Apresentando Ginny




Draco sabia que seria difícil convencer Dominique. Neville já tinha prometido ajudá-lo, conversando com Lizbeth antes. No fim, os dois acabaram chamando Lizbeth para uma conversa na sala de convenções, logo após o jantar.


- Então, o que era que vocês queriam falar comigo? – a morena perguntou, curiosa.


- Bem, Dominique me disse ontem que perdeu a memória anos atrás. – começou Draco. – Então... Neville e eu achamos que sabemos quem ela é na verdade.


Lizbeth não respondeu. Ficou olhando para os dois com as sobrancelhas erguidas, como se tentáculos tivessem surgido nas cabeças dos dois bruxos.


- Vocês estão falando sério?


- Sim. Nós achamos que ela é bruxa e que seu nome é Virginia Weasley. Ginny, para os mais íntimos. Você é a melhor amiga dela, não é?


- Sou.


- Como foi que a conheceu?


A morena suspirou. Faziam nove anos que conhecia Dominique, e durante todo aquele tempo, nunca tinha acontecido algo do tipo.


- Bem, eu a conheci na França, onde morei por um tempo. Eu morava num bairro afastado de Paris, e foi um tanto estranho a maneira que nos encontramos. Dominique bateu na minha porta numa noite. Ela estava toda suja e machucada, e desmaiou logo que eu abri a porta. Cuidei dela durante uma semana, e depois ela me contou que não se lembrava de nada. Levei-a nos melhores hospitais de Paris, mas ninguém pôde ajudá-la. Então acabei recorrendo a minha irmã, que é bruxa.


- Sua irmã é bruxa? – perguntou Neville, surpreso.


- Sim. Ela cursou Beauxbatons, era por isso que eu estava morando em Paris. Minha família é toda de trouxas, mas ela nasceu bruxa. Minha irmã levou Dominique em médicos bruxos, mas eles também não puderam ajudá-la. Não podiam fazer nada. Foi um ano de tentativas, até que Dominique me pediu para desistir, pois não tinha mais fôlego para tantas consultas e pesquisas. Ela continuou morando comigo, e acabou virando um tipo de veterinária. Ela não é formada, mas se dá muito bem com animais.


Lizbeth parou de falar, e Draco aproveitou a oportunidade para perguntar a única coisa que realmente precisava saber.


- Ela disse que coisas estranhas acontecem quando ela fica nervosa. Você já viu algo do tipo?


- Já. Ela já quebrou vidros, estourou hidrantes, essas coisas.


Neville e Draco se entreolharam.


- Definitivamente uma bruxa. – os dois disseram ao mesmo tempo.


**


- Bom, já sabemos que ela é uma bruxa. Agora precisamos convencê-la de que ela é realmente Ginny Weasley. – disse Neville, horas mais tarde, já em seu barracão com Draco.


- Vai ser difícil, não vai?


- Provavelmente. E depois de convencê-la, teremos que ensinar magia a ela. Teremos que ensiná-la como ser uma Weasley.


Draco se jogou na cama.


- Vai valer a pena. Duzentos mil galeões, duzentos mil galeões... – ele repetiu para si mesmo, numa forma de encorajamento.


Neville riu, e já ia se deitar também, quando ouviu alguém esmurrar a porta.


- Mas o que diabos... – ele ficou de pé, alarmado.


Draco também se levantou, enquanto o moreno foi abrir a porta. Neville ficou um tanto surpreso quando deu de cara com Dominique, que bufava de raiva.


- Que história é essa de fazer um interrogatório sobre mim para a minha amiga? Se quiserem saber alguma coisa, venham perguntar a mim! – ela já chegou gritando, e Draco se deitou de novo, afundando a cabeça no travesseiro.


- Você não podia ter esperado até amanhã pra vir gritar com a gente?


- Não!


Dominique se sentou sobre os pés de Draco, fazendo-o se levantar e puxar a perna.


- E como assim, vocês sabem que eu sou?


Draco e Neville se entreolharam.


- Escute, Dominique... – o moreno começou, mas foi interrompido por Malfoy.


- Deixa que eu falo, Nev.


O loiro contou toda a história de Ginny Weasley, ou pelo menos, tudo o que ele sabia.


