Chega de saudade



Chega de saudade
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Vai minha tristeza

E diz pra ela que sem ela não pode ser

Diz-lhe numa prece que ela regresse

Porque eu não posso mais sofrer



Tiago observou o casarão silencioso. Conseguira convencer a mãe a deixá-lo morar sozinho depois de muito esforço. Fora trabalhoso, mas valera à pena. Agora estava independente e, melhor ainda, perto da casa do melhor amigo. Só faltava um detalhe para tudo estar perfeito.

Respirando fundo, ele se encostou ao umbral da janela, admirando a noite sem lua. Quatro meses que tinha se formado e desde então, estava longe da sua "pimentinha". Petúnia, a irmã de Lílian simplesmente o odiava e por causa disso as visitas que fazia à namorada eram escassas e muito rápidas. Além disso, devido às excelentes notas nos N.I.E.Ms., Lílian fora chamada para trabalhar no Ministério ao mesmo tempo que fazia o curso para Curandeira no St. Mungus. Ou seja, ela quase não tinha tempo para ele.

Que saudades do tempo de escola, quando a tinha por perto a todo instante. Comprara o casarão pensando já num futuro cheio de filhos, de alegria... pensava em tempos de paz. Mas por hora, só o que ele queria era o riso doce do seu delicado lírio...



Chega de saudade

A realidade é que sem ela não há paz,

Não há beleza, é só tristeza

É a melancolia que não sai de mim

Não sai de mim, não sai...



- Pontas, você precisa melhorar essa cara... A que enterro você pretende ir?

- Sirius, não enche.

Os dois amigos voltavam da Academia de Aurores, onde tinham começado seu curso a pouco tempo. Sirius observou Tiago com certa pena.

- Sério, Tiago, você tem que aprender a controlar essa saudade. A Lily trabalha durante o dia no Ministério e estuda no St. Mungus de noite e você passa o dia na Academia. Será que não é hora de "dar um tempo"?

- Você está insinuando que eu deva acabar meu namoro?

- Não. Estou insinuando que talvez seja hora de tomar atitudes drásticas.

Tiago sorriu pela primeira vez.

- Eu adoro tomar atitudes drásticas...



Mas se ela voltar, se ela voltar,

Que coisa linda, que coisa louca

Pois há menos peixinhos a nadar no mar

Do que os beijinhos que eu darei na sua boca



Petúnia ouviu a porta se abrir e fechar e suspirou resignada. A "aberração" chegara. Lílian entrou na cozinha segurando-se na parede, pálida. Pela primeira vez na vida talvez, Petúnia se preocupou com a irmã.

- Lílian, o que houve?

Um estalar alto veio da sala e Petúnia viu Potter, o namorado da irmã, entrar na cozinha, segurando uma enorme barra de chocolate.

- Lily, come.

A ruiva olhou para Tiago com lágrimas nos olhos.

- O que era aquilo? Porque me fizeram ver... me fizeram ver meus pais...

As lágrimas começaram a correr pelo rosto delicado da moça. Petúnia saiu em silêncio da cozinha, indo até a sala, onde um grande retrato dos Evans sorria para ela. Dali ainda podia ouvir as vozes do casal de bruxos.

- Eram dementadores. São os guardas de Azkaban. Eles fazem você reviver o pior que existe em seu passado. Eu sinto muito pelo que eles fizeram você lembrar. Mas agora você precisa comer essa barra de chocolate. Por favor, Lily.

Ela respirou fundo, aceitando o chocolate. Em seguida ele a pegou no colo, levando-a pelas escadas até o quarto dela, ainda sem se importar com Petúnia. Ele depositou com cuidado a namorada sobre a cama e levantou-se, fazendo menção de ir embora.

- Tiago... por favor, fica.

Apesar da situação, ele sorriu e voltou a sentar-se na cama, recebendo um beijo da namorada.



Dentro dos meus braços os abraços

Hão de ser milhões de abraços

Apertado assim, colado assim, calado assim

Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim



- Bom dia, Petúnia! - Tiago disse sorridente, entrando na cozinha da impecável casa dos Evans.

