Infortúnios







Em nossas vidas sempre há uma chaga,

Sangrando letargicamente,

Esvaindo-se perpetuamente,

Haurindo todo o êxtase dos bons momentos,

Tornando a subsistência de cada ser,

Apática e insípida como uma retrato de mal gosto.















Capitulo 6 – Infortúnios









Quando Tonks chegou em casa, não podia dar graças a Merlin pelo final de seu dia, afinal ela ainda amargava os rostos inflexíveis e raivosos de Harry, Rony e Draco em sua memória.

Mas havia um problema de natureza tão grave, ou mais, esperando por ela bem ali, onde um dia já fora o santuário particular de Remus, e dela também.

Com cuidado a mulher depositou as chaves no console da sala, se dirigiu a cozinha deixando os alimentos que comprara, no caminho, para casa e se pôs a andar em direção a porta que dava para o porão.

Quando chegou bem perto da maçaneta ouviu um uivo fino e agoniado, encostou seu ouvido com cuidado na porta, e de forma ruidosa pode ouvir um fungar animalesco a farejando.

Ressabiada ela deu as costas a porta com medo, pensando se não seria melhor evitar a presença dele, pelo menos nessas condições.

A passos transtornados ela guiou-se novamente até a cozinha. Sem saber o que fazer preparou o lanche de seu marido, pensando se seria suficiente para aplacar a fome dele.

Reavaliando sua situação Tonks suspirou buliçosamente cansada, sabendo que pensar em tudo o que estava vivendo deixava mais pesado seu fardo.

Equilibrando uma enorme bandeja com um leitão cru de mais ou menos vinte quilos e mais um pedaço de carne bovina sangrenta, ela se preparou mentalmente para vê-lo comendo transformado uma vez mais.

Com o auxilio de sua varinha a porta se abriu para Tonks e o barulho de correntes tilintou em seus tímpanos, alertando-a.

Suas pernas estavam moles, por mais que fizesse muito tempo em que se deparava com essa cena, ela jamais se sentiria preparada ou até mesmo a vontade com as condições horrendas com a qual vinha convivendo e submetendo ele, mesmo que fosse para o próprio bem de ambos.

Então ela acendeu as luzes antes que a escada terminasse. O animal assustou-se insatisfeito e rosnando mostrou-lhe os dentes, para em seguida ganir como se não fosse uma besta selvagem.

Finalmente ela estava frente a frente com ele, como fizera naquela manhã, como fizera no dia anterior, como faria ainda naquele mesmo dia, um pouco mais tarde.

Tonks pressentia que ele não a machucaria, mas Remus a fez prometer que tomaria todos os cuidados para se manter a salvo dele se precisasse, e por mais que o amor fosse o único elo de consciência entre Remus e o mundo, Ninfadora sabia que o instinto em muitas situações se sobrepunha a racionalidade.

Precisava se preservar, por mais cruel que isso fosse para ambos, ela não poderia passar de novo pela mesma situação de dois anos atrás, Remus não se perdoaria, ela não o perdoaria uma vez mais. No entanto, Tonks refletiu que não podia guardar magoas, a culpa pelo trágico incidente passado não fora dela, muito menos dele.

Despertando, ela deixou seus próprios demônios de lado percebendo que o animal vestido em farrapos se ergueu completamente, bravo, muito grande, e de olhos irracionais.

Tonks calculou a distância precisa para deixar a refeição, o mais perto possível dele. Lupin fez menção de chorar como um lobo ferido, agitando-se mais que o normal.

Os olhos dela gritavam dor enquanto o encarava com todo o amor que possuía por ele, e tirando forças de algum lugar que ela não sabia onde, sua voz saiu falha, mas saiu.

- Shi... shi... shi... Calma, sou eu Rê... Sou eu... Sua Ninfa. – Ela disse tentando acalmá-lo, de alguma maneira ele se familiarizava melhor quando ela mencionava seu próprio apelido dado por ele. Tonks deixou a bandeja no último degrau da escada, em seguida voltou estendendo a mão para que ele a reconhecesse.

De forma instintiva ele sentiu uma vontade forte de avançar e morde-la. Desejou sentir o gosto do sangue dela se misturando com o sabor sem igual da carne recém capturada. O apetite voraz se intensificou ao querer por impulso os ossos da própria esposa partindo em vários pedaços frágeis e suculentos sobre sua mandíbula impiedosa.

Mas a essência humana, o Remus Lupin encurralado e aprisionado dentro da carapaça animal refreou a muito custo todo o anseio de feri-la, e isso já lhe custava um esforço descomunal mesmo que fosse por poucos minutos ao dia.

Quando baixou a guarda percebeu que ela quebrara a regra do bom senso, estando mais perto do que o limite imposto por suas correntes.

Remus tentou de todas as maneiras coagir e erradicar o animal dentro de si, e por isso acabou criando a situação a qual vinha irremediavelmente sobrevivendo.

Constantemente selado na forma de lobisomem ele alternava seus dias entre a consciência presente em alguns mínimos momentos lúcidos, mista com a ferocidade de sua natureza totalmente primitiva.

