Capítulo 2



- Então não notou mesmo que Philippe está interessado em você? disse Rassan, conversando com Danielle sobre o jantar da noite Itnterior, quase repetindo as palavras de madame Sancerre.
- Ele é simpático - ponderou ela -, mas acha que todas as jovens razoavelmente bonitas têm o dever de se curvarem a seus pés.
Danielle fez uma careta de desagrado. O padrasto riu e passou a mão nos cabelos dela.
- E como todas as moças que são muito mais do que razoavelmente bonitas, você ignora os galanteios dele, não é isso?
O padrasto estava bem-humorado e demonstrava alívio por ela não achar Philippe interessante. Mas por quê?, perguntou-se Danielle, sorrindo. Naturalmente, Hassan preferia mantê-Ia segura em casa e talvez visse no relacionamento dos dois jovens o perigo de perdê-Ia.
- Philippe não passa de uma companhia agradável - afirmou ela, olhando-o fixamente.
Aquele parecia o momento adequado para lhe falar sobre as coisas que começavam a preocupá-Ia. Mas não tinha intenção de magoá-Ia. Queria apenas deixar claro, para o padrasto e para a mãe, que já era suficientemente adulta para tomar as próprias decisões.
- O senhor não pode continuar censurando todos os meus namorados - disse com suavidade, mas procurando provocá-Ia.
Hassan olhou-a como homem e não como pai. Danielle corou ao perceber que os olhos dele lhe percorriam o corpo todo até se deterem nos olhos verdes e faiscantes.
- Sim, você já é uma mulher adulta - concordou, com voz , séria. - Danielle, sabe que me preocupo muito com a sua felicidade, não? - Ela fez que sim com a cabeça. - Então não existem motivos para discutirmos, certo?
- Certo. . . - respondeu, surpresa com o final repentino da conversa. No fundo, sentia que, com aquele silêncio súbito e aquela brevidade, de alguma forma ele a tinha manobrado.


Ele precisa compreender e aceitar que não vou viver aqui em casa para o resto da minha vida, Danielle disse a si mesma naquela tarde, enquanto se arrumava para sair com duas amigas da escola,. Uma, delas ia ser modelo e a outra era dançarina e tinha acabado de assinar contrato para um espetáculo no West End. Danielle invejava-Ihes a liberdade, embora tivesse certeza de que não se adaptaria àquele tipo de relacionamento inconseqüente e superficial que as colegas mantinham com alguns homens. Eles entravam e saíam da vida delas sem deixar qualquer marca. . .
Gostava dos homens como amigos, mas não conseguia se imaginar envolvida num caso amoroso sério e regular, pois, para surpresa dela, a idéia de um contato mais íntimo não a entusiasmava. Seria uma mulher frígida? Não, essa era uma palavra forte demais para uma natureza tão feminina! Simplesmente, pensou, ainda não tinha descoberto o sexo, o que precisava encarar com muito bom humor.
Sorrindo e achando engraçadas aquelas considerações, vestiu jeans, deixando as roupas mais caras de lado. Era uma garota romântica, refletiu, afinal o sexo feito por simples prazer não significava nada para eIa. Qualquer aproximação mais íntima deveria ser fundamentada no amor.
Suas duas amigas eram bastante divertidas. Embora pertencessem a famílias relativamente abastadas, freqüentavam feiras e bazares em busca de roupas baratas e usadas, e mostravam predileção por modelos da década de vinte ou trinta. Como Danielle, também vestiam jeans e camisetas surradas. Quando se encontraram, estavam alegres e dispostas, falando muito sobre os planos para o futuro. Ao descreverem o apartamento em que moravam e o modo de vida que levavam, Danielle sentiu uma pontinha de inveja.
- E você, Danielle - perguntou Corinne, a dançarina -, quais são seus planos?
- Estou pensando em abrir um restaurante. . .
- Um restaurante?! - exclamou a moça, erguendo as sobbrancelhas - Puxa! Você é um bocado ambiciosa, hein? Sempre tive a Impressão de que pensava só em casamento! Bem que estranhava o fato de você não namorar, principalmente por causa da posição social da sua família.
