O fim da guerra

O fim da guerra



Cap 28.: O fim da guerra – interna e externa.

Eu senti quando ele me abraçou.

Eu perdi o chão e não foi porque ele apenas me levantou. Não, ele grudou os seus lábios nos meus.

E quer saber? Eu estava pouco me importando com as pessoas que estavam por perto. Fossem elas, comensais da morte ou até mesmo os nossos “aliados”.

O começo disso?

Acho que voltar uns seis meses seria suficiente.

Ou melhor, seria o essencial.


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Desde que eu chegara, há três dias atrás, eu não tivera tempo de fazer nada.

Primeiro tivemos o enterro de Percy.

Em um dia que, particularmente, estava lindo. Em contraste, ruivos se aglomeraram em volta de uma cova. Papai não conseguiu fazer um discurso. Fred e Jorge tentaram dizer que meu irmão fora um panaca a maior parte do tempo – mas ele morrera por uma causa nobre-, só que antes que eles pudessem chegar nessa parte, mamãe começou a chorar e gritar desesperada.

No fim, coube a Gui dizer algumas palavras. Fleur segurava a sua mão, com medo de perdê-lo.

Sim, nós estávamos em uma guerra. E não apenas contra o Lord das Trevas.

Nós estávamos contra as nossas próprias emoções, nossas loucuras e nosso desespero.

Algumas pessoas sobreviveriam.

Outras não teriam a mesma sorte.


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“No dormitório dele, para ser mais exato.

Isso me deixou um tanto intrigado. OK, leia como ciúmes, como sempre. Acho que ciúmes é a palavra que eu mais tenho usado, nessa carta.

E quando eu vi... que você e Draco Malfoy saíram do Salão Comunal da Sonserina, eu voltei a te seguir.

Lembra-se de quando eu te puxei naquela sala?

Eu sabia que era você, mas acho que uma peruca loira pode confundir os sentidos de um cara que está com vários problemas. E você não me ajudou, nem um pouco, ao não parecer... você.

Mas acho que eu não expliquei como eu fiquei sabendo, não é?

Bom, entenda que eu conversei com Dino Thomas, sobre um cargo do jornal. Ou melhor, o cargo de Espiã. Então, rondando um pouco, Dino Thomas chegou a insinuar que eu conhecia a jornalista por trás do papel de Espiã. E que eu conhecia muito bem essa pessoa

Não o culpe, Gina. Você sabe como Thomas é.

E para piorar um pouco as coisas... vi aquela menina que andava sempre com Valkiria Proust, Stephanie alguma coisa conversando sobre panfletos que... diziam ser sobre você.

Então, eu decidi agir. Quero dizer, não poderia deixar você ser pega nem nada do tipo. Mas estava cada vez mais difícil de achar você. OK, difícil não, mas apenas complicado chegar perto de você.

Por causa de Malfoy.

Mas eu não poderia deixar você voltar para Sonserina. Você poderia ser massacrada lá dentro. E eu não conseguiria te proteger (e você, nesse momento deve estar pensando: ‘Harry, eu não preciso de proteção’, mas você está enganada. Simplesmente enganada).

Então, vi você com Draco Malfoy perto da Sede do Jornal. Vi você se aproximando de Slughorn.

O pontinho que identificava você estava voltando atrás e com Malfoy em seu encalço. Vi que você tinha parado em algum lugar.

Então, eu achei a minha oportunidade. Fiz Hermione e Rony me seguirem.

Para eles verem você e Draco Malfoy caindo de um armário.

Você agarrada a ele.

Você implorando que Draco Malfoy te seguisse.

E eu me perguntava: por quê?

Por que você precisava que ele te escutasse?

Por que você se desesperou tanto?

Por que ele não podia ir embora?

Afinal... eu estava ali.

Eu não conseguia entender.

Está bem, eu ainda não entendo muito bem. Quero dizer, não é fácil acreditar que você realmente... ahn, gosta dele.

Mas acho que eu não deveria estar intrometendo, né?

Provavelmente, você está sentada em algum lugar lendo essa carta e pensando a mesma coisa.

Mas eu não sei mais o que escrever. Acho que essa carta deveria ter apenas um: ‘Adeus, Gina’ ou um ‘Eu te espero ver depois que isso tudo acabar.’