- Eu não vou lhe fazer nada, deixe que eu chegue mais perto para... – ela parou medindo as palavras para não parecer ofensiva. – Lhe fazer um carinho. – Tonks tomou coragem e disse por fim. Como uma fera domesticada ele abaixou sua enorme cabeça lupina sentindo Tonks lhe afagar os desgrenhados cabelos.

Por mais que o gesto fosse pequeno havia uma enorme barreira sendo transposta naquele exato momento.

O peito de Lupin se encheu, e as lembranças todas, a qual conseguira reunir dele e de Tonks por inúmeros anos juntos, lhe traziam alegria, nostalgia e uma pitada de dor, e até mesmo, dor física por tamanha força de impedir a fera que o dominava de avançar sobre ela.

Como um abismo a última sensação a se abater sobre ele era remorso.

Depois de um momento dividido entre a consciência e a forma selvagem ele se afastou dela e se acuou em um canto. Tonks tentou se aproximar novamente, mas quando chegou mais perto o rosnado alto e perigoso a impediu de prosseguir.

Fazia mais de um ano que aprendera a se comunicar com ele através de outros métodos, como se fosse uma nova linguagem, baseada em todos os limites e confiança homem e animal.

Muitas limitações foram quebradas para que a confiança totalmente impossível de se conceber, nesse caso, existisse baseada no respeito entre seres completamente diferentes, de formas diferentes, mesmo que unidos e movidos pelo mesmo sentimento.

Recuando, ela se lembrou da comida na ponta da escada. Com o nó se instalando na garganta, Tonks levou a bandeja até onde Remus podia se movimentar por conta das correntes mágicas, e a deixou no chão.

Faminto ele se curvou e caminhou há quatro patas até a bandeja cheia. Em seguida atacou e estraçalhou sem cerimônias a carne a sua frente de modo voraz, satisfazendo seu apetite.

Mais uma vez ela se sentou no último degrau da escada e assistiu o ritual. Não poderia demonstrar seu abatimento, não poderia contar-lhe o dia horrível, não poderia dizer se quer pensar, que acabara de perder uma parte das amizades que considerava sua família por uma estupidez profissional.

Talvez se Remus estivesse gozando de plena saúde, ela jamais teria deixado essa avalanche de desastrosas falhas acontecerem ao seu comando. Mas como poderia ela pensar no restante do mundo quando parecia morrer dia após dia o amor de sua vida, definhando daquela maneira tão brutal, Tão fechado e tão certo do seu desfecho cruel?

Não, definitivamente, ela teve culpa, se não podia cuidar das coisas, teria que ser menos orgulhosa e admitir em tempo hábil, refletiu a metamórfica se punindo.

Seu coração estava ferido, no entanto mais leve ao que se referia a mentira que vinha encobrindo sobre todo esse caso do Camaleão, mesmo que algo de estranho sussurrasse em seu ouvido de que o criminoso era a chave para a resposta, mas não era a solução em si.

Tantos pensamentos ocorreram a Tonks enquanto Lupin triturava enfim os ossos do leitão que ela se sentiu zonza.

Zonza e enjoada. Não poderia esconder sua barriga por mais tempo, o estresse pesava mais do que o um quilo que miseravelmente ganhara nesses três meses de gestação.

Há três meses esperava o seu segundo filho, seu segundo filho que fora gerado na última noite em que Lupin desfrutou de sua forma humana e de total consciência. Amargamente, depois dessa data Lupin vinha piorando e perdendo a consciência gradativamente.

Desde que o distúrbio de transformação se revelou os dois vinham incansavelmente procurando ajuda em tratamentos discretos, revolucionários, e experimentais.

Por medo e por ter sido muito julgado em toda sua vida, Lupin fez Tonks lhe prometer sigilo absoluto sobre isso. Então as coisas começaram a se complicar.

Primeiro o distanciamento dos amigos, desculpas e mais desculpas sem coerência, viagens que não existiam justificativas mais porcas do que os motivos de desaparecer em si.

E ela calada acobertou, mentiu e oculto tudo na esperança de ver o marido melhorar, e voltar para seus braços e para o convívio dos amigos.

A essa altura as transformações deixaram de ser cíclicas, se manifestando independente do luar, e começaram a ser irregulares.

O animal ali presente arrancando um grande naco da peça de carne lhe fez lembrar mais uma vez do dia em que teve que se esconder de seu próprio marido na floresta gelada que circundava a cabana de caça deles, tão apropriada para situações a qual Lupin esperava sozinho a lua cheia para rondar livre a floresta.

Com muita tristeza, Tonks se arrepiou ao lembrar que perdera seu primeiro bebê, que fora festejado pelos dois em silencio, por poucos dias.

Tudo há dois anos atrás, onde ela quase morreu de hipotermia embrenhada em uma parte sombria e inóspita da floresta, só de camisolas, descalça, sem sua varinha para lhe proteger.

Lupin a encontrou na manhã seguinte, ensangüentada, fria como se já fosse um cadáver há horas, e a levou para a vila mais próxima da cabana aonde alguém pudesse salvar sua família. Infelizmente o curandeiro que salvou Tonks, não pode fazer nada pelo seu bebê, que se fora antes mesmo de ganhar um nome.