- O que tem uma coisa a ver com a outra?
- Refiro-me ao seu padrasto, Dan. Não me diga que ele ainda não pensou em casar você com alguém escolhido por ele mesmo? Quero dizer, no Oriente Médio casamento arranjado ainda é uma realidade, principalmente nas classes mais altas. Sabe, há alguns meses uma colega minha namorou um desses homens. Ficou com ele um bocado de tempo. Ela me disse que eles são fogo, e que é preciso ler muita. estrutura para aceitar ficar ao lado deles como se fosse um objeto. . . sempre à disposição. . .
Danielle sorriu meio sem graça, julgando a observação de Corinne de mau gosto.
- Ele encheu Vanessa de jóias e roupas, mas quando chegou a hora do casamento caiu fora. Parece que tinha uma bela noivinha esperando por ele... Nossa, Vanessa ficou louca de raiva e disse isso pra ele. Pensa que adiantou? Ele morreu de rir! Falou que havia pago por ela, coisas do gênero. . .
- Pelo menos ela foi recompensada à altura - observou Linda, com cinismo. - Já ouvi falar de casos como este, muitos deles com muçulmanos. Aprenderam que o dinheiro compra tudo e na hora de concluir negócio nunca saem perdendo. Mas é claro... uma garota esperta pode se dar muito bem. . . jóias, viagens, roupas. . .
Danielle sentiu-se mal com a conversa.
- Bem, preciso ir andando - disse, repentinamente, passando as mãos nos cabelos.
Ela mesma não, sabia o que a tinha deixado tão ofendida; se o fa to de a garota entregar o corpo em troca de jóias, ou o homem que havia pago por ela. Mas concluiu que o homem parecia o respon!lável pelo sentimento repulsivo que a invadia naquele momento, porque simplesmente tinha usado a mulher para satisfazer-se, sem se importar, com os sentimentos que deveriam sustentar um relacionamento.
- Ainda tem mais - Corinne continuou. - Na verdade, Vanessa não se importou muito com tudo isso, pois segundo ela o tal de Jourdan era realmente uma gracinha. Valeu a pena! Não estou dizendo que ela não o levava a sério. Na realidade, a vontade dela era casar com ele. . .
Jourdan! Danielle estremeceu ao ouvir o nome. Talvez fosse tolice pensar que se tratava da mesma pessoa de quem Philippe havia falado. Mas parecia pouco provável ,que existissem dois árabes ricos com o nome idêntico.
- Está se sentindo bem, Danielle? Você está tão pálida! Corinne reparou.
- Estou bem, Corinne - mentiu, pegando a sacola e levantando do banco do parque -, mas preciso mesmo ir embora. Prometi que chegaria cedo em casa para jantar.
Não era verdade. Porém, de repente sentiu necessidade de saber mais sobre a família do padrasto. Ele ou a mãe precisariam falar, com ela sobre o assunto.
A caminho de casa, espantava-se por nunca antes haver sentido, curiosidade a respeito da falta de contato entre as famílias. Talvez fosse assim, pensou, por ter estado tanto tempo fora, estudando, envolvida pelo estreito mundo escolar e pelos problemas de ordem, pessoal.


Enquanto tomavam café, após o jantar, Danielle tocou no assunto.
- Danielle! - exclamou a mãe, surpresa com a intromissão da filha em algo tão particular.
- Deixe, Helen - interveio Hassan, com um sorriso. - Ela tem todo o direito de perguntar. Aliás, nunca entendi por que não quis saber antes.
- Talvez por imaturidade ou por estar preocupada exclusivamente com a minha vida - admitiu Danielle, com sinceridade.
- E quem despertou seu interesse? - Hassan olhava fixo para ela, sondando-a. - Teria sido Philippe Sancerre?
