O livro



She may be the reason I survive

Ela pode ser a razão pela qual eu sobrevivo

The way and wherefore I'm alive

O caminho e o porquê da minha vida

The one I'll care for through the rough and ready years

De quem vou cuidar nos bons momentos e nos difíceis


Ele esperava ficar nervoso. Sim, lógico que esperava. Ele viu Harry como estava no dia de seu casamento. Ele viu Neville vomitar três vezes antes de Luna chegar. Ele viu quando Lupin pensou em mandar uma coruja para Tonks pra saber se ela tinha desistido de casar (na verdade, Tonks tinha caído e sujado todo o vestido, e sua mãe estava fazendo um feitiço de limpeza em toda a sua roupa). Mas nunca disseram a ele que era tão desagradável ficar esperando a noiva.
Ele sabia que Hermione não ia desistir nem nada disso, mas esperava que Gina pelo menos o avisasse que elas chegariam logo, pra ele tirar a imagem de ela fugindo montada num hipogrifo da cabeça (talvez ele estivesse se lembrando do seu 3° ano demais). Harry não estava ajudando muito. Ele olhava para o amigo, suando em bicas, e pedia que se acalmasse, mas ele estava tão nervoso que não se lembrou de nenhum feitiço para parar de suar.
Quando finalmente lhe avisaram que ela estava chegando, foi como se tivessem tirado um peso de suas costas. Continuava nervoso com a perspectiva de ver sua amada cruzando o salão num vestido de noiva, mas pelo menos estava aliviado.

***

- Vamos, Mione, o Ron vai ter um treco! – Gina dizia a amiga, que estava e pé se vendo no espelho.
- Vamos, minha filha, já estamos quase uma hora atrasadas – a Sra. Granger completou.
- Ok, é isso. Eu vou me casar... – ela se olhou uma última vez no espelho. – Ai Gina, por que você não me disse que era tão difícil?
- Porque eu pensei que você fosse tirar de letra, e não ficar mais de meia hora travada de frente do espelho. Vamos, Mione, você está linda, o vestido está perfeito... você vai se sair muito bem, é só respirar, sorrir e cruzar o salão. Garanto que não dói.
- Ok, ok. – ela foi se encaminhando para o carro que as levariam. – Manda uma coruja para o Ron, ele deve estar mais nervoso que eu, achando que eu não vou.. avisa que estamos de saída agora.
- Ok, a Luna vai fazer isso. Agora vamos!

***

Aquela praça em Hogsmeade onde tiveram tantos momentos felizes agora contava com uma grande tenda que tinha sido construída para a cerimônia, com as cadeiras dos convidados dispostas como numa igreja. As mesas para a festa estavam ao ar livre, sob as estrelas.
Lily vinha na frente da noiva, jogando pétalas de rosas no chão, os cabelos ruivos, como os de sua avó de mesmo nome, refulgindo com as luzes do salão. Todos do salão comentavam o quanto ela estava graciosa. E atrás dela, vinha Hermione. Rony só pôde sorrir quando a viu. A mulher mais linda do mundo. A SUA mulher. Ela estava caminhando em sua direção, sorrindo. Os cabelos presos em um coque, de onde saía um véu curto. O vestido era como de princesa, tomara que caia e cheio de bordados. Ela carregava um buquê de tulipas, colhidas ali mesmo, na praça onde eles estavam se casando.
Todos os convidados comentavam como ela estava radiante enquanto ela passava. Sua mãe e a Sra. Weasley choravam emocionadas. Foi uma cerimônia rápida e muito bonita, mas Rony só conseguia prestar atenção nela. Ele lhe deu a mão e assim, de mãos dadas, eles ficaram até o fim da festa.