Desde então a fé de Remus em melhorar se fora e com ela seu casamento perdeu os alicerces, deixando para o homem lupino a dor e o remorso do acontecido.

Lupin recobrou a forma humana e a consciência inúmera vezes, mas cada vez as transformações se tornavam mais e mais freqüentes, repentinas, e demoradas.

O horror e a culpa eram tão grandes que Lupin preparou-se para fugir. Sua intenção era ficar bem longe, e o primeiro passo era jurar a si mesmo matar-se antes de ferir Ninfadora novamente.

Tonks estava concentrada em dar de si tudo e mais do que isso, no intento de morrer lutando, ou morrer com ele.

Um fatídico dia ela viu nos olhos dele, o medo de se aproximar, de confiar. Depois desse momento Ninfadora sabia que ele estava se preparando para partir. Como sua esposa, o amando do jeito que o amava ela se viu com duas possibilidades: viver com ele do modo que fosse, ou morrer tentando.

Em uma cinzenta semana, em um determinado dia escabroso, Tonks chegou em casa cansada de mais um dia péssimo de trabalho, e encontrou uma carta de letras tremidas sobre a mesa da cozinha.

Estava pensativa e frustrada, atulhada de trabalho, lotada de problemas, fingindo ser quem ela não era mais.

Nesse caos que sua vida tinha se transformado, havia um turbilhão de informações sobre toda a história ardilosa de Angelus acontecendo, o invisível sendo nomeado como Camaleão, e mais uma série de outras chateações profissionais.

Quando Tonks se deu por conta estava segurando com os dedos trêmulos, a carta amassada com o papel gotejado de sangue, e por um instante seu coração gelou.

Lupin não conseguira fugir nem terminar a carta. Ele estava jogado ao chão, ferido por si, metade lobo, metade humano, desacordado próximo aos seus pés. O instinto investigador de Tonks lhe mostrava que o marido lutou, e se feriu tentando reprimir seu lado bestial.

Com o coração partido, ela decidiu-se rapidamente entre o que já havia conversado anteriormente com ele e sua vontade de morrer ao seu lado tentando de todos os modos cumprir o “unidos para sempre”

Levou-o ao porão, o acorrentou magicamente, e cuidou para que ele pudesse ter água e de uma certa forma como fazer suas necessidades.

O porão era somente dele. Nada de poltronas, nada de moveis para arranhar roer e maltratar. Somente o assoalho frio e empoeirado e sua profunda latrina bem ao canto do ambiente, calculada para não causar problemas.

Desenganado por todos os curandeiros, eles se mantinham sozinhos esperando a morte mutua.

Ninguém soube, e ninguém saberia até onde ela conseguisse ocultar, pensava ela sofrendo.

Depois de algum tempo as pessoas se acostumaram com as piores desculpas, e Tonks habitou-se a fingir que estava sempre tudo bem.

Eram sempre as infalíveis justificativas: seu marido estava ocupado demais trabalhando ou estava em mais uma viagem de meses interruptos, e dessa maneira Ninfadora perdera a aflição do vezo de mentir respondendo com a letra de Lupin as corujas que os amigos raramente enviavam.

Tonks não sabia se estava o matando, ou se estava ajudando, mas uma coisa ela sabia: de que amar plenamente significava todos os sacrifícios sem questionamentos.


Lupin bateu a pata na bandeja, em seguida voltou ao canto do porão. O gigantesco lobo deixava bem claro que sua refeição estava encerrada. Tonks suspirou e ainda tentou lançar-lhe um olhar terno, mas o máximo que conseguiu foi uma pálida sombra do que costumava ser seu melhor sorriso.

Sem dizer mais nada ela recolheu a bandeja e se pós a subir as escadas, quando fechou a porta seu coração retalhou-se mais uma vez, um ganido de dor de Lupin ecoou por todo o andar.

De alguma forma Remus sabia da tristeza de Ninfadora por seu odor, e também sabia o quanto aquilo tudo afetava seu filho.

Tonks colocou a mão na própria barriga como se pudesse sentir sua única fonte de esperança lutar pela vida dentro dela.

Caminhou até a cozinha, desabou sobre a primeira cadeira da mesa de jantar e se pós a chorar de soluçar até sentir que suas magoas estavam liquidas.

Durante um bom tempo foi o que fez, chorou até onde conseguiu e adormeceu ali mesmo, com o rosto sobre os braços debruçados no tampo da mesa como uma criança precisando de proteção.




***



No subúrbio de Londres, em um prédio prestes a desmoronar...



- Eles já se foram? – quis saber ela com a voz aflita.

- Sim. – Respirou ele de alivio. - Como pôde deixar isso acontecer? Você me prometeu tomar cuidado. – Cobrou o homem a sua frente.

A mulher passou os dedos pelos cabelos em um gesto cansado, em seguida estendeu as mãos ainda tremulas sobre a mesa refletindo sobre todos os seus objetivos para aquele dia, sabendo que as coisas estavam nesse momento por um fio. Nem ao menos sabia dizer o que tinha saído de errado em todo seu plano.

- Não é uma boa hora para me criticar. Eu sei que errei, mas agi no calor do momento, e pensando nisso... Eu até me sai muito bem. – Afirmou ela.