- Em termos - disse Danielle. Sabia das ligações profissionais entre o padrasto e a família de Philippe e não desejava causar problemas para o rapaz. - Em parte, porque, vivendo mais aqui em casa, percebi o quanto vocês estavam desligados dos outros.
- Bom - começou Helen -, acho que posso lhe explicar a razão principal desse afastamento. A família Ahmed não aprovou nosso casamento. De certa forma estavam certos. . . afinal, não me conheciam! Sabe, Danny, Hassan precisou abrir mão de muitas coisas para ficar conosco.
Danny!, exclamou Danielle consigo mesma. A mãe a havia chamado pelo apelido carinhoso de quando ainda era criança! Sorriu, os olhos úmidos de lágrimas, como os da mãe.
- Minha família foi teimosa e cegamente preconceituosa - comentou Hassan, e virou-se para a esposa. - Você, querida, por favor, nunca duvide de que desfrutei com prazer de cada segundo da minha vida a seu lado. - Ele abraçou Danielle carinhosamente. - A felicidade que vocês duas me dão é inestimável, como a chuva que fecunda um deserto.
- E agora poderemos ser ainda mais felizes - comentou Helen, lurridente, e voltou-se para Danielle. - A família de Hassan quer a reconciliação.
- Inclusive Jourdan? - DanielÍe não pôde evitar o tom amargo.
Hassan retirou o braço dos ombros dela e lançou um olhar carregado de cumplicidade para Helen, que fez com que Danielle sentisse um medo nunca antes experimentado.
- O que sabe a respeito de Jourdan? - perguntou ele, com tranquilidade.
- Sei apenas que se opôs ao seu casamento com mamãe, que considera as mulheres meros objetos de satisfação sexual e que, quando se cansa delas, abandona-as sem a menor consideração.
- Jourdan é um homem criado no deserto - explicou Hassan, sem procurar contradizê-Ia. - É um homem decidido, um pouco duro, talvez até mesmo insensível em algumas ocasiões, mas possui qualidades inegáveis. Nenhum homem pode viver como um gavião cruel pelo resto da vida. Há de chegar o momento em que irá precisar da delicadeza de uma mulher sincera, quando o coração mais árido e duro reclamará pela calma e pela paz de um oásis. No caso de Jourdan, este outro lado de seu caráter ainda não veio à tona. Danielle. . . não vou lhe perguntar como soube dessas coisas sobre meu sobrinho, pois já encontrei a resposta. Não é de bom tom que algumas pessoas, cientes de sua fraqueza e incapacidade, procurem caluniar outras mais dignas, sem estas sequer estarem presentes!
- Philippe não é desse tipo - protestou, chocada com o cinismo do padrasto.
- Não? Por acaso você sabe que o pai dele me pediu sua mão em casamento em nome do filho?
A expressão de espanto de DanieIle revelou que ignorava toda a situação.
- Danielle. .. não culpe Philippe. Aquele rapaz é sofisticado, mantém um padrão de vida bastante elevado. Você é filha de um homem extremamente rico, é bonita, muito bonita! Philippe ama a beleza e o luxo, isso é natural. Depois, eu e o pai dele temos negócios. . . não acha normal que a mentalidade prática de um francês se volte para um casamento conveniente?
- Pensei que ele gostasse de mim. . . - murmurou, em tom de queixa. - Não sabia que. . .
- Mas você não gosta dele? Não houve nada entre vocês dois? - perguntou a mãe.
- Felizmente não - respondeu. - Oh, mamãe, a senhora tirou a sorte grande! Amada por dois homens... E eu? Se todos que aparecerem forem como Philippe e Jourdan, será impossível acreditar na existência de um amor verdadeiro.
- Jourdan? Por que menciona Jourdan? - perguntou o padrasto.
Ela mesma se mostrou surpresa. No fundo não queria ser tão independente quanto imaginou a princípio. Desejava apenas encontrar alguém que na realidade a amasse. E essa visão romântica do amor provavelmente ligava-se à evidente adoração que o padrasto dedicava à sua mãe. Hassan era um caso único entre os árabes, e, naquele momento, cresceu em importância ao ser comparado com os homens em geral.
