Work, Passion and Will



Já havia se passado uma semana desde que a notícia da corrida se espalhara pela oficina. Desde então, o trabalho estava sendo incessante.

De seu quarto Harry podia ouvir o rugir e o faiscar das máquinas de Hermione e a comoção de seus subordinados. As várias freiadas bruscas em frente à porta dos carros dos distribuidores de peças, estas, “acertadas” por Ronyx.

O barulho vinha de todos os lados a todo o tempo. Era o reflexo do esforço do Best Place. O resultado da paixão misturada com o trabalho e a força de vontade. Tudo muito bonito, mas, ainda assim, barulhento.

Em meio ao caos, Potter buscava a paz. Ficar nervoso antes de uma corrida nunca fora de nenhuma ajuda. Havia crescido, corpo e mente. Não era mais aquele garotão que aparecera em Tokyo cinco anos atrás. Tinha 21 anos, era um adulto. Maturidade.

“Tenho que me acalmar.” – pensava – “Ter pressa não é o mesmo que correr. A pressa é minha inimiga.”

Numa tentativa de afastar sua mente de onde se encontrava naquele momento, pôs-se a procurar seu porta-Cd’s. Após alguns estressantes minutos de procura, achou-o debaixo de seu tapete em baixo de sua cama. Escolheu o CD que costumava lhe acalmar em horas como essa e jogou o estojo no chão. Pegou o controle remoto de seu aparelho de som e ligou-o. Ejetou a bandeja e jogou o disco em sua direção (não que ele pretendesse acertar, seu aparelho de som ficava razoavelmente distante de sua cama). Antes que o este pudesse se espatifar na parede, Harry apertou um pouco os olhos e pareceu entrar em outra dimensão por alguns milésimos de segundo. Suas pupilas clarearam para um verde esbranquiçado e sua cicatriz emitiu uma estranha luz azulada. Por mágica, o CD parou no ar e posou como uma pluma na bandeja exposta. De volta a seu estado normal, Harry procurou pelo botão que inseriria o disco no aparelho e o acionou.

- Pobre dos trouxas... não sabem o que é diversão de verdade. – riu.

A primeira faixa era a sua preferida. “What a Wonderful World”. E não era mesmo? Potter não tinha porque pensar de forma adversa.

Satisfeito com o ambiente, catou sua cópia do mapa da Akina Mountain. Abriu a planta sobre sua cama e analisou-a. Era muito diferente do que estava acostumado. Velocidade não importava ali. A gravidade era seu acelerador. AS curvas faziam aquela corrida.

“Um deslize leve e já era” – pensava.

Um erro significava a perda. Da vida em alguns casos.

“Existem trouxas correndo aqui… e sobrevivendo… maldição!”

Como se houvesse lembrado da coisa mais importante do mundo, virou-se para o outro lado da cama e pegou seu notebook no criado-mudo junto ao abajur (não antes de tirar uma calçinha perdida de cima dele). Abriu-o e o ligou.

“I hear babies cry, I watch then grow

They'll learn much more than I'll never know

And I think to myself what a wonderful world

Yes I think to myself what a wonderful world

Oh, Yes!”

“Vão mesmo, eu aprendi” – pensou concordando com BB King.

Potter esforçou-se um pouco e lembrou do site que ArmyMan havia citado em sua longa conversa na praia. Digitou seu endereço e logo ele abriu.

No menu da home page encontrou desde records até os maiores acidentes que já ocorreram na Akina Mountain. Não se interessando pelas desgraças, abriu a página de records.

“1º - Takumi: Campeão de todas as edições da corrida das quais participou.”

Harry teve que ler de novo. E o fez. Mas seus olhos não estavam enganados. Das 13 edições do Akina Mountain Duel, Takumi participara de 10. Ele ganhou todas.

Se seus méritos estivessem restritos a essas informações, já seria absurdo, mas não era bem assim. A primeira vez que o viram correr foi na terceira edição do torneio e ele tinha apenas 15 anos.

“Quem é esse cara!? Ele só pode ser um bruxo... não! Um trouxa não poderia... ou... não... não pode ser...”

Potter suava frio com as hipóteses que rondavam sua mente. A idéia de encontrar um outro bruxo lhe deixava péssimo. A existência de outros desertores não lhe era absurda mas... porque em seu caminho? Depois de tanto tempo escondido nas sombras daquele submundo... porque agora?

Ao mesmo tempo em que isso lhe deixava apreensivo, deixava-o também ansioso e desejoso. A idéia de correr com alguém que também possuía o dom da magia era excitante. Finalmente poderia medir sua verdadeira força. Fogo contra fogo. Magia contra magia.

Uma voz irritante e carregada de consciência ecoava no fundo de sua mente dizendo-o para desistir da idéia. Em contraponto, seu ID o instigava para o momento mais incitante de sua vida. Uma corrida mágica.

“Não! Eu tenho que correr!” – indignou-se.

- Merda... essa montanha... não tem mágica que resolva isso... o Wand-ER não foi construído pra isso... espero que Hermione esteja tomando as decisões certas lá embaixo.

Harry estava começando a se estressar novamente e foi então que a música “He’s Got the Whole World in His Hands” sugeriu-lhe o que de fato sempre sugeria-lhe. Ele tinha o mundo em suas mãos.

Respirou, olhou para o céu e voltou a marcar o mapa à procura dos principais pontos da pista.

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