Pequeno Acidente



Capítulo 1- Pequeno Acidente

   Hermione Granger nunca foi o tipo desastrada. Ao menos ela nunca achou que fosse. Quer dizer, até aquele dia. Ela trabalhava como uma Inonimável no Ministério da Magia. Atualmente, o seu maior desafio era tentar construir um vira-tempo.
   Pode até parecer fácil. É só pegar uma areinha, jogar um feitiço nela, fabricar uma ampulheta legal, jogar a areia lá dentro, fazer outro feitiço e FIM! Você tem um lindo vira-tempo em suas mãos, prontíssimo para ser utilizado.
Vai nessa.
   Se fosse tão simples assim, Hermione não teria passado quase dois anos só para conseguir fazer aquela areia e o vidro especial. Ela nem se lembrava da última vez que trabalhara com outra coisa. Logo depois de ter conseguido aquele trabalho, ela fora encarregada dessa tarefa tão agradável. Agora só faltava o último e mais importante passo: colocar a areia dentro do vidro.
   Sentada na única mesa de uma sala pequena e escura, também conhecida como seu escritório, Hermione Jane Granger segurava, com muito cuidado, uma ampulheta de vidro levemente fosco que não era maior que a unha de seu dedão. Com a mão livre ela segurou uma espécie de pinça, olhando ansiosamente para uma enorme terrina cheia de uma areia bem diferente do tipo que se vê nas praias. Ia começar a pegar um pouco da areia quando...
   - MIONE! – Berrou Luna entrando, ou melhor, correndo para dentro da sala, como se não visse a mulher lá dentro há anos. A morena pulou na cadeira ao ouvir o berro, praticamente derrubando o pote cheio de areia. E olhou chateada para a amiga.
   - Luna! Qual é o seu problema?! Eu estou quase acabando um trabalho que dura anos! Quase que tudo vai por água abaixo em segundos!
   - Desculpe. Eu só queria verificar se você queria ir tomar um chá comigo... Isso é areia de vira-tempo?
   Hermione assentiu, enquanto pensava em como aquela lunática fora aceita no grupo dos Inonimáveis. Sinceramente, há coisas sem explicação.
   - Luna. Sabe há quanto tempo eu espero por esse dia? Não existem vira-tempos desde o meu quinto ano, quando destruímos tudo! E isso foi a... Séculos atrás.
   - Que exagero. Você tem só 21 aninhos. É bem jovem.
   - Olha – a morena falou impaciente – Deixa-me acabar isso, ok? Depois a gente conversa. – E voltou os olhos para a pinça que segurava. Já ia tentar pegar um pouco de areia com ela quando foi interrompida. Novamente.
   - Posso ficar para ver? Nunca vi nenhum vira-tempo ser feito! – Hermione olhou irritada para a mulher que continuava em pé.
   - Sente-se. E não atrapalhe.
   As mãos de Hermione tremiam. Por algum motivo, estava muito mais difícil de se concentrar do que antes. Ela pegou um pouco de areia com a pinça, tentando não deixar que nem a pinça nem a ampulheta escapassem de sua mão. Fechou um olho para olhar melhor o minúsculo buraco pelo qual a areia deveria passar e ficou satisfeita em ver que a areia entrou no recipiente. Estava com o braço dentro da terrina para pegar mais um pouco de areia quando a voz da amiga encheu a sala.
   - Você sabe que tanta areia não vai caber dentro desse vidrinho, não sabe?
   - Luna – Ela falou, tentando conter a irritação. E a vontade de expulsar a loira de sua sala agora mesmo. – Eu sei. Agora, por favor, fique quieta.
O braço de Hermione tremia por mais que ela tentasse parar. Se ela esbarrasse no pote e ele caísse, anos de trabalho estariam perdidos, juntos com o seu emprego. Pressão. A pinça caiu no chão. Luna estava respirando alto demais. Isso a irritou. Pensou se seria possível pedir para a amiga parar de respirar tão alto. Olhou para baixo procurando a pinça.
   Afinal, porque meus objetos de trabalho têm que ser tão miseravelmente miúdos?
   Localizou a pinça. Estava debaixo da mesa. Muito longe para se pegar com o pé. A mulher xingou a pobre pinça baixinho e ajoelhou para pegá-la, tateando no escuro. Pegou a pinça. Levantou-se. Bateu a cabeça fortemente no tampo da mesa. A voz de Luna veio de cima:

   - Hããã... Hermione? Você disse que passou quanto tempo trabalhando nisso?
   - Quase dois anos, Luna, por quê? – Hermione massageava o couro cabeludo de olhos fechados, enquanto se levantava lentamente do chão.
   - Porque você acabou de derramar toda a areia no chão com essa pancada.
Hermione abriu os olhos, ignorando a dor de cabeça e rezando para ser mentira.
   Não era.
   Eu odeio muito esse trabalho
   - Ok. – Ela estava com vontade de chorar. Dois anos destruídos em dois segundos. – Não encoste na areia. Vá para perto da porta, que eu vou fazer um feitiço para recolher isso tudo. – Cara, sua cabeça doía demais.
   Então Hermione Jane Granger deu um passo para frente para pegar sua varinha. Tropeçou no pé de sua própria cadeira e caiu de cara no chão, bem em cima de sua preciosa areia. E sentiu-se afundar dentro dela.

