Sexto Sentido Feminino: Intuiç

Sexto Sentido Feminino: Intuiç



N/A: A música usada nesse capítulo é 'Primavera', dos Los Hermanos.



Primavera se foi

E com ela meu amor



O silêncio do lugar fazia o coração querer sair do peito. Por alguns breves segundos tudo ficou terrivelmente silencioso, e aquilo lhe desesperava. Um deles provavelmente estava morto agora, mas qual? E se os dois tivessem morrido?

Mas o silêncio não durou muito tempo, os segundos de silêncio foram substituídos por vários urros de dor, desespero e ódio, e uma luta ainda mais feroz voltou a ser travada. Ela estava ainda pendurada pelos pulsos, ouvindo aquela agonia intensa em seus tímpanos, sem poder saber se o pior já tinha passado ou estava apenas começando.

“Seja como for, Gina. Aqui é o fim”

Independente de quem tivesse ganhado ou perdido, aquela batalha não teria fim tão cedo. Nenhumas das pessoas que estavam ali sairiam vivos ou ilesos, afinal nenhum dos lados simplesmente se renderia. Inspirou fundo, puxando com muita dificuldade o ar, e começou a se preparar psicologicamente para morrer. Já não tinha esperança de ser salva, só esperava sinceramente que Voldemort estivesse morto.

Um forte bravo ecoou por todo o lugar e a lutar pareceu ficar mais fraca. Ela reconhecia aquela voz: Dumbledore. Seria isso um sinal bom? Ela estava ainda se perguntando isso quando sentiu alguém lhe puxar bruscamente, machucando ainda mais seus pulsos.

-Gina, você está? –perguntou a voz aflita de Rony- Temos que sair daqui urgente, ou então...

Rony cortou as correntes com um feitiço e ela despencou nos braços do irmão, sem força alguma. Abriu a boca para perguntar o que estava acontecendo, mas Rony falava muitas coisas rapidamente com algumas pessoas ao redor dele.

-Temos que sair daqui, nós temos que sair daqui... –repetiu ele e, em seguida, começou a correr rapidamente com ela nos braços.

Ela sentia o vento contra o seu rosto, o que indicava que Rony realmente passava por entre as pessoas com muita velocidade. Agora estava mais fácil de respirar, e ela até se sentia melhor. Abriu os olhos e percebeu que junto com o ar uma pequena parte de sua visão voltara. Via várias manchas brancas e negras passando indistintamente enquanto uma mancha vermelha a carregava. Mas Gina estava fraca demais para raciocinar claramente, e por isso não entendeu direito quando viu o feixo de luz cinza na direção deles.

Assim que o feitiço atingiu Rony, ele caiu no chão, sem nenhum movimento. Com isso ela fora jogada alguns metros à frente, e mal notou quando uma pessoa parou de frente para ela, tudo o que percebeu foi o feitiço verde que passou por seus olhos.



Quem me dera poder consertar tudo o que eu fiz

O perfume que andava com o vento pelo ar

Primavera soprando um caminho feliz

Mais feliz



Acordou e tudo estava escuro. “Melhor assim” pensou ela. Por muito tempo ficou somente deitada com a mente vagando por aí, lembrando cenas da infância, pensando na receita secreta do biscoito da família Weasley, que ela aprendera quando tinha treze anos. Não tinha a mínima consciência de quem era, onde estava ou do que havia acontecido, naquele momento simplesmente existia e respirava.

A porta do lugar onde estava abriu e fechou várias e várias vezes, ouvira várias pessoas conversando, mas não conseguia prestar atenção ao que diziam, e tampouco se importava com isso. Quando alguém levantou seu braço e enfiou algo em sua mão ela sentiu uma leve dor, mas isso também significava nada para ela. Tentou mexer suas mãos, mas ou não tinha forças para isso, ou seu corpo já não lhe obedecia.