- Não é o que parece. – Ralhou o outro. - Se antes nós já estávamos em apuros, agora estamos...

- Mais ferrados. – Concluiu ela.

Um silêncio penoso pairou por um instante, absolutamente nada dessa vez saíra como o planejado, e ela ainda tinha que prestar contas a outras pessoas, o que não seria fácil dada às circunstâncias.

Por outro lado, seu fracasso fora parcial, não se feriu gravemente, e o bom é que lá estava, a sua frente o segredo e a fórmula para um feitiço antigo e formidável em forma de pergaminho.

Felizmente as pessoas que duvidariam do seu propósito não colocariam as mãos sobre ela tão cedo.

- Como pode sorrir em uma hora dessas? Tive que tomar umas duas poções calmantes enquanto caminhava para cá, e se eu não parar de tremer, vou ter que tomar mais duas! – resmungou ele preocupado.

A mulher continuava sentada em uma desconfortável cadeira de madeira, prestes a ruir graças a uma colônia muito vasta de cupins que dominava todo o ambiente.

As duas velas acesas sobre a mesa a sua frente dividiam o espaço com o pergaminho amarelo puído com o feitiço roubado. A pouca luminosidade a volta da moça trazia um ar fantasmagórico a sua fisionomia abatida.

Já havia se passado algumas horas que invadira o ministério pela última vez, mas sentia que havia retomado a contra gosto outros assuntos que não estava em seus planos desencadear.

O homem que lhe encarava demasiadamente agitado não conseguia manter-se inerte, por isso ainda de pé trocava o peso do corpo de uma perna para outra, cruzando e descruzando os braços para de vez enquanto apoiar os punhos sobre a mesa, olhando desconfiado de tempos em tempos pelas frestas da janela vedada por tábuas.

- Não estou sorrindo! – Indignou-se ela mentindo, retesando os lábios, respondendo com um certo atraso o que o outro acabara de falar.

Deveras, ela estava sorrindo sim, mas não da situação deles que era no mínimo alarmante, sorria pelo seu gosto pela adrenalina, que sempre a fazia pensar nas coisas mais absurdas, nos momentos mais inoportunos, como esse.

Definitivamente estar cara a cara com um de seus perseguidores, depois com os outros dois e conseguir passar quase ilesa por mais uma legião de pessoas, sendo muitas delas aurores, era algo de tirar o fôlego, no mínimo uma história e tanto que poderia ser contada como aventura se um dia tivesse netos.

Infelizmente como toda a sua trajetória de vida escondia arestas sombrias, o conto de fadas teria que ficar somente para si.

Havia também o fato de que não parecia assim tão ridículo sentir um certo orgulho por ter triunfado mais uma vez sobre os cinco nomes mais importantes das leis mágicas no Reino Unido.

- Esta sim! – contrariou ele vendo o olhar dela um tanto longe da concentração que o assunto pedia. – Por acaso já fez o que lhe pedi?

- Hum... Não. – Respondeu a moça, desviando o olhar. O homem pareceu desapontado, esperava outra atitude.

Talvez ele não devesse ter apostado todas as fichas de que esse seria o momento dela o encarar firme e lhe contar que já havia resolvido o última empecilho do encontro desastroso de algumas horas atrás. O mais incrível era não ter a certeza de que ela poderia fazê-lo sem embaraços.

- Por favor. Não vamos complicar ainda mais as coisas. Se não pode devolver, deixe que eu me encarregue de fazê-lo. – Pediu ele.

- Não. – Ela respondeu de forma ríspida, e o outro se assustou com o tom de voz. – Confie em mim, vou dar um jeito. – Prometeu.

Após mais uma espiada por entre as tábuas que vedavam a janela o homem se virou para ela novamente com desconfiança.

- Isso não vai dar certo, você sabe. – Ele advertiu.

- Não confia em mim? – Ela se zangou. – Se digo que vou fazer... É por que eu vou e ponto. – Retorquiu.

- Será? – Duvidou ele.

- Não vamos discutir isso, sabemos que é bobagem perder tempo com questões menores. – Disse ela contumaz.

- Me escute você não esta pensando nesse incidente no ministério com o devido cuidado. Harry, Rony e principalmente Draco, não vão descansar enquanto não colocar as mãos em você. – Alertou ele.

A mulher se levantou decidida e contornou a mesa. Deu não mais que dois passos de encontro ao homem apreensivo a sua frente. Ela segurou o rosto maduro do rapaz com a barba por fazer entre suas mãos, respirou fundo e decidiu que a conversa não acrescentaria nem mais soluções, tão pouco mais duvidas do que sua cabeça já havia gerado.

- Me escute você. Não posso ficar mais encrencada do que já estou, vamos seguir com o nosso projeto, agiremos como sempre, e nada de erros, eu prometo. Você sabe o quanto eu levo a sério nossos planos então não fique com medo, e vê se relaxa um pouco. – As palavras dela faziam um sentido absurdo para ele também, mas havia no rosto masculino mais preocupação do que segurança.

- Você vai ficar bem essa noite? – perscrutou ele.

- Me diz você! –Ela devolveu com sarcasmo.