******

   - Mamãe, mamãe! Eu achei uma mulher! – Era a voz de uma criança super excitada com sua descoberta. Hermione Granger sentou-se no chão, com o cocuruto latejando e rezando para ter só imaginado uma criança histérica dentro de sua preciosa sala de trabalho.
   - Fique longe dela, querido. – A mãe puxou o filho pelo braço para longe. Hermione abriu os olhos. Fez uma careta ao ver a criança. Era um garotinho de cinco anos, no máximo, fazendo bagunça na caixinha de areia do parque.
   ‘Pelo menos não é na minha sala.’ pensou a mulher, até que ela se tocou no que havia pensado. ‘Onde diabos eu estou?’
   Hermione se levantou e olhou em volta. Ela conhecia o local. Era bem perto do Grimmauld Place. Ela poderia ir até lá, falar com o Harry (que morava temporariamente ali, só até arranjar uma casa decente para se mudar com Gina) e descobrir quanto tempo passar dormindo, e o que diabos estava fazendo naquela rua. Quando Luna chegou em seu escritório devia ser umas 19:00, a hora que acabava o expediente deles, Inonimáveis. Agora ela podia jurar que devia ser umas 10:00 da manhã ou coisa assim.
   A morena foi andando até avistar a casa que se abria entre os números 11 e 13 da rua. Tocou a campainha e esperou. Começou a imaginar se o Harry já não estaria trabalhando a essa hora. Ou se ela não teria acordado Gina. Mas parou de pensar quando a porta se abriu.
   Porque o cara que abriu a porta deveria estar morto.

*****

   Eu estou tendo uma alucinação. E das brabas.
   Hermione podia ser desastrada. Podia até ser meio maluca às vezes. Mas ela tinha noção das coisas. Mesmo que fossem vagas.

“Ok, se este é quem eu estou pensando que é, só tem quatro motivos para isso estar acontecendo:
a) Eu voltei no tempo.
b) Ele saiu do Véu.
c) Eu estou vendo coisas.
d) O Harry fez plástica.


   - Quem é você? – Falou o homem, arqueando as sobrancelhas de modo charmoso. Hermione notou que ele tinha a voz de Sirius Black. Tinha a cara de Sirius Black. Tinha o corpo de Sirius Black. Muito provavelmente, ele era Sirius Black.
   - Posso entrar? – Ela perguntou com seu sorriso mais bonito. – Não seria apropriado falar sobre isso no meio da rua.
   Ele a deixou entrar, meio a contragosto. A levou até a cozinha, que estava vazia. Os dois se sentaram.
   - Em que ano nós estamos? – Sirius olhou como se ela fosse doida. Certamente, ela parecia doida.
   - 1995, claro. Quem é você?

   “1995. Ah, merda! Eu sabia que deveria ter virado medibruxa! Sabia que com esse trabalho no Ministério só ia me meter em enrascada...”

   - Olha... Pode parecer meio impossível o que vou dizer... Mas eu sou Hermione Granger.
   - Hermione Granger? Uma garota de quinze anos?
   - Bem... É. – Ela sentiu que era analisada de cima abaixo.
   - Tem certeza que você bate bem da cabeça?
Hermione teve certeza que se sentia ofendida no momento.
   - É claro que eu tenho certeza! Eu meio que tive um desastre com um vira-tempo. Acontece.
   - É claro. Desastres com vira-tempos são noticiados todo dia. – Sirius falou cinicamente e a mulher corou. – Explique direito quem é você, sim?
   Rapidamente, Hermione pensou no que ela ganharia mentindo, e os riscos de alterar o passado.
   “Bem... A minha simples presença aqui já altera tudo, então contar a verdade não faz muita diferença... certo? Quer dizer, não se eu não revelar nada sobre o futuro dele ou da Ordem.”
   Ela resumiu o acontecido o máximo possível. De quebra, ainda forneceu algumas informações que somente Hermione Granger podia saber, muitas delas relacionadas ao terceiro ano dela no colégio. Com um suspiro, ele demonstrou que acreditava nela.
   - Só digo que você está ferrada.
“Grande novidade”

******

   Sirius Black abriu a porta do quarto e a deixou passar.
   - Este é o antigo quarto de Bellatrix quando ela nos visitava. Está empoeirado, mas se você for realmente a Granger, isso não será problema. – Ele deu um sorriso zombeteiro. Distraidamente, Hermione lembro de já ter visto o mesmo sorriso estampado algumas vezes naquele rosto.
   Hermione se sentou na cama, que soltou uma nuvem de pó que quase a cegou. Depois ela pôde observar o tamanho do quarto, a porta que dava para o banheiro anexo e a linda cara de Sirius Black.
   “A linda cara de Sirius Black? No que diabos eu estou pensando? Que patético.”
   Ele sorriu. Um sorriso lindo. Um sorriso... sádico?
   - Só um aviso: você deve chegar aqui amanhã.
   -Você tem que estar brincando! – mas, pelo tom de voz dele, ela sabia que ele não estava. - Eu não posso ME encontrar! Iria contra todas as regras de viagem no tempo! Eu posso acabar me matando ou pior – ela deu uma pausa e tremeu, como se visualizando a situação - me decepcionando terrivelmente comigo mesma!
   - Você precisa rever seriamente suas prioridades. – murmurou o Black antes de fechar a porta.

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N/A: oiii =) Esta é a primeira vez que eu brinco com este shipper (que conheci a pouco tempo, por falar nisto) e vou tentar fazer com que esta fic não vire um drama, que nem as outras que eu tentei escrever. Então se alguém tiver uma crítica, sugestão, qualquer coisa, me avise.

Aliás, por enquanto a fic está sem beta...

Agradecimentos para: Beta Dumbledore Malfoy, Luxúяiα Blαck [
], Tata, Diana Black, Sophi Potter, JuH FeLtoN e Marie Bovary (vc mudou de Nick=O). Obrigada gente, seus comentários são muuuito importantes =)

B.Black


X.Capítulo Editado 12/11/09

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Comentários (1)

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