Talvez seja apenas um daqueles momentos onde a minha falta de esperança prevalece.

Mas eu não acredito que eu vá te ver daqui a três semanas, por exemplo.

Então, sendo metade namorado, metade irmão, eu espero que você se cuide e que não faça nada de errado enquanto eu, Rony e Hermione estivermos fora, OK?

Com amor,

Harry’.

Dobrei a carta com cuidado.

Eu ainda não conseguia pensar em nada. OK, talvez eu pensasse que mamãe teria um ataque se lesse essa carta. E não por ser de Harry nem nada do tipo. Acho que já consigo ver os lábios crispados de minha mãe ao ler o ‘Você entrou com Draco Malfoy em um armário’.

“Você acha que foi um sinal?”-eu escutei Fred falando, mas nem parecia a voz dele, ele parecia mais sério do que o normal.

“O que significaria aquilo?”-disse Jorge, incrédulo.-“Foi um sinal de que eles estão vivos, Fred.”-meus irmãos entraram na cozinha e deram de cara comigo.-“O que você está fazendo aqui, querida irmã?”

Levantei uma sobrancelha e respondi:

“Nada demais. O que vocês estavam falando?”

“Hum, você está ficando tão enxerida quanto o nosso querido irmão Rony.”-e nisso, Fred colocou as duas mãos na boca por causa de mamãe.

Ignorei o meu irmão e virando para Jorge perguntei, com a voz mais doce possível:

“Eu poderia dizer para mamãe o que vocês estavam falando agora.”

“Oh, meu Deus, Fred.”-disse meu irmão, com a sobrancelha levantada.-“A nossa querida e doce irmã está se transformando em uma bruxa!”

“Estou falando sério.”

“Gininha, querida, isso não te interessa.”-falou Fred, como se eu fosse uma criança.

Respirei fundo e falei:

“Vocês estavam falando de quem?”

Mas eles apenas saíram da cozinha, sem falar nada.

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“Desça para me ajudar a fazer o café.”-disse minha mãe, abrindo a porta do meu quarto.

Abri os olhos.

E me lembrei de Draco Malfoy.

Eu não me despedira. Eu disse que fugiria com ele... e saí de Hogwarts.

Ah, meu Deus, o que eu fiz??

Ignorando o pedido de minha mãe, peguei o caderno que a Carmen me dera junto com uma pena e escrevi:

“Carmen, preciso da sua ajuda!!”

As letras sumiram do papel, um tanto devagar.

Esperei dez minutos por uma resposta, mas nada aconteceu.

Pensei, revoltada, que aquilo era uma grande inutilidade.


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“O que está apitando?”-perguntou a minha mãe, indo até a escada e tentando achar a origem do som agudo e irritante.

“Vem do seu quarto.”-disse Fred, se sentando à mesa da cozinha.-“Você me despertou do meu sono de beleza, Gininha.”

Respondi alguma coisa para Fred e, no momento seguinte, corri escadas acima e peguei o caderno.

Só podia ser aquilo.

Abri o caderno e vi a letra da Carmen:

“Onde você se meteu, sua inconseqüente? Eu estou tentando falar com você, mas não tive nenhuma resposta.

Gina, aqui está um caos, sabia?

Acho que você precisava ativar o seu caderno, ou qualquer coisa parecida, já que eu mandei avisos do tipo: ME RESPONDA, SUA MANÍACA; CADÊ VOCÊ, SUA RETARDADA MENTAL?;E mais um monte de coisas um tanto... censuráveis..

E isso porque eu estava em um dia muito bom. Dino foi oficialmente declarado como desaparecido, a escola foi invadida por uns cinco comensais que disseram que estavam ali para nos protegerem e, ainda por cima, eu vi o Longbottom sendo torturado.

Excelente, não acha?

Então, fale algo que me deixe feliz.

Realmente sentindo a sua falta,

Carmen.”

Meus olhos se concentraram em “Cinco comensais e Longbottom torturado”.

Peguei a minha pena e escrevi:

“Você é um amor de pessoa.

Como assim Comensais da Morte? Ah, meu Deus, o que está acontecendo aí?

Mande noticias IMEDIATAMENTE.

Gina.”

Minha mãe berrou da cozinha, mas simplesmente ignorei.