Mesmo com a fraca luz as bolsas que envolviam os olhos dela eram tão evidentes, que denunciavam sem esforços as noites em claro tão recentes que a mulher vinha passando. O que era uma prova bem substancial de que toda aquela atitude inexorável era mais falsa do que uma moeda de quinhentos galeões.

- Não se preocupe comigo, me viro bem! – Para assegurar ao outro de que supostamente ela estava bem, mesmo que não fosse verdade, a moça arrojou sua piscadela mais pérfida, e em seguida beijou-lhe a maçã do rosto, depois partiu em direção a porta. Sem disfarçar ele lhe pegou bruscamente pelo antebraço.

- É o Draco não é? – O homem foi seco e direto como uma lança afiada, causando surpresa na moça.

- Draco? – dissimulou ela, fechando e abrindo os olhos rapidamente sem necessidade alguma.

- Se quiser continuar a ter sucesso até o fim, é melhor não pensar em certas pendências. – Avisou ele.

- Não seja louco! – Ela exclamou sublevando-se. – Quem é Draco? O que é isso? É um ácaro? Uma lesma? Hummm... Espere, me dá outra tentativa de acertar: É uma bactéria não é? – A mulher deixou bem claro que a brincadeira ácida encerrava toda e qualquer chance de falar sobre o loiro. E por um belo motivo: Um soco muito bem dado que Malfoy acertara em cheio em seu nariz.

– Se quer um conselho “honey”, - Ela não deu oportunidade de replica ao rapaz. - E nesse caso mesmo se você não quiser eu vou falar, não meta esse nome no meio de nossas conversas, você acaba azedando o meu humor. - Caminhando na direção da porta, de costas para o homem ela considerava se havia sido convincente ou não.

- Só quero que se lembre: Ronald Weasley Granger e Harry James Potter também estavam lá. – Ele provocou a altura do mesmo motejo que recebera anteriormente.

- Está ai uma perspectiva interessante, - disse ela continuando a conversa no mesmo tom de troça. - Meus problemas nunca se somam um a um, estou sempre arranjando o triplo de confusão. – Ela desviou o assunto com os dedos na maçaneta encarando pela última vez o homem que chegara ali temeroso e agora parecia designado a vê-la perdendo a temperança.

- Se cuida. – Ele recomendou com as feições torvas.

- Me cuidar mais? É impossível! Sou a prudência em pessoa! – Debochou ela, bem ao seu estilo. O clima de despedida dissipava a atmosfera acre de antes, não era momento para animosidade. – Manterei contato como sempre “honey”. – Ela despediu-se.

- Assim espero. – Ele respondeu benevolente vendo a porta se fechar, ouvindo o ranger agourento das dobradiças reclamando por lubrificação.

E assim que a porta se fechou por completo, do outro lado do ambiente caminhando rapidamente para longe do apartamento horrendo ao qual acabara de estar, a mulher ainda tentava se convencer de que realmente estava no controle de tudo.

Mas havia uma grande verdade embutida em seu dia, ela avaliou. Um daqueles detalhes que fechamos os olhos com força para não nos deparamos com o indesejável bem diante das nossas vistas, algo que almejamos ardentemente que continue inativo em nossas vidas.

Bem ou mal sabia ela: O passado é um ótimo indicativo para quem se esquece que existe mesmo a lei do retorno.




***



Era preciso se distrair de alguma forma, os últimos dias de trabalho tinham sido os mais estressantes de sua carreira.

Draco tomou um belo banho, regado a espuma coloridas e sais de banhos caríssimos, que tinham o poder de trazer um perfume impressionante e uma calma, a mais, a sua pele.

Em seguida, embalado em seu roupão felpudo, se voltou para o seu diversificado e sofisticado closet começando um de seus rituais favoritos: vestir-se muito bem, diga-se de passagem.

Ao bater os olhos nas incontáveis possibilidades de trajes que possuía, sabia exatamente qual seria a roupa apropriada para o seu fim de noite de hoje. Era uma questão de avaliar as condições de cada dia.

Até suas variações de humor influenciavam, uma análise sobre varias coisas, que também levava em consideração o ambiente ao qual iria, e claro, as pessoas que encontraria por lá.

Cada detalhe era importante para a valorização dos seus pontos fortes, e ocultação de seus pontos falhos, praticamente uma preparação para vestir sua armadura.

Draco acreditava que uma simples roupa combinada de modo certo, com alguns acessórios, tinha o poder de filtrar, atrair, ou repelir tudo e todos que se aproximavam dele.

Era uma das únicas coisas boas que aprendera observando seu pai e os modos de sua família. E de certa maneira, para pessoas que compartilhavam do mesmo ponto de vista dele, realmente isso funcionava.

Por desejar momentos de descontração acima de tudo, optou por uma básica camisa de algodão, mangas curtas, de cor preta, simples. Jeans azul escuro, relógio esportivo, sapatos pretos combinando perfeitamente com todo o resto do traje, arrematando o visual.

Como de praxe, seu cuidado exagerado eram com os finos fios quase pratas que lhe cobriam de forma avolumada a cabeça. Draco mantinha o corte, e se preocupava com a maciez, e só saia quando tinha certeza de que suas madeixas douradas estavam muito bem penteadas, jogadas de forma simétrica, abrilhantando sua exuberante fisionomia.