Danielle tentou ordenar rapidamente os pensamentos, apressada pelo padrasto, que a fitava aguardando resposta. Estimulada pelo olhar provocativo dele, ergueu a cabeça com certo orgulho.
- Não é verdade que no seu país as mulheres são obrigadas a casar contra a própria vontade? E o que você me diz dessas infelizes que entregam seu destino nas mãos de um marido desconhecido? Pois Jourdan aprova tudo isso!
- Mas então você condena um homem pelo simples fato de um outro, bastante invejoso, deturpar seu caráter? - perguntou Hassan, com brandura. - Danielle, você me surpreende.
- Não foi apenas Philippe que. . . me contou sobre Jourdan.
O olhar atônito do padrasto fez com que ela se sentisse embaraçada e culpada por continuar com a argumentação.
- Por acaso, sem saberem que eu o conhecia, umas amigas falaram sobre ele. . . - ela explicou. - Ele se envolveu com uma moça em, Paris.
- Uma putain - Hassan exclamou, num gesto brusco. - Uma mulher que vende o corpo em troca de. . .
- Isso não importa! - protestou, imediatamente. - Tratava-se de uma pessoa, um ser humano com sentimentos! Se os homens não a pagassem por esse tipo de coisa, elas não estariam por aí se perdendo!
- Um homem tem necessidades - explicou Hassan, discordando. - Quando não pode satisfazer-se de outra maneira, é natural que as procure. Nem sempre é possível conciliar envolvimento emocional e apelos físicos! Então, nesse caso, que resta a fazer? Ora, Danielle, eu a julgava bem mais compreensiva. Mas condenar um homem porque procura saciar um apetite natural!. . .
Danielle baixou a cabeça, os olhos úmidos de lágrimas.
E.mbora se amassem, ela e o padrasto não tinham os mesmos pontos de vista. Havia uma grande distância entre os dois, quando se tratava de avaliar o sexo masculino.
E se lhe perguntasse sobre as necessidades da mulher? Sobre os movimentos femininos? Poderiam ser saciados da mesma maneira? Claro que não! Sem dúvida o padrasto ficaria chocado e deprimido: Mais uma vez os padrões morais, diferentes para o homem e para a mulher, eram o ponto central da discussão! Entretanto o sexo feminino não dependia apenas dos desejos do homem. O problema era mais complexo, pois as próprias emoções da mulher encarregavam-se de prende-Ia. Se o homem conseguia satisfazer suas necessidades sem nenhum elo afetivo, a mulher, ao contrário, raramente se entregava sem emoção. Que injustiça!, desejou dizer. Mas calou-se. Limitou-se a reunir todos as forças para pensar com sensatez.
- Naturalmente ninguém é infalível! Um homem pode fraquejar e ser perdoado. Mas esse não é o caso de seu sobrinho! Longe de apenas saciar a sede, ele parece sentir prazer em continuar errando. Siceramente, sinto pena da mulher que se casar com ele. Ou das mulheres que serão suas esposas. . .
- Não, você está errada, Danielle. - Os olhos dele expressavam dor e admiração pelas considerações contundentes da filha,- Jourdan tem direito a uma única esposa - explicou Hassan. - Imagino que Filippe tenha lhe contado a história do nascimento de meu sobrinho. Porém não deve ter mencionado a promessa que fiz à mãe dele, antes de pegar a criança aos meus cuidados. Prometi a ela que Jourdan receberia uma educação católica. Ela morreu poucos dias depois do parto mesmo assim decidi cumprir o prometido. Portanto, Danielle, apesar da posição que ele ocupa em Qu'Har, meu sobrinho é tão católico quanto você.
Daniele conteve o choro, envolvida por uma estranha sensação de irrealidade, por um pressentimento inexplicável que a invadia e era intensificado pela expressão do rosto da mãe, cujos olhos não saíam de cima dela.
