Retornando...



NA CABANA

Inexplicavelmente a chuva cessa. O sol brilha no horizonte. Os presentes olham pra Harry e Gina que estão bem mais calmos. Gina aos poucos vai abrindo os olhos e olhando tudo ao redor, ela reconhece os filhos que estão a seu lado. Os olhos de Camy estão cheios de lágrimas e Andy... Bem, Andy apenas olha pra ela.

Gina abraça as crianças e todos olham pra Harry sem saber o que falar. Maioke quebra o silêncio – Você fez a sua parte. Agora é esperar...

XXXXX

Harry olha ao redor e vê que Gina se foi. Por um minuto ele se desespera. Sem a ruiva a seu lado ele se sente como se fosse ficar sozinho pra sempre. Harry nota que as vozes estão voltando, ele sente toda a culpa do mundo cair de novo sobre seus ombros. Não! Ele fala para si mesmo. Não posso fraquejar. Não posso me deixar levar novamente

Vocês não existem! - O menino que sobreviveu grita com toda a sua força. Ele agora quer mais do que nunca sair do seu pesadelo particular. Agora ele sabe que só depende dele. Gina foi até seu inferno particular, para dar-lhe a força que ele precisava. Mas ela não pode fazer mais do que isso. Sair é uma batalha, mais uma batalha, exclusiva de Harry Potter.

Mas agora ele sabe... Harry sabe exatamente o que quer, Harry sabe que nem ele nem ninguém pode impedir que Gina e seus filhos tenham a parcela de dor e sofrimento que lhes cabe. O que Harry Potter pode fazer é estar sempre ao lado deles, nos momentos felizes e nos momentos tristes. Sim... É isso que ele pode fazer. É isso que ele quer fazer. É por isso que ele está lutando para sair de seu mundo dos sonhos. A questão agora é: como fazer isso?

Harry caminha de um lado para outro ignorando solenemente todas as vozes. Ele já sabe que são coisas da sua cabeça. Ele se concentra em buscar uma forma de sair de seu pesadelo. Então ele ouve uma voz, uma voz conhecida...

XXXXX

Na cabana

Gina olha Harry adormecido. Ela sabe que fez a sua parte, mas mesmo assim seu coração doi. E se ele não conseguir? Esse é o pensamento que ela tenta, em vão, evitar.

Maioke olha para ela como se estivesse lendo seus pensamentos - Não fique pensando nisso. A luta vai ser grande, mas ele vai conseguir. (olha para Harry) agora ele sabe... Ele sabe qual é o seu verdadeiro lugar

XXXXX

Harry pisca os olhos e se coloca em alerta. Ele sabe muito bem de quem é essa voz, ele sabe quanto estrago esta voz já lhe causou e ele sabe, sim, agora ele sabe, que essa voz já não pode mais lhe causar nenhum dano.

Voldemort! - Harry grita desafiadoramente

Tom Riddle! (Ele grita novamente) Apareça!

Nos encontramos novamente Harry...

Harry ouve a voz sinistra e se vira lentamente - Pela última vez espero...

Harry e Voldemort se encaram novamente. Agora Harry sabe que ele não está morto, pelo menos não para ele. Voldemort nunca estará morto a não ser que Harry mate seus maiores temores. Agora Harry sabe que foi enfeitiçado e que apenas quando se libertar totalmente do feitiço Lorde Voldemort estará definitivamente morto para ele

Um não pode viver - Harry ouve a voz entoar

Enquanto o outro sobreviver - O menino que sobreviveu completa

Sim... Agora Harry entende completamente esta profecia. Ele entende o que há nas entrelinhas. Ele não pode viver enquanto Voldemort estiver vivo. Enquanto o medo que Harry tem de perder os que ama sobreviver, Voldemort não estará completamente derrotado. Ele encara novamente o seu desafeto, desta vez com um sorriso. Harry sabe que Voldemort não pode mais lhe fazer nenhum mal, Harry sabe que a única pessoa capaz de lhe causar algum dano neste momento é ele mesmo

Mas lorde Voldemort também está sorrindo, ele sabe. Sim... Ele sabe mais do que ninguém que não será tão fácil assim para Harry Potter se livrar de toda a culpa, de todo o medo que carregou durante anos. - Mais uma vez somos só nós dois...