Então ela começou a ouvir um estranho ruído zumbindo no ouvido dela, que a início não lhe afetava, mas depois passou a lhe incomodar. Havia um certo tom naquele ruído, um indício de algo que a fazia sentir mal. Mas tudo só piorou quando todo o seu corpo passou a ser sacudido violentamente. Finalmente ela quis dizer algo, até pensou em algo para dizer, mas não conseguia formular uma frase em sua cabeça, e muito menos sabia como faria para colocar a frase, se a tivesse formulado, em alto e bom som.

De repente algo foi injetado na mão de Gina, e uma dor imensa veio seguida. Ela abriu novamente os olhos e sentiu que eles estavam cheios d’água. O leve ruído de até então se transformou num barulho enorme que lhe doía os tímpanos e as sacudidas compulsivas começavam a lhe dar ânsia de vômito.

-JÁ DISSE QUE ELA ESTÁ ACORDADA! POR QUE ELA NÃO DIZ ALGO? GINA! GINA! FALA COMIGO! –berrava a Sra. Weasley sacudindo a filha.

-Minha senhora, estou tentando lhe explicar que ela está sedada, tomou doses altíssimas de sedativos por causa dos ferimentos... –disse a enfermeira, e vendo que a mulher continuava a debater a filha colocou a varinha em punho- Pare com isso agora mesmo, senão terei que lhe estuporar!

-ENTÃO FAÇA ELA FICAR NORMAL!

-Ela estará, amanhã talvez. Hoje ela está sob medicação forte e não irá acordar como a senhora quer.

Ela não entendia muito da conversa das duas pessoas, mas nem queria. Tudo nela doía intensamente, não precisava de ninguém explodindo em seus ouvidos.

-Parem com isso... por favor –sussurrou ela baixinho.

As duas mulheres pararam e olharam estupefatas para a garota. A expressão fácil dela mostrava muita dor e a Sra. Weasley ficou dividida entre a felicidade de ver a filha “bem” ou em ficar aflita pelo sofrimento de Gina. Já a enfermeira olhou assustada para a bolsa de soro da garota e viu que aplicara os remédios, mas esquecera de aplicar a nova dose de sedativos.

-Gina, fala com a mamãe... como você está?

Gina quis dizer à mulher que ela se atirasse de cima de um prédio bem alto para cair em cima de agulhas, e talvez a mulher entendesse o que ela sentia, mas não agüentaria dizer tantas coisas.

-Mal.

-Está sentindo algo? Onde?

-Tudo.

-Quer algo? Posso fazer alguma coisa pra você, filha?

Gina acenou com a cabeça.

-Sai daqui.

Os olhos de Molly marejaram e ela olhou para a enfermeira pedindo ajuda, mas esta acenou para ela que a acompanhasse para fora da enfermaria, como ela fez sem falar nada.

-É normal isso, Sra. Sua filha está com dores, cansada, terá ânsias de vômito e ainda por cima ela tem a visão comprometida, o que pode deixá-la nervosa enquanto está por aqui. Ela não teve a intenção de ser rude, ela precisa de descanso e só.

Molly se largou no sofá da recepção e não mais perguntou nada, só respondeu às perguntas de Fred e Jorge. A enfermeira voltou para dentro da enfermaria, consultou o curandeiro responsável por aquela ala e obteve autorização para administrar algumas poções à paciente que acordara antes do previsto.

Gina bebeu primeiro uma poção tranqüilizante, que continha alguns sedativos mais leves, que não a deixariam dopada, mas abreviaria a dor e a deixaria calma. Depois de meia hora tomou uma sopa para forrar o estômago, que não via nada mais substancial há muito tempo. Depois de satisfeita tomou uma outra poção, cujo gosto ela já conhecia, que acelerava a recuperação de sua visão. Menos de dez minutos ela estava enxergando tudo embaçado, mas que depois de um tempo foi normalizando e ela passou a enxergar quase que nitidamente, como se nunca tivesse perdido a visão.

Só depois de recuperar a visão que seu espírito ficou em paz, e ela finalmente pôde refletir sobre por que estava no hospital, o que havia acontecido. Então tudo veio em flashes na sua cabeça e ela se levantou da cama assustada. Começou a andar, mas foi atrapalhada pela agulha que injetava soro e remédios em sua veia. Arrancou a agulha com violência e deu pouco caso a dor que começou a sentir no local. Quando saía pela porta o curandeiro apareceu.

