ou iria morrer.


Ele beijou todo o caminho de volta até a sua orelha e sussurrou:


- Vou fazer você ver estrelas, Gina. - Ele escorregou um dedo sob a borda rendada da meia e ela estremeceu. Oh, por favor, por favor, que os dedos dele se movessem. Um pouco mais para cima. Ela inclinou o quadril, convidando-o.


Ele desenganchou a liga e desenrolou a meia-perna abaixo. Lentamente. Lambeu a cavidade sob o tornozelo e seguiu a trilha até a parte de trás de seu joelho. Desde quando aquela era uma zona erógena? Mas Harry queria deixá-la arrepiada, implorando por mais. Estava sendo tão lento que ela iria entrar em combustão espontânea.


E ele prosseguiu seu caminho pelas partes internas das coxas de Gina até que ela estivesse quase sem fôlego, precisando desesperadamente sentir a boca de Harry em seu doce recanto secreto.


Mas em seguida, ele se ocupou da outra meia. Enrolando-a para baixo, com a respiração colada na coxa de Gina. Ela estava a ponto de gritar.


Ele acabou de remover a meia.


Ela estava agora somente com as calcinhas rendadas e ele de shorts de jérsei.


Quites. Equiparados. Um casal.


- Fale. - convidou ele baixinho.


- Eu quero você. - Um estremecimento a percorreu.


- Fale. - as mãos desceram pelo abdome dela e sob a beira da calcinha. Tão perto, tão distante. Ela não podia mais suportar. Sentia seu sexo se aquecer, palpitar. Ela queria que ele a tocasse. Um contato bem mais íntimo.


- Quero você dentro de mim, oh, agora, Harry.


Quando ele não se moveu e não disse nada, ela abriu os olhos, em pânico. E o viu sorrir.


- Melhor assim, Gina. Quero que você me veja. E quero ver você. Quero ver tudo o que você está sentindo através desses olhos da cor do jacinto.


E tirou as calcinhas dela, dolorosamente devagar. Ela estava nua, sem barreiras, sem segredos.


- Você é tão linda, Gina, que chega a doer. Fico sem fôlego.


Depois foi a vez de ela ficar sem fôlego, quando ele se levantou, pegou a camisinha em sua maleta e tirou os shorts.


Quando ele retornou para a cama, Gina parou de pensar. Aprendeu como e onde ele gostava de ser tocado. Como fazê-lo gemer de prazer. Aos pouquinhos, ela foi ficando mais atrevida. Acariciou-o e o provocou com sua língua até que ele estivesse tremendo e ansiando por ela.


- Agora? - perguntou ele mordiscando o lóbulo da orelha dela.


- Agora. - Ela estava deitada e Harry por cima dela. 


- Agora. - disse, afundando nas almofadas e fechando os olhos.


Quando ele não se moveu, ela abriu os olhos:


- O que foi?


- Já te disse, quero ver os teus olhos. É a primeira vez que estou te possuindo. Quero que veja que sou eu a entrar em você.


- Oh, sim.


Gina quase gozou quando ele entrou nela. Jamais havia se sentido tão exposta. Ela sabia que seus olhos revelavam tudo, cada instante de prazer que sentia em cada golpe dele dentro dela. E também pôde ver o prazer nos olhos dele.


Sexo com Draco fora bom, mas não tinha comparação com o que estava vivendo naquele momento. Harry era passional com P maiúsculo. Ele a levaria até os seus limites, e além deles.


As mãos dele levantaram as coxas dela com pressa de que ela o envolvesse.


- Deus do céu! Mais! - pediu ela.


E ele deu tudo. Prometera que ela veria estrelas.


E foi exatamente isso o que ela viu quando atingiu o clímax.


Mais tarde, Gina estava aninhada nos braços de Harry. Não precisavam falar; só ficar juntos já era o suficiente. Tinham acabado de fazer amor. Será que Harry esperava ficar a noite toda?


Quando fora a última vez que passara uma noite inteira com um homem?


Fora com Draco, que mentira a ela e arruinara a sua vida. Sentiu-se invadida pelo pânico.


- Está ficando tarde. - disse.


- Esse é o seu jeito de me mandar embora?


- Preciso trabalhar amanhã.


- Eu também. - Ele trabalhava aos sábados? Na semana passada não tinha trabalhado. Talvez somente por estar preocupado com Daisy.


A pergunta devia estar escrita na sua testa, porque ele explicou:


- Estou no meio de um grande caso. Preciso trabalhar nele.


- Então vai precisar dormir.


Ela não estava pronta para passar a noite toda com ele.


- Harry, não estamos tendo um relacionamento.


- Entendido. Tampouco é um caso de uma noite só.


- Então o que poderá ser?


- Vamos deixar acontecer para ver como fica. Vamos manter isso somente entre nós.


- Então agora serei seu segredinho obsceno?


- Não. - Ele roubou um beijo. - É que não tem nada a ver com mais ninguém. Gina, não posso lhe prometer que vai durar para sempre. Eu disse isso desde o começo, e nada mudou. Mas também não quero que acabe.


Ela também não queria que acabasse. Mas precisava ser sensata. Não se deixaria envolver.


- Eu... - droga, como colocar isso em palavras?


- Você quer que eu vá embora. - disse ele com um beijinho.


- Sim. Não. Sim.


Ele sorriu.


- Eu também. Estamos presos entre nossas cabeças e nossos corações. Mas você vai trabalhar amanhã. É melhor descansar um pouco.


Ele se levantou e, quando ela se preparou para segui-lo, ele disse:


- Não se mova! Você está tão bonita! Como um ratinho selvagem! - Ela fez uma careta. E ele riu. - Sabia que os ratinhos selvagens têm olhos azuis?


- Como sabe tudo isso?


- Coisa de homem. Trivialidades. - Ela riu bastante.


- Aposto como você compete com essas coisas.


- Ohh! - Ele fez uma cara como se estivesse ferido de morte. - Você sabia que durante toda a sua vida você come acidentalmente oito aranhas?


- Que nojo! - Ela não teria adivinhado essa veia humorística de Harry. E que era detentor de um sorriso travesso de garoto.


Quando ele terminou, deu-lhe um beijinho rápido.


- Tenha bons sonhos. - Certamente, pensou Gina aconchegando-se sob o edredom. Não lembrava de já ter se sentido tão bem assim alguma vez na vida.


 


 


 


 


 


 


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.