Perfumou-se sem abundância odiava perfumes mais fortes do que uma boa poção de morto vivo. Fragrâncias capazes de tontear as pessoas rapidamente, que deixava bem claro que o ser de mau gosto que exagerava na fragrância era muito inseguro em relação aos odores que exalava.

Draco estava pronto. Considerou se desfrutaria de suas habilidades bruxas, que o faria chegar com mais rapidez e eficácia aonde queria, ou se manteria o disfarce inocente, sustentando por um suntuoso e caríssimo Jaguar preto.

Optou pelo Jaguar preto, afinal guiar seu potente brinquedo caro também o ajudava a distrai-se, a velocidade eliminaria em parte seu estoque de adrenalina, dissipando um pouco de sua enorme tensão, o resto de seu estresse sumiria a cargo de alguma jovem sensual que pudesse atrair a atenção de Draco, pelo menos por essa noite.

Seu elegante automóvel rasgava as avenidas e ruas, um pouco mais caladas pelas horas avançadas da noite, que se lançava minuto a minuto para a madrugada.

O ruído mínimo e continuo do motor de muitos cilindros e cavalo indicava potência máxima enquanto Draco desrespeitava por gosto todos os faróis vermelhos que encontrava.

A música no interior do carro era alta, abafada pelos vidros fechados, pretos, sulfilmados.

Draco esgoelava com vontade junto com a música que era reproduzida em seu toca cd’s tão ostentoso quanto o carro em si.

No banco dianteiro, ao seu lado, uma capa de compact disc Whitesnake “Starkers In Tokyo” a faixa executada no último volume do aparelho dizia ao mesmo tempo em que Draco:


Eu deveria saber melhor
Depois te deixar ir sozinha
Tempos como esses
Eu não consigo encarar sozinho
Dias perdidos e noites sem dormir
E eu não posso esperar para te ver de novo



Eu me encontro perdendo meu tempo esperando sua ligação
Como posso te dizer baby,
Estou contra a parede
Eu preciso de você do meu lado para me dizer que está tudo bem
Pois eu acho que não agüento mais




E Draco cantarolava a música, com os pulmões em plena atividade, acompanhando o volume do som.


Eu não posso parar esse sentimento
Já estive assim antes
Mas com você eu achei a chave
Para abrir qualquer porta


Eu posso sentir meu amor por você
Crescendo forte dia a dia
E eu não posso esperar para te ver de novo
Então eu posso te envolver nos meus braços



Draco alcançava o sentido das palavras que a música evidenciava, e mesmo cantando com vontade não pode disfarça para si a própria melancolia, embora achasse isso tudo distante do que ele vivia atualmente.

Letras românticas sempre foram um paradoxo para ele. Draco trauteava como se as palavras daquela música fossem de uma verdade irrefutável.

Fazia muito tempo que não pensava no amor como algo que fosse real, algo possível.

Bastava se sentir assim, cansado, sozinho, para saber que estava vulnerável ao seu sentimentalismo que a muito havia enterrado com certas partes de sua vida.

Memórias, era isso que restara da pessoa mais importante de sua vida, além do grande vazio. Mas, depois de anos, as lembranças continuavam ali em seu interior, a espreita de um momento para zunirem em seus ouvidos lhe atormentando por algum tempo.

Era em dias como esse que sua imunidade ao amor baixava, e menos de um segundo depois uma avalanche de imagens felizes submergia das profundezas de sua mente, onde Draco fizera questão de trancar com mais rigor do que as outras partes do seu cérebro que mereciam confinamento.

Ele acreditou sim no amor, uma única vez, por um breve e feliz momento, e fora uma experiência tão intensa, extremamente valida, para garantir a certeza de que havia coisas que ele nunca deveria provar na vida.

E na grande lista do que não deveria fazer, estava ali, no topo “amar” mais especificamente qualquer pessoa que pudesse atingir seus sentimentos.

Por isso permitia-se somente sexo o que não era ruim, embora não fosse suficiente às vezes.

Como um perfeito cafajeste ele cortejava todas as mulheres que conseguia mirar que lhe despertasse algum interesse, e cada uma o instigava por um desejo diferente, cada uma delas o empolgava por uma qualidade, mas, por algum motivo, depois de certo tempo toda a empolgação e todo o encanto se esvaiam, evaporando-se na rapidez de um piscar de olhos.

Sua lista de proibições era uma defesa importante, criada para imunizar seu modo de viver, assegurando os sentimentos de Draco, longe e inatingíveis, mas a salvo.

Seu amor próprio ocupava bastante do seu precioso tempo, isso era uma grande verdade, mas não se culpava pelo egoísmo, por que havia também o amor que dedicava às pessoas que ele considerava como família, isso sim sempre funcionava, e bastava no momento. Pelo menos era o que gostava de pensar.

Essa noite, como todas as outras, ele só procurava um pouco de prazer, isso já estava de bom tamanho.

Prometera para si intimamente não esperar muito das outras pessoas, dessa forma não correria o risco de se decepcionar novamente.