Sim... (Harry fala) Apenas nós dois. Mas com uma diferença gritante. EU estou vivo! VOCÊ está morto. Não pode mais causar nenhum mal

Não posso? (Voldemort fala ironicamente) Você tem certeza que eu não posso? Quem conseguiu manter você sete anos longe da sua família? Quem conseguiu fazer você se afastar de todos novamente?

Voldemort vê triunfante que Harry vascila por um momento. É só o que ele precisa pra ficar mais forte. Harry ouve a voz de sua mãe suplicando para que ele fosse poupado, ouve a voz de seu pai pedindo que sua mãe fugisse e o salvasse, ouve a sua própria voz dizendo a Cedrico que eles deveriam pegar juntos a taça, ele vê o olhar de Sirius pela última vez antes dele cair no véu, ele ouve Dumbledore implorando a Snape... E as vozes ficam cada vez mais fortes

Eu não disse Potter? (Voldemort fala exultante) Mesmo perdendo eu venci! Eu sempre venço!

XXXXX

Novamente na cabana

Gina vê Harry cada vez mais agitado. Sua respiração está ofegante e ele balbucia palavras sem nexo. Ela não sabe o que está acontecendo, mas ela sabe que as coisas não estão bem. Gina sente isso com todo seu coração

Andy e Camy como se também sentissem que algo está errado, vão para o lado da mãe e seguram a sua mão. Gina olha para o irmão e a cunhada e vê que o semblante de Rony e Hermione também está apreensivo

Eu tenho que voltar - Ela fala num impulso

Gina pega o pergaminho onde estava as palavras que a levaram para o sonho de Harry e vê estupefata que agora não há nada lá. Ela olha para Hermione sem entender, mas desta vez a morena também não tem a resposta

O que está acontecendo? (a ruiva fala a um passo do desespero) Eu preciso voltar!

É Maioke quem responde - Você não vai voltar... Agora é com ele

Mas ele... - Gina tenta argumentar

Não! (Maioke fala categoricamente, ele segura Gina pelos ombros) Você deve acreditar, você deve ter confiança nele. Só assim ele vai conseguir. Vocês são a familia dele e eu tenho certeza que este pensamento está com ele, dando a força que ele precisa.

A ruiva esboça um sorriso de agradecimento e olha novamente para seu amado. Ela segura na mão dele e a afaga carinhosamente. Não pode evitar uma lágrima furtiva. Uma lágrima que cai precisamente nos lábios de Harry...

XXXXX

Harry encontra-se de joelhos, ele segura a cabeça com ambas as mãos tentando fazer mais uma vez as vozes se calarem. Ele sabe que tem de fazer alguma coisa, ele sabe que precisa sair daquele lugar, mas no momento a única coisa que tem em mente é acabar com as vozes. Nem que para isso ele tenha que acabar com sua própria vida. Sim. É isso! Ele pensa. Se eu acabar comigo as vozes se calarão de uma vez... Ele tateia com as mãos a procura de sua varinha. Um feitiço asfixiante deve revolver... Ou talvez eu deva conjurar uma poção letal

Ele sente seus dedos apertarem a sua varinha no mesmo instante em que sente um gosto estranho na sua boca, um gosto salgado, um gosto de lágrima. Ele sabe que não está chorando, ele sabe que aquela lágrima não pode ser dele. Como por um milagre as vozes perdem um pouco a força. A imagem de sua ruiva, seus filhos e de tudo que o espera lá fora vêm com força total.

Era exatamente o que ele precisava... Um motivo para continuar vivendo. Um motivo para continuar lutando

Voldemort! - Harry grita com toda a sua força

Estou aqui Potter (a resposta se faz ouvir) Pronto para lutar?

Não! (Harry fala com convicção. Ele vê que essa não era a resposta que Voldemort esperava)

Lorde Voldemort olha para Harry, ele pode sentir a fúria em seu olhar e isso lhe dá mais forças ainda. Harry continua - Eu não vou lutar Tom Riddle

Eu sou lorde Voldemort - Voldemort grita com a voz enrouquecida

Mas Harry está mais calmo do que nunca - Como eu ia dizendo Tom Riddle, eu não vou lutar. Sabe por que? Porque eu não tenho que lutar. Eu não preciso mais disso

Voldemort olha para ele como se não acreditasse. Harry não deixa de perceber e continua - Você é apenas uma lembrança ruim na minha memória. Seu feitiço já foi quebrado...

