As esquisitas Esquisitonas





1º Capítulo – As esquisitas Esquisitonas

Um tímido sol saía por detrás das grandes nuvens esquentando o rosto de uma adolescente que, adormecida, encostava-se no vidro de sua caminhonete parada no congestionamento numa Rodovia de acesso a Londres.
Ela mexia-se inquietamente no assento, ora enrugava o nariz, ora coçava a bochecha com suas unhas bem cortadas de esmalte claro. Até que soltou um longo bocejo tapando-o com a mão, remexeu-se novamente e apertou os olhos, incomodada.
Sentia-se atentamente vigiada.
- Mãe, eu agradeceria se a senhora parasse de me encarar enquanto eu durmo. – resmungou cheia de sono, adivinhando o que acontecia, mas ainda de olhos fechados e encostada ao vidro.
A senhora de cabelos grisalhos piscou, de maneira animada, seus grandes olhos azuis e se virou para o senhor já de idade ao seu lado, este, sentado atrás do volante.
- Ela tem o seu mau-humor matinal, querido. – exclamou com senso de humor, abrindo um grande sorriso.
- Amely querida, só você consegue sorrir a essa hora do dia como se houvesse encontrado unicórnios prateados trotando em baixo da sua janela. – retrucou o marido com sua voz asmática, olhando fixamente para os carros parados. – Malditos idiotas e seus carros entulhadores de trânsito. – praguejou alto, apertando a buzina com força, fazendo a filha sorrir e finalmente abrir os olhos, revelando orbes de um castanho muito claro, iguais as deles.
- Quando chegamos à plataforma, pai? – perguntou, enquanto prendia novamente as leves ondulações de cabelo castanho num rabo de cavalo.
- Já estaríamos lá, se sua mãe tivesse nos deixado aparatar. – resmungou rabugento, recebendo um olhar fuzilador da esposa. – Estaremos lá em 20 minutos, Eileen.– respondeu monotonamente, revirando os olhos. - Isso se tivermos sorte e continuarmos nesse ritmo de hipogrifo manco. - completou num murmúrio pra si.
Eileen sorriu para os pais, que agora discutiam sobre o porquê de não terem aparatado direto na estação, colocando os pés sobre o painel do carro e se pondo a amarrar os allstars azuis. Seu olhar, quase com vida própria, caiu sobre um grande relógio no pulso direito que marcava Dez horas .
Olhou desconfiada para os lados, antes de afastar delicadamente a pulseira do mesmo e começar a contornar com os dedos a tatuagem em forma de estrela de cinco pontas, antes escondida, saudosamente.
- O que o resto d’As Esquisitonas estaria fazendo? – se pegou pensando, enquanto recostava a cabeça no vidro do carro.
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Os mesmos raios tímidos que atrapalhavam o sono da garota no congestionamento, aqui, iluminavam os cabelos achocolatados, quase dourados, de uma outra garota. Esta, por sua vez, encontrava-se sentada em frente uma penteadeira feita de madeira bem trabalhada com um grande espelho redondo.
Enquanto ela se abaixava e afivelava a sandália no pé direito, exibindo uma tatuagem igual à de Eileen em proporções maiores, um berro assustado rompeu o silêncio da casa e, quem sabe, do bairro inteiro. Soltando uma pequena risada pelo nariz, ela voltou-se para o espelho, com os fins de se maquilar.
- Seu filhote de acromântula com diabrete, quando eu te pegar vou arrancar fio por fio do seu cabelo, a sangue frio sem dó nem piedade. – esbravejou a dona da voz que berrara segundos atrás, sendo seguida de várias risadinhas infantis.
Aparentando tédio, a morena levantou a palma da mão aberta para seu reflexo, abaixando um dedo a cada segundo. Assim que todos os dedos desceram, a porta do quarto foi escancarada dando passagem a um garotinho. Tinha no máximo 7 anos de idade e apressou-se em arrumar um esconderijo atrás da cama, deixando apenas seus olhinhos verdes, iguais o da irmã, para poder espiar a porta e o corredor.
A morena sorriu um pouco da cena, mas desviou sua atenção para o que fazia antes da chegada dele.
- Onde está aquele diabrete? – perguntou uma adolescente, com os olhos espreitados, entrando no quarto sem a menor cerimônia. Ela pingava água dos longos cabelos negros e a blusa do seu pijama estava encharcada.
- O que o Ed fez dessa vez? – perguntou num sorriso, ignorando o estado da amiga e passando brilho nos lábios rosados e finos.