- Como minha filha adotiva - acrescentou Hassan -, um dia você também se tornará extremamente rica. Nunca falamos disso antes por falta de oportunidade. Como sabe, além de eu ser dono de grande riqueza, controlo também a propriedade da família, que só pode passar de pai para filho, de irmão para irmão e de tio para sobrinho... As mulheres não têm direito à herança. Quando eu morrer, minha, fortuna pessoal será dividida entre você e sua mãe, mas minha posição na companhia de petróleo será disputada entre meus irmãos, já que não possuo filhos legítimos. A luta pelo poder em Qu'Har oscila sutilmente entre eles, ambos bastante invejosos e dominados pela ambição. Se éu morrer sem deixar-lhes minha parte na companhia, com certeza explodirá uma guerra civil no nosso pequeno país, e em seguida tudo o que papai e eu mesmo construímos fatalmente será destruído.
Ele fez uma breve pausa e continuou:
- Além de tudo isso, sou extremamente preocupado com a sua segurança. Repito, Danielle: com a minhá morte, você se tornará riquíssima. Tudo o que eu e sua mãe temos tentado fazer é protegê-la contra inescrupulosos e interesseiros. Procure entender.
Danielle sentiu-se vencida. Então ele acreditava que ela nâo tinha condições de cuidar de si mesma?
- Sendo assim, papai, peço-lhe que nâo me deixe nada. ., Prefiro vencer por meus próprios esforços...
Diante dessas palavras, Hassan procurou abrandar a voz e medindo a extensão do que dizia. De repente, descobriu que estava na frente de uma garota bela e frágil, de olhos verdes como pedras preciosas, e muito decidida!
- Danielle, você é uma mulher bastante sensata. Sei que conhece os perigos de uma riqueza excessiva e que nunca abusará desse privilégio. Mas não se preocupe. Já tomei as devidas providências para a preservação da minha parte na companhia. E já tratei de assegurar a herança que um dia passará às suas mãos...
Hassan olhou para Helen significativamente, deixando claro que havia entre eles um acordo misterioso. Um frio percorreu o corpo de Danielle, que sentiu medo ao ver-se deixada de lado naquela questão.
- Como assim? - perguntou finalmente.
Hassan aproximou-se, tomou-lhe as mãos e fitou-a com carinho.
- Minha frágil avezinha, não precisa ter medo... Jourdan sabe o tesouro que guardo comigo. Uma pérola que não tem preço, e que ele também preservará com todo amor... Quando você se tornar sua esposa, tudo isso...


E a voz de Hassan foi desaparecendo como por encanto. Danielle havia gravado apenas as últimas palavras: "Quando você se tornar sua esposa..." Então era ela a infeliz mulher prometida para Jourdan? Por deus, exclamou para si mesma. Agora entendia tudo!
Danielle!
A voz da mãe, macia e ansiosa, fê-la despertar e voltar à realidade.
- Estou bem, mamãe. Só que não vou casar com Jourdan. Prefiro passar fome a ter de viver com esse homem!
Quanndo acabou 'de falar, percebeu o quanto havia sido infantil. Custou a crer naquela decisão absurda que seus pais tinham tomado. Era preciso que entendessem de uma vez por todas que. ela era madura o suficiente para escolher os rumos de sua vida.
- Mamãe, sei que a senhora é capaz de me entender. - Ela insistiu.
- Claro, querida - respondeu a mãe, olhando o marido de relance. - Mas Hassan pensa apenas no seu bem-estar. Danny, querida, eu e seu pai tentamos protegê-la...
- Oh, mamãe! - exclamou Danielle, suspirando. - Não pode mas me manter em casa como se fosse uma bonequinha frágil. Além disso, depois de ter ouvido as aventuras de Jourdan com as mulheres, nosso casamento seria um desastre!
- Danielle - alertou Rassan, com calma -, Philippe Sancerre lhe falou dele com muita malícia. .. Claro, não posso responder pelo passado de meu sobrinho, mas sei que, como todos os homens, ele encara o casamento com seriedade, e tenho certeza de que depois de casados...
