Se arrependimento matasse...

Se arrependimento matasse...



Capítulo 9

Se arrependimento matasse

Sirius afastou seus dedos do rosto de Remo e então percorreu pelos cabelos macios e castanhos destes o acariciando antes de finalmente dizer o que queria. Não sabia ao certo o que o estava levando a agir daquela forma. Estava confuso demais, principalmente porque ele tinha quase certeza de que suas palavras não diriam nenhuma verdade àquele garoto.

Remo havia dito que já sabia de tudo, porém aquilo não pareceu inibir nenhum pouco o moreno que continuava a seduzi-lo ainda mais. Não que estivesse reclamando, nunca, aquilo era muito bom... queria ter se entregado antes àquele jogo, mas não podia e não faria, não depois de tudo o que fizeram, o que ocorreu, não se deixaria levar por um momento de caricias. Deveriam falar tudo, expor tudo e então... só Deus sabia o que iria acontecer depois disso.

Remo colocou sua mão sobre a de Sirius e afastou-a de si. Olhou nos olhos de Sirius tentando descobrir qualquer coisa, mas para sua completa surpresa, lá não tinha dúvida, magoa ou qualquer rancor que vira no dia anterior, mas apenas um ar predatório e lá no fundo uma doçura encantadora.

-Estou ouvindo... – Remo repetiu o que Sirius antes havia dito e então afastou sua cadeira do moreno, tentando evitar o máximo de aproximação, já que ele não estava muito seguro de si.

-O que eu tenho para dizer é simples... – Sirius começou, parecendo mais sério do que pretendia, o mesmo tom de voz que ele usara para pronunciar as ultimas três palavras que só naquele momento pareciam ter surtido algum efeito em Remo. – E eu já disse.

-Você não pode estar falando sério. – Remo tentou persuadir o moreno, tentou saber se aquela declaração não fazia parte do jogo, mas Sirius parecia decidido a continuar com aquilo.

-Estou... você devia saber, afinal de contas você disse que sabia de tudo, então porque quer que eu conte...?

-Quero ouvir de você... – Remo falou nervoso.

-E eu já disse... fiz tudo isso porque amo você... tive aulas com o Tiago, sim... com o Tiago, ele que me ajudou, que me deu dicas de como me aproximar de você... de como falar a você como eu me sinto...

-Isso eu sei... eu soube desde o começo. – Remo falou levantando-se e ficando de costas para o moreno que não parecia entender onde Remo queria chegar.

-E qual o problema disso? De querer conquistar alguém? Isto é... se você acha isso um problema...

-Não... eu não acho, obviamente que eu não acho... só que não é esse o problema.

-Claro que não é... conquistar alguém não é problema, mas o resultado disso que não é, ou melhor, tudo o que eu fiz foi em vão! – Sirius disse e então Remo virou-se de frente novamente o fitando, porém Sirius desviara o olhar. Não queria demonstrar fraqueza, não queria ver a pena no olhar do Remo. – Tudo o que eu fiz não serviu para nada, eu devia ter imaginado, eu devia ter juntado todas as peças. Se a gente não se falava ou andava junto era porque não existe mais amizade... e eu fui um tolo por achar que ainda existia.

-Sirius...

-Eu quero terminar de falar... – Sirius falou olhando de relance para o garoto a sua frente. – Claro que fui um tolo... se não existia amizade como é que existiria amor? Eu não quis acreditar que você pudesse estar gostando da Ryan. Me iludi achando que pudesse ser algum tipo de objeto de ciúme... mas eu me enganei... eu e o Tiago nos enganamos.

-Para de falar besteiras! – Remo falou ajoelhando-se em frente ao moreno e virando o rosto dele para fitá-lo nos olhos. – Não é esse o problema, você sabe disso... nossa amizade é a mais bonita que existe, Sirius, e não é a toa que ela se transformou em amor, e eu não digo isso apenas em relação ao seu amor, mas em relação ao meu amor, ao que eu sinto por você... porque você acha que eu vim aqui hoje?

-Por que eu pedi? – Sirius perguntou tentando não soar zombeteiro.