-Ei, você! Você não pode sair daqui!

Gina olhou para o médico, mas não deu confiança a ele. Abriu a porta do quarto e encontrou parte da sua família sentada na recepção. Todos os Weasley se levantaram quando ela pareceu no corredor vestida com trajes de paciente.

-Gina! –exclamou a Sra. Weasley, correndo para abraçá-la.

Ela abraçou a mãe sentindo-se aconchegada, e ficou muito feliz em poder abraçar Fred, Jorge, Carlinhos e Percy.

-Onde está papai, Gui, e principalmente, onde está Rony? –perguntou ela aflita.

A porta da enfermaria se abriu novamente e o curandeiro saiu de lá bravo.

-A Srta. não pode fugir! Primeiro mente, depois foge, você é uma das pacientes mais problemáticas que já tivemos.

Gina se encolheu toda, mas seus irmãos se prostraram à frente dela, impedindo que o curandeiro a tocasse.

-Gina certamente voltará para a enfermaria –disse Percy em tom diplomático- Ela só está ansiosa por ter notícias das pessoas que ama, haja vista que ela passou por situações desagradáveis e quer se certificar que todos estão bem.

O medibruxo abriu a boca para falar, mas Carlinhos falou primeiro.

-Nos dê 10 minutos e ela está de volta à cama dela.

O medibruxo estava visivelmente contrariado, mas percebeu que aquilo não era um pedido e não adiantaria insistir.

-Pois bem, a saúde dela já não é minha responsabilidade. Se algo acontecer não digam que eu não avisei.

A Sra. Weasley ao ouvir isso pensou em fazer a filha voltar para seu leito, mas ao olhar para a garota percebeu que isso não seria possível. Jorge fez Gina se sentar.

-Todos estão bem, minha princesa –disse a Sra. Weasley, sentando-se ao lado da filha- Rony foi atingido por algum feitiço que o desacordou, mas nada de ruim aconteceu. Ao contrario de você, que ia ser atacada por um Comensal, mas Mundungo o eliminou antes que algo lhe acontecesse.

Gina percebeu que a voz da mãe estava falsamente controlada. Olhou para si e só então percebeu o monte de hematomas que havia por todo o seu corpo.

-Mas o quê...?

-O lugar era enorme e cheio de gente –disse Fred, vendo que a mãe estava alterada demais para continuar falando- Mundungo te perdeu de vista. Você foi atingida por alguns feitiços, provavelmente todos eles mirados em outras pessoas. Sem contar que você foi pisoteada também. Parabéns, maninha, você ganhou duas plásticas corporais em um só ano!

Jorge riu levemente.

-Você estava irreconhecível quando chegou aqui.

Ela deu um fraco sorriso.

-Mas onde está Rony?

-Está bem, em outra enfermaria. Está em observação, mas terá alta hoje à noite.

-Hoje? Que dia é hoje?

-Hoje é dia 10 de agosto. Três dias depois da batalha.

Batalha.

...

A mente dela finalmente acordou para a pergunta que queria fazer desde que era prisioneira e aquele silêncio havia tomando conta do lugar.

-Você-sabe-quem foi derrotado?

Todos sorriram sinceramente, ela nem precisou de resposta concreta. Mas apesar disso seu coração ainda não ficou em paz, havia ainda mais uma pergunta...

-Onde está Harry?

Os semblantes fúnebres deles não foi um bom sinal para ela.



Pois a rosa que se esconde no cabelo mais bonito

É um grito quase um mito uma prova de amor



Ela procurou ficar calma, mas não fez grande efeito.

-Onde está Harry?- repetiu ela.

-Harry está muito mal, Gina –disse a Sra. Weasley, com um inconfundível tom choroso.

-Está mal?

-Sim.

-Mas está vivo?

-Sim.

Ela relaxou seus músculos e se sentiu aliviada, lembrava-se muito bem de tudo o que se passara em sua cabeça quando aquele silêncio a dominara, três dias atrás. Harry já tinha estado muito mal varias vezes na vida, e sempre se recuperara. Mesmo que dessa vez ele estivesse muito, muito mal, pelo menos estava vivo e sem nenhuma sombra ruim o rondando.