***

Ele acordou confuso. Procurou Hermione do outro lado da cama, como sempre o fizera depois de acordar, e não a encontrou. Levantou e foi ao banheiro.
Escovava os dentes rindo do sonho que teve, que o fez lembrar de tudo o que acontecera há muito tempo, no hospital com Mione, no dia em que ela cortou a perna.
Tomou banho e desceu as escadas de casa grande. Eles continuavam morando na cada de Hermione, vizinho a Harry e Gina, e tinha um emprego melhor no Ministério. Foi na cozinha e começou a fritar bacon para comer com os ovos e sentiu o perfume dela. Ela o abraçou e o beijou nas costas. Ele se virou para vê-la. Hermione Granger-Weasley, sua esposa, sorriu pra ele.
- Estava sonhando com tudo! - ele sorriu pra ela.
- Tudo o que?
- Aquele dia no hospital, quando eu te dei o meu sangue!
- Me lembrei disso ontem também! - ela o beijou. - Eu te amo demais, sabia?
- Te amo também!
Ele tomou café enquanto ela o esperava para saírem juntos para o trabalho. Na rua, acenaram para Gina e Lílian e esperaram Harry sair com Hannah, a outra filha deles, nos braços. Rony beijou Lily e pegou a outra sobrinha de um ano nos braços, fazendo-a rir enquanto fazia caretas pra ela. Hermione passou a mão no barrigão quando Gina lhe perguntou pelo bebê.
- Não deve demorar muito agora...
- Estamos em contagem regressiva! – Rony sorriu. – Mas posso esperar pela pequena Rowan ou o pequeno Romeo.
As ruas estavam mais alegres ou era impressão dele? O natal estava próximo, e o velho espírito natalino estava pegando a todos, como sempre. Hermione se sentia feliz. O natal sempre lhe reservava surpresas. Foi no natal que Rony a pediu em namoro, em Hogwarts, foi no natal que eles se reencontraram na casa de Gina e seria no natal que o seu bebê ia nascer. E enquanto arrumava o pinheiro na sala, ela sentiu.

***

Harry,
Corra para o St. Mungus. É agora, cara! A Mione vai ter o bebê! Avisa a mamãe e a Sra. Granger, por favor, tenho que ir para a sala de parto, o bebê não quer esperar muito para nos ver.
Até breve,
Rony

Tinha sido um parto muito fácil. Ambos, bebê e mãe, estavam bem e dormiam felizes enquanto Rony contava aos visitantes sobre o parto. Ele excluiu, claro, a parte em que ele desmaiou, mas sabia que Hermione espalharia quando acordasse.
- Oh, filho, o Romeo é a sua cara! – a Sra. Weasley se derretia vendo o neto dormir tranqüilo.
- É, ele é lindo! – Rony falava orgulhoso.
- Ron? – eles ouviram uma vós atrás deles.
- Bom dia, meu amor! – ele a beijou. – Como você está?
- Estou ótima! – ela sorriu. – E o Romeo?
- Ele é lindo, minha querida! – A Sra. Weasley lhe falou. – Todas as visitas já babaram por ele, eu até coloquei alguns feitiços contra inveja nele...
- Que ótimo – Hermione riu.
- A Gina e o Harry estão aqui. Foram pegar algum lanche. Todos os meus irmãos já vieram, mandaram um alô. O Neville mandou uma coruja, assim que sair do plantão aqui no St. Mungus ele desce para te ver. A Luna também virá...
- Que ótimo! – ela sorriu.
- Bom, eu vou deixar vocês três sozinhos... – Molly se levantou, deu mais uma olhada para a pequena e linda família do seu filho, sorriu e saiu.

***

Me, I'll take her laughter and her tears

Eu, eu colherei seu riso e suas lágrimas

And make them all my souvenirs

E farei deles minhas recordações

For where she goes I've got to be

Porque tenho de estar onde ela estiver

The meaning of my life is she

O sentido da minha vida é ela

- Mamãe, a tia Gina vai ter um bebê na mesma época que você? – Romeo perguntou a Hermione, que descansava em sua cama.
- Sim, querido, nós duas teremos um bebê agora, perto do natal.
- Eu também nasci no natal! – Romeo sorriu. Ele passou a mão na barriga da mãe, pensativo. – Será que o bebê sente frio aí dentro, mamãe?
- Claro que não, campeão! – Rony sorriu, passando a mão nos cabelos ruivos do filho de quatro anos. – O bebê fica muito bem cuidado na barriga da mamãe até ele nascer.
- E como a gente sabe que ele vai nascer? – o ruivinho perguntou, indo até onde Rony estava sentado, escrevendo.
- O bebê fica na barriga da mamãe por nove meses. E aí a mamãe sente que ele vai nascer, e os curandeiros do St. Mungus ajudam a tirar o bebê da barriga da mamãe e...
- Hum... Ron? – Hermione chamou o marido. – Eu acho que é agora!
- Agora? – Rony se levantou, nervoso.
- É... – ela riu. – Estou começando a sentir... dores! – ela passou a mão na barriga.
Nesse momento, uma coruja entrou voando no quarto. Romeo pegou a carta na perna dela e a entregou ao pai.
- Correio, papai...
Rony abriu e sorriu.
- É do Harry. Ele e Gina estão indo para St. Mungus. Parece que a mamãe ganhará dois netos no mesmo dia!

