A Descoberta de Lupin

A Descoberta de Lupin



6. A descoberta de Lupin


Lupin acordou com uma leve dor de cabeça. Passou os olhos pelo quarto e nada de novo vira. Levantou-se e caminhou para o banheiro. Abriu o chuveiro, quase frio. Despiu-se ligeiramente e entrou rápido em baixo da ducha. A água quase fria escoando pelo corpo cansado, não pelo tempo mas pela lua, deslizando por cada parte da pele. Logo os cabelos, com muitos fios brancos, ficaram encharcados. Lupin deixava apenas a água descer pelo corpo por grandes minutos, sentindo a água correr pelo corpo, nem tanto definido. Alcançou o sabonete e começou a passar pelo corpo, do pescoço até a sola dos pés, indo e voltando. Se enxaguou, enrolou um toalha pela cintura e saiu do box.


Secou-se e, novamente, enrolou a toalha pela cintura. Olhou-se no espelho. Parecia mais cansado e mais velho ainda. O cabelo bagunçado, a barba por fazer, o mesmo olhar cansado, triste. Ele já não ligava mais para a aparência física. Porém, sentia-se estranho em parecer um desleixado para os outros. Pegou o pente e alisou os cabelos úmidos. Passou um creme nas faces e, com a gilete, foi fazendo a barba. Ao terminar, lavou o rosto e saiu para o quarto.


Abriu a gaveta da cômoda e pegou uma calça, uma camisa e um casaco. Todos com algumas costuras e remendos feitos delicadamente e perfeitamente pela Sra. Weasley. Alguns dos remendos, pareciam até invisíveis. A Sra. Weasley sabia feitiços, como ninguém sabia, sobre costurar. Vestiu-se, passou uma colônia suave e desceu para tomar seu café. A dor de cabeça havia sumido, pelo banho quase frio.


A Sra. Weasley preparava panquecas no fogão. Harry, Hermione, Rony e Gina estavam sentados em um lado da mesa aguardando as panquecas. Lupin olhou para o outro lado e lá estavam, Tonks e Thomas apreciando o café. Remo imediatamente abaixou a cabeça, e sentou-se isolado de todos. Preparou um chá para si e parecia prestar muita atenção em mexer a xícara à sua frente. Apenas mexeu o olho, sem mover a cabeça, em direção à Tonks.


Como ela estava bonita àquela manhã. Seus cabelos estavam violetas e iam até os ombros. Seus olhos estavam azul claro, quase celeste. Ela vestia uma regata preta, uma calça jeans desgastada. Ainda havia passado algo em sua boca que apenas deixava um brilho, sem nenhuma cor...como é que se chamava mesmo...a ouvira dizer uma vez...um produto trouxa, que as garotas usavam muito...é...gloss. Isso. Ela passara gloss na boca e um pouco de sombra azul nos olhos. Ela estava simplesmente...linda.


Ela virou, num movimento rápido, seu olhar em direção à Remus e os dois se olharam por um breve momento. Lupin, de repente se tocou de que estavam se observando e voltou a baixar o olhar. Tonks, porém o olhou um pouco mais, deu um sorriso e voltou sua atenção à Thomas.


Lupin tomou seu chá e terminou de comer a panqueca que a Sra. Weasley havia preparado para ele. Levantou-se, sem dizer uma palavra e saiu da cozinha. Ao passar pelo hall, ele observou a porta. Há quanto temo, não saia para dar uma volta e refrescar um pouco a cabeça? Abriu a porta e saiu em direção à rua. Caminhava observando tudo à sua volta, o céu azul com poucas nuvens e o sol, o parque onde criancinhas brincavam inocentemente com seus carrinhos e bonecas. Sentou-se no banco e as observou mais.


Imaginou Tonks ao seu lado. Uma criança veio lhe trazer uma flor e ela disse: “Obrigado, minha querida, ela é linda” Em seguida, a criança voltou a se sentar na grama e a brincar com sua boneca. Tonks virou o rosto para ele e disse: “Nossa filha não é linda?”, sorriu e o beijou suavemente nos lábios, depois ficou olhando para ele, com uma expressão de imensa felicidade.


De repente, percebeu que estivera fantasiando demais. Fechou os olhos, respirou fundo e tornou a abri-los. As crianças ainda brincavam na grama. Aparentavam saudáveis e muito felizes. Uma mulher agachou-se perto de duas que brincavam juntas e beijou-lhes, cada um, na bochecha.


