Prólogo.






Prólogo – O diário da Novata


Hogwarts, 2 de setembro de 1987.

Dormitório do Sétimo Ano – Lufa-Lufa.

Olá, Querido diário!
Essa é a primeira vez que escrevo em você, por isso acho que devo me apresentar primeiramente. Meu nome é Kayin Tahan Cowlin, tenho 17 anos e acabei de mudar de Bangladesh para Londres. Eu e minha família viemos de lá, porque meu pai foi promovido. Antes ele trabalhava na embaixada inglesa, e agora tem um novo emprego muito importante no Parlamento. Então, eu, mamãe e Júnior, tivemos que nos mudar também. Na minha família, somente eu e minha mãe somos bruxas. Só que ela não usa seus poderes com muita freqüência e prefere cuidar da nossa casa á maneira trouxa, eu suspeito que seja porque meu pai não se sente à vontade em relação a esse mundo tão diferente do dele.
Ontem, cheguei ao meu novo lar: a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Como na minha antiga escola, CBGB, ele funciona com regime de internato. Mas, diferente de lá, aqui garotas e garotas estudam juntos, convivem normalmente e vão todos juntos para o castelo, num trem vermelho muito barulhento, diga-se de passagem.
Na viagem sentei-me em uma cabine junto com outros novatos, eles, porém eram primeiranistas e estavam tão encantados com a nova escola que pareciam prestes a explodir de felicidade. Dormi praticamente o caminho inteiro com uma música, cantada por uma voz triste, ecoando nos meus sonhos e pensamentos.
Acordei a algumas horas de chegarmos ao nosso destino e uma barulheira tremenda podia ser ouvida no corredor. Meus companheiros de viagem disseram que alguns veteranos haviam feito um grande tumulto no último vagão, e agora todos corriam de lá. Encolhi-me levemente no banco e soltei um suspiro de indignação. Veteranos causando tumultos?! Quando meu pai me disse para tomar cuidado com os adolescentes rebeldes britânicos e suas más influências, devia estar pensando nesse tipo de gente.
Chegamos à estação sem maiores preocupações e tomamos uns barquinhos até o castelo. Admito que fiquei boquiaberta com a imensidão e beleza dessa construção medieval.
Eu havia lido em “Hogwarts, uma História” que éramos selecionados em 4 casas diferentes, conforme as nossas personalidades. Grifinória, para os de sangue frio e corajosos; Sonserina, os sangue-puro e astutos; Corvinal, para os de inteligência notável; e finalmente Lufa-Lufa, a casa dos justos e leais.
Fui selecionada para essa última casa. Meu salão Comunal, segundo o monitor, fica perto da cozinha e eu divido meu dormitório com mais 4 garotas do meu ano, mas não sei seus nomes.
Hoje foi meu primeiro dia de aula, estive ansiando as férias inteiras por ele, e confesso que me decepcionei. Pensava que aqui seria diferente, onde todos me olhariam e se interessassem pela vida fora desta famigerada Europa. Mas foi completamente igual à CBGB, todos me ignoraram e ninguém me olhou mais de uma vez, ou sorriu pra mim.
Como fui excluída socialmente, antes mesmo de me apresentar... Dediquei todo a minha manhã analisando os estereótipos dos estudantes da melhor escola de magia do mundo. Constatei que existe uma espécie de código padrão silenciosamente reinando por aqui, onde algumas garotas usam até as dobras na saia do mesmo tamanho, falam de jeitos parecidos e andam balançando o corpo de forma quase idêntica.
Observei também que os Lufas-Lufas veteranos sempre andam agrupados, são simpáticos e poucos são conhecidos pela inteligência. Seguem o “padrão escolar” a risca, como se temessem serem excluídos se não o fizessem.
Os sonserinos são um pouco mais interessantes de se olhar. As garotas tem as saias mais curtas, as blusas mais justas, seus sorrisos são tão falsos e treinados, que eu suspeito nunca conseguir fazê-los. Elas também costumam ser cruéis com os impopulares e de sangue trouxa nas veias. Os meninos sonserinos exibem sorrisos ora maliciosos, ora cínicos e não passam confiança a ninguém. Gostam de humilhações públicas aos mais fracos, mas não fazem isso na frente de grifinórios bons azaradores.
Os integrantes da casa vermelha e dourada são talvez os mais admiráveis, porém em sua maioria são fáceis de se irritar e possuem uma competitividade notável com a casa das cobras. As garotas seguem o padrão da escola, costumam ser mais pacificas que os garotos e se dão bem com alunos de outras casas. Os garotos odeiam os sonserinos quase em sua totalidade, gostam de chamar a atenção e, pelo que fiquei sabendo, levam as competições de quadribol a sério, como se tratassem de batalhas por suas sobrevivências.
Na Corvinal, os estudantes são mais pacatos, discretos e educados. As meninas são meigas, frágeis e possuem mentes afiadíssimas. E os meninos não são muito diferentes, além de serem bem tímidos. Lá também seguem o “padrão escolar”, mas parecem fazê-lo sem pensar, parecendo ser puro acaso.
Bem, depois dessas conclusões, voltemos ao meu dia.
Logo depois do café, tive que procurar a monitora-chefe que me entregaria meu horário e me orientaria para as salas de aula. Consegui encontrá-la num corredor ligeiramente tumultuado e já corri desesperada quando avistei o brilho do distintivo dela. E, diário, nada poderia ter me preparado para o que eu vi, acho que pisquei quatro vezes para ver se a garota não era minha imaginação.
Ela era corvinal, pelo que constatei por causa da gravata e dos detalhes azul e cinza em sua roupa, além de é claro a águia estampada no suéter. Olhando de primeira, eu pude dizer que ela era inteligente, mas estranhamente parecia ser diferente do resto das pessoas inteligentes que eu já havia conhecido. Acredito que seja porque revirou os olhos, contorceu a face em uma careta de desagrado quando eu a chamei de monitora e me pediu para chamá-la de Doge. Depois disso, sorriu simpática e me disse que eu deveria procurar o monitor-chefe, que era quem estava com o meu horário. Prevendo outra caçada sem fim, perguntei como encontrá-lo. “Procure um ruivo alto com pose de Eu-sou-o-Rei-do-mundo-dos-chatos. Não tem erro.” , ela disse já se preparando para sair, mas parou ao ver minha face de desespero. “O distintivo dele reluz tanto que cega qualquer um que olhá-lo diretamente. Não é difícil de achá-lo. Oriente-se pelo brilho.” , e dizendo isso ela ajeitou os muitos livros nos braços. Devo ter ficado parada alguns instantes tentando assimilar o que ela me disse parecendo tão séria, mas sendo claramente maldosa em referencia ao colega de monitoria. Tentei achá-la novamente, e encontrei-a se juntando aos amigos, no inicio do corredor.
E Por Todas as Santidades Bruxas e Não-Bruxas, diário. Como eu não havia reparado neles ainda?Eles faziam a monitora rebelde e suas calças (num uniforme que dizia saia), parecer normal e isso não era pouca coisa.
O único garoto entre elas usava só a camisa social branca, tinha sua gravata apenas passada pelo pescoço e carregava sua capa dependurada na mochila enorme em suas costas. Havia uma garota baixinha, que usava shorts negros até o joelho, a camisa com as mangas dobradas (como se não ligasse para o frio do castelo) até o cotovelo e a gravata completamente solta. E tinha também uma garota muito loira que, com certeza absoluta, o cabelo dela era maior de um lado do que do outro. Sem contar que usavam uma espécie de tênis estranho¹ que eu já havia visto numa loja trouxa em Londres, cada um de uma cor, salvando apenas a loira que tinha nos pés uma bota verde de cano.
O grupo mais esquisito que já vi andava calmamente pelo corredor, entretido numa discussão fervorosa sobre algo muito interessante. As pessoas nos corredores nem os observava, agiam indiferentes a estranheza deles, pareciam seres invisíveis perante os olhos alheios. Às vezes, alguns pouquíssimos os cumprimentava, e eram respondidos ou com um aceno de mão ou com um balançar de cabeça. Nenhum aceno fervoroso, nem um berro escandaloso, nenhum sorriso exagerado e treinado. Esquisito, não?
O mais estranho, na minha opinião, é que eles pareciam não se importar por serem diferentes, invisíveis, ignorados. Agiam de uma maneira indiferente, como se para eles bastasse terem a si mesmos e os outros que se esfolassem.
Não pude deixar de invejá-los, quem dera eu ser assim, indiferente a essa droga de exclusão que sofro em todos os lugares que vou. Seja entre os bruxos, seja entre os trouxas, seja entre velhos, seja entre adolescentes.
Droga, diário, será que é pedir muito ter alguns amigos? Todos aqui tem, pelo menos um, até aqueles estranhos têm...