Você ainda se sente culpado! - Voldemort fala. Mas Harry nota um certo tremor na sua voz. Ele ao contrário, está mais calmo que nunca

Sim... (Harry responde calmamente) sim, eu ainda me sinto culpado, não nego. Vai haver dias em que me sentirei muito culpado, outros nem tanto. Esse sou eu... Mas eu consigo lidar com isso! Agora eu sei que consigo, sabe por quê? Porque essa culpa nunca mais vai me dominar! Eu aprendi a lidar com ela, eu percebi que o fato de eu me sentir culpado ou responsável não vai impedir que nada aconteça com aqueles que eu amo. E que o melhor que eu tenho a fazer é estar ao lado deles... É estar com a minha família pelo tempo que nos for destinado estar juntos

Harry nunca viu esta expressão no semblante de lorde Voldemort. Uma expressão que mistura ódio e decepção. Agora eu sei que ele não pode mais me atingir. Harry pensa. Agora eu sei que eu venci! Eu sei que eu venci não a Voldemort, mas a mim mesmo

Tom! - Harry fala para a imagem que fica cada vez mais fraca

O espectro de Voldemort olha pra ele

Harry sorri - Estou indo pra casa!

XXXXX

Os presentes ouvem um grande estrondo no céu. Por um momento tudo fica escuro. Eles olham para Harry Potter e vêem que seu corpo levita a vários centímetros da cama. Ninguém fala nada mas todos sentem que este momento é crucial, que neste momento Harry está fazendo a sua escolha, que neste momento Harry Potter está definindo como sua vida será vivida...

Ninguém sabe dizer quanto tempo demorou... Algo entre uns poucos minutos e vários séculos, mas Harry finalmente vai recobrando a consciência.

A primeira coisa que vê é a sua ruiva. Ele olha pra ela com amor – Você não desiste não é... (balbucia)

Nunca... – Gina fala entre sorrisos e lágrimas.

O casal se abraça e troca um beijo apaixonado sem notar que os presentes sorriem... Menos Andy

Aos poucos ambos vão saindo do devaneio. Harry olha para os presentes. Camy lança-se em seus braços – Tive saudades papai. Mas eu sabia que você ia voltar. Eu sabia o tempo todo.

Essa menina confia mais em mim que eu mesmo, pensa Harry enquanto beija a cabecinha da filha. Ele vê que Andy continua afastado, mas acha melhor não forçar uma aproximação

Rony – Que susto você nos deu cara. Sinceramente eu até agora não entendi direito o que aconteceu...

Harry – Pra falar a verdade, nem eu. Sinto como se estivesse despertando de um longo pesadelo

Hermione – De certa forma você despertou. De um pesadelo que durava sete anos

O grupo fica distraído conversando. Ninguém vê que Andy sai da cabana. Até que Rony fala – Andy, você não vai dar um abraço no seu pai?

Antes que ele termine a frase os presentes vêem que o garotinho desapareceu...

XXXXX

Andy caminha pela praia. Todos estavam tão eufóricos que ninguém percebeu quando ele saiu. Seus sentimentos estão confusos. De um lado a alegria pelo pai estar vivo. Do outro, o medo... Medo que ele desapareça novamente. Ele me prometeu que a minha mãe não sofreria novamente... E ela sofreu. Andy não se esquece da mãe chorando escondida no quarto depois que ele desapareceu pela segunda vez

Ele se senta na areia molhada e fica olhando o mar. Absorto em seus pensamentos não percebe que Harry se aproxima lentamente e senta-se ao lado do filho. Ambos ficam em silêncio Harry procurando as palavras adequadas e Andy pensando no que o pai irá dizer