- Não me interessa o quanto é sério o casamento para Jourdan - interrompeu-o. - Mesmo que falássemos de um outro homem, não mudaria meu ponto de vista. Não estou discutindo a personalidade dele. O que questiono é o próprio princípio do casamento arranjado, sejam quais forem as razões. Oh, entendo que deseja meu bem-estar, mns esse casamento me repugna. Não posso concordar com isso!
- Querida, compreendo como se sente agora - disse Helen.- Hassan, procure entendê-la. Danielle não é muçulmana. Dificilmente poderia aceitar um papel passivo e ceder a um marido dominador.
- Não estou pedindo isso a ela - Hassan se defendeu, obsevando o corpo encolhido e tenso de Danielle.
- Então concorda que não poderá haver casamento? - perguntou Danielle.
- Se é essa sua vontade... Mas, confesso que estou decepcionado. Tenho certeza de que o casamento daria certo. Naturalmente, terei de contar sua decisão a Jourdan...
- Em breve ele encontrará outra mulher que o queira - completou Danielle, lembrando da amiga de Corinne.
- Ele também ficará desapontado quando souber que foi recusado... mas talvez a culpa seja minha.Esqueci que você não é minha filha, de fato, embora a considere como tal. Ou, cOmO diz sua mãe,uma filha oriental...
Hassan parecia abatido
- Sei que fez tudo para assegurar meu futuro - Danielle falou, com pena dele. - E lhe agradeço por isso. Todavia, um dia encontrarei um homem que eu possa respeitar, com quem partilharei minha vida, e não alguém que me deseje apenas para gerar filhos. Além disso, não me sinto preparada para o casamento...
- Talvez não. . . por enquanto. Mas já que não quer casar com, Jourdan, pelo menos poderia visitar minha família... em meu nome como sabe, em breve terei de ir aos EUA a negócios. Sua mãe ir comigo. Eu me sentiria feliz, Danielle, se aceitasse aproveitar essa semanas de férias para mostrar. à minha família a filha adorável bonita que é...
- Quer que eu vá a Qu'Rar? Oh, mas isso é impossível!... - Ela falou e logo se interrompeu. Ia dizer que não podia ficar sozinha com pessoas estranhas, que tinham condenado o casamento entre Hassan e sua mãe. Além disso, não Se sentiria bem ao lado do homem que tinha acabado de recusar como marido! Mas achou melhor deixa essa discussão para depois.


Mais tarde, enquanto Danielle se preparava para dormir Helen a procurou.
- Filha - ela começou, sentando na beirada da cama e observando-a com olhos meigos -, queria pedir-lhe que fosse a Qu'Rar.
É muito importante para Rassan, mais do que você possa imaginar! Naturalmente compreende a tristeza que ele sente por não ter filhos Principalmente considerando a posição que ocupa. Tê-la como filha deixa-o felicíssimo. Não lhe negue o prazer de apresentá-la para o membros da sua família...
- Uma família que nos rejeitou, mesmo quando ele trabalhava para lhes dar dinheiro... Não, mamãe, não posso fazer isso. Nã seria honesta se fingisse que...
- Nem por seu pai? - interrompeu Relen. - Jourdan perderá prestígio na família com a recusa do casamento, mas o mesmo acontecerá com Hassan...
Danielle parou para meditar naquelas palavras, sentando-se ao lado da mãe e olhando fixamente para o chão. Compreendia a importância dnquela viagem, no entanto não desejava se comprometer.
- Entendo como papai se sente... Mas... A senhora sempre soube que eu seria incapaz de aceitar um casamento desses, não é mesmo?
- Sim, minha filha. Porém Hassan tinha certeza de estar agindo da maneira mais correta. Estava convencido de que assim garantiria seu futuro. Penso que só sua reação explosiva acabou mostrando a Impossibilidade dos planos dele. - Interrompeu-se, encarou Danielle . perguntou: - Agora que está segura de seus sentimentos, que tudo já foi esclarecido, não poderia aceitar esse pequeno convite?

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.