NOVE



Nove


 


            - Então, esse é o Harry - disse Joelle, na quinta à noite. Meu pai abriu a porta, trocou algumas palavras com Harry e Jim e, depois, foi para o quarto com sua revista Mac world. Naturalmente, minha irmã se sentiu forçada a assumir o papel de "avaliadora da família".


            Eu já havia tentado explicar a situação para ela, algumas horas antes:


            - Não é um encontro de verdade, Joelle. Pelo menos não para mim. Portanto, você não precisa analisar os rapazes.


            - Só que estou acompanhando essa novela por uma semana e meia. Não vou perder a oportunidade de conhecer um dos atores principais.


            Agora ela estava encarando os dois, olhando-os de cima a baixo. Jim ficou vermelho de vergonha.


            - Ouvi muito sobre você - Joelle disse a Harry.


            - Mesmo? - ele me olhou, sorrindo, meio incerto.


            - Bem, não da Hermione, mas você é muito popular na nossa secretária eletrônica - ela completou.


            - Ah, e você deve ser aquela que entrou com o carro no bosque de Kirbysmith- falou Harry.


            Joelle soltou uma gargalhada.


            - Então a Hermione te contou sobre o Belo Adormecido.


            - Belo Adormecido? - Harry ficou intrigado.


            - Joelle!- eu disse num tom de advertência.


            - Que cara... - Joelle continuou, balançando a cabeça.


            Harry virou-se para mim, seus olhos brilhavam. Deve ter deduzido que Joelle estava falando sobre o Ovos Mexidos.Não recebia notícias de Draco desde segunda à noite e tinha escapado de todas as tentativas de Harry e dos outros monitores de saber como havia sido o nosso encontro.


            Olhei para Jim. Esperava que ele nos mantivesse animados durante a noite toda, assim como ele fazia no trabalho. Mas Jim tinha se transformado em uma outra pessoa. Em vez de bater palmas e dizer "Certo, pessoal, vamos embora, e vamos fazer dessa a melhor noite de nossas vidas!", ficou parado no mesmo lugar desde que entrou na sala.


            - Joelle, este é Jim, o nosso destemido chefe - disse, tentando fazer com que ele mudasse de lugar.


            Jim sorriu, parecendo um pouco nervoso. Esperava que ele fosse estender a mão como sempre fazia, dando pra gente a impressão de apertar a pata de um urso amigo. Mas suas mãos permaneciam caídas ao lado do corpo como se ele fosse um menino em seu primeiro baile de escola.


            - Muito prazer, Joelle.


            - Bem, a gente não quer deixar a Gina esperando.


            - Por que não? - perguntou Joelle.


            Harry soltou uma gargalhada.


            - Joelle - disse Jim -, você gostaria de vir conosco?


            Minha irmã o fitou, então, ficou corada. Foi a primeira vez que a vi assim desde que veio grávida para casa.


            - É tudo o que eu precisava - ela disse acidamente -, chego a ficar enjoada só em pensar em parques de diversão.


            Jim olhou confuso para ela.


            - Eu acho que a Hermione ainda não contou o pequeno segredo da nossa família. Mas eu tenho um bebê aqui dentro - e tocou a barriga.


            - Ah...bem... que legal. Meus parabéns!- disse Jim.


            Joelle esboçou algo entre uma careta e um sorriso. Jim parecia querer escapar pela janela mais próxima. Sutilmente comecei a acompanhá-lo até o hall de entrada.


            - É uma pena que não possa vir com a gente - disse Harry. – Gostaria de saber mais sobre o Belo Adormecido.


            - Ah, eu poderia te contar várias coisas interessantes – falou Joelle, piscando o olho.


            Empurrei Harry pela porta e, finalmente, saímos.


            Jim permaneceu calado durante todo o percurso até a casa de Gina. Eu me sentei no banco da frente do carro, ao lado de Harry, explicando-lhe o caminho e dando alguns conselhos sentimentais.