-O mundo mágico deve estar em festa –comentou ela sorrindo.

Todos sorriram docemente.

-Você perdeu os fogos de ontem à noite, foi realmente bonito.

-Tome cuidado, Gina. Há um monte de gente escrevendo desejos de melhora para Harry, e eu mesmo já li umas vinte cartas de garotas se oferecendo para cuidar dele –disse Carlinhos fazendo uma cara marota.

Fred e Jorge gargalharam.

-Adorável Harry Potter –começou Jorge imitando voz de mulher- Estou sensibilizada por sua situação delicada...

-E em nome de todos os membros da Coligação das Donas de Casa –continuou Fred- Ofereço-me humildemente para aplacar todas as suas dores...

-Assinado: Lucy Treed, 56 anos.

Gina riu abismada.

-Harry vai rir muito quando puder ler isso... –disse ela, e todos acenaram com a cabeça- Posso vê-lo?

Todos ficaram sérios, mas então a Sra. Weasley sorriu levemente.

-Você não pode entrar no quarto dele, porque só os medibruxos podem entrar lá. Mas há uma parede de vidro pela qual você pode ver ele.

-Quero ir lá.

Carlinhos a pegou no colo antes que ela inventasse de andar e começou a conduzi-la pelos corredores e escadas. Quando chegaram no lugar ela sentiu um leve aperto no peito ao vê-lo tão ferido e imóvel. “Mas ele está vivo” pensou ela acalmando-se.

O rosto estava muito machucado, e ela suspeitava que por debaixo das cobertas a situação era bem pior. Mas estava vivo.

-Qual o diagnóstico sobre ele? –perguntou ela.

-O cérebro e a coluna foram afetados gravemente. Além disso, o coração já sofreu duas paradas desde que chegou ao hospital. Estão fazendo todo o possível, até chamaram curandeiros experientes de outros países, mas não há uma previsão para quando ele vá ficar bom.

-Mas ele vai ficar bom –disse ela, sendo sua afirmação muito mais um desejo de que aquilo fosse verdade que realmente uma constatação da realidade.

Percy tocou o ombro dela.

-Vai sim, você vai ver. Mas agora é hora da senhorita voltar para a enfermaria, antes que alguém aqui nos mate.

Ela sorriu e concordou. Carlinhos a carregou de volta e a colocou de volta na cama. Logo depois a enfermeira entrou muito mal-humorada e lhe deu mais alguns remédios, que ela tomou sem protesto. Tinha que ficar boa logo para poder cuidar de Harry.



Primavera se foi e com ela essa dor

Se alojou peito devagar

A certeza do amor não me deixa nunca mais

Primavera brilhando em seu olhar



Já fazia três meses que ela recebera alta, e ela estava finalmente na casa que tanto amava. Mas o melhor de tudo era saber que estava segura, não havia nenhum perigo de estar lá, não havia nenhum louco rondando o lugar para matar a todos. Ainda havia alguns Comensais soltos, mas os Aurores estavam os caçando com uma capacidade notável, e em breve nenhuma dessas pessoas estaria livre pelo resto da vida.

Harry ainda estava em coma no hospital, embora os medibruxos lhe falassem que estavam percebendo algumas melhoras que ela não podia enxergar por não ter visão critica. Critica ou não nem tinha visão direito. Ainda não recuperar tudo, graças aos vários feitiços e ferimentos que recebera na Batalha de Morsmodre (como ela ficou conhecida, por ser a última vez que o sinal de Voldemort fora invocado) sua visão regredira um pouco, e por isso ela tivera que tomar a poção para a visão novamente quando estivera no St. Mungus.

Todo dia depois de seu expediente de trabalho (com horas reduzidas, por causa de sua saúde) ela passava no hospital e ficava no quarto de Harry por meia hora, tempo que lhe permitiam. Durante esse tempo ela conversava com ele, algumas pessoas lhe disseram que a pessoa em coma pode ouvir o que os familiares dizem, e que isso ajuda na recuperação.