- Jogou um balde de água fria em cima de mim. – contou bufando de indignação, juntando os cabelos e torcendo-os. Fazendo formar-se uma pequena poça de água no assoalho e expondo duas tatuagens idênticas à do pé da amiga, uma em cada ombro.
- Pelo menos ele foi mais feliz que eu na tentativa de te acordar, Megg. – comentou, passando um pouco de blush nas bochechas de sua pele morena, muito diferente da pele leitosa da garota às suas costas.
Megan deu de ombros, balbuciando algo como “sono pesado”, e se jogou de costas na confortável cama, desarrumando a colcha vermelha com símbolos musicais brancos.
- Que horas são, Elle? – perguntou coçando os olhos negros e acomodando-se preguiçosamente ali.
- Dez e vinte. – respondeu, depois de olhar no relógio digital sobre sua penteadeira. – Trinta minutos para partirmos. – comentou, despreocupada, enquanto levantava-se e ia guardar o estojo de maquiagem no malão.
Num pulo assustado, semelhante ao de um gato escaldado, a garota mais baixa correu corredor a fora, fechando a porta de seu próprio quarto num estrépito alto.
- Não pense que eu esqueci de você, Edward. – berrou, sua voz saindo abafada e longínqua pela porta fechada. – A vingança será maligna. – complementou, no que parecia ser um tom ameaçador.
Elle sorriu irônica para o reflexo do seu meio irmão, agora sentado em sua cama com uma expressão de inocência fingida.
- Balde de água?! – perguntou, arqueando uma sobrancelha, divertida.
- Não me culpe, sou muito criativo. – respondeu com um sorriso enorme.
- Acho que você merece um castigo por fazer isso com sua adorável prima. – comentou casualmente, levantando do banco e caminhando até ele com as mãos levantadas.
Em resposta, o garoto arregalou os olhos, prevendo o que a irmã iria fazer.
- Não, Elle. – pediu, arrastando-se até trombar com a madeira da cabeceira da cama. – Por favor? – suplicou, abrindo um sorriso amarelo, assim que se encontrou sem saídas.
A morena apenas balançou a cabeça para os lados, em sinal negativo, e jogou-se no colchão fofo, enchendo o pequeno de cócegas. As gargalhadas do garoto fizeram-se ouvir pela casa inteira, até no andar de baixo onde os outros moradores da casa ouviram, e sorriram imaginando a cena.
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No agitado centro de Londres, os raios do Sol não era tão tímidos com na auto-estrada e em St Helens, mas também iluminavam os cabelos de alguém. Era um garoto de no máximo 18 anos, seus cabelos negros meticulosamente arrepiados e bagunçados nem se moviam enquanto ele andava sem camisa pelo closet de seu quarto, localizado numa cobertura de um dos arranha-céus da capital. A pele branca dele, marcada apenas por uma grande tatuagem em forma de uma estrela de 5 pontas no braço direito, revelava que ele não era do tipo que gostava do Sol.
Agora, mexendo em algumas pilhas de roupa, Ryan cheirava uma camiseta, pra depois tacá-la por sobre o ombro com uma careta de asco. Repetiu o processo, mais vezes do que muitos sabem contar, até quando uma das camisetas enroscou em uma baqueta que guardava no bolso da frente de seu jeans surrado.
Sua expressão tornou-se de pura satisfação, depois que revirou as orbes azuis de seus olhos com exasperação, alcançou sua varinha mágica em cima da cama do quarto e convocou uma camiseta branca lá do meio da pilha.
O garoto sorriu, orgulhoso, de sua própria esperteza.
Um pequeno alarme começou a soar vindo de algum lugar não identificado do local, e ele quase se chutou mentalmente pela própria lerdeza, assim que percebeu o despertador trouxa apitando com apenas duas horas de atraso.
- Dez e quarenta. - resmungou, enquanto enfiava a camiseta de qualquer jeito e derrapava nos seus allstars velhos e sujos até a copa para acompanhar a mãe no café-da-manhã.
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Frustrando qualquer tentativa de raios solares muito fortes erguia-se a imponente mansão dos Mcfust. Uma construção de 5 andares, com porão, sótão, masmorras, estábulos para dragões, campo de quadribol, vastos jardins e um bosque esquematicamente plantado ao redor da propriedade, estava ali desde a Era Medieval, sendo habitada por várias gerações desse lendário clã.