Harry olha para seu filho. Ele sabe que o garoto é muito parecido com ele. Não apenas fisicamente, mas também no que diz respeito a proteger aqueles que ama. É... Definitivamente ele puxou a mim pensa lembrando-se que além de ter terminado com a sua ruiva para protegê-la provavelmente lançou em si mesmo um obliviate para esquecer toda a sua vida e assim não ferir mais ninguém. Mas agora tudo acabou, pensa. Eu sei que não conseguiria viver sem eles. E mesmo que eu pudesse a ruiva iria até o inferno atrás de mim. Acho que preciso ficar perto dela para protegê-la de tentar me proteger. Pensa sorrindo

Harry respira fundo e prepara-se para enfrentar outra batalha. A batalha para tentar reconquistar o amor do seu filho

Harry – Andy... Eu sei que você ficou chateado quando eu parti novamente... Sei que você estava... Ainda está magoado comigo. Aconteceram muitas coisas e eu tive medo... Medo de que a minha presença pudesse causar mal a sua mãe e a vocês.

Você prometeu... (Andy sussurra muito baixinho e só a custo Harry ouve) Você prometeu que não ia mais fazer minha mãe chorar... Você não cumpriu! Eu não acredito mais em você!

Harry fica em silêncio. Ele procura as palavras certas. Vê toda dúvida e mágoa nos olhos do filho. É. Pensa ele. Não posso dizer que eu faria diferente – Andy... Aconteceram muitas coisas. Coisas que você não entende e, confesso, eu também não entendo direito. Eu só posso dizer que tudo que eu fiz foi pra protegê-la. Eu tive medo de feri-la e eu prefiro sofrer... Porque eu também sofri... Embora me doa profundamente, eu prefiro fazer sua mãe chorar a deixar que ela se machuque.

Andy continua de cabeça baixa. Harry continua – Só agora nós descobrimos que tipo de feitiço foi lançado. Quer dizer, eu ainda não sei direito como foi... Mas eu sei que foi por isso que eu deixei a sua mãe...

Andy levanta a cabeça e fala sussurrando – E se acontecer de novo? A mamãe vai ficar triste... Camy também... E eu... Eu também vou... (O garotinho fala segurando as lágrimas).

Harry chega mais perto – Filho... Esse tempo que eu fiquei sem vocês eu aprendi uma coisa. Não que eu amo vocês mais do que tudo, isso eu já sabia... Eu aprendi que juntos somos fortes. Nós somos uma família e devemos passar por todos os problemas juntos... (Olha nos olhos do garoto). Se a sua mãe não tivesse vindo me ajudar eu não teria conseguido. Se você e sua irmã não estivessem aqui nem eu nem ela teríamos conseguido...

Andy (espantado) – Mas a gente não fez nada.

Harry – Vocês fizeram muito. Só o fato de vocês existirem nos deu forças para romper a maldição... Foi o amor de vocês por nós... E o nosso amor por vocês que nos trouxeram de volta. Esse é um elo impossível de quebrar, até mesmo por Voldemort. Você consegue entender?

Andy balança a cabeça afirmativamente – Acho que sim... Na hora que a chuva começou eu senti... E a Camy também... A gente sabia que algo estava acontecendo, mesmo antes de vir pra cá. Que você e a mamãe estavam em perigo. Eu tive medo... Eu tive medo que você não voltasse, eu estava com saudades (O garotinho desiste de lutar contra as lágrimas que agora descem copiosamente).

Harry abraça o filho, que retribui o gesto chorando muito – Vai ficar tudo bem agora. Nós vamos ficar juntos... (Harry fala acariciando os cabelos revoltos do filho) Nós somos uma família.

Ao longe Gina observa a cena com lágrimas nos olhos.

XXXXX

NA CABANA

Harry se despede de Maioke e demais nativos. – Eu nunca vou poder agradecer a vocês. (ele fala emocionado)

Maioke – Você foi o filho que eu não tive... Fico contente que tudo esteja bem. Nossa aldeia estará sempre de portas abertas. (Olha pra Gina). Pra você e sua família

Harry e Maioke encostam as cabeças num cumprimento nativo e a comitiva parte. Eles andam por algum tempo

Hermione – Acho que aqui é seguro. Podemos aparatar sem que ninguém veja.