Depois de cinco longos minutos (que eu fiquei rodeando a minha cama, procurando qualquer coisa de estranha no caderno), as letras começaram a aparecer.

“Você nem se preocupa com o Dino e com o Longbottom?

Sua insensível.”

Eu não podia acreditar.

Eu esperara CINCO minutos por aquilo?

“Carmen,

CALE A BOCA, está bem? Realmente, o Dino é muito importante para mim. E como você mesma diz, veja o lado bom das coisas: o Dino não está morto/nem ferido/nem capturado. E se estivesse, você ficaria sabendo, já que eles pegaram um sangue-ruim, não é? É uma notícia ótima e o mundo ficaria feliz.

Quanto ao Neville, eu me importo muito com ele, sim, se você NÃO percebeu. Já que eu perguntei sobre os Comensais da Morte e isso está ligado ao Neville, sua imbecil.

Então, RESPONDA logo.”

Dez minutos...

“Você que é IMBECIL.”

Contei até dez para não xingar a garota de todos os nomes que eu conhecia.

“Carmen,

Dá para você escrever alguma coisa decente?

Tipo, você poderia me dar mais informações sobre... o Malfoy.

Não que eu esteja pedindo, nem nada assim.

OK. A quem eu quero enganar? Eu estou SIM querendo saber sobre Draco Malfoy, então, fale alguma coisa DECENTE.”

Guardei a pena e esperei...

Dez minutos e nada de Carmen Esperanza escrevendo alguma coisa inútil.

Depois de vinte minutos e de uma bronca gigante da minha mãe, resolvi voltar a fazer as tarefas da casa.

Mas sem deixar de levar o caderno.

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“A porcaria do caderno apitou no exato momento em que a Sibila Trewlaney passou por mim.

Ao contrário de outras pessoas, eu AINDA estou em Hogwarts e AINDA tenho aulas.

Então, você poderia, por favor, esperar um pouco e parar de me encher com as suas perguntas cada vez mais insuportavelmente chatas?

Aproveite esse momento que eu estou de folga. Sim, eu estou no banheiro, organizando a minha maquiagem, já que eu estou no meio de uma crise existencial. Então, nada melhor do que ficar olhando para os meus potinhos de base e corretivo.

Cacete, como eu sou um fútil.

Mas acho que um pouco de futilidade está me fazendo muito bem, no momento.

Então, responda algo decente.”

Li duas vezes.

Parei de tentar desgnomizar o jardim.

“Aonde você vai?”-perguntou Fred, enquanto eu me afastava do jardim.-“Hey, você ainda não...”

“Faça isso por mim.”-falei, rapidamente.-“Eu preciso... escrever algumas coisas.”

“Não pense que você vai se safar dessa, irmãzinha querida.”-disse Jorge.-“Nós não somos tão cruéis com você, mas sem Rony por perto, nós não temos ninguém para atazanar e...”

“Eu já volto, OK?”-berrei para os gêmeos.-“Só me dêem cobertura por uns cinco minutos.”

Assim que entrei na cozinha, agradeci por mamãe não estar ali.

Sentei e comecei a escrever:

“Carmen,

Eu sei que você está passando por um momento muito, ahn, delicado, por assim dizer, mas você NÃO pode me privar das informações, entende?

O meu coração está em Hogwarts. Então, falar alguma coisa além da Sibila Trewlaney, seria algo bem mais agradável.”

Eu sei.

Algo realmente brega de se escrever.

Qual não foi a minha surpresa ao ver a resposta:

O meu coração está em Hogwarts.

Weasley, você está com algum problema mental? Porque isso foi a coisa mais BREGA que eu já escutei.

OK, você quer saber o quê? Sobre Draco Malfoy?

Bem, eu não sei onde ele está. Ele não aparece há três dias, não é visto na detenção e muito menos nas aulas.

Ah, sim, Pansy Parkinson está espalhando que Malfoy a abandonou já que eles tinham... reatado o namoro.

Mas acho que ninguém acreditou nessa história porque todo mundo sabe que o Malfoy não imploraria para voltar a ser namorado da Parkinson. Ou a propriedade exclusiva dela, como ela diz.

Então, isso é tudo o que eu sei sobre Draco Malfoy.

Mas você quer saber a minha opinião?

Eu acho que o Malfoy só está no dormitório remoendo o fato de você ter saído de Hogwarts sem se despedir dele.

