Spinner’s End



- Mi? – Hermione parecia ainda flutuar quando se deu conta que Gina Weasley ainda estava lá. Ela corou com o sorriso enviesado da amiga.
- Desculpa Gi. – ela queria desviar seus pensamentos do irmão de Gina. Parecia uma tortura pensar tanto nele. – Hoje Harry saiu correndo do Três Vassouras por um chamado dos aurores. Você sabe o que está acontecendo?
- Harry não quis me contar direito. – agora o semblante da ruiva estava sério. – Mas eu nunca o vi tão agitado assim desde que... – hesitou – desde que Voldemort ainda vivia.
- Meu Deus. – Mione agora ficara realmente preocupada. Se Harry estava tentando esconder alguma coisa de Gina só poderia significar uma coisa: Bruxos das Trevas.
- Eu sei o que você está pensando amiga. – Gina parecia estar pensando na mesma coisa que Mione. – E acho melhor descobrirmos o que está acontecendo de uma vez por todas.
- Eu converso com Harry amanhã bem cedo. – ela não podia deixar o amigo combater seus antigos inimigos sozinho.

Foi com esse pensamento que Hermione se despediu da amiga e depois adormeceu. A bebida ainda parecia produzir alguns zunidos em sua cabeça, mas ela estava tão preocupada com a notícia sobre Harry que não pensou mais na bebida, nem em nada do que acontecera mais cedo naquela noite.
Desde que Harry Potter (com a finalização de Snape) derrotou Tom Riddle, a arte das trevas tinha sido controlada no mundo bruxo. Muitos antigos comensais da morte conseguiram fugir antes de serem presos e ainda não haviam sido encontrados, mas aparentemente todos tinham medo de enfrentar “O Escolhido”, já que nenhum havia se manifestado desde então.
Com Harry ainda ingressando no time dos Aurores do Ministério, ficou mais claro ainda que ele combateria todo o tipo de magia negra até que pudesse chegar o mais próximo possível de ser erradicada. Ele jamais acabaria totalmente com os bruxos das trevas, mas faria tudo o que pudesse para combatê-los até o fim.

Na manhã seguinte, Hermione foi o mais cedo possível para o Ministério. Ainda no início do expediente, ela teve tempo de passar em seu antigo escritório e conhecer o novo assistente contratado por Christopher. Ela ainda tinha uma reunião marcada com o Ministro da Magia essa semana, e não perderia a oportunidade de aprovar seu projeto por nada neste mundo.
Descendo mais ainda pelos elevadores, chegou ao setor onde os aurores se encontravam. Era um andar um pouco menos iluminado que o seu e os escritórios pareciam mais apertados um no outro. Ela já tinha visitado Harry algumas vezes, e sabia que ele na verdade, trabalhava em uma cabine comum, como todos os aurores. E foi isso que ele sempre quis. A única coisa que diferia a sua própria cabine das demais, era a pequena placa dourada escrita em baixo relevo “Harry Thiago Potter”, que arrancava mais olhares curiosos para o seu lado.
Ela estava a poucos passos da cabine de seu amigo, quando ouviu uma voz familiar vinda de lá. Aproximou-se silenciosamente. Não sabia como reagir se encontrasse exatamente Rony Weasley aquela manhã. Já muito próxima conseguiu distinguir a conversa dos amigos.