-É obvio... mas eu digo o outro motivo, o real problema por eu estar boicotando as suas lições. – Remo falou temendo alguma explosão por parte do moreno, porém parecia que Sirius ainda não havia entendido o recado.

-Como assim? Você sabia das lições? A Roxy lhe contou?

-Não... a Roxy sabia?

-Eu perguntei sobre você... ela não importa... mas caso você queira saber... ela descobriu através do Pedro.

-Espera aí... todo mundo sabia sobre isso? – Remo perguntou irritado, porém logo se acalmou. Aquele não era o caminho, precisava ficar calmo e resolver tudo aquilo.

-Não... o Pedro descobriu por acaso e... mas... como você soube? – Sirius perguntou de repente, finalmente se dando conta da real situação.

-Eu... – Remo queria tanto dizer aquilo, mas parece que todas as suas forças haviam se evaporado com aquele olhar que Sirius lançava sobre si. – sabia, porque eu... fui eu que criei as aulas, eu dei as mesmas aulas ao Tiago, quando ele queria chamar mais atenção ainda da Lily...

-QUE? AQUELE IDIOTA DISSE QUE ELE TIRAVA AQUELAS IDÉIAS DA EXPERIÊNCIA DELE COM A LÍLIAN! – Sirius disse em plenos pulmões. Como Tiago podia ter feito aquilo com ele? Só ele mesmo, um idiota em pensar que Remo não descobriria...

-E de certa forma ele usou a experiência dele... porém esqueceu de mencionar que fui eu quem deu essas dicas a ele. Sirius, eu sei que ele não fez por mal, que ele queria te ajudar...

-Mas ele só piorou a situação! EU VOU MATAR AQUELE POTTER!

-Você não vai fazer nada. Vai ficar aqui... eu é que vou matá-lo! – Remo falou saindo de perto do moreno, porém este o puxara pelo braço e então o abraçara fortemente.

-Eu não entendo onde você vê problema nisso... se eu amo você, e pelo que estou entendendo, você me ama também...

Remo fechou os olhos e suspirou nos braços do moreno. Ele também não achava problema nenhum, ele só precisava pensar sobre tudo aquilo. Sobre como ele se sentiu seduzido por uma outra pessoa, sobre como ele estava confuso, não sabia se Sirius realmente gostava dele, não sabia se Sirius seria capaz de conquistá-lo sozinho, de lutar por ele sem ajuda de ninguém... ele não sabia...

-O problema não é isso... é a sua atitude Sirius... sei que você me ama... sinto isso um pouco... eu vi isso nos seus olhos ontem, quando a Roxy me beijou, mas eu não sei se você está disposto a enfrentar tudo comigo... como você mesmo disse, estávamos muito afastados... e... são tantas coisas que... acho que um simples curso do amor não serviria para nos juntar da maneira que eu queria, Sirius...

-Então nada adiantou? – o moreno perguntou se afastando de Remo, percebendo que este derramara uma lágrima que descia pelo seu olho castanho.

Remo baixou a cabeça e então suspirou. Estava com a chance de ter Sirius em sua mão, mas não sabia o que fazer...

-Eu não vou dizer que nada disso adiantou... eu estou confuso... você precisa me entender... Eu apenas queria que tudo tivesse acontecido diferente, afinal de contas você tentou me conquistar com algo que eu criei, e foi algo impensado, algo que eu fiz para o Tiago conquistar a Lily, e naquela época era tudo diversão Sirius... eu não quero que a nossa possível relação comece tendo como base um curso sem graça e atitudes desesperadoras.

-Eu fiz tudo isso para tentar provar a você que eu te amo... tentar conquistar você, Remo. Se fora uma coisa impensada, ou passageira, isso foi quando você fez as lições... mas eu as usei com tanta garra, com tanta força de vontade, que eu queria que saísse tudo perfeito...

-Mas aquilo não eram suas atitudes, eram sempre minhas ou de Tiago, Sirius... E você não precisava tentar me conquistar ou tentar me provar o seu amor...eu já sou seu... você já me conquistou sem saber... e se você dissesse simplesmente o que me disse antes, eu já saberia que era verdade...

