Silêncio



Cap 1- Silêncio

O mundo se tornara um pouco mais silencioso que o normal, parecia que até os passarinhos haviam sumido, não se ouvia nenhum ruído do lado de fora nem de dentro da casa dos Potters, apenas o atrito entre o rabo de um cachorro que balançava ansiosamente e o chão na frente da porta de entrada da casa esperando, como sempre, o jornal matinal que era entregue pontualmente às seis horas, porém hoje estava atrasado. Impacientemente o cachorro levantou-se do local que estava sentado e começou a andar de um lado para o outro como se sentisse que a notícia que estava preste a chegar fosse algo tão importante que pudesse mudar a rotina do seu mundo. Mal sabia ele, ou sabia, que no dia anterior um bruxo das trevas, o maior deles, fez algo que nenhum outro tinha ousado fazer, não porque era difícil, pelo contrário, foi só ele falar, mas fez algo pior do que tudo porque ele se juntou aos que dizia ser escória, fez de uma antiga rivalidade, um fortalecimento, uma estratégia, que como pensado enfraqueceu o lado que se atrevia lutar contra ele. Ele mostrou ser o mais poderoso, não se importando com qual método usar para atingir seus objetivos. Mas quais eram seus objetivos, para usar um meio tão radical? Ninguém sabia, apenas ele, quer dizer, tinha alguém que tinha uma idéia sobre, e ele se chamava Harry Potter e nesse exato momento estava deitado na sua cama de olhos bem abertos olhando para uma ruiva que, mal sabia ele, também estava acordada.
À quilômetros dali, no meio rural, se encontrava dormindo outro casal. Essa tranqüilidade foi atrapalhada por um barulho insistente que veio da porta, e instantaneamente de outro causado pela queda de um dos amantes no chão que com o susto caiu da estreita cama de solteiro que dividia com sua parceira.

“Ron! O que acont...?” – A frase foi interrompida por uma onda se risos quando a mulher viu o estado em que se encontrava seu marido.
“Que bom que minha desgraça serviu pra você rir um pouco!” – Falou o ruivo sentando com jeito no chão enquanto massageava a cabeça.
“Desculpa amor, mas convenhamos foi engraçado.” - Disse a morena que sentava na cama.
“Foi você quem insistiu em dormirmos aqui na Toca hoje.” – Disse ele se levantando e sentando novamente na cama ao lado da esposa.
“Eu me sinto tão segura aqui Ron, e queria pelo menos mais uma vez dormir aqui com você.” – seu sorriso foi desaparecendo e dando lugar à alguma rugas de preoculpação.
“Não diga algo assim, essa não vai ser a ultima vez, vamos ficar juntos aqui ainda muitas vezes.” – Ele sentou-se ao lado dela e segurou uma de suas mãos para passar-lhe segurança.
“Ron eu sinto que essa guerra vai ser diferente das outras, sinto que dessa vez...”
“Nem pense em falar isso, nada vai acontecer à gente, como das outras vezes vamos ficar bem.” Disse Rony interrompendo a mulher.
“Só que dessa vez é diferente!” – Disse ela com os olhos marejados de água.
“Não, não é.” - Disse ele colocando uma das mãos no rosto dela. – “É o mesmo vilão e o mesmo moçinho.”
“Mas, agora temos mais vilões Ronald, a situação é totalmente diferente, agora os trou...”
“Não me venha com essa conversa, eu não me esqueci, também sei do que aconteceu.” Disse ele se levantando e indo em direção ao guarda roupa.
“Rony eu não quis.... me desculpe, só estou preocupada!” ela falou abaixando a cabeça e ele percebeu que uma lagrima caiu nos lençóis.
“Me desculpe você, eu entendo sua preocupação, mas não podemos desanimar. Chegamos até aqui e não podemos desistir agora.” Disse ele se aproximando dela e enxugando o rosto dela com a borda do lençol.
“Ai Rony eu tenho medo de te perder.” Disse ela abraçando-o.
“Você não vai me perder!” disse ele envolvendo-a em seus braços.
“Demoramos tanto para chegarmos onde chegamos!” agora ela chorava ainda mais nos braços dele.
“Calma querida, nada vai acontecer com a gente.”
“Eu tenho tanto medo Rony!”
“Eu também Mione.” Disse ele a beijando com ternura e calma.

TOC TOC TOC.

“Rony, Mione, queridos, já é tarde, daqui a pouco todos estão chagando e vocês nem tomaram café.” A voz de uma senhora vinha do outro lado da porta.
“Nós já estamos indo mãe.” Disse Rony interrompendo o beijo e dando um sorriso para a esposa que enxugou o rosto e deu um sorriso singelo de volta.
“Acho que a sua mãe já esperou muito!” disse ela se levantando e tentando puxá-lo junto.
“Você fica muito mais bonita rindo.” Disse ele puxando-a de volta à cama e beijando-a com carinho.
“E você é muito espertinho pro meu gosto.” Disse ela enquanto tentava se esquivar de seus beijos e ele tentava a todo custo mantê-la na cama.
“Que eu saiba a esperta é você!” disse ele voltando a beijá-la na boca.
“Rony, sua mãe está esperando por nós.”
“E daí?”
“E daí que daqui a pouco seus irmãos chegam.”
“E daí?”
“E daí que a reunião vai começar com ou sem nós!”
“Isso é uma proposta bem interessante.” Disse ele parando de beijá-la e fingindo pensar no caso.
“Sai de cima Rony, eu vou descer, com ou sem você!” Aproveitando que ele parou por um tempo, ela se esquivou dele e se dirigiu à porta do quarto.
“Você vai me deixar aqui?”
“Não, você vem comigo, não vem?” disse ela jogando a toalha nele e olhando-o maliciosamente.
“Mione – Banheiro – Rony! Interessante.” Disse ele se levantando num pulo e seguindo-a pela porta.