O loiro era embalado pela melodia que o impulsionava, Draco repetia em voz alta o refrão:


Isso é amor o que estou sentido?
Esse é o amor que eu estive procurando?
Isso é amor ou eu estou sonhando?
Isso tem que ser amor
Pois isso realmente toma conta de mim
Toma conta de mim (2x)



A música teve fim ao mesmo tempo em que chegou a porta da boate.

Do estacionamento pode ouvir barulhos rítmicos e as vibrações animadas que circundavam o local. Entrou no salão sem problemas, e foi direto ao bar, como de costume.

De lá se tinha uma visão melhor das pessoas, alias, das mulheres que freqüentavam a agitada casa noturna. O barman sorriu reconhecendo Draco, que acenou, fazendo o pedido de sempre.

Draco se manteve de olho no movimento desinteressante até o momento, bebericou o seu drink favorito, um liquido viscoso, doce a principio, amargo ao final, vermelho sangue, com apenas uma pedra de gelo e uma rodela de limão fina.

Talvez fosse seu nível de irritação, ou sua tensão que estava no limite, mas, depois de dez minutos o loiro esta pronto para pagar seu drink pela metade e sair, considerando se uma boa noite de sono não seria mais proveitosa.

Os mesmos rostos que haviam passado por ele, sorrindo de forma convidativa não estavam o estimulando, isso lhe gerou uma inquietude tamanha, mas o curso da noite mudou completamente ao colocar seus olhos em uma mulher que o arrepiou quando passou pelo hall de entrada.

Olhando com mais atenção teve certeza de que a moça não freqüentava aquela casa noturna, por outro lado seus traços eram familiares de alguma forma.

Sozinha, ela passou os olhos pelo local, como se procurasse alguém, um segundo depois deteve seu olhar sobre ele.

A mulher dirigiu um olhar malicioso e perspicaz a Draco, deu-lhe um pequeno e malévolo sorriso, e se pôs a caminhar, como se achasse o que estava procurando realmente. A passos decididos quase em linha reta em sua direção.

Seus olhos eram extremamente azuis, e seus cabelos eram compridos e cacheados em um corte simples mais elegante, as madeixas lhe chegavam até a cintura arredondada, deixando seu quadril esguio.

Suas roupas e calçados, todos da mesma cor, preto. Seu traje era sensual, muito chamativo, um corpete de alças finas que demarcavam seus seios fartos, uma calça de couro justa, botas de salto, o modelo inteiro colados como uma segunda pele.

Ela se destacava entre o espaço fervilhante, como se estivesse fora do contexto, desambientada.

Por onde passava as pessoas a olhavam como se fosse de outro mundo, as luzes que criavam efeitos visuais no ambiente pareciam chegar até ela para se dissolverem em sua pele branca, lisa, ou eram absorvidas em seu traje sexy.

Mas a mulher agia como se não percebesse os olhares sobre si, tão segura, indiferente a qualquer avaliação ou julgamento.

Ao se aproximar do bar, a estranha escolheu um lugar para se sentar um pouco distante do loiro.

Draco observou a moça fazer seu pedido, aos cochichos para o garçom. Por alguma razão a curiosidade dele fez com que seus olhos se perdessem somente naquela imagem, e por enquanto sua atenção sorvia todos os movimentos dela.

O garçom enfim trouxe o drink da misteriosa dama, e o loiro reparou com surpresa que o homem servia a ela exatamente a mesma bebida que ele, Draco, entornava.

Uma daquelas coincidências que vale a pena pensar a respeito pelo menos por um momento.

A morena se voltou para o garçom, o encarando com bastante simpatia e docilidade, o homem por um momento parecia enfeitiçado, voltando para trás do balcão onde estava anteriormente com um sorriso bobo, servindo a Draco mais uma dose, em um movimento inesperado.

- Eu não pedi outra dose amigo. – Disse o loiro cordial, mas contrariado.

- Sim eu sei – respondeu o garçom. – Cortesia da dama de preto. – O garçom sorriu tanto para a mulher que era capaz de estourar as linhas da boca em seu esforço exagerado de ser tão galante quanto gostaria de ser naquele instante.

Draco sorriu gentil, a mulher misteriosa retribuiu o sorriso e levantou o copo em um brinde, o loiro imitou o gesto, mas permaneceu a onde estava.

Ou Draco estava se tornando pretensioso demais, ou aquele gesto sugeria um convite, que fosse pelo menos ao um novo brinde, junto a ela, é claro.

Após alguns goles, ele se virou novamente para encará-la, e percebeu que a moça tentava com sutileza dispensar um convite inconveniente para a pista de dança.

Talvez fosse hora de agir, e conseguir uma companhia, e sem perder tempo ele segurou sua taça, e se dirigiu até a parte do bar onde a mulher estava sentada.

- Não muito obrigado, não estou interessada em dançar, espero por uma pessoa. – Disse ela, e mesmo que exibisse um sorriso aliciante era evidente que seu aborrecimento era crescente.

- Uma música só gatinha, enquanto a sua companhia não chega, por favor. – Insistia o rapaz de fala engrolada com as bochechas coradas pela euforia e pelo álcool que ingeriu em excesso.