Porque, se eu fosse um garoto abandonado, pode ter certeza que eu ficaria MUITO puto com você.”

Olhei para o caderno, totalmente desolada.

Ah, meu Deus, o que eu tinha feito?

“Carmen,

TENTE ACHÁ-LO. Ou melhor, você TEM que achar o Malfoy a qualquer custo. Pergunte para todas as pessoas da Sonserina se for o caso, mas apenas faça isso, está bem?

Quer dizer, eu não queria fazer isso. Eu não queria fugir ou sei lá o que ele está pensando, mas não tem sido fácil ver a minha mãe chorando todos os momentos. Não tem sido fácil para ela ver que não há mais o ponteiro de Percy se mexendo. Ou melhor, é bem triste ver que não existe um Percy Weasley na nossa família.

E o fato de Harry, Rony e Hermione continuarem desaparecidos e o fato de várias pessoas que nós conhecemos desaparecem também... não tem nos ajudado.

Então, saber que Draco Malfoy não está por aí aterrorizando as pessoas ou mesmo MATANDO algumas... me faria sentir BEM melhor, entende?

Espero que você consiga.”

“O que você pensa que está fazendo, Gina?”-disse a minha mãe, estreitando os olhos.-“Eu não mandei você desgnomizar o jardim com os seus irmãos?”

“Mamãe, eles conseguem fazer aquilo bem melhor do que eu.”-argumentei.-“Além do mais, eles gostavam de fazer isso com Harry e...”-parei no meio da frase.

Eu sabia que se falasse ‘Rony’, minha mãe logo começaria a soluçar em cima da mesa.

“Ou melhor, eu acho que eu vou lá fora agora mesmo.”-completei, pegando o caderno, com o máximo de discrição possível.

“O que você estava fazendo aqui na cozinha, Gina?”-disse mãe, os olhos fixos no tinteiro e na pena.-“E usando isso?”

Eu gelei.

“Estive pensando em mandar algumas cartas para a Carmen.”-menti.-“Mas logo percebi que não daria certo já que as corujas estão sendo extraviadas, não é?”

“E onde está o pergaminho?”-perguntou mamãe, fingindo desinteresse.

Eu acho que ela pensa que estou tentando fugir ou algo assim.

E, OK, confesso.

Nada me deixa mais infeliz do que ficar trancada em casa, com milhares de feitiços de segurança e sem noticias das pessoas que eu gosto.

“Eu... rasguei e já joguei fora.”-foi o que eu falei.-“Você sabe, mamãe, para não ter a vontade de mandar para a Carmen.”

Ela procurou qualquer resquício do pergaminho.

“Espero que você esteja falando a verdade, Gina.”-disse, por fim.-“Vá chamar os seus irmãos que logo o almoço estará servido.”

Apenas obedeci.

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“Gina, acorde.”-disse minha mãe, com a varinha em punho.

Abri os olhos com dificuldade.

“O que está acontecendo?”-grunhi.

Ah, fala sério, mesmo que ela seja a minha mãe, é impossível que eu não fique brava por me acordarem no meio da noite.

“Seu pai foi preso.”-anunciou a minha mãe.-“Se vista porque nós sairemos daqui.”

Acho que isso foi o suficiente para me sentir culpada.

Fique brava com a sua mãe por ela te acordar de madrugada e ganhe uma boa dose de culpa.

“Preso?”-repeti, tentando assimilar tudo ao mesmo tempo.

“Eu não sei direito o que aconteceu, Gina.”-disse minha mãe.-“Seus irmãos estão preparando uma chave de portal, então, se apresse.”

E tudo o que eu consegui fazer foi pegar algumas coisas e me vestir.

Para deixar A toca para sempre.

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“Eu não sei quando eu o verei de novo.

G.”

Foi tudo o que eu consegui escrever e pensar no momento.

“Eu estou voltando para a Espanha.

Você acha que é capaz que o Dino tenha ido para a Espanha?

Você não vai ver quem de novo?”

Procurei não parecer tão desesperada na resposta:

“Meu pai.

Eu não sei o que está acontecendo, Carmen. Sério, qual é o problema se eu sair dessa bolha, vulgo, casa da Tia Muriel?

Boa sorte na Espanha.

G.

Ps.: O Thomas pensou, alguma vez, em ir te visitar?”

