A entrevista



No outro dia logo pela manhã Harry recebe uma coruja de Luna dizendo que no final da tarde virá para realizar a entrevista.

Ele mostra a carta para Gina

Gina – Você acha que dará certo?

Harry – Vale a pena tentar. Eu preciso fazer alguma coisa pra calar a boca daquela repórter

Gina – Amanhã você toma mais uma dose e aí quem sabe essa história fica esclarecida definitivamente

Harry – Espero que eu me lembre de algo importante

Gina – Você vai lembrar. Eu tenho certeza.

Mais tarde Harry e Gina recebem Luna e o fotógrafo.

Gina – Pensei que você fosse mandar um repórter

Luna – Uma matéria dessa importância eu mesma faço questão de fazer. Eu estava pensando em fazer algo diferente. (pega a pena de repetição rápida) Ao invés de te entrevistar você vai contar tudo da forma que você quiser. Se eu achar que devo, faço algumas perguntas Pode ser assim?

Harry – Por mim tudo bem

Luna – Então pode começar. Sugiro que você comece pela primeira coisa que você lembra.

Harry respira fundo e começa a falar – Eu me lembro de acordar com uma fresta de luz no meu rosto... Eu estava em uma cabana. Eu sentia o cheiro da praia... Do mar. No início a luz me cegou um pouco... Eu fui me acostumando com a claridade e vi que estava em um colchão de palha. A cabana era muito simples, nela havia um homem de uns sessenta anos e uma moça de uns vinte e poucos eles olhavam pra mim e falavam em uma língua desconhecida. A jovem veio até mim e perguntou em inglês quem eu era...

Harry olha pra todos que estão em silêncio, esperando. Toma um gole de suco de abóbora e continua – Nesse momento eu vi que não sabia quem eu era. Não sabia meu nome, não me lembrava de nada. Tive uma sensação horrível... É como se lhe faltasse o chão. É como cair num penhasco e a queda nunca terminar. Eu fui ficando desesperado... (olha pra Gina que segura a sua mão). Quando Maioke, o líder, depois eu fiquei sabendo que esse era seu nome, falou que eu fui enviado pra cumprir a profecia que dizia que um homem ia ser trazido pelo mar numa época de privações pra salvar sua aldeia e, que um dia ele partiria... Ele colocou a sua cabana a minha disposição e disse que poderia ficar na aldeia o tempo que quisesse. Que todo o seu povo era grato a mim.

Luna – E você ficou...

Harry – Sim... Não tinha idéia de quem eu era e nem para onde iria. A minha esperança era que dentro de poucos dias minha memória voltasse. Milka... A filha de Maioke (olha novamente pra Gina e nota que ela está visivelmente com ciúmes) ela cuidou de mim durante a minha recuperação dizia que me ouviu gritar e murmurar algumas palavras quando estava desacordado... Então eu tinha esperanças que logo iria recuperar a memória.

Gina dá a ele um olhar de "depois eu quero saber direitinho o que aquela nativa tinha com você"...

Luna – Mas isso não aconteceu...

Harry – Não... O tempo foi passando e eu fui ficando. Os dias transformaram-se em meses, os meses em anos... Aos poucos me acostumei com a rotina da aldeia. Eu ajudava aos pescadores no mar, tecia redes, plantava. Buscava fazer o que fosse preciso pra não ser um peso morto. Muitos me tratavam como se eu fosse uma espécie de deus por causa da profecia. Confesso que isso me deixava constrangido...

Luna – E como você foi encontrado?

Harry – Quem pode contar melhor essa parte da historia é o Carlinhos, o irmão da Gina. Ele me reconheceu e avisou aos demais. Da minha parte o que eu posso dizer é que era final de tarde, o sol começava a se esconder... Eu estava recolhendo as redes quando a vi (olha pra Gina apaixonadamente) ela estava vindo em minha direção...

Luna – E você a reconheceu...

Harry – Não... Pelo menos não conscientemente. Mas uma parte de mim a reconheceu. Eu não sei explicar. Eu não sabia quem ela era, mas sabia que daria a minha vida por ela. Ela disse que estava ali pra me buscar, me falou que eu era bruxo, que nos tínhamos dois filhos e eu... Não me pergunte como, acreditei naquela história maluca e aqui estou eu!

Luna sorri. Harry continua – Eu fui levado para o St Mungus e comecei a fazer o tratamento pra recuperar a memória. Segundo os medi-bruxos, como não se sabe que tipo de feitiço foi usado eles teriam que tratar a minha falta de memória aos poucos. Estou tomando doses pequenas da poção e já me lembro de muita coisa

Luna – Como assim?

Harry – Lembro-me da minha infância com meus tios... De quando descobri que era um bruxo... Do colégio... De meus amigos... (respira fundo) lembro-me vagamente de Voldemort e das horcruxes também. Mas infelizmente ainda não me lembrei do que todos querem saber...

Luna – A guerra...

Harry – Sim... A guerra. Eu sinto que este acontecimento está ligado a minha falta de memória. Mas...

