Capítulo 4
Padecendo no Paraíso
Capítulo 4
-Claro, podemos com certeza fechar esse negócio. Mas veja bem... – o homem continuava a persuadir seu cliente, na tentativa de não baratear tanto o preço. Já estava difícil vender aquele produto, - primeiro porque sair de terno e gravata naquele sol de rachar fazia qualquer neurônio derreter, ocasionando assim, a escassez de boas idéias e segundo, que aquele produto nem era de tão boa qualidade assim. – imagina se ele desse quase 50% de desconto, como aquele cliente estava lhe pedindo, seu lucro ficaria em nada!
-Meu senhor... é pegar ou largar!
Ficou pasmo com a proposta. O que ele faria?
-Bem... – ele ainda não sabia o que dizer, não podia deixar o cliente na mão, afinal depois dele, poderia vir muitos outros por conta da indicação, mas também poderia não haver indicação e muito menos lucro, o que o fazia pender mais para o lado da não venda daquele produto...
É, havia feito sua escolha, agora era dizer e ver qual a reação daquele homem arrogante.
-Senhor, eu não tenho outra alternativa, a não ser... – sentiu um tremor no bolso do seu casaco que ia ficando cada vez mais forte com o passar do tempo. Será que a pessoa não percebeu que estava ocupado? Bem, talvez fosse algo que não pudesse ser simplesmente ignorado. E também era uma ótima desculpa para pensar mais. – Com licença, mas preciso atender.
O cliente estreitou os olhos, demonstrando um pouco da sua fúria com aquela indecisão, mas resolveu aguardar.
Remo afastou-se um pouco do seu cliente e por fim atendeu finalmente ao telefone.
-Sim?
-Que demora é essa para atender o telefone “Remozinho”?
-Ah, se soubesse que era você, teria demorado ainda mais! Estou ocupado Sirius... – Remo falou sem deixar de observar os passos do seu cliente.
-Sei, sei... desde quando você consegue algum cliente?
-Ei, meu produto não é tão ruim assim...
-Tá, se não fosse você estaria em um belo carro de ar condicionado – Remo olhou para si no meio da rua enquanto o sol apontava lá no alto. É, talvez o amigo tivesse razão. – e com a chave de um belo apartamento no bolso.
-Está me ligando para dizer o que não tenho?
-Também... mas estou ligando pra dizer o que você pode ter, meu caro... é só você dizer sim para mim.
-Não, não quero casar com você, mesmo sabendo que seria um golpe entanto!
-E o que você me diz de trabalhar na empresa do meu filho? – Remo ouviu seu amigo de infância rir quase como um cachorro do outro lado da linha, quando este emitira um som nada convencional.
-Você bebeu? Escuta, eu estou trabalhando debaixo desse sol aterrorizante e pronto pra dizer que não vou vender a merda do meu produto com os 50% de desconto que o idiota do meu cliente pediu, e não vou ficar ouvindo você falar essas coisas absurdas!
-Não é absurdo nenhum. Rony está saindo. Precisamos de outro Diretor de Negócios e você é perfeito para isso!
-EU?! Nem consigo vender uma droga de perfume!
-Não posso dizer nada se o seu produto é um perfume que tem mais cheiro de gambá do que essência francesa. Agora, se você vier para a Lipsticks, venderá tudo num piscar de olhos. Sua garantia será a qualidade!
-O Harry sabe disso?
-Meu filho confia em mim...
Remo suspirou resignado, afinal a oferta era tentadora. Imagina ele, Diretor de Negócios, sentado em uma sala confortável e com ar condicionado, e ainda por cima, fazendo o que mais sabe: vender.
-Tá... me rendo. Você precisa de alguma coisa minha?
-Seu currículo e xérox de alguns documentos. E de você também, é claro.
-Estarei aí...
Despediram-se e então Remo desligou o celular, com um meio sorriso. Talvez a sorte estivesse batendo finalmente à sua porta e isso lhe deixava tão bem que nem sentir-se-ia culpado ao dizer àquele filha da mãe que não venderia produto algum porque 50% era desconto demais e que ele já era fedido demais para usar aquele perfume vagabundo.
E foi o que fizera, sem se arrepender de uma sequer palavra dita.
Continua...
N/A: Bem, demorei mas postei... tá um pouco pequeno esse capítulo, mas no próximo, que postarei semana que vem, irei recompensá-los!
Obrigada aos que tem lido ^^
beijos :*
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