Apenas amigos?



O sol já batia alto nas janelas do escritório de Hermione, indicando que a hora do almoço não devia demorar a chegar. E ela ainda não havia recebido nenhuma notícia de seus dois amigos. Na noite anterior Hermione havia tomado uma importante decisão, e agora esperava uma resposta do Ministro da Magia sobre a proposta que ela havia feito a ele, pessoalmente, no início do dia.
Enquanto lia alguns documentos e memorandos, o seu assistente apareceu em sua frente parecendo bastante agitado.

- O que foi Chris? – ela ficou preocupada.
- O Ministro disse para lhe entregar isso. – E passou-lhe um pequeno pedaço de papel. Hermione o leu rapidamente e olhou novamente para seu assistente.
- Sente-se, por favor. – ele obedeceu.
- Algum problema Hermione? O Ministro parecia com muita pressa.
- Na verdade não. – ela queria escolher bem as palavras. – Eu tenho que te contar uma notícia muito importante para nós.
- É sobre o abrigo para os elfos? – ele parecia muito agitado e curioso sobre a notícia.
- Não, não é sobre o projeto. É sobre você.
- Sobre mim? – agora ele parecia assustado. – O que eu fiz de errado, senhorita Granger?
- Não se preocupe Chris, é uma coisa boa. E não me chame mais de senhorita, o que nós combinamos? – ele olhou envergonhado como um pedido de desculpas. Assim, Mione prosseguiu. – Aquela carta da diretora de Hogwarts que você me entregou na sexta-feira era para me oferecer um emprego de professora em Hogwarts. E eu quero lhe dizer que vou aceitar a proposta.
- Então você vai nos deixar? – ele parecia desapontado. – Isso não é uma boa notícia. – ela sorriu.
- Não, não vou largar meu cargo no Ministério. Mas com certeza não virei mais a esse escritório, pois trabalharei da escola mesmo. E, claro, muitas das minhas obrigações cotidianas deverão ser de sua responsabilidade agora, Chris.
- Eu ajudarei em tudo que for do meu alcance.
- Eu sei que sim. Por isso quero que hoje mesmo entre em contato com uma agência de emprego e procure um assistente competente para ocupar o seu lugar. – ele parecia atônito.
- Mas... ser assistente é o meu emprego...
- Não mais. – Hermione sorriu e entregou a carta escrita pelo próprio punho do Ministro. – Você acaba de ser promovido para 2º Secretário Majoritário!

A alegria no rosto do rapaz era indiscutível. Ele leu e releu a carta algumas, pelo que pareceu a Hermione. Ela achava que ele realmente merecia ocupar um cargo melhor. Ele era esforçado e competente o suficiente para isso e sempre adorou a burocracia e a política, muito mais o que ela própria. “Quem sabe não estou olhando pro futuro Ministro da Magia?” pensava ela vendo seu assistente, literalmente, pular de alegria pela sala.

- Espero que fique feliz em ocupar essa sala aqui. E seu salário vai ter um pequeno aumento, mas nada que você não supere. – ele agora ria abertamente.
- Muito obrigado Hermione. Eu não te decepcionarei.

E antes mesmo que ela pudesse falar qualquer coisa, Christopher e abraçou. Foi um abraço forte e sincero de agradecimento de alguém que estava prestes a realizar seu sonho. Ela retribuiu o abraço, como um gesto de pura amizade. Assim que se afastaram, Hermione olhou para a sua frente, e com um frio na barriga, encontrou os rostos surpresos de Rony e Harry.
Chris pareceu perceber a presença dos dois homens também e ficou extremamente corado. O clima no escritório de Hermione ficou tenso de uma hora para a outra.

- Vou ligar imediatamente para a agência de empregos, Herm... – ele pareceu gelar ao olhar dos dois homens. – Srta. Granger. Com licença. – e saiu apressadamente.
- Mione, aquele não era seu... assistente? – Harry parecia muito surpreso com a cena que havia presenciado. Rony ainda não tinha sequer piscado desde então.
- Sim, ele era. – Disse ela sem graça, tentando explicar. Ao olhar intrigado pelo “era”, ela continuou. – Eu acabei de promovê-lo a 2º secretário e ele estava apenas me... agradecendo. Eu decidi ir para Hogwarts.
- Nossa! Mione, isso é muito bom! – Harry foi ao seu encontro e a abraçou, sorrindo. – Meus parabéns! Gina vai ficar extasiada com a notícia.

E os dois olharam para Rony, que parecia em algum tipo de transe. Apenas quando Harry fingiu algum acesso de tosse, ele pareceu descer à realidade e se aproximou sorrindo.