- Mamãe vai sentar ali e vai ficar vendo vocês, está bem, meus anjinhos?- disse ela em tom maternal, beijando novamente cada um.


A mulher se levantou e veio se sentar ao lado de Lupin. Ao perceber, que ele observava seus filhos, veio lhe perguntar, simpática:


- O senhor tem filhos?


Lupin virou o rosto para a mulher.


- Infelizmente não, minha senhora.


- Não gostaria de ter?- perguntou novamente a mulher, mostrando grande interesse sobre Lupin.


- Gostaria sim. Apesar de achar que dão certo trabalho, mas adoraria ter filhos.


- Isso é verdade. Eles dão mesmo certo trabalho. Veja meus filhos, por exemplo, Jane e James, são gêmeos. Um só faz, se o outro fizer. Na hora do banho, sofro, porque um só vai se o outro for primeiro. É...é difícil ser sozinha...


- Desculpe-me, mas e seu marido?


- Faleceu. Ou sumiu pelo mundo, como quiser. Me separei dele há alguns meses, quando me esgotei de tanto que ele chegava a altas horas em casa, bêbado. Não faço a mínima idéia de onde ele esteja, mas para mim, ele morreu.


Lupin virou o rosto e olhou as crianças brincando. A mulher ao seu lado, gostava de falar, pelo que parecia.


- Qual é o seu nome?


- Remus, Remus Lupin.


- Prazer- disse a mulher estendo a mão para Lupin em forma de cumprimento- Eu sou Elizabeth Shaw.


- Prazer- respondeu Lupin- Com licença, Sra. Shaw, preciso ir embora- e ia se levantando.


- Mas já? Bom, se precisar de alguma coisa, nem se for só para conversar, eu moro naquele sobrado ali, ó- Elizabeth indicou com a mão o outro lado da praça- Sobrado amarelo, número 3. Venha me visitar, está bem?


- Com certeza, Sra. Shaw. Até mais.


Lupin se virou em direção à Casa dos Black. Mas não poderia entrar lá com Elizabeth o observando. Olhou pelo ombro e lá estava ela, o acompanhando. De certo, queria saber onde ele morava, para poder lhe fazer uma visita. Lupin não se importaria se fosse em sua casa. Virou à direita, afim de engana-la. Foi salvo quando uma das crianças começou a chorar e ela teve que socorre-la. Ele, então, seguiu rápido para a Sede e entrou lá, sem ser percebido.


Subiu as escadas e seguiu até seu quarto. Jogou-se na cama e respirou fundo. Que mulher estranha era aquela Elizabeth Shaw. Ela estaria dando em cima dele? Seria a primeira em anos. Não...a terceira. A primeira havia sido Margie O’tonnel, no tempo de Hogwarts ainda. Ela não era muito atraente. Tinha as cabelos encaracolados, muito desgrenhado, meio presos por uma fita vermelha. Os olhos pretos aumentados muitas vezes pelas lentes fundo de garrafa, que usava. Lupin se enchia, às vezes, com a garotinha que o perturbava justo na hora em que ia estudar, dando risadinhas nervosas. A segunda, não fazia muito tempo, Tonks. E agora, a Sra. Shaw. Engraçada a vida...


A porta foi abrindo devagar. Lupin sentou-se na cama e ajeitou o casaco, limpou a garganta e mandou entrar. O rosto fino e magro da Profª. McGonagall apareceu, logo seu corpinho miúdo, segurando uma bandeja com uma poção.


- Bom dia, Remus- disse ela, animada- Trouxe a poção para você tomar. Por precação, só saio daqui quando vir você tomando tudo. Desculpe-me, querido, mas depois do acidente...bem, você sabe...Tonks me fez garantir que você tomaria.


- Não tem problema, Minerva- disse Remus. Logo após, peou o frasco e o virou de uma vez na boca, engolindo rápido para não sentir o gosto amargo, fazendo uma expressão de mesmo gosto. Minerva sorriu.


- Muito bem- disse ela- Agora, deixe-me lhe perguntar uma coisa, você vai hoje se encontrar com os lobisomens, não vai?


- Vou sim, professora.