No quarto andar, uma garota dançava, leia-se pulava e rebolava, ao som de uma música alta que preenchia completamente a suíte rosa decorada com bailarinas, dragões de pelúcia e bonecas de porcelana com aspecto valioso. E os velhos senhores Mcfust, construtores daquela casa, teriam enfartado se soubessem que aquele ser de cabelos loiros e usando apenas roupas intimas era a herdeira de metade todo aquele império.
Parecendo extasiada com a batida, classificada como infernal por alguns, a loira cantava e tocava uma guitarra imaginária enquanto fazia caras e bocas para o espelho que ia do chão de mármore rosa até o teto do aposento.
A encenação, porém, foi interrompida por um ser imundo e maltrapilho que desligou o som com um aceno de mão.
- Lika, você parou a música na melhor parte. – reclamou indignada, colocando as mãos na cintura, a mão direita quase em cima de uma tatuagem de estrela metade encoberta pela calcinha laranja.
- Estar na hora de pequena Mestra Laureen ir para a plataforma. – informou, enquanto caminhava até o closet do quarto, ignorando as reclamações da dona.
- Meus pais estão em casa? – perguntou, tentando parecer casual, encostada numa grande prateleira de sapatos quase vazia, e observando Lika abrir as gavetas e retirar algumas roupas.
- Mestres foram para Ilha Mcfust antes do sol nascer. – respondeu rapidamente, enfiando uma troca de roupa nas mãos da garota e empurrando-a para fora do closet.
- Eu nem sei por que eu ainda me importo. – murmurou pra si, sorrindo triste e colocando as vestes numa rapidez impressionante.
10:45 , indicava as mãos do dragão rosa no relógio da parede, mas Laureen não se importou com um possível atraso. Olhou de relance para sua elfa doméstica particular que fechava seus malões e, abrindo um pequeno endiabrado sorriso, ela pulou sobre a cama de dossel. – Lika! – cantarolou, para chamar a atenção do pequeno ser e rapidamente conseguindo. – Eu vou te mostrar o que é música de verdade. – prometeu em tom solene, passando a palheta, de leve, nas cordas da guitarra recém conjurada.
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O Expresso de Hogwarts apitava pela terceira vez consecutiva, mostrando que em menos de dois minutos partiria da estação, os alunos já acenavam animadamente das janelas para as pessoas na estação.
Numa cabine do penúltimo vagão Eileen Doge batia incansavelmente o pé contra o assoalho, o barulho ecoando pelo ambiente vazio. Nenhum veterano se aventurava a entrar ali para compartilharem o local, sabiam que em breve aquela cabine teria outros 4 ocupantes, alguns deles bem estranhos. Eileen, todavia não se importava, no momento estava ocupada demais maldizendo todos os seus melhores amigos por serem tão relaxados com horários.
- Eles podem ser deixados pra trás e ainda sim não se importam. - pensava inconformada com a atitude tão pouco responsável.
A porta da cabine se abriu, e ela já puxava ar dos pulmões para perguntar quem havia morrido no caminho para demorarem tanto, quando ele apareceu no seu campo de visão.
Não era nenhum de seus amigos, e nem estava perto de ser, pra falar a verdade ela nem gostava dele .
Soltando um suspiro desinteressado, voltou à atenção para suas unhas.
- O que você quer Weasley? – perguntou fazendo questão de exteriorizar o quanto ele era persona non grata naquele lugar. – Eu tenho quase certeza que a cabine dos monitores é um pouco mais a frente. – completou com desprezo.
O garoto ruivo soltou um bufo pelo nariz e entrou na cabine sem ser convidado.
- Escute aqui Doge. – começou apontando-lhe um dedo direto. – Eu sei que você é a monitora-chefe junto comigo. – a garota revirou os olhos, emanando um silencioso Brilhante descoberta, Weasley. , que Gui preferiu ignorar. – Então, eu não quero saber de você faltando nas reuniões como faz com uma freqüência assustadora. E exijo também que comece levar as suas rondas a sério, porque eu te carreguei ano passado inteiro nas minhas costas.
Eileen sorriu internamente, aquele ruivo devia achá-la a maior das irresponsáveis na face da Terra.