Sirius sorriu e então abraçou Remo novamente. – E se nós fingirmos que nada disso aconteceu... pensarmos que estamos nos encontrando aqui apenas para conversar e que no meio da conversa eu dissesse de repente “Te amo”, você aceitaria ficar comigo?

-Sim, aceitaria... mas não podemos fingir Sirius... é a nossa vida... é o nosso amor... e nós não podemos esquecer isso... – Sirius colocou sua mão sobre o rosto do grifinório, percorrendo a marca que a lágrima havia deixado e então aproximou seu rosto do de Remo, que sem pensar sequer uma vez, buscara os lábios carnudos de Sirius para um beijo doce e carinhoso esperado por tanto tempo.

Remo enlaçou o pescoço de Sirius enquanto este saboreava com a língua o interior de sua boca e lhe abraçava intensamente, percorrendo com seus braços sua pele sob o tecido da roupa, que a cada minuto se fazia desnecessário entre os dois.

Quando o ar já se fazia necessário eles se soltaram. Remo virou-se de costas para não olhar Sirius nos olhos. Estava cada vez mais difícil tentar sair daquele lugar. Mas ele não tinha outra alternativa. Ele precisava fazer aquilo, para o bem dos dois.

-Eu queria apenas uma maneira pra deixar nossa vida mais fácil Remo.

-Então você não vai se opor ao que eu vou te pedir.

-O que? – Sirius perguntou e então Remo virou-se para ele tentando se manter o mais longe possível.

-Preciso pensar... preciso ficar longe de você... e... você precisa ir para a casa amanhã... na vou conseguir fazer isso com você perto de mim, no mesmo quarto que eu...

Sirius passou uma mão pelos cabelos tentando não demonstrar seu desapontamento, ele não tinha escolha se não aceitar o pedido do Remo.

-Tudo bem... se você quer pensar... eu aceito... eu não tenho escolha, não é mesmo?

Remo sorriu e então caminhou até o moreno encostando seus lábios no ouvido deste e então sussurrou:

-Eu preciso pensar sobre nós dois, mas de uma coisa eu tenho certeza... ser beijado por você é a melhor coisa que existe... principalmente porque eu sei que você me ama. Respondi a sua pergunta?

- Claro... mas eu tenho mais uma ainda: Você me ama? – Sirius perguntou quando Remo roçara seus lábios nos dele.

-Completamente. – ao dizer isso Sirius buscou os lábios dele novamente, porém não fora um beijo muito demorado, pois logo Sirius havia deixado um Remo atordoado e sozinho naquela sala.


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-O que você está fazendo aqui? – Lílian perguntou quando viu Sirius se aproximando do trem com o seu malão. – Pensei que iria ficar com Remo em Hogwarts.

-Eu ia... mas surgiu um imprevisto... – Sirius disse lançando um olhar significativo ao Tiago que desviou o olhar e andou até Remo que assistia os colegas partirem.

-Você está bem? – Tiago perguntou indeciso se aquela era uma boa pergunta se fazer.

-Estou... só não sei se você vai ficar depois dessa viagem.

-Pode ter certeza de que eu não vou sair de perto da Lily. – Tiago disse temeroso e então Remo riu deixando Tiago sem graça.

-Sirius não vai fazer nada... mas acho que você deve conversar com ele... tudo bem que eu não sou a melhor pessoa a dizer isso, afinal de contas fui eu que te dedurei... mas... acho que tudo vai ficar bem...

-Eu espero... não quero nem ver quando a Lily descobrir...

-Ela não vai descobrir... – Remo falou determinado e então pararam de falar quando a mencionada e Sirius se viraram para se despedir de Remo.

-Boas férias Remo! – Lílian disse abraçando o grifinório que sorriu. E então quando eles se separaram, Tiago e Lílian subiram no trem deixando os outros dois livres para conversar.

-Boa viagem... – Remo desejou antes que Sirius iniciasse qualquer outro assunto.

