Capítulo VIII



— Está pedindo que eu me case com você? — indagou Hermione, atônita.
— Pedindo, não: exigindo. Casar-nos-emos antes que os jornais comecem a fazer alarde sobre o romance de Harry Potter com a filha do mordomo. Estando casados, as pessoas perderão o interesse.
— Mas...
— Assunto encerrado. Você deve isso a seu filho e a mim!
Hermione tentou recuar, porém Harry não permitiu.
— E não vamos fingir que partilharmos da mesma cama será um sacrifício. Enquanto você aproveita a sorte de se transformar numa mulher rica, eu me consolarei em tê-la... Creio que o acordo soa como se tivesse caído no céu.
Harry a empurrou contra uma das pilastras da entrada da cabana e pressionou-lhe o corpo com o seu. Hermione estremeceu as pernas fracas. Ter o calor de Harry junto dela lhe provocava sensações indescritíveis.
— Harry... — sussurrou, quase implorando.
Com os olhos faiscando, ele afastou-lhe o casaco e deslizou as mãos pelas coxas trêmulas. Hermione estremeceu e jogou a cabeça para trás. Quando Harry passou a beijar-lhe o pescoço, algo semelhante a uma corrente elétrica percorreu-lhe a espinha, fazendo com que seu estômago se contraísse. Hermione suspirou fundo e ergueu a mão, acariciando-lhe o rosto.
Como se tivessem vida própria, os dedos dele puxaram-na para mais perto, e Harry mergulhou a face em seus cabelos, ansioso por perder-se naquele perfume embriagador. E, depois disso, não conseguiu mais se conter. Tinha de sentir o gosto dos lábios dela.
Uniram-se num beijo longo e quente, e as carícias prosseguiam cada vez mais ardentes.
De repente. Harry a fitou.
— Nossa! Estamos bem diante da casa. Podem nos ver daqui!
Hermione sentiu-se envergonhada, lutando para recuperar o controle do corpo trêmulo.
— Não consigo afastar as mãos de você, Mione — queixou-se Harry, entre os dentes. — Mas desisto. Não começarei a fazer algo que não poderei terminar. Alan me pediu para escolher uma árvore de Natal. Quer vir comigo? Sabe que vovô aprecia esse tipo de coisa. Como futura senhora da propriedade, providenciar a árvore de Natal será um entre muitos de seus deveres.
— Ainda não disse que me casarei com você.
— Não consigo imaginar uma só razão para recusar.
“Você não me ama.” Mas Harry era seu herói da adolescência, seu único amor e pai de seu filho. Ele tinha sido a maior de suas fraquezas desde os treze anos.
— Está bem, me casarei com você, Harry.
— Claro. Dei isso como certo quando você recostou-se ao pilar e se ofereceu a mim em plena luz do dia.
Com o rosto vermelho, Hermione ergueu os olhos para fitá-lo e viu o divertimento em seus olhos. Nada do que Harry tivesse feito ou dito nos últimos minutos chegara perto de suas expectativas.
Puseram-se a percorrer a pequena ponte sobre o lago.
— Verei se consigo uma licença especial para nos casarmos logo, Mione.
— Ah, é?
— Estou pensando em marcar para a véspera do Natal. Uma pequena cerimônia, só para a família. Você precisa de um anel de noivado e de aliança, para não mencionar um novo guarda-roupa. Temos de providenciar também os presentes para Theo. Sei que enfrentaremos muito frio, mas estou pensando em voarmos para Londres amanhã, para fazermos compras.
— Como queira... — De repente, Hermione sentiu-se muito fraca.
Ao chegarem a casa, John os esperava no saguão com Emily ao lado, que estava muito pálida e com olhar evasivo.
— Posso ter uma palavrinha com o senhor? — solicitou John Granger.
Lembrando-se de que Emily estivera à procura de Harry, Hermione se agitou. Harry pousou a mão em suas costas impeliu-a em direção ao estúdio.
A porta nem bem se fechara, e Emily já começava a falar — Ouça senhor, preciso confessar. Não foi Mione que furtou aquelas coisas. Fui eu, e deixei-a levar a culpa. O Sr. Evans a surpreendeu quando ela colocava de volta no lugar uma das miniaturas que eu havia levado.
Hermione notou atônita, a impenetrável expressão do pai. Em seguida olhou para Harry, hirto, parado no meio da sala.
— O Sr. Evans há muito tempo foi colocado a par da situação — informou John Granger.
Hermione entendia agora por que Alan a recebera de volta de bom grado.
— Então, vovô sabia? — indagou Harry, lívido.
— Minha esposa não me confessou isso até ir para hospital. Ela...
— Hospital? Mas o que houve com Emily?
— Foi poucos meses após você ter nos deixado, Mione — interveio Emily. — Tive um colapso nervoso.
— Por que não fui informado a respeito, Granger? - exigiu Harry.
— Quando contei ao Sr. Evans o que Emily havia feito ele já tinha vendido a propriedade para o senhor. O Sr. Evans pediu-me que não comentasse o assunto com ninguém, pois temia que nos despedisse senhor, o que seria bem merecido. Neste instante, estamos pedindo demissão.
— Vou me casar com sua filha, John. Receio que vocês ficarão unidos a esta família para sempre.
— Pretende casar-se com Mione, senhor?!
— É verdade, papai. Vamos nos casar.
— Que notícia maravilhosa! Meus parabéns! — John sorriu. Então, hesitou um tanto desconfortável com a nova situação. — Com licença, senhor. Vou levar Emily de volta a nossos aposentos. Esta revelação não foi fácil para ela. Está muito arrependida do que fez.
Um silêncio pesado aflorou após o casal ter ido embora. Hermione olhou de modo apreensivo para Harry, que parecia estar bastante ultrajado.
— Eu pretendia lhe contar quando estivéssemos casados.
— Preciso lhe agradecer por mais esse voto de confiança. Por que você não me colocou a par de tudo antes?
— Para começar, eu não sabia que Emily havia contado a papai. — Hermione soltou um pequeno gemido quando sua cabeça começou a latejar. — E não seria eu quem contaria, e muito menos a você. Afinal, não queria que você os processasse e os atirasse na rua.
— Então, para evitar isso, permitiu que eu a chamasse de ladra sem protestar... — Harry a fitou por alguns instantes com uma expressão intraduzível.
Hermione hesitou antes de explicar por que Emily cometera os furtos. A madrasta de Hermione se envolvera em grandes dívidas e, com vergonha de contar para o marido, e consciente de que ele não teria como saldá-las, entrou em desespero e foi levada a roubar. Vendeu o que roubou a um inescrupuloso comerciante local. Por puro acaso, Hermione encontrou uma das miniaturas escondida na casa do pai, e correra para recolocar no lugar. Após ter obrigado Emily a confessar a verdade, ela mesma assumiu as dívidas da madrasta e liquidou-as usando as próprias economias.
— O salário de seu pai estava congelado havia anos, Mione. Eu não estava a par da situação, e John nunca se queixou. Tomei conhecimento disso quando pedi para verificar as contas da casa. Imagino que isso explique o fato de sua madrasta ter se endividado.
Hermione ficou aliviada. Harry entendera. Aquela história sempre a atormentara. Nunca esperou que Emily algum dia fosse assumir a própria culpa, mas, além disso, temia que Harry não acreditasse nela se resolvesse falar.
— Como eu poderia adivinhar Mione? Afinal, você confessou a Alan. Fiquei consternado quando vi o estado deplorável do aposento de seu pai. Alan não ia lá fazia anos, e jamais lhe ocorreu verificar. Entendi seu ressentimento, e por essa razão aceitei o fato de você ter roubado.
A cabeça de Hermione doía cada vez mais.
— Lamento, mas não pude me arriscar a contar-lhe a verdade, Harry.
— Mas agora sei de tudo, não é? Ou será que ainda falta alguma coisa? — ele estudava o rosto de Hermione.
— Não estou me sentindo bem, Harry — murmurou, quando a tontura a fez cambalear.
— Porque não cuida da própria saúde. — Harry passou os braços em torno dela e aninhou sua cabeça em seu peito. — Você já não estava bem na noite passada. E o que fez? Não almoçou, foi lá para fora, e ficou perambulando no frio.
Hermione sentia-se exausta demais para protestar. O dia fora tenso, e agora, que grande parte da sua apreensão desaparecera, mal conseguia manter os olhos abertos.