“Gina,

Ele nem sabe que eu moro na Espanha. Quero dizer, eu nem o conheço.

OH MEU DEUS...

Eu não sei nada sobre ele. Como eu posso gostar de alguém.. que mal se abre comigo?

Acho que o meu relacionamento está fadado ao término mesmo.

Sinto muito sobre o seu pai. Quero dizer, quando você me escreveu aquilo.. eu poderia jurar que era sobre Draco Malfoy.

Minha mãe está voltando e ela vai voltar a me interrogar (e eu tenho culpa se os meus olhos são traidores e ficam procurando Dino Thomas no trem?).

Espero te encontrar novamente.

C.”

Fechei o caderno.

Esse era o momento de simplesmente enterrar os meus sentimentos. Não era certo ficar pensando em um cara que simplesmente desapareceu.

Mas que seria ótimo se ele aparecesse de repente e nós pudéssemos conversar, bom, isso seria.

E eu, novamente, estou voltando a sonhar.

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“Mamãe, eu já disse que eu vou!”-falei, cruzando os braços.

“Você não...”-minha mãe falou, cansada.-“Ah, Gina, nós já conversamos sobre isso.”

“Você está me proibindo!”-quase berrei.-“Qual é o problema? Eu sou quase maior de idade.”

“Eu não posso perder você.”-ela disse.-“Eu já perdi Percy e Rony está...”-e ela não continuou a próxima frase.

“Mamãe, Gina não pode ficar sozinha aqui.”-disse Gui, tentando acalmar os ânimos.

“Mas quem disse que ela vai estar sozinha?”-disse Tia Muriel, insuportável como sempre.-“Virginia vai estar bem protegida aqui. Uma moça não deve entrar em combate. Deixe que os bruxos resolvam isso.”

“Então, mamãe não deveria ir.”-falei, com suavidade, mas a minha maior vontade era matar Tia Muriel.

“Sua mãe não me obedeceria nunca, Virginia.”-disse Muriel, lançando um olhar um tanto sujo para a minha mãe que estava se recompondo.

“E muito menos eu.”-disparei.

Fred apenas sibilou:

“Acho que mais alguém vai ser deserdada hoje...”

“Seria a nossa incrível irmã?”-disse Jorge.-“Mas acho que a nossa querida tia também não ajuda em nada.”

“Gina, não seja rude com a sua tia.”-disse minha mãe.-“Fred, Jorge, fiquem quietos.”-e se levantando, ela continuou.-“Você fica. Nós vamos, primeiro, até a Mansão Malfoy e depois iremos até onde Você-Sabe-Quem está.”

“Mansão Malfoy.”-repeti, incrédula. Isso não estava acontecendo.-“E o que vocês vão fazer lá?”

“Salvar o seu pai.”-disse mamãe, segurando a varinha fortemente, ela, então, acrescentou.-“Ou morreremos tentando.”

“Uau, mãe.”-disse Jorge.-“Você realmente é poço de alegria.”

“Não temos motivos para ficarmos alegres.”-ela retorquiu, irritada.-“A Ordem já está na Mansão Malfoy e nós precisamos chegar o mais rápido.”

“Vocês sabem que se saírem por aquela porta.”-eu falei, apontando para a enorme porta de madeira que Tia Muriel se gabava ao dizer que era a mais resistente de todo mundo bruxo (o que lógico, era a maior mentira).-“O feitiço de proteção que colocaram perde todo o valor, não sabem?”-e nisso, mamãe me olhou assustada.-“É, mãe, se você não sabe, eu sou bruxa.”

“Não seria seguro que vocês ficassem aqui.”-concordou Gui.-“Ainda mais que os Comensais da Morte acreditam que Harry está escondido nessa casa.”

Tia Muriel bufou.

“Então, eu deveria deixar todas as minhas coisas aqui?”-e apontando o dedo para o rosto marcado de Gui, ela continuou.-“Eu juntei muitos tesouros para deixá-los aqui, mocinho.”

“Fique com eles.”-disse Fred, com um sorrisinho.-“Seria uma pessoa a menos para nos preocuparmos.”

“Fred!”-mamãe disse, alarmada.-“Muriel, entenda.”-ela disse, com a voz mais branda.-“Não adianta você deixar os seus ‘tesouros’, se você estiver morta.”