A loira corou ao perceber que o "cunhado" estava sem camisa e ainda mais pelo sorriso de orelha a orelha que ele ostentava e que mostrava perfeitamente bem o que se tinha passado naquela noite. Petúnia não se dignou a responder e saiu da cozinha subindo para o quarto da irmã. Tiago sorriu ainda mais, se é que isso era possível, ao ouvir os gritos da cunhadinha. Não tinha nada planejado quando chegara ali para cuidar de Lílian, depois dos dementadores. Mas quando ela o chamara de volta ele decidira colocar as medidas drásticas para funcionar.

Petúnia colocaria Lílian para fora de casa e ela teria que ir morar com ele. Daí para se casarem, seria um pulo. Que felicidade...

- Tiago, acho melhor você ir embora. - Lílian disse entrando na cozinha, um robe jogado de qualquer jeito sobre a camisola.

- Ir embora? - ele perguntou com um mal pressentimento - Mas você vai comigo, não é?

Lília olhou o namorado estranhamente.

- Porque eu iria com você?

- Sua irmã não expulsou você de casa?

- É claro que não! Essa casa não é só dela, ela não pode simplesmente me expulsar.

- Mas Lily... Você... Você prometeu que iria morar comigo quando acabássemos Hogwarts!

- Eu não prometi, eu disse que ia pensar.

- Você prometeu.

- Não prometi.

- Prometeu.

- Não prometi.

- Prometeu e acabou-se a conversa. Você vai comigo agora.

- Como?

Antes que Lílian pudesse exigir explicações, Tiago a pegou pela cintura, colocando-a no ombro e caminhando para a porta que levava à rua.

- Tiago, me põe no chão agora!

O moreno virou-se para Petúnia, sem se importar com os socos nervosos de Lílian em suas costas.

- Depois eu mando vir buscar as coisas dela. Até a próxima, cunhadinha.

Petúnia ficou vermelha de raiva, mas antes que pudesse responder, todos foram interrompidos pelo ronco de uma moto. A porta se abriu com estrépito e Sirius passou por ela.

- A cavalaria chegou!

- Tinha que ter esse cachorro metido no meio! Tiago, me solta ou eu juro que vou...

- Você é incapaz de me machucar, Lily. Se realmente não quisesse ir comigo, a essa altura eu já estava em pedacinhos. E quer saber? Eu cansei de esperar que você se decida. Se você não sabe o que quer da vida, dessa vez eu escolho por você: a senhorita vai ir pra minha casa, nem que seja pra ficar em cárcere privado.

- Eu vou chamar a polícia. - Petúnia disse, aproximando-se do telefone.

Sirius chegou ao aparelho primeiro que ela e sorriu, enquanto tirava um pacote de balas do bolso.

- Vai ativar em dez segundos. Deixa que eu pego as coisas dela.

- Valeu, Almofadinhas.

- O quê... - Lílian não chegou a terminar pois Tiago fez com que ela apertasse o saco de balas com força e ela sentiu-se puxada pelo umbigo.

Quando a vertigem passou, ela estava sentada nas costas de Tiago, que estava deitado no chão da casa em que o moreno morava sozinho.



Que é pra acabar com esse negócio

De você viver assim

Não quero mais esse negócio

De você viver sem mim

Vamos deixar desse negócio

De você longe assim



- Eu devia matar você.

- Eu já disse que se você não quisesse vir comigo, tinha poder suficiente para me impedir. Mas será que podemos discutir isso em outra posição? Não que eu esteja reclamando, longe de mim, mas você engordou um pouco.

- Ora, seu... - a ruiva disse, levantando-se.

- Brincadeirinha, Lily! Vamos, não é tão ruim assim ficar aqui comigo.

Lílian sorriu, ajudando-o a se levantar.

- Se não fosse por esse "rapto", eu nunca teria tomado coragem de vir pra cá.

- E como eu ficaria com a mamãe? Ela só deixou eu vir morar sozinho porque eu jurei que logo daria uma nora e muitos netos para ela!

- Você não presta, sabia?

- Eu sei. Mas, apesar disso, você me ama. A que conclusão podemos chegar?

Ela sorriu maliciosamente, aproximando-se dele perigosamente.

- Podemos deixar essa discussão para depois de termos matado a saudade?

- Com toda a certeza... - ele disse, envolvendo-a pela cintura, colando os lábios aos dela.



E chega de saudade...

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