Quando virou monitora no quinto ano, havia se animado muito com a idéia, e nem com os amigos zombando-a 24 horas por dia, ela se importava. Mas com o tempo foi se cansando daquilo tudo, e quando Ryan, Megan, Laureen ou Elle fingiam algum mal estar ou a prendiam em algum lugar, ela não se incomodava em faltar às reuniões. Até que no ano anterior descobriu-se tendo de fazer rondas com Guilherme Weasley, garoto que desde o quinto-ano adquirira uma espécie de aversão ao fato até dela respirar, então, moveu mares e oceanos para se livrar dele. Na mesma semana, conseguiu convencer os monitores-chefes a deixarem-na fazer rondas sozinha, e em dias diferentes dos pré-determinados.
- Mas isso esse ruivo chato não precisa ficar sabendo. - pensou com um sorriso mau quase escapando em sua face de tédio. Respirou fundo e encarou o colega friamente. -Primeiramente, Weasley, se não quiser perder esse dedo é melhor parar de apontá-lo pra mim. – começou polidamente, o garoto não se moveu. – Depois, se você não marcar as malditas reuniões no horário dos meus compromissos, eu realmente irei ponderar sobre a possibilidade de comparecer. E quanto às rondas, eu tenho certeza que você se diverte muito mais sem mim. – completou, dando o assunto por encerrado e voltando a atenção para suas unhas.
O trem deu um tranco, quase derrubando Gui, sinalizando que havia partido da estação.
- Hogwarts não precisa de sornas como você. – rosnou o garoto, o rosto adquirindo o aspecto vermelho do cabelo. – Você deve ser a pessoa mais irresponsável e desleixada que conheço.
- Vai chamar de sorna a sua avó, seu palito de fósforo enfadonho. – retrucou levantando-se, também já perdendo a muita paciência que reunira nos últimos anos para agüentá-lo.
- Uou! – exclamou uma voz vinda da porta, presenciando a discussão. – È sempre bom saber o quanto nossos monitores-chefes se dão bem. – disse com sarcasmo.
Eileen virou-se na direção da voz com um sorriso enorme.
- Ryan! – exclamou indo abraçar o garoto parado ali, ignorando Gui abertamente, que resmungando pra si saiu da cabine. – Onde elas estão? – perguntou voltando a se sentar.
- Topei com Megan dilacerando as bochechas do pivete da Elle, enquanto a outra se despedia do pai e da madrasta. – informou enfiando o malão diminuído magicamente no compartimento de bagagens. - E quando estava procurando por você, acho que vi o cabelo loiro da Laureen em uma cabine, sendo escondido pelo garoto enorme que estava prensando-a de uma maneira humanamente impossível na parede. – a garota sorriu ao pensar o quão rápida Laureen conseguia ser às vezes.
Não passaram cinco minutos, Ryan ria enquanto a amiga contava sobre a visita de seu adorável amigo Wealey, e uma música, vinda do corredor, fez-se ouvir.
- Oh the bus don't go to Hogwarts. – cantava uma primeira voz, parecendo um pouco receosa.
- You gots to take the train. – completava animadamente outra voz, essa um pouco mais aguda e alta.
As duas vozes estavam se aproximando cada vez, os olhares de Ryan e Eillen voltados para a porta. E no segundo seguinte duas garotas entravam na cabine, uma morena e carregando um violão nas costas e a outra loira balançando na mão uma gaiola com um gato preto dentro.
- And we'll take the train. – cantou a morena, mostrando que era dona da primeira voz e fazendo gestos com a mão fingindo usar um microfone.
From platform nine and three quarters. – fez a loira, dona da segunda voz,
dando pulinhos animados e coreografando com os braços, como se animasse uma multidão. - Oh yeah! - cantaram as duas juntas, pra depois silenciarem-se com meios sorrisos.
- Olá, meu amores. – disse a loira, Laureen, jogando-se sobre os amigos para abraçá-los.
- Hey! – cumprimentou a Megan, a morena, acenando com a cabeça e sentando-se espaçosamente com seu violão ao lado.
Eileen olhou novamente para a porta, sentindo falta da última integrante do grupo.
- Ela está com Carl. – respondeu Meg, lendo seus pensamentos. – Aquele mala grudou nela e arrastou-a de perto de nós como se tivéssemos varíola de dragão.
- E eu tenho certeza que você foi muito simpática com ele. – ironizou o Ryan, encarando-a com seus olhos azuis cheios de divertimento.
- Lançou o olhar mortal nível 7.– confidenciou Laureen, como se fosse o maior dos segredos do mundo.