“Está bem.”-ela disse, cruzando os braços.-“Vocês estão pensando em qual lugar?”

“Na minha casa.”-disse Gui.-“Fleur adoraria recebê-las.”

OK.

Não mesmo. Junto com Fleur? E Tia Muriel? Eles querem que eu assassine as duas ou qualquer coisa do tipo? Porque isso vai acontecer se eu ficar por mais de duas horas perto delas.

“Está bem, está bem.”-falou Tia Muriel.-“Vocês podem muito bem ir até a Mansão Malfoy, pois nós sairemos logo em seguida.”

Só que não foi isso que aconteceu, já que no momento em que mamãe iria aparatar, eu corri ao seu encalço e agarrei a sua mão.

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“Você não podia ter feito isso!”-minha mãe quase berrava.-“Nós não estamos mais em Hogwarts.”

“Ah, por favor.”-falei, enquanto recuperava o fôlego e tentava parar de tremer.

Simplesmente, odeio aparatar.

“Você vai ficar aqui.”-ela disse.-“Nem que eu tenha que amarrá-la ou...”

“Ainda bem que vocês apareceram!”-disse Kingsley que apareceu de repente.-“As coisas saíram um pouco do controle, Molly.”

Ele segurava o meu pai.

“Oh, Arthur!”-foi tudo que mamãe disse, ignorando totalmente Kingsley. Ela correu até o meu pai e o ajudou a deitar no chão.

“O que está acontecendo?”-perguntei, sentindo-me um pouquinho melhor ao ver que o meu pai fora resgatado.-“E as outras pessoas? Está tudo bem com elas?”

“Voldemort está aqui.”-ele falou, ignorando mamãe que começara a tremer.-“Eu não sei, Gina, mas vou voltar a batalha.”

E, tentando ser o mais natural possível, andei na mesma direção que o auror.

“Você fica.”-disse mamãe, enquanto falava um monte de feitiços.

Foi aí que eu percebi.

Papai estava doente.

Papai estava ferido. Uma mancha de sangue o rodeava.

E eu não conseguia olhar.

“Eu não posso impedir os seus irmãos, Gina.”-ela falou, enquanto seguia com o olhar o caminho de Kingsley.-“Mas você deveria ficar aqui, protegendo o seu pai.”

“Papai precisa da senhora.”-foi tudo o que eu consegui dizer, antes de sair correndo.

Minha visão estava embaçada, mas algo me fazia correr até um determinado lugar.

Você-Sabe-Quem estava lá.

E ele precisava ser combatido.

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Um clarão verde.

Pessoas caindo.

Um outro clarão que passou por um triz.

E alguém estava chamando o meu nome.

Não o apelido.

Apenas o meu nome.

Parei.

E vi Draco Malfoy apontando a varinha para o meu peito.

Ele apenas sibilou:

“Abaixe-se!”-e, quando eu obedeci, Malfoy berrou ‘Estupefaça!’ e o comensal que estava atrás de mim caiu no chão.

“O que você está fazendo aqui?”-ele perguntou, enquanto segurava a varinha com força e tentava me puxar.

Mas eu não conseguia me mover.

“Virginia.”-ele sibilou, enquanto voltava para onde eu ainda estava parada.

Eu sabia que ele ia agarrar o meu braço.

E eu simplesmente não sabia se eu poderia deixar.

“A minha irmã não!”-foi tudo o que eu escutei, enquanto via Rony correndo até Draco Malfoy.

Ele me empurrou e acho que isso me fez despertar.

No momento seguinte, eu apenas vi meu irmão e Malfoy no meio de faíscas.

“Ah, Merlim.”-foi o que eu sussurrei, me vendo incapaz de colocar no meio dos dois sem me machucar.

“Você nunca mais vai encostar em ninguém, Malfoy!”- foi o que eu escutei.

“E o que você vai fazer?”-retorquiu Malfoy, lançando um feitiço que não acertou Rony por pouco.-“Vai me matar? Você seria incapaz de fazer isso.”

“Não duvide.”-foi o que Rony falou, mas Malfoy, no momento seguinte, o estuporou.

E isso não me deixou nenhum pouco feliz.

“Você tinha que fazer isso?”-berrei, correndo até o meu irmão e o puxando até um canto.-“Ele pode ser pisoteado, Malfoy!”