            - Hermione - ele finalmente disse -, eu pensei ter dito a você que este não seria um encontro amoroso. Não é um encontro. É apenas um grupo de amigos saindo para se divertir.


            - Certo. E esta é apenas uma discussão teórica. Estou lhe falando o que sei sobre encontros e sobre Gina caso você ache que isso possa ser útil no futuro.


            Ele suspirou.


            - Quer dizer, existem tão poucas oportunidades para um cara... Vire à esquerda. Esquerda! -eu gritei.


            Harry puxou o volante, e o carro derrapou na esquina.


            - Da próxima vez - ele disse -, avise antes de atravessarmos o cruzamento, certo?


            - Por exemplo - eu continuei -, imagine que você e uma garota estão vendo o pôr-do-sol ou a lua cheia, ou as luzes da cidade, seja lá o que for. Onde você ficará em pé?


            - Como assim "onde"? - perguntou Harry. - Isso é um teste?


            - Só me fale onde.


            - Que tal uma múltipla escolha? - ele pediu.


            - A, em frente dela. B, ao lado dela. C, atrás dela.


            - B, ao lado dela - falou, dando de ombros.


            - Errado.


            - Bem, talvez seja errado para você... - Harry começou a falar.


            - Se você fica em pé atrás dela e faz tudo do jeito certo: tocando a levemente - falei, tornando a minha voz doce e suave – com seus braços, enlaçando suavemente o corpo dela, as suas mãos quase, quase tocando os seios dela, a sua bochecha roçando a dela, sua boca chegando mais perto, tão perto que a deixa louca pra... o sinal vermelho, o sinal vermelho! Pare, Harry! Nossa, você não viu?


            - Você está me dando várias instruções diferentes ao mesmo tempo, Hermione!


            - Tudo bem, Jim?- perguntei.- Talvez seja melhor você apertar o cinto de segurança.


            Jim concordou, seu rosto estava rosado novamente.


            - Agora, onde é que eu estava mesmo... ah, é, sua bochecha roçando a dela...


            Harry deu uma olhada pelo espelho retrovisor.


            - Você não precisa continuar. Acho que o Jim e eu já entendemos tudo.


            - Ótimo. Estamos quase lá. Vire à direita. É no final dessa rua escura. E como você é novo por aqui, provavelmente deve querer saber onde ficam as ruas escuras. É uma sorte que Gina viva em uma delas. Não que você vá precisar disso logo mais, é claro. Você não quer ser precipitado.


            Harry entrou na rua escura, desligou o carro e, depois, as luzes.


            - O que você está fazendo? - perguntei.


            Ele não me respondeu de imediato. Jim sussurrou do banco de trás:


            - O que está acontecendo?


            Harry curvou-se sobre mim. Mesmo na escuridão, pude perceber quanto ele estava próximo. Aquele mesmo aroma agradável, a longa linha do seu queixo e o seu maxilar forte. Quando falou, a voz soou profunda e tensa:


            - Repita depois de mim. Isto não é um encontro. Somos apenas quatro amigos nos divertindo.


            - Nós certamente vamos nos divertir - eu disse, sorridente.


            - Hermione - ele segurou o meu queixo com um dedo, um único dedo, mas eu me senti completamente imobilizada. Aquela proximidade me mantinha estática. - Repita depois de mim. Isto não é um encontro.


            E havia mais um conselho que eu queria dar. Quando a gente toca uma pessoa daquele jeito no escuro... mas, de repente, me dei conta de que Harry devia saber o que estava fazendo.


            - Tudo bem - eu disse, escapando dele. - Já entendi a mensagem.


            -Bom.


            Continuamos a seguir com o carro.