- Obrigada, Remus- agradeceu ela se dirigindo à porta- Por estar fazendo isso pela Ordem.


Lupin sorriu e Minerva saiu do quarto. Deitou-se, novamente, tentando não pensar em nada. Ouviu vozes no corredor, cada vez mais perto. Parecia ser uma conversa animada, de namorados...Tonks e Thomas. Risadas. Thomas parecia faze-la feliz. Que inveja tinha dele. Lupin não concordava com a idéia que pudesse fazer alguém feliz. Ah, mas como queria faze-la feliz. De todos os modos e maneiras que se podia imaginar. Adoraria vê-la ao seu lado na cama, todas as manhãs, acariciar seu rosto jovem e magnífico, beijá-la, então, seria o paraíso. Logo, a casa cheia de crianças e ela um pouco atrapalhada pela bagunça, mas ela ainda o olharia, abriria um sorriso e diria que não podia ser mais feliz. E Lupin, ficaria feliz, por um dia, ter feito alguém feliz. Principalmente, ela.


Ao entardecer, Lupin teria que se encontrar com os outros lobisomens, na Caverna do Lobo, como eles costumavam chamar o local. Sua missão, era de escutar tudo o que se dizia lá dentro. Principalmente, coisas a respeito do Lord das Trevas e do que eles pensam sobre a Ordem, claro. Até hoje, nunca desconfiaram dele. Nem deveriam. Lupin não falava nada, só escutava e tinha que concordar com coisas que, na verdade, ele não concorda de jeito nenhum.


A Sra. Weasley entrara no quarto, avisando-o que o almoço estava pronto.


- Está bem, Molly- disse Remus- já estou indo.


Ela saiu do quarto e logo em seguida, Lupin fez o mesmo. Ao chegar na cozinha, não viu Tonks nem Thomas à mesa, só estavam o Sr. Shacklebolt e o Sr. Weasley.


- Não vai sentar, querido?- disse a Sra. Weasley, maternalmente.


Lupin se sentou na ponta da mesa e se serviu de um delicioso macarrão que a Sra. Weasley havia preparado. Logo que terminou, subiu para o seu quarto, onde se jogou na cama, assim que entrou.


Onde teria ido Tonks? Estaria sozinha? Estaria com Thomas? Thomas...que ódio sentia por ele. Por ele ter aparecido do nada e simplesmente, roubado o coração dela. O que ele podia querer com todo aquele romantismo e cavalheirismo? Que ódio sentia ao ver os dois juntos. Ódio e...tristeza ao mesmo tempo. Agora fazia sentido o ditado: só damos valor ao que temos quando o perdemos.


Ele fechou os olhos e tentou afastar o pensamento de sua cabeça. Tantas lembranças, tantas vozes, tantas...discussões sem sentido, que poderiam ter dado um final feliz para todos. Tanta dor, tanto sofrimento. Se sentia só. Primeiro havia sido Pontas que havia partido, depois Pedro, aquele traidor, irresponsável, filho de uma...Não, não poderia considerar Pedro como amigo. E depois, e depois Sirius. Seus grandes e inesquecíveis amigos, nunca deixaria de se esquecer todos os momentos que passaram juntos e de todo apoio que deram à ele. À Sirius e Thiago, seria eternamente grato.


Virou-se na cama, de modo que ficasse de frente para a janela. Quase noite já. Se levantou num pulo e desceu as escadas correndo, vestindo o casaco surrado pelo caminho, nem ligando para os berros que a Sra. Black dava. Aparatou no hall de entrada.


Lupin apareceu de volta, em frente à uma caverna em meio à rochedos da praia. Alguns homens se dirigiam sorrateiramente para dentro da caverna e o Lupin os seguiu. A caverna era grande. Havia muitos homens lá dentro, sentados nas rochas, alguns de pé, conversando, outros quietos só observando. Lupin se sentou no mesmo lugar em que ficava todas as vezes. Num canto da caverna, onde se era possível observar a todos e ao mesmo tempo não sem percebido.


Próximo a ele, havia dois homens conversando. Estavam vestindo trajes muito surrados e sujos e tinham um brilho de malvados nos olhos. Lupin prestou mais atenção neles, quando ouviu-os dizer sobre a Ordem:


- Você soube que a Ordem da Fênix não é tão segura assim, quanto as pessoas de lá acham que é? Voldemort está pulando de alegria, aliás, todos os Comensais e seguidores deles estão. Conseguimos infiltrar nosso espião lá: Thomas Félix, o Chefe de Segurança de Azkaban.