Kayin rabiscou essas últimas palavras fervorosamente, as lágrimas ameaçando saírem dos olhos. Abriu o cortinado amarelo em volta da cama, constando que suas companheiras ainda estavam pelo castelo aproveitando suas vidas medíocres e felizes com seus amigos e namorados.
Puxou com raiva o prendedor, soltando seu cabelo castanho que já lhe batia no meio das costas. Caminhou até o parapeito da janela mais perto, sentou-se e observou a Lua Cheia, majestosa, nos céus. Lá fora nos jardins, um vulto pequeno corria de um vulto maior numa espécie de brincadeira infantil que fazia o menor deles rir alto o suficiente para a lufa-lufa ouvir e sorrir com a cena.
Voltou seus olhos escuros para o dormitório vazio, seu diário aberto, a pena azul sobre ele e olhou mais uma vez para os jardins onde agora os dois desconhecidos ainda corriam.
Dando um sorriso fraco e triste, ela sussurrou abraçando os joelhos.
- Bem Vinda a Hogwarts, Kayin.

Hello, pessoas!
Espero que gostem da minha nova fic.
Andei conversando com umas amigas pelo MSN e parece que As Esquisitonas são homens na história da J.K, mas como na tradução elas parecem ser mulheres, eu prefiro fazê-las assim. Tem um garoto nela sim, mas o resto é tudo mulher.

O prólogo foi em POV da Kayin, mas o resto da fic é em terceira pessoa mesmo.

Comentem e me digam o que estão achando da idéia e tudo mais.
Prometo postar em breve na outra fic e nessa também.
Agradecimentos para minha beta quase-latina: May-Aluada.
Beijos e comentem.

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