            Embora estivéssemos atrasados, Gina estava ainda mais atrasada, o que já havia se transformado em uma rotina dos nossos encontros duplos. Eu fiz o tour de sempre ao redor da piscina e do jardim da casa dela. Jim ficou impressionado. Harry, no entanto, continuava impassível, até mesmo depois que Gina apareceu vestindo uma minissaia justa, os cabelos loiros caindo suavemente ao redor do rosto. Tudo bem. Gina adorou a falta de interesse dele. E quando Harry puxou o elástico que estava prendendo o meu rabo-de-cavalo, dizendo que ele estava escorregando, ela mal disfarçou a inveja. Comecei a achar que Harry sabia exatamente o que estava fazendo. Quando saímos para o parque de diversões, fiz com que Gina o guiasse, assim ela poderia vencer sua timidez.


            Sempre adorei parques de diversões. E lá estávamos nós, perambulando entre carrinhos de vidro transparente com pipoca amanteigada, cachorro-quente e todos aqueles rolos coloridos de algodão-doce. Havia também cabines de arco e flecha, tiro ao alvo e arremesso de basquete.


            - Primeiro vamos andar, depois comer, que tal? – sugeriu Jim. Finalmente, ele havia se reanimado e retomado seu ânimo habitual de líder de escoteiros.


            - A montanha-russa!- exclamei, quase disparando a correr.


            - Você gosta?


            - Quando eu era criança - disse Harry, ao meu lado -, eu vivia pedindo para minha mãe colocaruma no quintal lá de casa. Esta aqui é pequena, mas a gente dá três voltas completas.


            - Talvez essa coubesse no meu antigo quintal - ele falou.


            Enquanto isso, os outros dois vinham correndo atrás de nós.


            Precisei fazer algumas manobras para que ficássemos nas posições certas: Jim e eu no assento da frente, que é o meu lugar favorito, Harry e Gina confortáveis no segundo carrinho.


            Harry nos contou sobre um acidente que aconteceu na montanha- russa do Parque Hershey, que, tenho certeza, ele inventou.


            E eu contei a história de um acidente com a montanha-russa do Busch Gardens, que, definitivamente, eu inventei. Continuamos fazendo essas provocações enquanto esperávamos que outras pessoas entrassem nos carrinhos. Gina ria educadamente.


            Então, nossas cabeças caíram para trás e começamos a andar. Ah, não existe nada como uma montanha-russa! A subida lenta, a queda repentina, para cima de novo, então a descida, curva fechada para a esquerda, curva fechada para a direita...


            - Sem as mãos! - gritou Harry, atrás de mim.


            Levantei os braços e permaneci assim, tendo a sensação de que iria decolar a qualquer instante.


            - Sem os pés! - gritou Harry, de novo. O quê? - Eu me virei para ele rindo. O vento bateu em meus cabelos e a faixa de seda que o prendia escorregou. Harry pegou-a em pleno ar.


            Meu cabelo solto voava para todos os lados como se estivesse dentro de um furacão. Era impossível segurá-lo. Estiquei a mão por cima do ombro para pegar a faixa de cabelo. Harry se inclinou para a frente, mas nossas mãos mal se tocavam. Virei-me para olhá-lo. Ele estava morrendo de rir do meu cabelo "selvagem". Então passou a sorrir para mim, seus olhos fixos nos meus, brilhantes com o vento. Ficamos assim, nos olhando, por um tempo, os trilhos passando por baixo de nós.


            Então os carrinhos foram travados na parada final.


            - Fim da viagem - murmurei e pisei sem estabilidade nenhuma na plataforma. Jim me estendeu a mão, e Gina e Harry desceram pela rampa de trás. Vi que minha faixa estava presa firmemente nos dedos de Harry.


            - Precisa de um pente? - perguntou Gina, retirando a faixa dos dedos de Jack.


            - Tenho um, obrigada.


            Meu pente de madeira não conseguiu melhorar muito o desastre. Amarrei a faixa da melhor maneira que pude, amassando o cabelo para baixo.


            - Agora, a gente precisa de algo mais calmo - disse Jim.


            - A roda-gigante - sugeriu Gina, e nós andamos para lá.