- As palavras NÃO MUITO OBRIGADO lhe dizem alguma coisa? Se for muita informação para você amigo eu posso desenhar! O que acha? – Ela devolveu agastada. Seus olhos azuis agora faiscavam irritadiços, determinados à negativa.

Sua boca semi-serrada indicava pouca tolerância, e o insistente beberrão não notara ter ultrapassado o bom senso nem o limite da paciência da mulher.

Ao se aproximar Draco continuava a analisá-la, tentando achar de onde vinha toda a familiaridade que sentia ao olhá-la.

Tudo lhe parecia peculiar demais, seus olhos, a maneira como falava, e de alguma forma o modo com que ela agia, e isso aumentou seu interesse pela estranha ao mesmo tempo em que achava que o seu cansaço o estava deixando paranóico.

- Demorei muito? – intromete-se Draco na conversa tensa. Suas palavras eram inquiridoras, mas, sua voz soava displicente, com um leve divertimento.

Ao encarar o sujeito não pode deixar de mobilizar os lábios minimamente, sinal de sua pitada de sarcasmo na pergunta.

- Mais do que eu esperava. – A mulher replicou sorrindo sedutoramente, levando os lábios com lentidão até o drink, não dando tempo para o pobre embriagado responder, nem que fosse de forma vergonhosa.

Depois do que acabara de ouvir o beberrão que tanto forçava uma dança só teve como alternativa murmurar uma falsa desculpa e sair à caça de alguém que lhe desse a mínima atenção que fosse.

Draco sentou-se ao lado da mulher, lhe ofereceu a mão formalmente e se apresentou.

- Draco Malfoy.

- Olá Draco! Gostou da bebida? – indagou ela olhando para frente. A voz era casual e atraente, como uma seda, deixando explicito que sua irritação se dissolvera completamente.

- Gostei claro, muito obrigado. – Draco enviesou os lábios como se fosse à personificação de um guerreiro nórdico, então notou satisfeito que a mulher misteriosa lhe refletiu um sorriso indulgente.

- Não quer mesmo dançar ou está realmente esperando por alguém? – quis saber ele enredado. Ela se virou para olhá-lo e o fez vagarosamente, como se estivesse considerando a hipótese.

- Até aquele momento eu não queria, mas com a sua chegada... Quem sabe? – Draco não era uma pessoa fácil de se enlevar, porém ficou saciado com toda a aura misteriosa e aprazível que circundava a formosa estranha. Mas como ele aprendera a não gerar muitas expectativas sobre ninguém, seu rosto viril geneticamente bem esculpido conservava o olhar lascivo e circunspecto ao mesmo tempo.

- Você não me disse seu nome ainda. – Draco atentou-se para o detalhe formal mais importante de quando se tinha o primeiro contato com qualquer pessoa, mas sua mente ainda trabalhava a procura de qualquer minúcia que lhe elucidasse por que sentia que já conhecia aquela mulher.

- Isso realmente importa? – ela arqueou a sobrancelha, emoldurando o rosto com um ar enigmático.

Se fosse para ser franco menos de uma fração de segundos depois ele teria respondido que não, mas por questão de educação a qual Draco sempre fez uso em seus melhores momentos a resposta foi bem diferente.

- Depende... – O loiro se curvou para falar ao pé do ouvido dela, lhe fazendo uma proposta bastante capciosa e um arrepio tortuoso perpassou a espinha da mulher como um pressagio do que estava por vir essa noite.

Ela não pode se conter e naturalmente sorriu abrindo duas covinhas na maçã do rosto. Tudo a partir daquele momento se tornava excessivamente ousado, mas o gosto era um milhão de vezes mais delicioso.

Draco Malfoy não tinha idéia do tamanho do problema ao qual estava se metendo, e a mulher misteriosa acostumada ao controle de sua vida pensava nesse instante em três coisas: Passado, desejo e vingança.











N/A: Hello!


(*Mérope protegendo-se atras de um belo e forte escudo mágico, capaz de segurar por algum tempo muitos dos feitiços dolorosos que provavelmente os leitores estão pensando em lançar sobre essa pobre bruxa. )

Muitos problemas, poucas soluções. Essa é a frase que se encaixa na vida de muitas pessoas, inclusive na minha.

Então eu peço desculpa a todos pela demora em atualizar. Viveria só escrevendo se pudesse me sustentar dessa forma, mas, no momento a minha realidade esta longe disso.

Só tenho a agradecer as pessoas que esperaram, que leram e que continuarão a acompanhar a minha fic.

A musica que eu usei no capitulo é: "Is This Love" do Whitesnake, o cd (*perfeito demais, diga-se de passagem...) é : Starkers In Tokyo.

Descobri que essa musica consegue ter duas personalidades, a versão mais rock com a guitarra fazendo toda diferença, ou mais balada, com o dedilhado suave no violão e tudo mais...

As duas são boas, mas essa versão (* que é acústica, por tanto rola mesmo um violão... ) atingiu os meus ouvidos como melodia e poesia. Espero que vocês aproveitem...


Beijocas,

Até mais.


Obs: Para o pessoal que acompanha a minha outra fic, boas notícias: o próximo capitulo esta com a minha amiga maravilhosa e assim que ela terminar de betar, eu publico.






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