Alguém bateu na porta do seu quarto.

-Entra.

Rony apareceu na porta do quarto.

-Está pronta?

Ela terminou de se calçar e acenou com a cabeça para o irmão. Como era domingo ele a levaria até o hospital. Pegou sua bolsa e o irmão a conduziu até a lareira. Ao descer as escadas encontrou Hermione, que estava conversando com sua mãe, mas assim que viu Gina se levantou e despediu de Molly.

-Estamos indo, mamãe.

-Vão passar em algum outro lugar depois de irem ao hospital?

-Não –disse Gina.

-Sim –disseram Rony e Mione em uníssono- Eu e Hermione vamos ao Beco Diagonal...

Gina estranhou a tremida na voz de Rony, e pelo jeito como ele apertou involuntariamente o braço dela Gina viu que ele estava levemente nervoso. “O que esses dois estão aprontando?” questionou-se ela. Mas tanto ela quanto Molly fingiram não notar isso e eles foram para o hospital.

Passaram pela recepção e quando chegaram perto do quarto de Harry o curandeiro lhes abordou, sorrindo pelos cotovelos.

-Ele acordou! O Sr. Potter acordou!

A primeira reação dos três foi não ter reação, ficaram imóveis. Então bombardearam o medibruxo com perguntas. Que ficou perdido no meio de tanta dúvida.

-Calma, agora ele está dormindo, e saiu do CTI. Está num quarto separado, no qual poderá receber visitas mais longas até que tenha alta. E se tudo correr bem, até o fim do mês que vem ele terá alta.

Os três ficaram confusos.

-Fim do mês que vem? Fim de dezembro? –perguntou Mione- Mas...?

-Há uma questão delicada na saúde do Sr. Potter.

O coração de Gina batia disparado, tinha medo de ouvir a resposta. “Ele está vivo e está bem, não há razão para temer” pensou ela.

-Qual é essa questão? –perguntou Rony.

-A coluna dele foi terrivelmente afetada durante a Batalha, e por causa disso ele perdeu os movimentos das pernas. Terá que fazer fisioterapia e tomar algumas poções para recuperar tudo plenamente. Até o fim do mês que vem ele já deve sair daqui andando como qualquer pessoa, a nossa medicina evoluiu muito nisso de uns tempos para cá.

Nenhum dos três disse nada por algum tempo, mas então lhes pareceu que dois meses não era nada em comparação com o tanto de tempo que ele teria pela a frente para fazer o que quiser, agora que a Inglaterra estava em paz.

Antes de irem para o quarto de Harry passaram na enfermaria, o medibruxo deu a Gina uma dose da poção para suas vistas.

-Tenho certeza que você vai querer vê-lo, quando o Sr. Potter acordar.

Ela sorriu e agradeceu, indo em seguida para o quarto onde ele se encontrava. Quando entraram no quarto ele estava dormindo, provavelmente exausto pelos exames que sofrera durante o dia. Ficaram conversando baixo lá dentro, enquanto esperavam que Harry acordasse. Depôs de uma hora Rony ia sair do quarto para comprar um lanche quando Mione o impediu.

-Rony... Nós temos um compromisso... –disse ela ficando vermelha.

Rony também ficou vermelho e olhou confuso para Gina.

-Gina, nós temos...

-Podem ir, eu fico aqui.

Os dois se despediram e ela ficou pensando o que era esse compromisso, e por deixaria os dois tão desconfortáveis. Sentou mais perto de Harry e finalmente pôde o olhar com calma.

Ele estava com uma aparência até saudável, imensamente melhor que na primeira vez que ela o vira no hospital. A cicatriz em forma de raio permanecia lá ainda, talvez mais forte que na adolescência dele, mas ela já não significava um mau sinal. Tudo de ruim já havia passado.

Ela ficou olhando cada parte do corpo dele quando seus olhos pararam na mão direita dele. Não havia anel ali, não havia aliança.

-Mas eu podia jurar...