Harry (para o casal) – Vocês levam as crianças pra casa? Eu preciso ir a um lugar e gostaria que Gina fosse comigo

Rony e Hermione pegam os afilhados e aparatam. O que eles não vêem é que Maioke assiste a tudo com um sorriso nos lábios... Em sua mente recordações de muito tempo atrás quando ele ainda era um garotinho e recebeu uma coruja a respeito de uma certa escola de magia. Infelizmente as circunstâncias não permitiram que ele fosse. Meu povo iria precisar de mim e meus deuses sempre me ensinaram tudo que eu precisava... Além disso, a verdadeira magia está em todo lugar, basta saber procurar. O ancião pensa enquanto se dirige lentamente para a sua cabana

XXXXX

EM HOGWARTS

Harry e Gina aparatam nos portões da escola. A professora McGonagall está na porta como se os esperasse. O casal olha espantado pra ela

Minerva – Vocês devem estar achando estranho (ela esboça um sorriso) Dumbledore falou que vocês viriam. Não me pergunte como ele sabe... Ele sempre sabe de tudo (ela fala num tom conformado)

Harry – Eu gostaria de falar com ele... Perguntar algumas coisas.

Minerva – Devo presumir que agora está tudo bem...

Harry apenas olha pra ela e sorri. O casal acompanha a diretora até o quadro de Dumbledore que olha para o casal com um sorriso nos lábios – Eu aguardava a sua visita Harry. Vejo que você finalmente exorcizou seus fantasmas.

Harry passa a mão pela cintura de Gina trazendo-a mais pra perto – É verdade, eu sei que sempre vou ter medo de perder aqueles que eu amo, mas acho que agora eu consigo lidar com isso. Eu vim aqui por outro motivo, vim porque eu ainda não entendi a conversa que tivemos antes que eu partisse.

Dumbledore fica em silêncio por um momento. Harry continua – Você falou que ele tem o poder de persuadir as pessoas... Que ele diz exatamente o que queremos ouvir... Mas eu fui amaldiçoado!

Dumbledore – Sim... Mas o fato dele falar exatamente o que as pessoas querem ouvir não é necessariamente uma coisa boa. Eu sei que você se culpava pela minha morte... Pela minha e de todos os outros. (olha para o moreno) eu te conheço Harry. E Voldemort tinha acesso a sua mente. Ele acabou sabendo de toda a culpa que carregava... E aproveitou-se dela pra lançar a maldição e fazer você pensar que acabaria causando a morte de mais pessoas. Se você não se culpasse, ela nunca teria funcionado

Harry – No fundo eu sempre me culpei. É verdade... E confesso que mesmo depois de tudo às vezes acontece. (Harry percebe que Gina aperta sua mão, num gesto mudo de compreensão)

Dumbledore – As coisas são como são Harry. Todos nós tivemos escolhas... Eu poderia ter escapado, mas eu sabia que minha morte era necessária, seus pais poderiam ter entregue você... Cedrico poderia não ter pego a taça junto com você... Sirius poderia ter sido menos impetuoso... Você também poderia ter sido menos impetuoso várias vezes em sua vida... Eu não estou culpando ninguém, mas se todos nós tivéssemos tomado decisões diferentes o resultado mudaria? Nunca iremos saber... As coisas são assim e você precisa tocar a sua vida sem culpa, pelo menos sem tanta culpa. (olha para o casal) Vocês estão ligados há mais vidas que possam imaginar. E tem uma vida inteira pela frente

Harry – Eu ainda não entendo direito como eu perdi toda a memória. Será que eu lancei um obliviate em mim mesmo? Como eu fiz isso?

Dumbledore – Seja qual for o feitiço que você usou, foi a forma que você encontrou de proteger a todos e não sofrer tanto. Inconscientemente você sabia que não iria conseguir se afastar de Gina por isso perdeu toda a sua memória

Harry – Outra coisa que eu não entendo é como eu fui parar na ilha. Maioke sempre falou de uma profecia...

Dumbledore sorri – Há coisas que não são pra se entender. Por hora basta você saber que a magia existe não apenas entre os bruxos...

Harry – E os trouxas que foram mortos? Eu ainda não sei se tive alguma culpa nisso. Talvez se eu...

Desta vez é Gina quem interrompe – Você vai começar de novo? Foi voldemort quem matou os trouxas! NÃO foi sua culpa...