            Quando chegamos na frente da fila, Harry acelerou o passo e entrou no carrinho junto com Jim. Gina e eu ficamos ali paradas nos olhando.


            - Ele é meio diferente, não é? - comentou Gina.


            - Harry? É.


            Entramos juntas no carrinho e o funcionário do parque travou a barra de segurança.


            - O Draco sabe que o Harry está interessado em você? – perguntou Gina.


            - Ele não está- repliquei rapidamente.- Bem, pelo menos eu acho que não - acrescentei, percebendo tarde demais que isso tornaria Harry mais interessante para a minha amiga.


            - Você ainda está interessada no Draco?


            - Ainda estou esperando pelo primeiro beijo - disse.


            - Ah!


            Tive a sensação de que Gina estava se grudando em mim, ainda que estivéssemos sentadas em lados opostos do assento acolchoado com um espaço entre nós suficiente para uma outra pessoa. Andávamos nessa roda-gigante todo ano. Quando éramos crianças, sentávamos perto do centro com as mãos dadas.


            - Bem, você sabe Hermione, eu estou muito...


            - Feliz por mim. Eu sei - quando ela me olhou desapontada, eu acrescentei: - Amigas podem ler os pensamentos. – E então, mudei de assunto e perguntei sobre suas aulas de dança.


            Havia um rapaz na turma de Gina que ela achava bastante interessante.. Conforme girávamos o carrinho em círculos, ela me contou sobre ele. Comentou que ficava o tempo todo perto dela. Uma pena que eu não pudesse dar uns conselhos a ele; uma pena que eu não pudesse dizer a ele que saísse primeiro comigo.


            Quando descemos, Harry quis tentar o arremesso de basquete.


            - A cesta é pequena - avisei.


            - Ah, adoraria ganhar aquele urso!- falou Gina.


            Primeiro, Harry gastou três fichas tentando, então eu ganhei o urso para ela. Pensei que ele fosse ficar louco por isso, afinal, sabemos como os rapazes são machistas, mas ele apenas sorriu.


            - Aqui - disse Jim, jogando umas fichas na minha mão. - Mais três fichas. Veja se consegue ganhar um para Joelle e o bebê dela.


            Olhei para ele, emocionada pela sua atenção.


            Ganhei na segunda tentativa, e ele escolheu um animal de pelúcia: um urso panda de rosto redondo segurando carinhosamente um bebê panda.


            Depois que colocamos os bichinhos de pelúcia dentro do carro, Jim disse que queria experimentar a casa mal-assombrada. Naquele parque, ela era um dos lugares mais nojentos que eu já tinha visto. Bonecos de borracha espirrando sangue artificial, lobos sanguinários com olhos vermelhos feitos com luzes pisca-pisca de Natal e uma trilha sonora horrível. O legal é que não havia carrinhos, a gente andava pelo lugar. E, às vezes, eles colocavam algumas pessoas vestidas como fantasmas para assustar. As salas escuras - onde não havia nada, mas você sempre pensava que haveria – eram provavelmente a única parte realmente aterrorizante. Algumas pessoas sempre tinham dificuldade para achar a saída.


            Depois que passamos os lobos, o cemitério e a sala dos fantasmas que flutuavam com o vento de pequenos ventiladores, ficamos numa fila e, então, depois de atravessar uma porta, mergulhamos na escuridão. Começamos a tropeçar pelos cantos, tentando nos achar. Eu segurei uma mão bem grande, do Jim, esperava! Depois apertei a mão de Harry. Tinha certeza de que era a mão dele. Não sei como, mas tinha certeza.


            Então, alguém que estava escondido no escuro veio grunhindo e correndo em nossa direção, dispersando o grupo. Fiquei um pouco perdida, mas já tinha estado naquele lugar antes para ter idéia de onde era a saída. Ao me aproximar da porta, senti que Harry estava em pé perto de mim. E estava muito perto. Pude sentir o seu cheiro.


            - Hermione - ele sussurrou.