Luna – Você não consegue lembrar

Harry – Ainda não... Continuo com o tratamento e espero que logo estas lembranças venham.

Luna – Você tem consciência que muitos trouxas morreram?

Harry – Fiquei sabendo quando fui chamado no ministério. Mas sinceramente não consigo me lembrar de nada que faça sentido... Pode até ter alguma ligação, mas eu não sei...

Luna – E o que você tem a dizer pra finalizar?

Harry – Que eu estou me esforçando pra me lembrar. Não apenas para dar uma satisfação ao ministério ou as pessoas... Mas porque eu preciso retomar a minha vida. Preciso fechar essa parte do meu passado pra poder pensar no meu... (olha pra Gina) No nosso futuro.

Luna guarda a pena – Harry, ficou ótimo. Aquela repórter idiota vai se auto-estuporar de raiva!

Gina abraça Luna – Obrigada!

Luna – Eu é que agradeço. Vocês me deram uma reportagem de capa. (para Harry) não se preocupe que vou publicar exatamente o que você falou...

Harry – Eu tenho certeza que vai.

Luna e o fotógrafo se retiram.

Harry aproxima-se de Gina. Nota que ela está pensativa – O que foi? (Fala enquanto beija seu pescoço)

Gina se levanta – Você morou sete anos na casa do chefe da tribo... Aquela moça morava lá também?

Harry segura o riso. Diabo de mulher ciumenta! Pensa – Morava. (Ele responde com um sorriso no canto da boca)

Só quero ver onde isso vai dar. Pensa

Ela sobe para o quarto. Abre o guarda roupas e com a varinha começa a fazer com que as roupas se organizem

Harry vai atrás – O que está fazendo?

Gina – Nada... Já tinha muito tempo que precisava arrumar isso aqui. Você precisa de espaço pra suas coisas. Ela é bonita, não? (fala casualmente)

Pronto! Pensa Harry. Seja qual for a minha resposta eu estou ferrado... Se eu falar que não, ela vai achar que eu estou mentido. Se eu falar que sim... Posso me preparar pra um estuporamento. Isso na melhor das hipóteses...

Ele olha pra Gina que finge arrumar o guarda roupa e então faz a única coisa sensata que vem a sua cabeça. Joga-a na cama e deita-se por cima dela beijando-a intensamente.

Ela tenta se desvencilhar. Harry a segura pelos braços. – Pode parar com isso! O que importa se ela é bonita ou não? É você que eu quero. Foi você que me contou uma história maluca sobre eu ser bruxo. Me disse que eu tinha dois filhos e eu segui você sem pestanejar... É a você que eu amo...

Gina (com lágrimas nos olhos) – Mas vocês viveram na mesma casa por sete anos... Ela queria que você ficasse... Ela é tão bonita... (soluça)

Malditos hormônios femininos ele pensa

Harry –– Ruiva... Minha ruiva. Não vou negar que ela é uma garota bonita. Mas você é a minha ruiva, a minha mulher, a mãe dos meus filhos. Mesmo sem me lembrar eu já esperava por você... É você que eu quero, entendeu! (Ele segura seu rosto e obriga Gina a encará-lo) O que aconteceu? Você não é assim...

Gina – Ciumenta? Insegura? Eu não sei, não sei explicar... Tenho uma sensação ruim...

Harry beija os lábios de Gina de forma suave e carinhosa. – Estamos quase chegando à reta final... Eu confesso que também fico apreensivo. Mas vai dar tudo certo (sorri) então não fique arrumando motivos pra gente discutir. Eu sempre vi a Milka como uma irmã mais nova...

Gina – É... Você também já me viu assim. Queria me proteger...

Harry a beija – É... Por um tempo você foi apenas a irmãzinha do meu melhor amigo. Mas agora é a mulher que eu amo. A mãe dos meus filhos. Uma mulher corajosa que eu vou amar e proteger pra sempre

Gina – Desculpa... Ando meio neurótica, mas vai passar. (Olha nos olhos dele). Você sabe que pode sempre contar comigo não é... Quando você foi pra guerra não quis que eu fosse... Eu até tentei segui-los, mas eu era menor e minha mãe já estava aguardando que eu fizesse algo assim... Ela passou a me vigiar e acabou impedindo. Hoje eu até agradeço, pois eu estava grávida e não sabia... Mas agora eu quero que você saiba que estarei a seu lado... Pra qualquer coisa

Ela olha pra Harry. Ele abaixa os olhos desconcertado.

Mais tarde

Gina dorme em seus braços Harry não conseguiu pregar o olho. Dentro de alguns dias Hermione e o Rony chegam da lua de mel e nós vamos aonde tudo aconteceu. Espero que dê resultado.

Ele sabe que Gina vai ficar furiosa quando descobrir. Mas não sei o que houve lá. Não posso arriscar a vida da mãe dos meus filhos... Harry sabe que está sendo super protetor e que Gina é uma mulher adulta agora e não mais uma garotinha, mesmo assim ele não consegue deixar de pensar em poupá-la

XXXXX

NO ST MUNGUS

Harry e Gina estão no quarto do hospital, ele prepara-se para tomar mais uma dose da poção

Medi-bruxo – A dose hoje vai ser praticamente dobrada. Suas lembranças estão quase todas liberadas. Como sua reação tem sido favorável podemos dobrar a poção.