- Nível 7? – surpreendeu-se o garoto, em tom de zombaria e a garota confirmou enfaticamente com a cabeça. – Tenho certeza que ele sentiu o desprezo perfurando-o como uma adaga de prata afiada, o sangue prateado de sua alma jorrando pela camiseta, o espírito dilacerado se arrastando miseravelmente para acompanhar o ritmo do corpo.... – fantasiou sinistramente, ganhando uma careta de nojo de cada uma das amigas, provando que haviam imaginado a cena.
- Qual é o nível 7? – perguntou Doge, curiosa, para Megan, que apenas deu de ombros.
- Quando só aparecem duas fendas negras e ela sorri de lado, maldosamente. – explicou a loira, revirando os olhos perante a falta de conhecimento da amiga.
Eileen acenou com a cabeça, parecendo saber do que a amiga falava.
- O que fizeram no verão? – perguntou Ryan, esticando as pernas longas para colocarem-nas sobre o outro banco da cabine.
- Ilha Mcfust metade do verão e confinamento na mansão no resto. – disse Laureen num suspiro desanimado.
- Casa da minha tia, Itália por duas semanas e fazenda no resto dos dias. – contou Eileen, recostando-se no vidro.
- Ilha Mcfust, casa da minha irmã e casa da minha tia. – falou Megan distraída, observando o movimento do corredor pelo vidro da porta.
- Só pra constar, porque EU não fui na sua Ilha mesmo, Laureen? – perguntou Ryan, beirando ao tom ofendido e olhando feio para as duas amigas.
- Eu tenho a ligeira impressão que é porque você tem medo de dragões, Ry. – zombou a monitora, fazendo o garoto dar de ombros.
- Ahh.. é mesmo, tinha me esquecido. – lembrou-se, também se recostando no vidro.
Então, Eileen puxou assunto contando sobre as maravilhosas coisas que havia visto na Itália, sobre os costumes bruxos e trouxas de lá, ganhando olhares interessados dos amigos. E conforme as leis do mundo, um assunto foi puxando o outro e, logo, já estavam falando animadamente sobre as bandas musicais trouxas famosas.
- Eles que nos aguardem, Eileen, As Esquisitonas é o futuro desse mundo. – Disse Ryan, para a amiga que tinha acabado de se lamentar pelo mundo bruxo não ter cantores decentes.
Parecendo se lembrar de algo importante, Laureen deu um pulinho animado no seu lugar na poltrona e abriu um sorriso enorme, enquanto apontava um dedo para a outra morena.
- Megan me disse que escreveu uma música no verão. – contou com os olhos brilhando, gostava muito das composições da amiga. - Vamos ouvir!! – pediu ainda sorrindo.
- È boa? – perguntou o garoto arqueando a sobrancelhas, observando atentamente a compositora.
- Meio triste, mas nada “quero-cortar-meus-pulsos”. – confidenciou a morena, puxando o violão para seu colo.
- Então, dedilha isso então. – pediu Eileen se sentando mais aprumada e olhando ansiosa para o instrumento.
Megan tirou uma palheta do bolso da calça jeans rapidamente e passou levemente pelas cordas, vagarosamente, com os olhos fixos no objeto em mãos, mas parando de repente para olhar fixamente para a amiga.
- Você não vai à reunião, monitora-chefe? – perguntou com zombaria, sem poder conter o sorriso de lado.
- Alguma vez eu fui?! – retrucou desviando o olhar. Era sabido por todos que naqueles jogos de olhares diretos ela sempre perdia.
- O ruivo esquisito e bonitão não vai gostar nada disso. – cantarolou Laureen, enrolando uma mexa de cabelo no dedo distraidamente.
- Ele vai ficar todo irritado com você. – comentou Ryan, em tom ponderado, mas sorrindo orgulhoso.
- O Weasley precisa aprender a viver sem mim. – finalizou, agora também sorrindo sadicamente. – Toca essa porcaria logo, Meg. – ordenou, por fim, cruzando os braços sobre o peito.
- Você que manda, monitorazinha . – concedeu a morena, voltando a olhar para o violão.
Enquanto Megan fixava-se novamente nas cordas e na palheta, parecendo entrar em um mundo só dela, e iniciava uma leve introdução da música, Eileen não pode conter um sorriso de desprezo em relação ao Weasley.
- Segure as pontas sozinho, Sr. Monitor. - desdenhou em pensamento, recostando-se na poltrona e voltando seu olhar para a amiga de anos, que parecia nunca mudar. A cabeça inclinada, a franja negra caída sobre os olhos, os dedos experientes dedilhando lentamente e com precisão, a voz cantando profundamente e fazendo a maneira de Laureen falar parecer o esganiçado de um pato.