“E eu teria que ter piedade?”-perguntou o loiro, com desprezo.-“Ele disse que ia me matar se você não percebeu.”

“Ele é o Rony.”-argumentei.

“Realmente, isso me faz ter pena dele.”

Malfoy olhou ao redor e disse:

“O que diabos você está fazendo aqui?”-e segurando o meu braço.-“Se você não sabe... nós estamos no meio de um campo de batalha.”

“Não diga.”-falei, sarcasticamente.-“E você acha que eu vim aqui... para fazer o quê? Brincar de casinha, por acaso?”

“Você tem que sair daqui.”

“Eu vim aqui para lutar, Malfoy.”-e ao ver que ele ia falar alguma coisa, logo completei.-“E você não vai fazer nada para me impedir.”

E no momento seguinte, dei as costas a ele.

Comecei a correr.

Vi Tonks e Lupin lutando contra Macnair e Rockwood.

Gui lançou um feitiço em Greyback que simplesmente voou longe.

“O que você está fazendo aqui?”-perguntou Gui, preocupado.-“Você sabe que mamãe não queria você lutando.”

“Eu não podia ficar em casa rezando por vocês.”-falei.-“Além do mais, mamãe está, nesse momento, cuidando de papai.”

“Conseguiram libertá-lo?”-perguntou Gui, só que nesse momento, Belatriz Lestrange apareceu completamente enlouquecida.

Eu estava lutando contra ela.

Ela tentava me acertar.

“Então, Gininha.”-ela falava.-“Inferno ou Paraíso?”

Desviei-me do feitiço e respondi:

“Você pergunta para mim... qual vai ser o seu destino? Realmente, Belatriz.”

Quando mais um raio verde passou a milímetros da minha cabeça, eu senti alguém me puxando para longe.

E, logo, a minha mãe e Belatriz estavam lançando vários feitiços.

“Mamãe Molly vai fazer companhia ao finado Percy.”-disse a mulher.-“E quando eu acabar com você, pode deixar que a sua querida Gininha vai te fazer companhia.”

“Não se aproxime dela.”-gritou minha mãe, lançando o feitiço da morte que simplesmente atingiu Belatriz no peito.

E no momento seguinte, a seguidora mais fiel do Lorde das Trevas estava deitada no chão. A sua boca estava escancarada e o seu olhar tampouco era intimidante... Belatriz Lestrange apenas me fez sentir pena.

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Tudo parou quando Você-Sabe-Quem viu que Belatriz estava morta.

Mas ele não chorou. Creio que ele jamais conseguiria derramar uma lágrima. A única coisa que ele fez foi afundar o chão ao redor do corpo da mulher.

Pessoas gritaram quando isso aconteceu. Acho que Você-Sabe-Quem gosta de escutar gritos, sentir o desespero, tatear o medo.

Tudo isso faz com que ele pareça qualquer coisa... menos humano.

Mamãe segurou o meu braço e tentou me proteger, colocando-se na frente.

E foi quando Voldemort gritou:

“A todos que se rebelaram contra a mim, hoje, se rendam.”-e segurando a enorme cobra, ele disse.-“Não vamos derramar sangue mágico, não mais. Lord Voldemort é piedoso com todos aqueles que acham que podem me derrotar. Não teremos exílio nem mortes.”

Um estampido junto com um clarão.

E o grito de Lord Voldemort.

Imenso.

Não sei se chega a esse ponto, mas poderia até dizer que ele estava carregado de dor.

Algo que eu podia jurar que ele não sentia.

“Você é tolo, Tom Riddle.”-disse Harry, segurando a espada, que eu logo reconheci, como a de Godric Gryffindor. –“Tolo demais para entender todas essas pessoas que estão aqui.”

Reconheci Hermione e Rony (que parecia um tanto grogue) ao seu lado.

“Como ousa? Como ousa, Harry Potter?”-disse Voldemort, estendendo a varinha e apontando não para Harry, mas para o peito de Hermione.

“Isso é tão você.”-disse Harry, apontando a sua varinha para Voldemort e preciso dizer que a maior parte das pessoas que estavam no campo de batalha fizeram o mesmo?-“Covarde.”

“Se alguém lançar algum feitiço em mim, ela morre.”-disse Voldemort.