            - Desculpe, não... - sussurrei de volta, tentando disfarçar minha voz.


            Ele riu baixinho


            - Acho que a porta fica nessa direção - e ele pegou a minha mão.


            Talvez devêssemos ter chamado os outros, mas não chamamos. A sala seguinte era tão escura quanto a anterior. Harry e eu nos agarramos e seguimos tateando as paredes para encontrar a saída. Toquei algo macio, mas não me lembrava de ter sentido nenhuma cortina ali nas minhas visitas anteriores. Então um fantasma saltou e eu gritei. Harry agarrou a minha mão e me puxou para perto dele.


            Acho que nada anima mais uma casa mal-assombrada do que gritos de verdade. O fantasma puxou o meu cabelo e encostou seus dedos gelados na minha nuca. Na mesma hora, abafei meu berro no peito de Jack. Seus braços me envolveram. Ele me segurou tão próximo do seu corpo que pude sentir a vibração da sua respiração no meu rosto. Podia sentir os seus joelhos e suas coxas encostarem nas minhas pernas. Senti o calor que vinha de todo o seu corpo.


            E, pela primeira vez depois de vários anos, eu me lembrei do monstro quente e ofegante que eu toquei curiosamente com os dedos, naquela sala escura da casa mal-assombrada. Pude entender agora o que não consegui compreender naquela época, quando tinha apenas 7 anos: o monstro era um casal se agarrando! Eu me desvencilhei de Harry e quase cai dentro da câmara dos horrores.


            Foi um alívio entrar naquela sala mal-iluminada. Pelo menos ali não seria um problema se eu estivesse com o rosto vermelho, pois a luz vermelha do lugar fazia com que todos ficassem da mesma cor. Olhei para Harry, e me virei rapidamente para as cenas de horror: um soldado sendo esticado por uma máquina de tortura, uma mulher ao lado de uma guilhotina segurando a própria cabeça e um cara deitado em uma cama de pregos. Olhei fixamente para a cama de plástico como se estivesse fascinada por aquilo. Harry chegou por trás de mim e ficou parado bem perto. Movi meu corpo ligeiramente para o lado.


            Então, ouvi a voz de Gina.


            - Eu disse para você que sabia o caminho, Jim - Harry e eu nos viramos.


            - Oi, gente - Jim nos cumprimentou.


            - Mas você não acreditou em mim - continuou Gina. - A gente podia ter ficado lá para o resto da vida!


            Jim riu, sacudindo os ombros.


            - Gostaria de trazer as nossas crianças aqui - ele disse para mim e para Harry. - Seria muito assustador para eles.


            - Você não escutaram alguém gritando de verdade? – perguntou Gina em meio a risadinhas.


            - Fui eu - admiti.


            Ela me olhou surpresa.


            - Você? Hermione, você nunca foi de gritar!


            Senti minhas bochechas ficarem quentes.


            - Talvez só agora ela tenha sentido medo de alguma coisa - disse Harry, enquanto me observava.


            Nesse momento, como várias pessoas começaram a entrar na câmara dos horrores, andamos em direção à saída. Passamos por uma sala com teias de aranha e finalmente saímos da casa mal-assombrada.


            Nos dois passeios seguintes, me sentei perto de Jim. Mas não foram necessárias muitas manobras. De qualquer modo, Gina tinha chegado à conclusão de que Harry era intrigante. Na maioria das vezes, ela direcionava os seus comentários para ele, e Harry a escutava da maneira de sempre: sorrindo o tempo todo e soltando algumas gargalhadas. Na volta para casa, eu fiquei no banco de trás, ao lado de Jim. Quando paramos em frente da casa de Gina, falei para Harry:


            - Por que não acompanha Gina até a porta?


            Ele me deu uma olhada feroz pelo retrovisor. Só conseguia ver os seus olhos escuros.


            - Claro.