Um sorriso maléfico surgiu no rosto do homem. Lupin se espichou mais para ouvir o que ele dizia, mas os dois andaram um pouco mais para dentro da caverna e Lupin não conseguiu encontrá-los. Saiu sem ser percebido da Caverna dos Lobos e aparatou para a Sede.


A Sra. Weasley estava no hall, quando Lupin reapareceu muito aflito.


- Onde está Tonks?- perguntou ele, ao vê-la.


- Lá em cima, no quarto, mas...


Ela não conseguiu terminar o que dizia. Lupin saiu correndo pelas escadas e entrou no quarto de Tonks abrindo a porta num repente. Ela levou um susto e abriu a boca para brigar com ele, mas ele falou antes:


- Tonks, por favor, me escute.


- O QUÊ?- berrou ela- VOCÊ ENTRA NO MEU QUARTO ASSIM E QUER QUE EU TE ESCUTE? SAIA JÁ DAQUI!- ela apontou para a porta.


- Tonks...por favor, é só o que eu peço ,me escute, por favor... é sobre Thomas.


Tonks respirou fundo, recuperando a calma.


- Está bem- disse ela- O quê você quer?


- Eu estava lá na Caverna do Lobo, fazendo meu trabalho de espião, quando eu escuto um lobisomem dizendo que Voldemort tinha infiltrado seu maior espião na Ordem. E ele disse que era o Thomas.


- Você está me dizendo que Thomas, o meu Thomas, é um espião de Voldemort?- disse ela, em tom desconfiada.


- Exatamente- disse ele- Tonks, por favor, acredite em mim. Por favor, você não sabe quem ele é...


- Você está louco, Lupin!- interrompeu ela- Ele nunca faria uma coisa dessas. Eu sei, porque o conheço, e muito bem. Saia do meu quarto agora- Tonks novamente apontou para a porta.


- Mas...


- Eu estou pedindo com educação, saia do meu quarto, por favor- Tonks não o olhava, mas continuava apontando para a porta.


Lupin suspirou, abaixou a cabeça e saiu do quarto. Tonks bateu a porta assim que ele passou pela mesma. Se sentia um ninguém. Nem ela. Nem ela acreditara nele. Quem sabe se McGonagall acreditasse, ela poderia afastar Thomas da Ordem. Ele deveria falar com ela. Deu meia volta e caminhou até o escritório onde a encontraria. Deu três batidas leves na porta e ouviu o pedido para entrar. A Prof. McGonagall estava sentada atrás de uma escrivaninha, com muitas provas de alunos em cima dela. Ela levantou seu olhinhos verdes por cima dos óculos e disse:


- Oh, é você Remo?! Entre, entre. Sente-se- ela indicou a cadeira à sua frente. Lupin logo se sentou- Muito bem, o que você quer?


- Eu tenho notícias sobre Voldemort, professora. Eu ouvi dois lobisomens conversando hoje e um disse que Voldemort havia infiltrado um espião na Ordem, professora. Ele citou o nome de Thomas...


- Thomas?- perguntou Minerva em tom de desconfiança- Thomas Félix?!


- Exatamente, professora- confirmou Lupin.


- Você tem certeza disso, Lupin?


- Tenho sim, professora- disse Lupin- eles falaram alto e claro o nome de Thomas Félix. Eu juro!


Minerva observou Lupin alguns instantes, pensativa.


- Está bem, Remo- disse ela, por fim- Eu não vou ausentar totalmente ele da Ordem. Até se o que está me dizendo for verdade, descobrirão que você é o nosso espião também, em breve. Mas dou minha palavra, que ele será excluído de algumas reuniões e faremos o possível para que ele saiba o mínimo de informações sobre o que ocorre na Ordem da Fênix e, por favor, você deve tomar muito cuidado também. Está certo?


Remus confirmou com a cabeça. Agradeceu e se retirou do escritório seguindo direto para o seu quarto. Sentia-se um pouco mais descansado, pois alguém acreditara nele. Agora, ele também precisaria ajudar a proteger a Ordem, pois toda ela corria grande perigo, principalmente Tonks.


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