Na manhã seguinte, Hermione tomou o desjejum na cama, sentindo-se um pouco melhor após uma longa noite de sono. Agora, via o mundo todo cor-de-rosa. Estava para se casar com Harry, o homem que sempre amou.
Logo que se vestiu, desceu e levou Theo para conhecer a “casa” do avô John.
— Você terá uma surpresa — disse seu pai ao recebê-la.
O dormitório úmido e escuro de outrora se transformara em uma residência calorosa, aconchegante e muito confortável.
— Foi o Sr. Potter quem providenciou a reforma e a decoração — explicou John Granger. — Também dobrou meu salário, e tem sido bastante generoso conosco.
— Você gosta de Harry, não é, papai? O que sente a respeito de meu casamento com ele?
— Quero que os dois sejam felizes, é isso o que importa... Mas precisarei de algum tempo para me acostumar com a idéia.

Após a visita ao pai, Hermione tornou a subir para pegar um agasalho para Theo.
De volta ao hall, encontrou Harry a sua espera. Alto, moreno e espetacular, concluiu ao vê-lo. Ele sorriu e estendeu-lhe um casaco, sem nada dizer. Depois de vesti-lo, Hermione olhou-se no espelho da parede. Era de desenho elegante, longo e preto.
— De quem o emprestou, Harry?
— De ninguém. Comprei-o para você.
Hermione se pôs a acariciar o tecido macio.
— É de tirar o fôlego, o sonho de qualquer mulher.
— Mudou sua maneira de pensar quanto a receber um presente de grego?
— Depende do que você desejar em troca — brincou, enquanto saíam de casa e encaminhavam-se para o carro lá fora.
— Quero você. Esta noite...
Hermione sentiu o rosto arder e lançou-lhe um olhar que dizia tudo o que lhe ia à cabeça.
— Minha fortuna em troca de seu corpo — Harry a fez lembrar, sem nenhum remorso. — Reconheço que é uma barganha, sem um profundo significado, Mione, mas não estou me queixando. Que homem em seu juízo perfeito se queixaria? E afinal, você nem sequer está apaixonada por mim.

-----> Pronto, capítulo oito postado. Não precisam mais dizer que eu sou cruel. =D Esse capítulo responde a questão pela qual a Mione tava sendo acusada, pobrezinha. Sim foi a Emily, teve gente que acertou lá nos primordios da fic \o/ suahsuhausa... Próximo capítulo na quinta ou na sexta depende das minhas aulas. <-----

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