Saudade



A segunda-feira chegou calma. Laura caminhava na direção do Grande Salão pra tomar seu café. Quando chegou em sua mesa, estancou. Lá estava ele, sentado entre McGonagall e Igor Karkaroff. “Mas o que esse homem ainda está fazendo aqui?” Do outro lado da mesa, estava Louise, que lhe sorria ternamente. Sentou-se sob o olhar meticuloso do diretor de Durmstrang, a indiferença de seu professor de poções e olhinhos azuis por debaixo de oclinhos de meia-lua, que pareciam saber o que se passava em seu coração. Comeu em silêncio. Não falou com ninguém, até que o correio chegou. Uma coruja negra deixou cair um envelope de frente para a menina. Ela olhou desconfiada para o animal, que agora comia um biscoitinho de seu prato.
-Eu conheço você... Mas de onde?- Pegou a carta e viu o selo.- Não pode ser!-Sussurrou. Era coruja de Isabella. Abriu o envelope quase rasgando seu conteúdo. Ao ler, seu coração disparou e teve uma súbita vontade de chorar.

“Laura,
‘Me escreva quando o vento tiver derrubado as folhas das árvores e os outros forem ao cinema, mas você quer ficar sozinha, com pouca vontade de falar, então me escreva.
Vai servir pra que você se sinta menos frágil quando encontrar apenas indiferença nas pessoas. Você nunca se esquecerá de mim. E se não tiver nada de particular pra dizer, não se preocupe, que saberei entender. Já vai me bastar saber que você pensa em mim por um
minuto porque eu sei me contentar com uma simples saudação, é o suficiente pra que eu me sinta mais próxima.
Me escreva quando o céu parecer mais limpo, os dias se arrastarem e você não quiser esperar a noite. Se tiver vontade de cantar, me escreva e até mesmo se você achar que está apaixonada, e se não souber como dizer, se não encontrar as palavras, não se preocupe, que saberei entender.
Pra mim basta saber que você pensa em mim pelo menos por um minuto porque eu sei me contentar com uma simples saudação pra me sentir mais perto.
Me escreva ainda que seja pra quando achar que está apaixonada.
Me perdoa...’
Eu sei que é um pouco tarde pra isso, afinal quem sou eu pra ter esperanças de um perdão seu depois de 5 anos? Eu sinto muita falta de você, bambina. Sei que fui cega e que você estava certa. Queria poder voltar no tempo e reparar meu erro. Queria que você nunca tivesse ido embora. Eu preciso muito de você, meu anjo. Sei que fui egoísta, mas quero um dia poder apagar a lembrança das lágrimas que você derramou por mim. De toda dor que te causei... Lembre-se que estou aqui. Sempre! E ainda que não me perdoe, você é e sempre será minha filha do coração.
Amo você...
Isabella”