Dumbledore – Ela está certa. Talvez tenha sido apenas mais um dos ataques a trouxas, talvez ele tenha planejado para que você se sentisse culpado. Lamentavelmente não podemos fazer nada a esse respeito. A única coisa que você não pode esquecer é que você não é culpado. Pelo contrário, se você não estivesse lá muito mais mortes teriam acontecido.

Harry – Outra coisa que me intriga é como eu consegui continuar as palavras do pergaminho. Eu sequer cheguei a lê-lo.

Dumbledore – Você conseguiu por causa da ligação que possui com a Gina. Uma ligação tão forte que nem Voldemort pode quebrar. A mesma ligação que seus pais tinham...

Gina – Eu também gostaria de fazer uma pergunta...

Harry e Dumbledore olham pra ela. Gina continua – A respeito de quando o Harry lutou com Voldemort, a Hermione falou que eu o salvei do avada através do meu amor... Eu não entendo. Não fiz feitiço algum! Ou fiz?

Dumbledore – Talvez um feitiço involuntário, mas acho pouco provável. Você ainda era muito nova. Infelizmente não tenho todas as respostas. Mas creio que isso não é o mais importante agora. Estou certo?

Gina e Harry olham um para o outro e sorriem. É o fim do pesadelo... E o começo... O começo de muitos anos que virão...

XXXXX

A noite cai. Gina está em um local estranho. Estranho? Não... Não é totalmente estranho. Ela tem a nítida sensação que já esteve antes lá. Ela olha para os lados e continua com a sensação...

A ruiva vê dois vultos se aproximando. A névoa dificulta a sua visão, mas aos poucos ela reconhece o casal...

Lilly – Você conseguiu querida. Você trouxe o Harry de volta...

James sorri – Você é persistente. Parece alguém que eu conheço.

Lilly – James! Quem foi que ficou atrás de mim por anos?

Ela se finge de brava, mas não contem o sorriso. (volta-se pra Gina) – Nós viemos agradecer... Ele não teria conseguido sem você.

Gina sorri – E eu não saberia viver sem ele. (olha para o casal meio desconcertada) eu gostaria de perguntar uma coisa talvez vocês saibam...

Lilly – Pode falar querida...

Gina – É sobre a guerra. O Harry sobreviveu ao avada novamente. Minha cunhada falou que meu amor o salvou. Mas como? Eu não fiz feitiço algum...

Lilly – Acho que eu posso explicar. Quando fiz o feitiço de proteção fiquei apreensiva por só poder garantir a proteção até que ele atingisse a maioridade. Você sabe, pois também é mãe. A gente quer proteger os filhos pra sempre. Mas infelizmente não havia o que fazer, o meu amor de mãe só poderia protegê-lo até a maioridade. Então eu pesquisei e achei um jeito, um outro feitiço. A proteção seria renovada quando ele encontrasse o verdadeiro amor. Quando houvesse um encontro de almas... Almas gêmeas que estão predestinadas a ficarem juntas pela eternidade. Se meu filho tivesse a sorte de encontrar a sua ele seria protegido novamente. Era uma chance pequena. Mas ele conseguiu... Vocês conseguiram.

Gina olha para o casal e sorri. Lilly continua – Agora nós devemos partir.

Gina – Você vão embora. Nunca mais vamos nos encontrar?

Lilly – Sempre estaremos com você e com o Harry... Com as crianças também

James – Afinal... É pra isso que serve a família.

XXXXX

Gina acorda lentamente. Ela sente uma grande sensação de paz. Uma paz que diz que agora tudo vai ficar bem...

Ela vê Harry abrindo os olhos lentamente – Acordei você? Ela pergunta enquanto se aconchega nos braços fortes

Harry – Não. Eu acordei depois que sonhei com meus pais.

Gina – Você sonhou com seus pais?

Harry – Sim. Por que o espanto?

Gina – Eu também sonhei com eles...

Harry olha pra Gina sem acreditar. A ruiva continua – Eles falaram que agora tudo ficaria bem...

Harry sorri – E que nós temos toda a vida pra ficarmos juntos...

O casal troca um beijo apaixonado. Um beijo que diz que ambos sabem disso muito bem...

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