- Então, essa garota, Ginny, que vocês acham que sou eu, foi seqüestrada durante a guerra contra Voldemort, e depois desapareceu? Assim, do nada?


- È. Mais ou menos isso.


- E por que vocês acham que eu sou ela?


- Bem, você perdeu a memória na mesma época em que ela desapareceu. É ruiva, e todos os Weasley são ruivos. E também é muito parecida com ela fisicamente. E é bruxa! Nós dois conhecíamos Ginny, e estamos afirmando que você é Ginny Weasley.


Dominique ficou em silêncio por um tempo.


- Mas como eu vou ter certeza? Não me lembro de nada!


- Bem... – Draco tentou pensar em uma desculpa convincente, mas foi Neville que veio com a solução.


- Confie em nós. Eu era muito amigo dela. E além do mais, uma vez que você voltar a ver sua família e seus amigos, é muito provável que você comece a se lembrar aos poucos de tudo.


- Eu preciso pensar. Amanhã falo com vocês.


**


No dia seguinte, logo pela manhã, quando Lizbeth acordou, ela deu de cara com Dominique sentada na cama, parecendo muito pensativa.


- Há quanto tempo você está acordada? – ela perguntou num bocejo.


- Eu não dormi.


- Não? Por que?


Dominique falou sobre a conversa que tivera com Draco e Neville, e pediu a opinião da amiga.


- Sabe o que eu acho? Acho que você devia dar uma chance aos dois. Quero dizer, eles não iriam inventar uma mentira dessas por nada, eles só podem estar falando a verdade! E você pode reencontrar sua família, não é o que você sempre quis?


- Claro que sim! Lizbeth... Eu o conheço.


- Quem?


- O loiro. Neville me disse que era amigo da Ginny, mas eu acho que conheço Draco, o rosto dele é familiar. Já Neville eu nunca vi.


- Está vendo? Você é Ginny Weasley! Você até acha que conhece um deles! Vamos lá falar com eles.


**


Combinaram de se encontrar num lugar afastado do zoológico, onde não seriam perturbados por ninguém.


- Eu acredito em vocês. – começou Dominique. – Mas, vocês podem me ajudar a encontrar os Weasleys?


- Nós vamos levá-la até eles. – disse Neville.


- E onde eles estão?


- Na Inglaterra.


- E como faremos pra ir até lá? Eu e Lizbeth não temos muito dinheiro.


- Bem, Draco e eu temos menos ainda, mas nós daremos um jeito. Mas antes disso... nós temos que ensiná-la a ser uma bruxa.


- E a ser uma Weasley. – completou Draco.


Dominique e Lizbeth se entreolharam.


- E como vocês pretendem fazer isso? – perguntou a morena.


- Primeiro, nós só falamos do desaparecimento de Ginny. Agora vamos falar da vida dela. É melhor nós nos sentarmos, isso vai levar um tempo.


**


- Bem, começamos falando de sua família. Você é a caçula de sete irmãos. Seus pais se chamam Arthur e Molly.


Draco achou melhor Neville contar. Ele não sabia tanto assim da vida da garota, mas poderia completar com alguma coisa, caso ele soubesse.


- Seus irmãos são todos homens. William é o mais velho, vocês o chamam de Bill. Depois vem Charles, ou Charlie. Percival, cujo apelido é Percy, Fred e George, os gêmeos, e Ronald, ou Ron.


- Família grande! E nós somos ricos?


- Agora são. – disse Draco, com um pouco de amargura.


- Como assim?


- Os Weasleys sempre foram muito pobres. – Neville achou melhor ele mesmo explicar, pois Draco não era muito fã dos ruivos. – Família grande, e só seu pai trabalhava. Mas com o fim da guerra, seu pai foi nomeado Ministro da Magia na Inglaterra. Seus irmãos gêmeos têm uma loja de logros, Ron é um auror famoso, Bill é presidente do banco Gringotes no Egito e Charlie lidera um grupo de estudos sobre dragões. São todos muito bem sucedidos, então os Weasleys enriqueceram.


- E o outro irmão, o Percy?


Draco e Neville não responderam de imediato.


- Percy... morreu na guerra.


- Oh. – ela fez uma pausa. – Continue, por favor. Por que Ron é famoso?