“É entre nós dois.”-falou Harry, irado.-“Ninguém tem que se envolver.”

“Então, está decidido.”-falou Voldemort, a voz fria.-“Eles só observarão o seu fracasso.”

E com um rápido movimento, todas as pessoas que estavam próximas a Harry ou a Voldemort foram afastadas. Um gigantesco círculo apareceu. Coloquei as minhas mãos para frente. Elas pareciam prestes a queimar, como se estivessem em contato com uma grande parede de gelo.

Uma parede de gelo invisível.

“Agora é só entre nós.”-disse Voldemort.-“Você não possui a sua varinha de fênix, não é?”

Harry não respondeu, apenas segurou de uma maneira mais firme, a espada de Gryffindor.

“Tolo. Agora sou eu que digo o quanto você é tolo, Harry Potter.”-ele falou, a voz cheia de triunfo.-“Você é igual ao seu pai. Você sabe como ele morreu. Ele sequer estava armado. Ele sequer pensou que confiara na pessoa errada. E você é igual. Você é um tolo por acreditar nos absurdos que Dumbledore pregava.”

Harry apenas levantou a espada e a segurou firmemente.

“E dessa vez, eu te dei a oportunidade de alguém se sacrificar por você. Afinal, foi assim que você se safou, não é?”

“Eu me safei... porque eu segui o caminho que você desdenhou. O caminho que é contra a dor, o sofrimento, a morte das pessoas. Eu sou contra o que você sempre desejou, Tom Riddle.”-ele falou.

“Avada Kedrava!”-berrou Lord Voldemort, como se fosse algo banal, mas as pessoas podiam sentir o triunfo que o Lorde das Trevas sentia enquanto proferia a maldição da morte.

O jato de luz verde que saia da sua varinha se chocou contra a espada de Godric Gryffindor.

E um grande clarão surgiu.

Pessoas gritaram.

Para logo verem Voldemort caído no chão, o corpo inerte que, em pouco tempo, começou a se desintegrar.

Era o fim de uma guerra.

Uma guerra que acabara com a vida de muitas pessoas, mas agora... tudo estava bem.


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Ele chamou o meu nome.

Harry, no meio da multidão, me encarou. Dei um pequeno sorriso a ele, mas logo desviei o olhar.

E, assim, encontrei Draco Malfoy.

Ele tirou a capa preta que estava usando, jogou a máscara de Comensal da Morte no chão e... eu corri até ele.

Senti quando ele me abraçou. As suas mãos geladas que encostaram nos meus braços, logo desceram até a cintura. E ele me beijou.

Nesse momento, lembrei dos seis meses antes de tudo isso acontecer, mas quer saber?

O que eu vejo e procuro, agora, é o meu futuro.

Com ele.


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Escutando: Hawk Nelson

N/a: Olá a todos!!

Pronto: definitivamente, esse é o último capítulo. Algo que me fez sofrer durante meses. Algo que eu simplesmente não consegui escrever e, bom, só consigo pedir desculpas por tudo isso.

Antes, eu tinha prometido a mim mesma que acabaria A espiã antes que o sétimo livro fosse lançado. E isso foi há um bom tempo. Então, o sétimo foi lançado e eu ainda estava, bem, no meio da fic. Então, relendo as minhas N/A’s passadas, eu vejo que prometi o fim da fic para janeiro de 2008, mas não fui capaz. E, dessa vez, não vou culpar a escola que vem me infernizando, nem a minha saúde, nem a minha vida social.

Admito sim, que essa fic me infernizou. Eu não conseguia acreditar que algo que começou tão leve e tão bobinho se transformou nesse pequeno drama. Sim, desde o capítulo passado quando tirei a Gina de Hogwarts, eu já me senti mal, mas revi as minhas opções e percebi: aquela era a melhor.

Bom, se você não está entendendo nada do que eu escrevi aqui, sinto muito. Ainda estou incrivelmente chocada por conseguir terminar a fic desse jeito (só para alguns entenderem... o fim que eu pensei logo no começo, era terminar sem uma guerra XD).

Obrigada a todas as pessoas que comentaram!

Beijos a todos! E espero comentários!

Anaa

Ps.: Como prometido, eu irei publicar o Epílogo de A espiã. Vocês ainda vão ter que me aturar só mais um pouquinho...

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