- Então foi mesmo um ataque a trouxas? – Rony parecia preocupado.
- Sim. Com certeza foi alguém que não os queria por perto. – Harry mantinha aquela voz mais grave e forte que o normal, quando falava sobre a arte das trevas. Ele olhou para o lado e viu Hermione chegando. – Olá Mione. Aposto que Gina já contou o que aconteceu.
- Oi. – Ela olhou para Rony insegura e percebeu que ele evitava olhar em seus olhos. Mas o assunto que tinham que tratar era mais importante no momento. – Então foi um ataque a trouxas?
- Sim. Aparentemente um casal de adolescentes estava tentando entrar em um lugar que não eram bem-vindos. E receberam um Avaka Kedrava cada um deles. – Harry era quem explicava. Mesmo gelando até os ossos Hermione sabia que o medo podia ficar para outra hora.
- Onde?
- Spinner’s End. – Foi Rony quem se pronunciou.
- Snape... – disse a mulher mais para si do que para os outros, e viu Harry concordando com a cabeça, dizendo que seguia o mesmo pensamento. – Mas Snape não vive lá mais desde...
- Desde que fugiu com Malfoy na noite em que matou Dumbledore. – A voz de Harry ficava mais sombria e cheia de raiva.
- Algumas testemunhas viram homens estranhos perto da casa. Pela descrição, um é alto e extremamente forte e o outro mais parece um tonel de cerveja. E os dois não pareciam ser dotados de muita astúcia, pois foram vistos por muitos trouxas. – Rony segurava um relatório sobre o ocorrido e entregou a ela. Lendo rapidamente algumas coisas que estavam escritas, Hermione poderia jurar que os dois bruxos aos quais se referiam eram Crabble e Goyle. Quando olhou para os dois em sua frente, sabia que os dois pensavam a mesma coisa que ela.
- Draco Malfoy. – ela concluiu seus pensamentos.
- Exatamente. – Harry começou a guardar algumas coisas em sua capa. – Eu e Rony vamos até a antiga casa de Snape tentar descobrir algo.
- E o esquadrão de Aurores?
- Eles não acreditam ter provas suficientes contra Malfoy, e já revistaram toda a casa quando o crime foi relatado. Não encontraram nada. – Harry parecia contrariado com o que dizia. – Nós vamos conseguir alguma coisa lá, tenho certeza.
- Vou com vocês então. Vão precisar de ajuda.
- Não. – Rony disse firme e Harry concordou com a cabeça. – Apenas nós dois vamos. Nós somos dois aurores treinados e você...
- Eu o que Ronald? – era a primeira vez que ela se dirigia diretamente a ela. Sempre passaram por inúmeras aventuras no passado lutando contra a arte das trevas e ser auror ou não, não era o que mais importava para isso. – Se vocês não se lembram eu lutei contra Comensais da Morte tanto quanto vocês.
- Mas isso faz anos Mione. – Harry tentava acalmar a situação.
- Você está dizendo que eu não sou capaz?! – agora ela encarava os olhos verdes de seu amigo. Ele pareceu temer responder o que pensava.
- Tudo bem. Vamos. – Rony ainda abriu a boca para protestar, mas ao olhar para o seu amigo, a fechou.


Enquanto eles andavam pelo corredor do andar do aurores, Harry explicou que ainda havia alguns aurores no local, tentando acalmar toda a população e fazendo alguns feitiços nas memórias de alguns trouxas. Eles se diziam ser de um serviço de investigação britânico e mantinham montado um pequeno quartel em um lugar próximo da cidade. Eles iriam até lá através de uma chave de portal e teriam que se disfarçar de policiais para conseguirem acesso ao local do crime.
Chegaram ao gabinete onde deveria ser do chefe dos aurores. Harry parecia aliviado que ele não estivesse presente e abriu um armário e pegou um pedaço de pergaminho velho. Ele era programado para transportar a qualquer hora, desde que um auror a tocasse, explicou Harry.
Quando os três colocaram as mãos sobre o pequeno pedaço de pergaminho, as mãos de Hermione e Rony se tocaram. Ela olhou para o ruivo e o viu olhando de volta, meio constrangido. Antes mesmo que pudessem afastar suas mãos, ela sentiu a velha sensação de ser puxada pelo umbigo e giraram pelo nada até descerem com um baque em um campo aberto de uma floresta.
Com o choque Hermione acabou desabando no chão. Olhava ainda confusa quando viu um bruxo com ares desconfiado se dirigir a Harry. E quando olhou para o lado onde Rony deveria estar viu sua mão estendida. Ele pegou sua mão e a ajudou a levantar. Ainda meio envergonhada, Hermione abriu a boca para agradecer quando Harry chegou perto deles apreensivo.