- Mione, isso é mesmo demais! – e a abraçou rapidamente. – Parabéns.
- Obrigada Ron. E obrigada Harry.
- Agora é que teremos mesmo que te chamar para almoçar conosco! – disse Harry tentando amenizar mais ainda o clima. – Vamos comemorar!
- Claro! Vamos sim! – Mione queria mesmo comemorar com eles.
- E você estará muito ocupada depois do almoço? – era Rony agora quem falava. Ele parecia incerto se deveria continuar a falar. - Porque nós pensamos em passar uma tarde matando o tempo, sabe...
- Eu já estou oficialmente fora desde emprego no escritório, estou de folga então até começarem as aulas em Hogwarts. Então, é claro que posso passar a tarde toda com vocês. – os três sorriram. Pareciam estar no caminho de reatarem sua antiga amizade.

Saindo do escritório de Hermione, os três foram caminhando em direção ao elevador. Quando passaram em frente à mesa de Christopher houve um silêncio constrangedor, e Rony parecia ter fuzilado o rapaz com os olhos. Hermione simplesmente olhou-o rapidamente como um pedido de desculpas. Aquele ciúme doentio de Ronald pela amiga parecia nunca ter acabado, afinal de contas.

Caminhando pelo saguão de entrada do Ministério da Magia, os três amigos tentavam se decidir onde deveriam ir e almoçar. Harry, com esperança de ver Gina, provavelmente, sugeriu que fosse para A Toca, mas Mione achou que seria indelicado chegarem em cima da hora para um almoço e sem avisar. Pensaram também no Caldeirão Furado, que não ficava muito longe dali. Rony falava pouco e parecia meio aéreo a tudo o que acontecia.

“Que diabos está acontecendo com ele?” pensava Hermione olhando para o ruivo. Ele a olhou de volta e pareceu retornar ao mundo.
- Porque não vamos para Hogsmeade?
- Vamos ao Três Vassouras! – Harry parecia concluir o pensamento do amigo. – O que acha Mione?
- Sim, vamos.
Os três ficaram parados em frente à fonte no centro do saguão de entrada e, cada um, firmou em seu pensamento o bar da distinta Rosmerta. E com um giro, sentindo todo o seu corpo comprimido, Hermione aparatou. Quando se viu no meio da rua, em frente ao próprio Três Vassouras, escutou dois estalos ao seu lado e lá estavam Rony e Harry.
Entraram e encontraram o lugar ligeiramente cheio. Aparentemente muitos bruxos iam almoçar diariamente no restaurante de lá. Então, procuraram por uma mesa vazia em um canto discreto e se sentaram. Madame Rosmerta não demorou a aparecer para oferecer-lhes o cardápio e eles pediram três cervejas amanteigadas para conversarem enquanto o almoço não era servido.
O almoço correu sem nenhuma grande novidade. Os três amigos ficaram divididos em conversar sobre os tempos que eles passavam ali, quando ainda estudavam em Hogwarts e contar sobre sua vida atual, normalmente falando do trabalho. Harry parecia o único disposto a falar sobre sua vida pessoal, afinal ele era muito feliz com Gina. Hermione achava que não tinha vida pessoal já a um bom tempo e Rony simplesmente não parecia querer tocar no nome da namorada que estava na Romênia.

- Por favor, Rosmerta, mais três cerveja amanteigadas para nós? – Era Harry quem fazia os pedidos. Quando a bruxa se aproximava, Rony parecia incapaz de soltar alguma palavra.
- Claro Harry.
- Ela ainda continua a mesma, não é? – Harry parecia encantado com o fato de que Madame Rosmerta não parecia envelhecer de modo algum. Ainda continuava encantadora.
- É verdade. – Mione falava com um leve tom de inveja. – Tem certas coisas que nunca mudam, não é Rony? – Rony olhava distraído para onde a dona do bar havia desaparecido atrás do balcão. Percebendo sua própria distração, ele simplesmente corou.

Assim que Madame Rosmerta voltava com suas cervejas amanteigadas, Mione olhava curiosamente como Rony ainda a olhava boquiaberto. “Ele ainda tem 18 anos... Merlin!” quando viu um sobre-salto de seu amigo moreno.

- Por Merlin... – Harry tirou o que parecia uma moeda do bolso. Ela estava avermelhada e emitia um calor forte.
- Harry, o que é isso em sua mão? – Hermione se lembrava de algo assim.
- É como nos comunicamos com os outros aurores. – ele abriu um largo sorriso. – Quando eu entrei na seção, dei essa idéia que uma amiga brilhante havia feito uma vez. – Ela corou violentamente. – Sinto muito, mas eu tenho que ir. Pelo jeito é uma emergência muito séria. Até mais!