***

Quem sou eu? E como essa história terminará?
O sol acabou de nascer e eu estou sentado perto da janela, olhando a neblina do amanhecer. Está um tempo muito frio, e o suéter que a minha filha me deu em meu último aniversário é o que me aquece, além do aquecedor que está apontado diretamente para mim como um bafo de um dragão.
Estou com oitenta anos agora. Minha vida? Não é fácil de explicá-la. Ela não foi tão perfeita quanto eu sonhava que fosse na minha juventude, naqueles quartos em Hogwarts. Eu não sou nada especial, disso tenho certeza. Eu sou um homem comum com pensamentos comuns e tive uma vida comum. Não existe nenhum monumento em minha homenagem e meu nome logo será esquecido, mas eu amei uma pessoa com todo meu coração e minha alma, e para mim, isso foi o bastante.
Hermione foi minha rocha, minha fortaleza, minha companheira, minha amiga e minha amante. Foi com ela que vivi todos esses anos da minha vida desde os onze. Ela sempre me ensinando, me aconselhando, me apoiando e me levantando. Foi ela a mãe de meus três lindos filhos, Romeo, Anya e Rowan, foi ela que os educou a serem exatamente como ela, inteligentes e educados. Foi com ela que vivi todos os momentos de minha vida, os felizes e os tristes. Foi com ela que eu dividi todas as coisas.
Eu e ela sempre soubemos que iríamos envelhecer juntos. E sabemos que, quando chegar o momento, nossas almas irão juntas para onde quer que elas vão quando o nosso corpo morre.
Foi com a ajuda dela que, antes que isso acontecesse, eu escrevi isso. Esse relato de nosso amor, para que ele se perpetue para sempre. Dedico-o a vocês, meus filhos, e deixo-o aqui para que um dia nossos netos, bisnetos e, quem sabe, tataranetos, tenham a esperança de que amor verdadeiro existe, e que só nos basta estarmos atentos para aproveitarmos as oportunidades que ele nos oferece. Acreditem no amor, e ele chegará a vocês, como um dia ele chegou a mim num turbilhão de cores e sentimentos que me cegaram e me fizeram ver que a vida só seria completa se eu a tivesse ao meu lado. Dedico esse livro à minha Hermione. Te amo pra sempre.


Rony parou de escrever, fechou o livro e deixou-o na mesinha de cabeceira. Ao seu lado, Hermione o olhava, sorridente. Ele a beijou e eles ficaram deitados na cama, de mãos dadas. Era como se os dois soubessem. Como se, depois de todo aquele tempo vivendo juntos, eles soubessem que iriam embora juntos também.
- Eu te amo, meu Ron.
- E eu te amo, minha Mione.
Seus olhos se fecharam, e, juntos, eles descansaram num sono eterno.
Rowan não se desesperou quando entrou no quarto dos pais e os viu abraçados e de mãos dadas. Enquanto as lágrimas escorriam de seu rosto, seu rosto esboçou um meio sorriso. Seus pais sempre disseram que não suportariam se um se fosse primeiro que o outro. Eles tinham realizado tudo juntos, e juntos, rumaram ao desconhecido. Ela abriu o livro que seu pai estava sempre a escrever viu o nome escrito na capa.

She

Fim

************************************

Bem, aí está o grande final. Espero que vocês tenham gostado!
Agradeço aos comentários, foram vocês que me ajudaram quando eu tive um pequeno problema de falta de inspiração.
Agradeço a paciência.

Essa última parte da história foi copiado, com suas modificações, claro, de "The Notebook", de Nicholas Sparks, mais conhecido como "O Caderno de Noah", e pela sua adaptação para cinema, "Diário de uma Paixão", filme que eu vi hoje de novo e chorei bastante, pra variar.

É isso, espero que tenham gostado e me mandem comentários :)
beijinhos,
Elenim

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