- O chefe não gostou muito de me ver por aqui, mas disse que estava com você Rony, e ele permitiu que víssemos a cena do crime. – Hermione não entendeu porque Rony fazia tanta diferença para o chefe de Harry, mas antes mesmo de seguir qualquer raciocínio, Harry se dirigiu a ela. – Eu disse a ele que você também era auror na Romênia, junto com Rony.
- Ele não vai me reconhecer? – Hermione não conhecia pessoalmente o chefe do setor de Harry, mas seu rosto era bem conhecido desde que ajudara na guerra contra Voldemort.
- Ele provavelmente não vai nem olhar para você. – disse Harry meio a contragosto. – Mas, para qualquer emergência, você é July Scotland, entendeu? – ele a olhava de modo que ela sabia que não havia como reclamar. Ela teria que engolir essa ironia do destino. E apenas acenou com a cabeça.

Os quatro caminharam pelo campo aberto rumo ao que parecia uma pequena cabana militar estendida em um canto perto da mais fechada da floresta. Quando entraram na cabana militar, Hermione viu como ela era enorme por dentro, mais parecendo um andar do Ministério do que um quartel improvisado. Eles definitivamente não estavam ali apenas para acalmar trouxas.
Antes que pudesse mencionar o seu pensamento em voz alta, ela viu que estavam entrando em um tipo de escritório e sendo apresentados ao encarregado do lugar. Com um olhar e um gesto com a boca, Hermione viu que Harry queria que ela ficasse o mais calada possível.

- Senhor Potter! Vejo que trouxe o nosso estimado Senhor Weasley com você. – O homem que falava era mais velho que todos os três, parecendo um homem muito duro, mesmo estando sorrindo para eles.
- Muito prazer, Sr. Hart. – Rony apertou a mão do comandante.
- E a deslumbrante senhorita ao seu lado, deve ser sua namorada...? – Harry tinha razão. Apesar dos elogios que dizia a ela, o comandante não tinha nem tirado os olhos de Rony.
- Er... sim. Esta é July Scotland. – Rony ainda sem jeito passou a o braço pela cintura de Hermione. Corando levemente, ela olhou para Harry que manteve o olhar de que ela permanecesse calada. O comandante ainda assim não a olhou. Nem ao menos disse “muito prazer”.
- Então Potter, leve os dois para escolherem algum disfarce e os levem à cena do crime. Mas não demorem muito. Os policiais trouxas já estão desconfiados de tantos agentes entrando e saindo daquela casa. – Para Hermione aquelas palavras que pareciam ser apenas amigáveis, deixavam implícito que o comandante Hart não queria Harry dento da investigação e só estava abrindo a exceção porque Rony estava lá também. Eles andavam em direção ao que parecia ser um armário.
- Ele não parece te querer por perto, Harry. – Ela queria saber mesmo era porque o interesse tão grande em Rony, mas como sempre tinha medo de ouvir a resposta.
- Eu não acho que ele esteja aqui apenas supervisionando o trabalho com os trouxas. – disse sobriamente. – Existe alguma coisa por trás disso tudo que ele não quer que eu descubra.

Os três entraram no armário e Hermione viu que lá era algum tipo de “closet”, com roupas trouxas de vários tamanhos diferentes. Observando ainda as roupas que ali estavam, percebeu que eram roupas formais, ternos e havia uma prateleira com distintivos policiais. Os bruxos em geral não sabiam como se vestir em meio aos trouxas, mas aparentemente esse esquadrão tinha um bom estudo do comportamento deles. Harry e Rony começaram a se vestir sem ao menos se importarem com a presença dela. Ela ficou olhando para a parede e quando foi sua vez de se vestir, expulsou os dois de lá e se trocou.
Seguiram por uma trilha na floresta até que se encontraram à beira de uma pequena rodovia. Andaram alguns metros pela rodovia e já estavam entrando em uma pequena cidade, com casas aos pedaços, muitas delas abandonadas. Harry os guiava pelas ruas, até que chegaram a uma rua sinuosa, e isolada, no fim dela encontrava-se uma casa de aspecto sombrio e cercada de faixas amarelas e alguns policiais. Era ali que Snape morou um dia.
Quando se aproximaram mais, os três foram barrados pelos policias que vigiavam o lugar, e Harry tratou de mostrar seu distintivo do serviço secreto britânico. Rony e Mione fizeram o mesmo. Harry ainda conversou em voz baixa alguma coisa com o policial encarregado do lugar.