            O caminho até a porta da casa de Gina era ladeado por arbustos e um grande loureiro protegia a entrada. Só era possível enxergar uma luz que vinha da lâmpada no teto e diversas folhas da árvore. Não que eu estivesse tentando ver alguma coisa além disso!


            - Hermione? - chamou Jim, tocando o meu braço.


            - O quê? - disse, desviando o olhar dos arbustos.


            - Queria saber se você acha... bem, queria ter certeza de que Joelle vai gostar de ganhar a mamãe ursa com o bebê.


            Foi possível identificar a preocupação em sua voz.


            - Não sei a história toda - continuou Jim - e não estou pedindo que você me conte nada, mas pelo que pude perceber, ela não estava pulando de alegria por estar grávida.


            - Você tem toda razão - disse, enquanto meus olhos caminhavam na direção dos arbustos e da luz que vinha do alto.


            - Acho que deve estar sendo um momento difícil para ela e não queria torná-lo pior.


            Tive que me esforçar para olhar novamente para Jim:


            - Acho muito legal da sua parte se preocupar com Joelle, enquanto estamos aqui nos divertindo. E a verdade é que, hoje em dia, é impossível saber o que vai deixá-la feliz. Então, a única coisa que podemos fazer é algo legal assim... e desejar que as coisas melhorem para ela.


            Jim concordou com a cabeça.


            - Ela ainda gosta dele - eu disse.- As pessoas ficam malucas quando se apaixonam.


            - Acontece com todos nós - Jim retrucou com um suspiro. - Às vezes, quando menos esperamos.


            Dei uma espiada no relógio e olhei de volta para a porta. Eu já teria ido e voltado com Gina umas quatro vezes nesse tempo que ela e Harry estavam gastando. Será que ela estava usando o velho truque da chave perdida, ou era Harry que não conseguia dizer adeus? Depois de uma noite com alguns olhares rápidos e umas poucas palavras, enquanto eles ainda se conheciam melhor, a faísca podia ter se acendido durante os dois últimos brinquedos.


            Encostei os meus pés nas costas do banco da frente e comecei a mexer com a fivela do meu cinto de segurança. Fechei os olhos e tentei me lembrar do rosto de Draco. Mas toda vez que fazia isso, ele estava com os olhos fechados, usando o vestido da Bela Adormecida da Disney. Apertei mais os olhos e tentei imaginá-lo me dando um longo e carinhoso beijo de boa-noite - da mesma maneira que Harry, provavelmente, estaria beijando Gina naquele momento.


            Ainda estava de olhos fechados quando Harry abriu a porta do carro. Ele entrou e se virou para ver como eu e o Jim estávamos. Não conseguia pensar em nada para dizer; aparentemente, nem ele. E Jim estava em outro planeta. Fomos para casa em silêncio. Chegando em casa, Jim me acompanhou até a porta, olhou para a única luz que vinha de uma janela no segundo andar e, então, colocou a mamãe ursa na minha mão. Ele foi embora, esquecendo de dizer boa-noite.


            "Talvez eu tenha pego isso do Jim", pensei enquanto abria a porta. "Ou quem sabe da Joelle?  Alguma coisa estava acontecendo e eu não estava gostando nem um pouco. Era uma pequena e estranha dor no coração.


 


 


A-D-O-R-O ESSE CAPÍTULO!!!


Perfeito, não?


É quando as coisas começam a ficar realmente interessantes... rsrs. Afinal, quem nunca sentiu o que a Hermione está sentindo agora? Lindo demais!


Quer dizer, não é lindo a parte do Harry com a Gina (urgh!), mas é lindo ver que ela está começando a sentir algo diferente... Mas não vou comentar mais nada, porque o próximo capítulo também é lindo!!!


Ei, dessa vez eu att rapidinho, né? Pois é, li a reportagem no parque de diversões de HP na Disney e senti vontade de vir aqui! Mas não se acostumem com isso não! rsrs


Pessoas, boa semana para todos! Nos vemos em breve!


Milharesdebeijos ♥


Binks


 


 

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