Os Potters

Cap 3- Os Potters


[b]“O mundo está um caos, mal começa o dia já há lutas de gangues nas ruas. As pessoas não aceitam o que foi declarado no dia anterior, há um número muito maior de pessoas bêbadas do que de costume, a vida quase tranqüila dos cidadãos se antes era abalada apenas pela violência entre homens comuns, hoje se torna algo muito mais perigoso e inalcançável para suas meras armas. Parece que não há mais nenhuma epidemia que possa modificar essa realidade. Há tantos anos que a bruxaria havia sido combatida à mãos de ferro e negada até na hora da morte, mas na noite passada séculos, por quê não Milênios?, foram abalados, amassados e excretados de uma vez do livro da história da humanidade. Dogmas aceitos durante toda uma vida agora já não existem e tudo que podemos fazer era esperar por explicações, ou então se matar, por meio do suicídio ou então tentando levar o máximo de pessoas consigo.
A sociedade está perdida, é algo muito maior que uma guerra mundial, muito mais horrorizante que o holocausto, algo mais assustador que um ataque terrorista, e muito mais surpreendente que uma explosão atômica. A magia só pode ser combatida por magia, mas se o próprio ser humano foi criado para acreditar que a magia vai contra a salvação divina, como poderia ele aceitar de bom grado essa seita? Apesar de ser uma idéia tão simples, não é todo caráter humano que consegue ter coragem suficiente para se colocar diante de uma questão tão delicada. Sempre haverão aqueles que acreditam no que vêem, mas há ainda a questão da fé, será que a magia é algo do demônio? Ou Deus não existe? Ou simplesmente ela foi concebida ao homem por uma força maior e inibida por aqueles que possuíam medo dela? O povo sempre inocente, ou será que não? A culpa realmente é dos líderes que temerosos inventam, mentem, ocultam para o seu próprio bem, pois não existe um povo sem algo para seguir e sabendo disso eles se aproveitam e manipulam.
Mas a situação agora é diferente de antigamente, agora há a imprensa que se tornou o quarto poder que rege a sociedade democrática. A imprensa tem o poder de destruir ou então de criar basta apenas ser feitas por pessoas corruptas ou corretas. O povo não é submetido a acreditar no que é divulgado pela imprensa, mas muitas vezes ela é extremamente importante para se divulgar algo que precisa ser divulgado. Será que a notícia de ontem não era o que precisávamos para contornar todos esses séculos de descriminação? Será que ainda não percebemos que uma guerra está para ser iniciada e que precisamos de todas as forças juntas? Essa batalha não será apenas por interesses de alguém e sim pela sobrevivência de todos. Não estamos novamente no século XIX, no qual mandávamos nossos filhos e maridos para lutarem por um ideal mesquinho e por algo tão superficial que é lutar por uma pátria que quem realmente a faz somos nós. A vida se tornou algo muito mais valioso, nossas armas não funcionam mais, nossas preces não ajudaram em nada pois o inimigo é de carne e osso, e pior, de magia. Muito bruxos morreram nessa causa por muitos anos, agora que sabemos de toda a verdade não podemos simplesmente ficar parados esperando que algo aconteça, que um meteoro caia do céu e mate á todos, precisamos nos unir e lutar contra aqueles que nos querem mal!
A vida é uma dádiva, tolos são aqueles que não sabem preservá-las e ignorantes são aqueles que não sabem identificar as oportunidades que lhes são dados. Agora mais do que nunca precisamos mostrar que não somos os monstros que antes os condenaram, nem os trouxas que muitos nos julgam, precisamos mostrar que mesmo sem magia conseguimos ultrapassar limites e que podemos fazer algo para mudar a situação, mostrar nossa colaboração e mais do que nunca a nossa compreensão. É um pedido gritante que vem desde muito tempo atrás e só agora pode-se ser ouvido, e é preciso fazer algo, que se não for feito agora, só Deus sabe quando teremos outra oportunidade novamente.”[b]
Marcina Legrand


Essa era a notícia capa do London times que um homem moreno de olhos verdes vivos meio escondidos atrás de óculos estava lendo. Sentada ao seu lado estava uma garotinha de cabelos tão negros quanto o dele mas de olhos azuis, seu rosto tinha poucas sardas mas eram perceptíveis de uma certa distância, ela estava adormecida encostada no braço do sofá, pois fora acordada muito cedo. O homem desce o jornal, dobra-o e põe na mesinha ao lado quando escuta passos vindos do alto da escada, descendo dela uma ruiva muito bem aprumada.
Ela chega onde está o homem e dá-lhe um beijo na boca, logo depois chega perto da criança e arruma-a direito. O homem se levanta e coloca a menina em seus braços sem que a menina acorde. Os três se encaminham até a lareira, a mulher pega num vaso de plantas um pouco de pó lá remanescente e dando mais um beijo em seu marido joga-o na lareira e desaparece por entre chamas verdes.O homem espera a mulher sumir e logo depois repete o que a mulher fez , sumindo com a menina em seus braços dentre as chamas esmeralda.

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