- Entraremos sozinhos. – disse ele voltando-se para os amigos. – Assim que estivermos fora da visão dos trouxas, peguem suas varinhas.

Entrando pela porta da frente, Hermione viu que estavam em uma sala não muito grande. Os cantos do aposento estavam cheios de teia de aranha e Rony parecia ter perdido durante um segundo a vontade de continuar. Os sofás estavam cobertos de poeira e nada ali parecia indicar que alguém morou ali depois do abandono de Snape.

- Rony, vá ver a cozinha. Eu vou para o andar de cima. Hermione dê uma olhada aqui pela sala. – Hermione esboçou uma careta. Era óbvio que Harry não queria que ela corresse algum tipo de risco, mas ela não estava com propósitos de discutir. E ficou ali pela sala mesmo olhando tudo que achava fora do comum.
Aquela casa parecia apenas uma casa abandonada, mas ela já pertenceu a um bruxo. E tudo ali na sala, incluindo todos os livros dispostos na estante de uma parede não denunciavam que já houvera um ser mágico ali. Lendo os títulos curiosamente, Hermione gelou ao ver que um deles distorcia-se do padrão “Feitiços Avançados, volume 7”. Snape foi muito desleixado em deixar aquele livro na estante.
Quando tentou pegá-lo, porém, a garota viu que ele não saía de forma alguma do seu lugar na estante. Aquilo definitivamente significava algo.

- Ron. – ela correu até a porta da cozinha e o chamou. – Chame Harry lá em cima. Tem algo aqui em baixo que quero mostrar.

Com um pequeno estalo, Rony desaparatou da cozinha. Hermione voltou a encarar o livro estranho na estante e escutou dois estalos ao seu lado, indicando que os amigos voltavam.

- O que há de errado Mione? – Harry se aproximou e viu que ela olhava para o livro de feitiços. – É apenas um livro.
- Um livro de feitiços no meio de uma estante de livros trouxas. – ela explicou. E mostrou como ele estava preso na estante. – E que não pode ser retirado.
- Alohomorra! – tentou Harry apontando a sua varinha para o livro. Nada aconteceu. – Bombardia! – Nada novamente.
- Então você acha que é uma passagem? – ela entendia o raciocínio do amigo.
- Sim. – Os três ficaram encarando o livro por um tempo.
- Talvez tenha a ver com o que vimos em Feitiços no sétimo ano. – Rony disse inseguro.
- Talvez... – Hermione concordou. E tentou o feitiço de desilusionamento. Não funcionou. – Droga. – murmurou para si mesma.
- Posso tentar? – Rony se aproximou ainda inseguro. Harry e ela deixaram Rony de frente para o livro. Ele olhou durante uns segundos, respirou fundo e apontou sua varinha. – Revelas Secreti!

***
- Dois tempos de Feitiços antes do almoço! – resmungava Rony mal humorado. – Isso é demais para nós.
- Mas hoje aprenderemos um feitiço muito importante, que pode cair no NIEM. – Hermione tentava acalmá-lo. – O Revelas Secreti.
- E o que esse feitiço extraordinário faz? – retrucou o ruivo, irônico.
- Ele mostra o segredo guardado dentro de qualquer coisa, sendo ele um simples objeto até nós humanos. – disse ela com um meio sorriso. Os olhos azuis do amigo a fitaram com certa surpresa e interesse. Assim que ele abriu a boca para dizer algo, uma bruxa loira acenava para ele da mesa da Corvinal.
- Bom... – as pontas de suas orelhas ficaram vermelhas. – Tenho que ir. Até na aula.
***

Os três bruxos praticamente prenderam a respiração. O livro atingido pelo feitiço começou a rescindir um brilho prateado e, com um pequeno estalo, a estante se moveu pela parede, revelando uma porta pequena e rudimentar. Girando a maçaneta, viram que a porta dava para uma escada, que parecia descer infinitamente pela escuridão abaixo deles.

- Lumus! – disseram os três quase ao mesmo tempo. – Vamos. – completou Harry, seguindo os degraus na frente. Rony indicou que Hermione fosse em seguida e desceu por último.

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