Mother, mother, Can you hear me?
Mamãe, mamãe, você consegue me ouvir?
I'm just calling to say hello.
Só estou ligando pra dizer olá
How's the weather? How's my father?
Como está o tempo? Como está meu pai?


Todos que ouviram arregalaram os olhos. Um pouco triste? Se aquilo era o que parecia, era muito mais do que simples e mundana tristeza.
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Guilherme Weasley observou todos os monitores se acomodarem no compartimento, o olha estreito mostrando que estava irritado.
Doge não apareceria mesmo? Nem sendo monitora-chefe? - pensava incrédulo. Uma voz irritante em sua cabeça lhe dizia que a garota pouco se importava em ser a chefe dos monitores.
A porta da cabine abriu uma última vez, fazendo o ruivo erguer os olhos esperançosamente para dar de cara com a monitora do sexto ano da Sonserina.
- Parece que a garota te deu um perdido. – comentou Carlinhos Weasley, novo monitor da Grifinória, dando um belo tapa amigável nas costas do irmão, forte o bastante para fazê-lo dar um pulo pra frente.
- Não enche, Carlinhos. – resmungou, tentando massagear a área atingida, mas com seus pensamentos no quão trabalho ele teria com sua parceira. – O que Dumbledore tinha na cabeça quando a nomeou monitora-chefe?
Ao seu lado o outro ruivo sorriu de lado, vendo que o irmão tinha pensado alto.
- O que ele tinha na cabeça eu não sei, mas que provavelmente devia ter tomado um bom porre de Firewhisk, ah, isso ele tinha. – comentou com bom humor.
Gui segurou a língua para não discutir e forçou-se a voltar para o irmão com um olhar amável.
- Porque você não vai brincar com os garotinhos da sua idade, Carlinhos? – perguntou, a voz intencionalmente paciente, como se falasse com um garotinho de primário retardado.
- Ih.. cara mal-humorado. – comentou antes de ir se juntar aos outros monitores.
O primogênito Weasley olhou mais uma vez para a porta, tinha certeza que Doge não viria e, bufando de irritação, saiu tempestuosamente pela porta.
Enquanto ele fosse monitor-chefe aquela garota iria se comportar direitinho.
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I miss you..
Sinto sua falta..
I Love you..
Eu te amo..