Ficou confusa e até mesmo decepcionada por alguns segundos, mas depois teriam tempo para esclarecer várias coisas quando ele acordasse. Além do que eles provavelmente reatariam o noivado assim que ele ficasse bom. Olhou para a própria aliança, voltara a usá-la depois que tivera alta. Sabia que as pessoas reparavam e achavam estranho, afinal Harry estava mais morto que vivo para a maioria das pessoas, mas ela não se importava muito com isso.

Ela ligou o rádio baixinho e ficou ouvindo as notícias, fofocas e músicas bruxas. O novo hit do momento era Detonado, das Esquisitonas. Com muita bateria e guitarra a música louvava a queda de Voldemort e mandava mensagens positivas para a recuperação de Harry.

Ela se divertia com a letra da música quando alguém lhe tocou a mão. Olhou para o lado e Harry Potter lhe sorria.



Olhar que eu guardo na lembrança

Ainda traz a esperança

De te ter ao meu ladinho numa próxima estação



Ela sorriu para ele também.

-Harry... Seja bem-vindo de volta ao mundo!

-Essa música é pra mim? –perguntou ele divertido.

Ela riu.

-Essa é uma das várias músicas pra você.

Ele fez sinais que ia se sentar e ela o ajudou. Durante um tempo só olharam um para outro, com um sorriso estranho, onde se misturava alegria, alivio, dor e confusão.

-Você me deu um susto. Quando eu te vi amarrada...

-Ora, você me assustou primeiro. Foi embora sem me dizer nada, então quando eu li a carta...

-Tonks leu pra você?

-Não, eu li a carta.

Ele ficou confuso e ela riu.

-Precise de uma lupa que deixassem as letras gigantes, e tive que fazer muito esforço, porque Tonks não quis ler pra mim. Disse que a carta era pessoal, e que ninguém mais devia ler.

-Pedi a ela que dissesse isso –disse ele sorrindo fracamente.

-Quase morri do coração.

Ele apertou a mão dela forte e a puxou para um abraço. Ao sentir aquele cheiro dele, a pele dele e ele próprio ela não agüentou. Começou a chorar.

-Tive medo de ter te perdido para sempre, Harry –disse ela entre as lágrimas- Fiquei desesperada quando li o que você escreveu! Você nem imagina! E quando vocês se atacaram e ficou aquele silêncio horrível! Eu não via nada! Pensei que você tivesse ido para sempre...

Ele a afastou e limpou as lágrimas dela. Gina viu que ele também chorava, tão aliviado quanto ela.

-Mas passou... Acabou, Gina.

Ela sorriu.

-Muito pelo contrário... A gente começa agora.

Ele acariciou o rosto dela.

-Começa ou recomeça?

-Recomeça. De onde a gente tinha parado.

-Então você pretende começar o treinamento de Auror? –perguntou ele confuso.

-Não. Pretendo me casar.

O sorriso dele iluminou-se, olhou para as mãos deles que estavam juntas. Reparou que Gina estava usando a aliança de noivado e sorriu ainda mais para ela.

-Então é hora que voltar tudo ao ponto paramos –disse ele pegando sua varinha e apontando para sua mão – Finite Encantatem.

Uma aliança apareceu no dedo de Harry.

-Esteve aqui todo o tempo, invisível.

Ela sorriu abobada.

-Eu já a havia sentido algumas vezes, mas hoje quando não a vi em sua mão achei que tinha sido imaginação minha.

-Não, não foi e não é. Mas a partir de agora você pode imaginar o que você quiser, porque nós dois vamos ter tempo e paz suficiente para realizar tudo o que nós quisermos.



Primavera se foi

E com ela meu amor

Quem me dera poder consertar tudo o que eu fiz

O perfume que andava com o vento pelo ar

Primavera soprando um caminho feliz



A mesa foi posta para várias pessoas, afinal o jantar de re-noivado fora duramente esperado. Na teoria isso só acontecia agora, mas desde a hora em que ele acordara os dois tinham reatado o namoro. O jantar fora só para tornar oficial algo selado há tanto tempo, afinal, Gina merecia que tudo fosse feito da maneira correta.