Harry saiu correndo em direção à porta do Três Vassouras e a escancarou. Antes que esta se fechasse sozinha, Hermione pode ver o amigo girando e sumindo de lá. Agora restavam somente ela e Rony. Ela olhou pelo canto do olho o ruivo e ele parecia desconcertado. Houve um silêncio constrangedor. Aqueles silêncios já estavam tirando Mione do sério.

- O que será que aconteceu? – ela virou-se e olhou diretamente para Rony, voltado a beber sua cerveja amanteigada.
- E-eu n-não sei. – Rony ainda parecia desconfortável. Pegou sua própria garrafa e quase a bebeu toda num gole só.
- Sabe Ronald, você pode ir embora se quiser. Não precisamos passar a tarde juntos. – ela estava cansada de ficar pulando de sorrisos para constrangimentos perto de Rony.
- Mas... – ele terminou sua garrafa com mais um gole. – Eu quero.

A firmeza na voz de Rony deixou um rastro gelado pelas costas de Hermione. Como ele podia ser tão instável assim? Será que ele seria assim quando estava com os seus outros amigos, com Harry ou com... “Com ela?” Pensava triste. Ele ainda parecia tão inseguro quando era quando tinham apenas dezoito anos. Parecia que quando os dois estavam juntos o tempo não tinha passado.
Pensando bem no assunto ela percebeu que também estava agindo como uma adolescente perto dele. Ainda tentava provocá-lo com suas palavras, morria de ciúmes para cada cara boba que ele fazia para outras mulheres. E não parava de pensar nele.

- Mione? – Dessa vez foi ela quem tinha se desligado do mundo. – Ta tudo bem?
- Ah, desculpa Rony. Eu estava distraída, só isso. Está tudo ótimo para falar a verdade. – eles sorriram um para o outro.
- Eu perguntei o que você queria fazer. – ele agora começava a beber a garrafa de cerveja que deveria ser Harry.
- Eu não sei. O que você quer fazer? – “Você está o provocando de novo sua depravada!” ela se censurava. Ele olhou para o teto durante uns segundos, parecendo pensar.
- Eu também não sei. – e sorriu com a cara mais idiota que conseguia fazer. Hermione se derreteu. Ele era o idiota mais lindo do mundo.
- Agente pode... passear um pouco pelo povoado e depois pensamos em outra coisa. Tudo bem?
- Boa idéia. – eles voltaram a sorrir um para o outro.

Hermione achou graça quando Rony fez questão de pagar toda a conta, inclusive a parte que Harry saindo correndo esqueceu de pagar. Os dois saíram andando pelas lojas daquele povoado bruxo. O céu estava sem nenhuma nuvem e o sol brilhava forte em suas cabeças. Rony deu a idéia de tomarem um sorvete e, quando Mione aceitou, ele fez questão de pagar novamente.
Eles passaram horas apenas andando perdidos pelas ruas e conversando sem nenhum propósito. Eles falavam de tudo e de nada ao mesmo tempo. Era incrível como a conversa entre os dois fluía bem, quando não estavam brigando. E aquilo só acontecia quando ela estava com ele. Até sobre quadribol ela gostava de conversar quando estava perto dele. E ele, longe dos olhos de Harry, conversava com ela sobre livros, mesmo sem gostar realmente deles.
Quando as pernas dela começavam dar sinais que não agüentava mais andar nem um passo, eles passaram em frente a um banco de praça e Hermione se sentou nele sem nenhuma cerimônia. Rony a acompanhou, parecendo divertido com a cara de cansaço dela.

- Acho que já chega de andar por hoje. – Ele olhava distraído para tudo. – Você está com uma cara péssima. – e olhou para ela ainda com cara de quem se divertia.
- Você não está muito melhor, Sr. Weasley. – ela adorava provocá-lo assim.
- E o que faremos agora Senhorita Granger? – ele retribuiu a provocação.
- Bom, daqui a pouco deve anoitecer...
- Você está querendo me mandar embora? – ele parecia ligeiramente decepcionado. “Não quero que você vá embora nunca.” E antes que pudesse pensar no que estava dizendo, ela disse num tom rápido.
- Porque não vamos para a minha casa? – ao olhar espantado de Rony corou violentamente e tentou consertar, de alguma forma, o incômodo que crescia. – Você ainda não conhece lá, não é? – Para o seu alívio, Rony soltou um sorriso maroto e confirmou com a cabeça.

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