Concluiu Meg, passando a palheta uma última vez nas cordas, e, saindo de seu transe musical, levantou a cabeça para observar os amigos com expressões estranhas em seus rostos.
- O que acharam? – perguntou abrindo um sorriso animado, mas com os olhos atentos nos gestos deles.
Também saindo de seus transes os amigos também sorriram pra ela, por mais que seus sorrisos parecessem tristes.
- Droga, galera. – praguejou, batendo de leve com a mão na parede. - Eu não escrevi para vocês terem pena de mim, então não o façam. – disse com determinação. – È sério, eu estou bem. – reafirmou com um sorriso e voltando seus olhos negros para Eileen que ainda a encarava desconfiada. – Sem melodramas, bicho feio.
A monitora sorriu, finalmente, parecendo entender o que a amiga sentia, e puxou ar dos pulmões para exteriorizar isso quando a porta foi aberta num estrondo alto. Um dragão vermelho, pelo menos isso pareceu aos olhos de Ryan, entrou soltando fumaça pelas ventas dilatadas de raiva.
- DOGE! – berrou furioso, parando de frente à garota que agora o encarava com cara de peixe-morto.
Os outros integrantes da cabine voltaram suas atenções para outros afazeres. Megan agora brincava com a palheta entre os dedos. Laureen olhou para suas unhas, longas e perfeitamente manicuradas, como se fossem algo muito interessante. Ryan passou a assobiar uma música e bater seu pé no chão no ritmo dela.
- Sim? – consentiu a outra chefa dos monitores, com doçura.
- EU NÃO AGUENTO MAIS ISSO. – bradou com o rosto muito vermelho, fazendo o outro garoto da cabine ir mais para o lado oposto ao dele, fugindo de uma possível, cômica e infundada explosão de sua cabeça. - EU QUERO VOCÊ NAQUELA CABINE EM 3 SEGUNDOS, SENÃO EU NÃO RESPONDO POR MIM. - fez gestos largos, descontrolados apontando para a frente do trem.
- Isso que eu chamo de atração animal. – confidenciou Laureen para seu gato, Mr. Gibbs, fazendo os amigos tossirem para abafar a risada.
- Vai ficar querendo, Weasley. Eu já te disse que só faço o que me dá vontade, e, sinto lhe informar, ficar na mesma cabine que você enquanto bancas o “todo-poderoso” não está no topo da minha lista de prioridades. – retrucou a garota calmamente, conseguindo um rosnado de raiva em resposta. – Então, obrigada por ter se dado ao trabalho de vir aqui me chamar, mas agora você pode ir. – completou, levantando-se para empurrá-lo não tão delicadamente da cabine, a varinha esquecida no banco.
- Ah, você vai sim. – retrucou irritado, estancando na porta. – Nem que eu tenha que te arrastar até lá. – completou, cruzando os braços com determinação.
A monitora-chefe empinou o nariz para poder encará-lo melhor, já que era quase 15 cm menor. Os olhos quase cerrados em fendas, um gesto de desprezo aprendido com Megan nos quase 10 anos de convivência. Gui, não se deixando intimidar, sustentou o olhar.
- Momentos de tensão. – murmurou a outra morena com a voz teatralmente em suspense.
Ainda olhando-o com desprezo, Doge sorriu com petulância, ignorando abertamente as risadas mal contidas dos amigos.
- Tente. – desafiou com as mãos na cintura.
E ninguém saberia lhe dizer o que aconteceu depois, por ter sido tão rápido, sabe-se somente que a garota, no instante seguinte, estava num dos ombros do monitor, que caminhava pra fora da cabine. Foram necessários alguns segundos para os cérebros praticamente travados pelas férias raciocinarem e as reações ocorrerem.
- Seu palito de fósforo mutante, me coloque no chão, eu estou ordenando. – gritava despesperada, se debatendo, chutando e esmurrando tudo que alcançava. Apesar de cambalear, o garoto manteve-se firme e continuou seu caminho. – Eu sou monitora-chefe dessa droga de colégio e estou mandando. Obedeça-me! – berrava exasperada, continuamente se debatendo.
- Oh, agora você se lembra que é monitora-chefe. – zombou o ruivo, quase bem humorado.
Megan, Ryan e Laureen saíram da cabine para presenciar a cena e a reação deles não poderia ter sido diferente. A primeira sentou-se no chão, segurando a barriga, e gargalhava abertamente. O garoto estava escorado na porta e ria com gosto, já a loira segurava-se no amigo, parecendo sem forças, rindo até fazer lágrimas saltarem de seus olhos.
Eileen parou de se debater por alguns instantes, estranhando a falta de atitude de alguém perante a sua humilhante situação. As pessoas no trem colocavam as cabeças pra fora dos compartimentos, tentando compreender o que acontecia, riam um pouco e depois voltavam para o que faziam antes. Ela até podia entender isso, já que não era uma pessoa muito popular, mas, pela cutícula de Morgana, onde estavam seus amigos para livrarem-na daquilo? Levantou os olhos das costas do Weasley, encontrando seus grandes amigos traidores, parecendo prestes a se desfazerem em poças de lágrimas de risadas.
- Vocês vão me tirar disso. – gritou para eles, apontando-lhes um dedo longo.. - Ou eu vou azarar vocês até caberem dentro de caixinhas de fósforo. – ameaçou seriamente, logo depois voltando a sua luta com Gui.
Ryan parou de rir de repente e olhou para as outras duas.
- Só eu percebi que aquela ameaça era verdadeira? – perguntou com curiosidade, recebendo acenos negativos em resposta das amigas que também já não riam mais.
Bem, agora, eles teriam que fazer algo, em nome do bem estar físico de seus corpos adolescentes. E teriam de ser rápidos e precisos.