Ela desceu com um vestido verde, o cabelo trançado e com uma maquiagem leve. A casa estava cheia. Sua família, os Granger, Dumbledore e várias pessoas da Ordem, todo mundo ali para presenciar um grande momento na vida dela. Mas o grande momento mesmo seria o seu casamento, que aconteceria em maio do próximo ano, e eles estavam em fevereiro.

“Mais de um ano até o grande dia” lembrou ela enquanto cumprimentava as pessoas.

Harry veio por trás e passou seus braços pela cintura dela.

-Um pouco mais que um ano e esse povo todo está no nosso casamento –sussurrou ele no ouvido dela.

-Eu estava pensando nisso agora –disse ela dando um beijo nele.

A principio os dois pensaram em marcar para já, uma data bem próxima. Mas então a voz da razão falou mais alto, e eles perceberam que seria melhor juntarem dinheiro por um tempo, para não fazer algo de qualquer jeito e nem passar por apertos depois de casados.

Molly passou por eles e colocou um bolo de três camadas na mesa ao lado da mesa principal. Em seguida ela falou que o jantar estava servido, e várias pessoas se aproximaram da mesa farta.

Gina e Harry estavam indo para a mesa quando ela reparou num casal que estava estranho ali no canto.

-Harry... Rony e Hermione não lhe parecem estranhos?

Harry olhou para os amigos e entendeu o que Gina estava falando. Rony estava com as orelhas vermelhas e Mione olhava para os gnomos no jardim, um de costas para o outro.

-Vamos, eu já desisti há muito tempo de entendê-los.

Gina concordou com ele e se aproximou da mesa, pegou um prato para se servir quando Rony parou ao lado dela, com as mãos tremendo. Pegou uma taça e uma colher e fez um sinal de que queria falar algo. As orelhas dele ficaram ainda mais vermelhas assim que todos olharam para ele.

-Bom, hum... Boa noite. –algumas poucas pessoas responderam- Eu, bem, nós, queríamos aproveitar que está todo mundo reunido aqui hoje... Bom, isso é algo que já foi decidido há algum tempo, mas... –Rony se virou para o Sr. Granger- Sr. Granger, o Sr. me concede a mão da sua filha em casamento.

Todo mundo se espantou. Todo o rosto de Rony era um borrão vermelho, e Hermione não sabia se olhava para o chão ou para o céu. O Sr. Granger ficou tão pálido que a Sra. Granger segurou o braço dele, para caso ele resolvesse cair. Então todos olharam de Rony para o Sr. Granger, esperando a resposta do homem.

-Bom, se é algo que já foi decidido é porque é do desejo da minha filha –Mione aceno com a cabeça levemente- Então não há o que pensar, é claro que concedo!

Daí Rony trocaram alianças de noivado, e várias pessoas foram cumprimentá-las. Gina fingiu cara de brava para Harry.

-Acabaram com a nossa festa!

Ele a abraçou.

-Ora deixe de manha, vamos lá cumprimentar os dois.

Ela segurou a mão dele e lá foram os dois, cumprimentar os novos noivos. Gina sorriu ao pensar que a festa não fora dividida em duas, mas sim uma festa fora multiplicada em duas. Na verdade todas as suas alegrias vinham sendo multiplicadas.

Aliás, tinha a leve impressão que ela própria estava sendo multiplicada.

Olhou para Harry e então sorriu marota para ele, sorriso este que Harry não entendeu direito. Na verdade talvez não fosse só intuição, em breve dois seriam três. Bom, e talvez o casamento tivesse que ser adiantado.



Mais feliz





N/A: Bom, vinte anos depois a fic finalmente foi concluída! Aê! Muito obrigada a todos que leram e acompanharam, mesmo que em outro site, foi muito importante para mim. Bem, se você chegou até aqui, dê novamente sua contribuição para a campanha 'Faça uma autora feliz!' e deixe uma resenha falando sobre o que achou. Bjusss, Asuka

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Comentários (1)

  • Natalie Mayer Black

    A-M-E-I *-* vc escreve lindamente bem Beijos,              Natalie Mayer Black Weasley  

    2012-01-31
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