Na parte de baixo da casa estavam duas pessoas em silêncio, um senhor já de idade estava sentado na poltrona da sala lendo alguma coisa num jornal que parecia ser preocupante, pois seu olhar estava perdido por entre as letras do noticiário. Uma mulher que aparentava quase a mesma idade do homem sentado à poltrona, estava na cozinha preparando algo no fogão, o silêncio pairava, exceto alguns ruídos, que de vez em quando vinha do andar de cima. O olhar da mulher estava vago, e pairava pela paisagem além da janela, que dava no jardim. De vez em quando ela olhava preocupada para um relógio que estava pendurado na parede entre a cozinha e a sala, essa relíquia possuía agora onze ponteiros, das duas crianças que chegaram à família, todos eles apontavam para ‘perigo eminente’ porém apenas três apontavam ‘Toca’. Ela começara a se lembrar de tudo o que acontecera até hoje, o quanto já sofreram por causa dessa guerra, quantos já perderam, pensou nos seus filhos e netos, sobreviveram até agora, apesar de tudo que já aconteceu. Mas ela sabia que agora era diferente, quanto mais ela teria que agüentar? Quanto mais eles iriam agüentar? Essas perguntas à remeteram aos horrores das batalhas que estivera presente e em instantes seguintes estava com os olhos cheios de água e algumas lágrimas insistiram em cair, uma caiu diretamente no chão e nesse momento quatro dos ponteiros se mexeram para o ‘viajando’ e em minutos depois em ‘Toca’. A porta se abriu revelando quatro marmanjos ruivos, dois deles eram idênticos. Ela correu para recebê-los e em cada um selou um beijo e um abraço preocupado. Os homens ficaram sem movimentos com o que aquela mulher estava fazendo, mas demonstraram que sabiam que a sua mãe estava acima de tudo preocupada, e que não podiam fazer nada melhor do que abraçá-la de volta.

“Os outros já chegaram?” perguntou um dos gêmeos à mulher que ainda abraçava o ruivo de óculos.
“Só o Rony e a Mione estão aí, porque dormiram aí!” respondeu a mulher que enxugava uma lágrima enquanto se virava para encarar o homem que fizera a pergunta.
“Nós só chegamos agora porque nos reunimos antes para chegarmos ao mesmo tempo aqui!” falou o mais baixo dos ruivos.
“Seu pai está na sala, vão lá que ele vai gostar de ver todos vocês!” Mandou a mulher demonstrando ainda ter poder sobre os filhos apesar deles já serem adultos.
“Ah! Mãe o Gui falou que vai chegar tarde porque o Michel está com febre.” Disse O outro gêmeo antes de desaparecer pelo corredor.
“Era só o que me faltava, volta aqui garoto, me explica isso direito.” Disse a mãe, mas os filhos já tinham passado pela porta da cozinha.

No momento em que os filhos entraram pela porta o senhor que estava concentrado no jornal matinal, ergueu os olhos para a porta e levantou-se para abraçar os filhos. Depois sentou-se novamente em sua poltrona e estendeu o jornal para o filho mais baixo, porém forte, que pegou, leu e passou adiante para os irmãos.

“Então aquele filho de uma mãe fez mesmo?” perguntou ele ao pai.
“Em que mundo você estava Carlinhos? Desde ontem não se fala outra coisa!” disse o irmão de óculos.
“Eu estava isolado, você sabe disso, estava cuidando de um dragão bebê que ficou doente e só vim hoje porque o George me encontrou, mas eu ouvi rumores sobre isso, só não achei que ele fosse ter coragem suficiente para fazer isso. Se aliar aos trouxas? Aqueles que ele repudiava?” falou o Carlinhos estupefato.
“Talvez o nosso problema foi tê-lo subestimado.” Falou o de óculos.
“Mas você queria que imaginássemos uma coisa dessa como Percy?” perguntou um dos gêmeos.
“O problema é que não tínhamos como imaginar algo assim.” Falou pela primeira vez o pai.
“E o Harry como está?” perguntou Carlinhos ao pai.
“Estávamos na casa dele ontem, quando a notícia foi oficial, mas só iremos saber como ele realmente está quando ele e sua irmã chegarem. Ele não demonstrou nada ontem, garoto de fibra aquele.” Falou o pai.
“É pai, o Harry é uma pessoa de fibra.” Reforçou Carlinhos, pensando em tudo que aquele rapaz, agora um homem, já passara.

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