Vic olhou espantada para a amiga. Laura não soube o que fazer, simplesmente pegou a carta e saiu correndo para seu quarto. Sabia que teria problemas, mas não conseguiria assistir as aulas... Não do jeito que estava. Foi até a mesinha ao lado de sua cama e pegou uma foto onde estavam uma menina de uns 9 anos e uma mulher de aproximadamente 27 anos. A mulher tinhas cabelos pretos indo até o meio das costas. Era linda. Sorriam abraçadas, uma a outra. Com a foto nas mãos, Laura correu para a torre do piano. Entrou e ficou na sacada durante alguns minutos. Chorava baixinho, observando o sol sair de trás da montanha. Lembrando-se da última vez que a havia visto. Ainda não podia acreditar que aquele homem patético a fizera perder sua maior e melhor amiga. Laura disse a Isabella que seu noivo, Alfredo a traia. Mas a mulher não acreditou. Laura continuou insistindo até que um dia, o viu com a assistente de Isa. A primeira coisa que pensou foi avisar a amiga. Correu para a sorveteria em que a mulher a esperava. Contou tudo. Mas ainda assim, ela não deu ouvidos à pequena menina. Com isso, Laura literalmente gritou, e tudo o que recebeu foi um olhar indignado. Isabella a pegou pelo braço e saiu arrastando-a do lugar. A garota chorava. Depois disso, só a viu uma vez. Enquanto ia embora, a figura de sua “mãe” ia ficando longe. As lágrimas caiam pelo rosto da criança, e um homem saiu de dentro da casa, puxou a mulher para fora das vistas da menina. Essa foi a última vez que a vira... Agora Laura sentia o peito apertado, doendo de saudade do abraço cheio de ternura que sempre ganhava... Apertou forte a fotografia contra o peito, como se pudesse trazer de volta aquele sorriso que a confortava nas noites de tempestade... Era mais que uma amiga, era uma mãe... Deixou mais lágrimas caírem e sussurrou:
-Mama...- Sentiu uma mão em seu ombro e ao se virar, sentiu como se a felicidade voltasse a seu coração. Isabella havia mudado, estava mais mulher do que nunca.
Deveria ter 32 anos... Os cabelos, antes compridos, agora batiam nos ombros. O sorriso continuava lindo, mas os olhos... Tinham um brilho nunca visto por Laura antes, era dor, tristeza... Arrependimento, talvez... Mas resolveu não pensar em mais nada. Atirou-se nos braços da jovem mulher, que a recebeu de bom grado. Era tão bom sentir-se protegida novamente. Aquela insegurança foi embora completamente. Sentia que tinha 7 anos de novo. Soltaram-se do abraço e olharam-se nos olhos:
-Mãe!!!-Laura exclamou ao ver o sorriso da mulher a sua frente.
-Dio! Come stai bella!- A menina sorriu encabulada.
-Porque?-A dor tomou conta das feições da menina...
-Por que eu fui burra e não quis enxergar a verdade... Não quis te ouvir... Me perdoa...-Lágrimas escorreram dos olhos de Isabella.-Senti saudade.
-“Saudade é quando a alma chora, o espírito esvai-se e o coração encontra-se dilacerado. Saudade é a ausência de quem se ama...”-Laura recitou de olhos fechados.
-“Uma dor que não conseguimos ver e a indivisível nostalgia das boas recordações...”-A mulher completou. Laura sorriu e se jogou no colo de Isabella novamente... E agora, sabia que nada nessa vida poderia tira-la de sua mãe novamente... Nada!!! Porque a verdadeira amizade, não se destrói. Mas, se constrói... E com todos esses anos afastadas, aprenderam que não importa o que, mas sempre haverá algo que fará com percebam que não estão sós...
Depois de tempos e tempos conversando, Laura contou tudo a Isabella. Sobre Snape, Karkaroff, seu pai... Isabella disse que o melhor que tinha a fazer era esquecer, porque Snape não deveria estar nem aí para isso:
-Lau... Você tem que se mostrar superior. Você é muito maior que tudo isso! E sabe que estou dizendo a verdade. Você está sofrendo por uma coisa que daqui a alguns anos, vai dar risada.
-Sabe que ele me disse a mesma coisa?- Disse com os olhos marejados.
-Viu só? Ele gosta de você, mas como amigo.
-Mas eu nunca disse que o queria pra mim...
-Algumas coisas não precisam ser ditas...
-Pelo contrário. Sempre o respeitei, só quero a sua amizade.
-Eu sei, meu bem...
-Ele era meu melhor amigo...- As lágrimas escorreram, mas não duraram muito, logo a mão da mulher as limpava.
-Lau, me escuta. Eu sei que é difícil pra você. Pra ele também deve estar sendo, dá um desconto pra ele...
-Mas eu não o estou culpando de nada. Eu sei que a culpa foi minha, que não devia ter dito nada pro meu pai. Eu fui burra, Isa!!! Burra!!!-Agora chorava copiosamente.
-Meu anjo, não fique assim... Não acha que já esgotou seu estoque de lágrimas nas férias???-Com isso, fez a menina dar um sorriso e assentir com a cabeça.- Então... Hora de coisas boas... Sem choro, sem tristeza, sem más lembranças... Combinado?- Deu-lhe um lindo sorriso e levantou o dedo mindinho em sinal de acordo...
-Combinado!-Sorriu também e fez o mesmo. Os dedos se cruzaram. A mulher levantou-se e foi ao piano e chamou-a.
-Quero te ouvir cantar de novo. Vamos?- A menina sentou-se junto a ela, e a mais velha começou a tocar e cantar, logo depois, acompanhada por Laura:

"Ce n'est jamais qu'une histoire (Esta é uma historia)
Comme celle de milliers de gens (Como a de milhares de pessoas)
Mais voila c'est mon histoire (Mas veja, essa é minha historia)
Et bien sûr c'est différent (E é claro que é diferente)
On essaie, on croit pouvoir (Tenta-se, acredita-se que é capaz)
Oublier avec le temps (De esquecer com o tempo)
On n'oublie jamais rien, on vit avec (Nada é esquecido, se vive com isso)
Forse non sei stato mai (Talvez não tivesse sido nunca)
Il presente che vorrei (O presente que eu queria)
E sbagliavo a fare tuoi (E errava ao fazer seu)
Quei progetti solo miei (Aquele projeto só meu)
Ma ho imparato a dire no (Mas aprendi a dizer não)
All'illusione che ci sei (À ilusão que voce é)
Per vivere il ricordo che ho di noi (Para viver nossa recordação)
On a plusieurs vies (Você pode ter muitas vidas)
Mais une seul grande histoire de coeur (Mas só uma grande história do coração)
Quand l'amour s'enfuit,(Quando o amor te abandona)
Il n'y a jamais de vainqueur (Nunca há um vencedor)
Si on pouvait tout refaire (Se alguém pode consertar)
Balayer nos erreurs (Varrer nossos erros)
On n'oublie jamais rien, on vit avec (Nada é esquecido, se vive com isso)
Per ogni viaggio che farò (Por cada viagem que eu farei)
Per ogni abbraccio che darai (Por cada abraço que você dará)
So che mi proteggerò (Eu sei que me protegerei)
Non dimenticherò mai (Nunca vou esquecer)
Ho capito che si può (Eu entendi que se pode)
Dire voglio e non vorrei (Dizer quero e não queria)
Per vivere il ricordo che ho di noi (Para viver nossa recordação)
Je n'avais plus la patience (Não tinha mais paciência)
D'espérer juste un sourire (Para esperar por um sorriso)
Notre avenir se brisait (Nosso futuro se rompeu)
Sur l'autel des souvenirs (Sobre o altar das lembranças)
J'attendais une autre chance,(Eu esperei por uma outra chance)
Je ne l'ai pas vue venir (Mas eu nunca a vi chegar)
On n'oublie jamais rien, on vit avec (Nada é esquecido, se vive com isso)
On a plusieurs vies (Você pode ter muitas vidas)
Mais une seul grande histoire de coeur (Mas só uma grande história do coração)
Quand l'amour s'enfuit,(Quando o amor te abandona)
Il n'y a jamais de vainqueur (Nunca há um vencedor)
Si on pouvait tout refaire (Se alguém pode consertar)
Balayer nos erreurs (Varrer nossos erros)
On n'oublie jamais rien, on vit avec (Nada é esquecido, se vive com isso)
Quand tu lui disais : "je t'aime” (Quando você disse “eu te amo”)
Tu entendais pour la vie (Entenda pela vida)
On n'oublie jamais rien (Nunca se esqueça de nada)
So che mi proteggerò (Sei que eu me protegerei)
Non dimenticherò mai (Nunca vou esquecer)
On n'oublie jamais rien (Nunca se esqueça de nada)
C'est toujours le même problème (É o mesmo grande problema)
On croit ce qu'on a envie (Um acreditar que sabe o que o outro quer)
On n'oublie jamais rien, on vit avec (Nunca se esqueça de nada)
On a plusieurs vies (Você pode ter muitas vidas)
Mais une seul grande histoire de coeur (Mas só uma grande história do coração)
Quand l'amour s'enfuit,(Quando o amor te abandona)
Il n'y a jamais de vainqueur (Nunca há um vencedor)
Si on pouvait tout refaire (Se alguém pode consertar)
Balayer nos erreurs (Varrer nossos erros)
On n'oublie jamais rien, on vit avec (Nada é esquecido, se vive com isso)
On a plusieurs vies (Você pode ter muitas vidas)
Mais une seul grande histoire de coeur (Mas só uma grande história do coração)
Quand l'amour s'enfuit,(Quando o amor te abandona)
Il n'y a jamais de vainqueur (Nunca há um vencedor)
Si on pouvait tout refaire (Se alguém pode consertar)
Balayer nos erreurs (Varrer nossos erros)
On n'oublie jamais rien, on vit avec (Nada é esquecido, se vive com isso)
Per vivere il ricordo che ho di noi (Para viver nossa recordação)
On n'oublie jamais rien, on vit avec (Nada é esquecido, se vive com isso)"

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