Harry – Fico feliz. Quando antes me lembrar, melhor

Gina – Não é perigoso?

Medi-bruxo – Nem tanto. Ele já liberou quase todas as lembranças. Praticamente não há perigo de uma overdose de informações na memória

Harry – E eu quero arriscar. Essa história já durou tempo demais.

Gina segura a sua mão. – Eu entendo. E vou ficar ao seu lado

Ele toma a poção. Em pouco tempo cai em sono profundo

Gina fica aguardando. O semblante de Harry está absurdamente calmo. Ele está calado, diferente das outras vezes em que balbuciava palavras sem nexo

Ela não chega muito perto. Da outra vez, ele me atacou. Não posso arriscar embora saiba que ele nunca a machucaria conscientemente. Desta vez ele mal se mexe. Se não tivesse certeza que ele está respirando eu ficaria preocupada...

O medi-bruxo entra – Tudo bem?

Gina – Sim... Está tudo calmo. Calmo até demais. Ele não falou, não se mexeu. A impressão que tenho é que ele tomou uma poção para dormir sem sonhos e não uma poção pra memória

O medi-bruxo olha pra Harry intrigado – Não era pra ser assim... (ele parece falar consigo mesmo) – (para Gina) me chame assim que ele acordar.

Sai deixando Gina sozinha com o moreno

Não gostei da cara deste medi-bruxo pensa. Alguma coisa está errada... Ela olha novamente pra Harry que dorme tranquilamente.

Duas horas depois ele acorda

Harry – Bom dia ruiva! Há muito tempo não durmo tão bem

Olha pra ruiva que está calada – O que foi?

Gina – Você não sonhou...

Harry – Não que eu me lembre.

Gina – Vou chamar o medi-bruxo

Sai e logo volta com o medi-bruxo

Harry nota que os dois estão apreensivos

Medi-bruxo – Você não sonhou?

Harry – Que eu me lembre não... Há algum mal nisso?

Medi-bruxo – Infelizmente sim. Seu cérebro está resistindo às lembranças. A poção não está mais fazendo efeito.

Gina olha pra Harry e para o medi-bruxo. Os três parecem não acreditar

Gina - E agora? (ela pergunta com medo da resposta)

Medi-bruxo – Ele pode tomar mais uma dose. Se não funcionar iremos estudar uma fórmula mais potente. Em todo caso quase todas as lembranças já foram recuperadas.

Harry – Eu sei. Mas eu preciso saber o que me deixou assim

Medi-bruxo – Com certeza foi algo muito poderoso. Há alguns anos, atrás você não teria cura. Nós vamos continuar tentando. Mas você já pode perfeitamente seguir a sua vida

Harry – Eu posso tomar mais uma dose?

Medi-bruxo – Pode. Mas vai ter que passar a noite aqui

Gina – Vou avisar minha mãe e volto logo

Beija Harry e sai do quarto

Harry espera Gina afastar-se e pergunta para o medi-bruxo – Eu vou ao local onde tudo aconteceu dentro de alguns dias... Gostaria de tomar uma dose da nova poção antes

Medi-bruxo – Vale a pena tentar. Presumo que a senhorita Weasley não sabe disso

Harry (meio desconcertado) – Não... Não quero que ela crie falsas esperanças

Medi-bruxo – Mande uma coruja avisando quando irá e eu providencio a poção

Gina chega. Harry toma outra dose e eles passam a noite no hospital.

XXXXX

No outro dia pela manhã eles aparatam em seu quarto na toca. Harry está visivelmente desanimado

Gina o beija – Não fica assim... Eles vão tentar com outro tipo de poção. Você já se lembrou de muita coisa. Quase tudo

Harry – Eu sei. Mas o que vou dizer quando olharem os meninos na rua e disserem que o pai deles não quer se lembrar. Que ele é um covarde, ou pior ainda se eu for culpado pelas mortes dos trouxas (olha pra Gina) você pode não entender... Mas eu preciso lembrar

Gina – Eu posso não entender. Mas eu te amo e vou apoiar. Só não quero que você crie uma idéia fixa e esqueça o que já conseguiu. Você tem uma família agora. Tem a mim tem as crianças

Harry - Eu sei. Não me esqueço disso. Vou começar a levar a minha vida também. Estou pensando em arrumar algo pra fazer. Eu lembro que queria ser auror... Vai ser difícil uma vez que não terminei a escola

Gina – No dia que fomos a Hogwarts conversei sobre isso com a Minerva. Você teve aulas com o próprio Dumbledore. Aprendeu a conjurar um patrono no terceiro ano. Derrotou você sabe quem. Se isso não o equiparar aos NIEMS nada mais equiparará. Podemos falar com ela e resolver isso

Harry – É. Pode ser... ( ele fala distraído, no momento isso não o preocupa, a única coisa que importa para Harry é descobrir o que realmente aconteceu)

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