- Ele ajudou a derrotar Lorde Voldemort, ao lado Harry Potter.


- Harry Potter?


- Sim, ele é um herói no mundo dos Bruxos. Ele derrotou o maior bruxo negro há dez anos, e só tinha dezessete anos. Seu irmão Ron e sua cunhada Hermione são os melhores amigos dele, e ajudaram muito.


- Então eu conheço Harry Potter?


Draco soltou uma gargalhada, e a ruiva olhou para ele com as sobrancelhas erguidas.


- O que foi?


- Você era a namorada dele! Ele está te esperando até hoje.


Dominique se segurou para não rir de surpresa. Estava achando tudo aquilo muito bizarro. Ela era de uma família importante e ainda por cima namorava um herói! Achava difícil de acreditar, mas também estava curiosa para saber mais.


- Fale mais sobre essa guerra. – ela pediu.


- O que você quer saber?


- Qual foi a minha participação? Antes do seqüestro, eu digo.


- Bem... você foi a isca.


- Isca?


- Os Lestrange te seqüestraram para atrair Potter. Mas você não ficou presa por muito tempo, quando seu namorado chegou, você já não estava mais na casa dos Lestrange, a batalha final aconteceu lá. Depois Lorde Voldemort foi derrotado, os Lestrange foram mortos e você sumiu, ninguém te achou. – contou Draco.


- Será que eu fugi?


- Pouco provável. Aquela casa era cheia de feitiços. Alguém deve ter te tirado de lá. – disse Neville.


Draco ficou um pouco inquieto, mas ninguém percebeu.


- Mas na hora que mataram os Lestranges... não perguntaram aonde ela estava? – perguntou Lizbeth.


Neville hesitou, e Draco respondeu por ele.


- A pessoa que matou o casal estava... um pouco cega de raiva na hora. Mas acho que você devia saber mais sobre sua vida antes da guerra. – ele disse, virando-se novamente para Dominique.


O moreno retomou a conversa.


- Você sempre gostou de Harry, mas só começou a namorá-lo no começo do seu sexto ano, e sétimo dele. Tinha vários amigos na Grifinória, sua casa em Hogwarts, mas dava-se melhor com Hermione.


- A mulher do meu irmão Ronald.


- Sim.


Neville desatou em um resumo sobre os anos de Ginny em Hogwarts, e Draco achou tudo muito entediante. Ele não prestou atenção, mas percebeu que Lizbeth o observava. Ele não a encarou.


**

Lizbeth não era idiota. Naquele mesmo dia, mais tarde, ela pensou em tudo o que os dois tinham dito, e não haviam dúvidas. Eles estavam escondendo alguma coisa, e ela tinha certeza que era sobre a guerra. Os dois tinham tido alguma participação, e obviamente não gostavam de falar sobre isso. Mas eles não esconderiam dela, Lizbeth achava que Dominique tinha o direito de saber de tudo. Resolveu perguntar no jantar, já que tinham combinado de se encontrar novamente.


Ela colocou uma roupa mais arrumada, mesmo sabendo que eles não iriam a lugar nenhum diferente do refeitório. Mas ela queria estar apresentável, pelo menos.Pegou-se pensando, não pela primeira vez, em Neville. Ela sinceramente esperava que ele não tivesse nenhum envolvimento negro com a guerra. Por algum motivo, via Neville com um anjo de candura, e não queria de jeito nenhum ter que não gostar dele.


Dominique chegou e fez troça com o jeito que ela estava se vestindo, mas Lizbeth não ligou. As duas saíram em direção ao refeitório, cada uma com um pensamento diferente na cabeça.


Draco e Neville não demoraram a chegar, e mal haviam se sentado quando Lizbeth despejou a pergunta:


- Muito bem, o que vocês estão escondendo?


Dominique ficou tão surpresa quanto os dois, e os três olharam para Lizbeth um pouco assustados.


- Eu sei – ela continuou – que vocês estão escondendo alguma coisa sobre a guerra, sobre a participação de vocês nela. Muito bem, eu exijo saber. Neville, você primeiro. Quero saber tudo.


Continua...



N/A: Lisa Hase, obrigada pelo comentário!

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