Hi guys! Novo capitulo pra vocês..
Espero que gostem dos personagens novos. Não me matem se não entenderem alguma coisa sobre eles.. tudo será explicado mais pra frente, ok?!
Hoje estou com tempo e resolvi responder as perguntas dos comentários.

Tah Malfoy : Hey girl.. fico feliz que tenha gostado do prólogo. Já te add no MSN, não sei se você já me aceitou.. Entro muito pouco lá. Espero que goste desse capitulo e das novas personagens. Beijos!

Luiza Freitas de Carvalho : As músicas do vídeo são Quicksand e Sick, de uma banda chamada Lillux. E sim, eu gosto muuuito de Mcfly, você também gosta? Qual deles você gosta mais, eu adoro a voz do Danny. =DD Beijos, espero que goste do capitulo.

*Natalia Lovegood*: Aí está o novo capitulo, e eu nem demorei muito dessa vez. Fico muito feliz que goste das minhas fics e que as acompanhe.

Anna Voig G. Malfoy : A pane não atingiu essa fic, porque ela é um projeto antigo meu com minha beta May-Aluada e estava guardada num cd. Então, aí está o capitulo, nem demorei muito. =DD Beijos, espero que goste dele.

aninhoca : Fico muuito feliz de saber que gostou do meu novo projeto, vou fazer tudo que puder pra não demorar tanto pra postar aqui.

Danix : Gostou da Lufana? Sério?! Oho!! *olhos brilhando*, vou esfregar seu comentário na cara da minha beta. Ela ficava falando que ninguém ia gostar da Kayin. Porque você acha que ela devia ser a Avril? Beijos, espero que goste do capitulo.

Miss Laura Padfoot : Uou! Com tantos elogios vou acabar ficando convencida.. shausha! Fico feliz que tenha gostado das descrições, é meio o que eu acho sobre a distribuição das pessoas pelas Casas em Hogwarts. Você acha que é uma estranha? Então, bem vinda ao grupo. =DD Beijos.

Banana Potter: Hey garota! Gostou do nome da Kayin? Ele tem um significado em Youruba. Procurei num livro de significado de nomes, e achei que esse ia combinar com ela. Mas, por outro lado, concordo com ti, parece um latido de cadela de madame. O Rei do mundo dos chatos vai estar bem presente na história, então comente me dizendo o que achou dele nesse capitulo. Beijo. Espero que goste do primeiro capitulo e das novas personagens.

Vivika Malfoy Ei, thuthuca. Acho que ainda não comentei na sua fic nos últimos tempos, mas é que ando meio ocupada e minha irmã não desentocava do pc. Apareço por lá qualquer dia desse pra ler o novo capitulo e comentar. Beijo!

Leitora!!! Fico feliz que goste da fic, to esperando novos comentários seus me dizendo o que está achando dos personagens e da história. Beijos!

Kate Black: Espero que esteja gostando tanto de Duas é Demais como dessa aqui. Prometo passar em breve na sua fic e comentar. Beijos.

Kiara_Granger: Agradeço pelo comentário e fico feliz que goste desse outro surto meu, chamado formalmente de fic. Beijos! Espero que goste desse capitulo.

Mimi Potter Eis que surge o novo capitulo, sem muitas demoras. Valew pelo comentário, fico feliz que tenha gostado do prólogo. Beijos!

Flavinha Weasley Tentarei suprir suas expectativas sobre essa nova fic. Vou fazer de tudo pra ela ser boa de se ler. Beijos! Espero que goste do novo capitulo.


Beijos pra todos os outros que leram e NÃO comentaram.
Comentem, ok?!
Prometo o próximo capitulo em breve se tiver muitos comentários.

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