-Obrigado... espero que sinta minha falta... – Sirius falou e então subiu no trem, porém Remo o puxou para um abraço, que muitos estranharam, mas resolveram ignorar.

-E eu vou sentir... mas... é melhor você ir... – Remo disse empurrando o moreno para dentro do trem que partiu logo em seguida, deixando alguns alunos abanando na estação de Hogsmeade.

Eram poucos alunos dentro do trem que iam para a casa para aquela semana de férias, já que


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naquele ano Dumbledore havia feito um calendário diferente, para que os formandos tivessem mais tempo de ficarem juntos em Hogwarts sem aquela sobrecarga que eles sempre tinham quando se aproximava o final do ano letivo.

Mas os poucos que tinham, faziam uma algazarra tremenda dentro de algumas cabines, comemorando as férias que estavam começando, porém, como sempre havia exceção, alguns alunos pareciam tristes, ou simplesmente, terem deixado suas cabeças em outro lugar, menos no corpo, o que era o caso de Sirius e Pedro.

- O que há com vocês...? Se animem... são as nossas férias! – Lílian falou empolgada, porém quando não houve resposta decidiu deixá-los em paz.

Tiago depois de algum tempo se culpando pela cara amarrado do amigo resolveu levar Sirius para uma outra cabine, deixando Lílian sozinha para conversar com Pedro.

-E você?

-O que tem eu?

-Ah Pedro... tudo bem que você sempre foi quieto... mas hoje você está excessivamente para baixo... e eu não gosto de ver ninguém assim...

-Quer que eu saia então? – Pedro perguntou se levantando.

-Não... fica aí e me conta o que está acontecendo...

-Nada demais...

-Eu quero te ajudar Pedro... mas só vou conseguir se você me contar o que está acontecendo...

-É a Roxy... ela ficou sozinha no castelo, e o Remo ficou também... tudo bem que eu decidi não me importar mais e esquecer ela, mas... eu não consigo... Roxy gosta do Remo e ele...

-Gosta do Sirius...

-Eu sei, mas porque o Sirius não ficou também?

-Não sei... mas ele deve ter os motivos dele. Quando as pessoas se gostam, se amam, a distância não faz muita diferença Pedro... você devia confiar mais no seu amigo... – Lílian disse confiante arrancando um sorriso de Pedro que logo esquecera aquela situação e voltara ao mundo terreno, deixando uma Lílian preocupada também, mas satisfeita por poder ajudar. Achava até que estava se tornando boa em ser conselheira dos marotos.


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-Como você pode fazer isso comigo, Potter!

-Eu quis te ajudar...

-Ajudar? Usando as lições do Remo para mim conquistá-lo? – Sirius disse elevando cada vez mais sua voz. Porém ninguém parecia ouvi-los já que Tiago havia lançado um feitiço nas paredes da cabine para que o som não vazasse.

-Mas foi a única coisa que me veio na mente... você estava desesperado e eu queria te ajudar... – Tiago disse tentando acalmar o amigo e se livrar daquele imenso problema.

-Não te culpo por querer me ajudar... mas podia ter inventado qualquer outra coisa... pensei que fosse esperto Tiago...

-Eu pensei o mesmo de você... afinal quem é que queria conquistar quem aqui? – Tiago disse rancoroso.

-Não me venha com essa, Tiago... quem foi que mentiu que tinha aulas de DCAT com Remo, quando na verdade estava tendo aulas de conquistas com ele? E por que você nunca me disse como havia conquistado a Lílian? Por acaso eu não era digno de confiança?

-Chega de perguntas! Eu não te contei porque não achei necessário, Sirius, e eu não queria que outras pessoas ficassem sabendo... eu não contei a ninguém...

-Sei... mas a questão não é essa... agradeço muito a sua ajuda... acho que eu devia ter me empenhado mais... não devia ter pedido isso a você...

-Mas agora não é hora de lamentações Sirius... o que o Remo disse? – Tiago falou tentando mudar de assunto já que a maior parte do problema já havia sido resolvido e então notou um sorriso maroto surgindo na face do amigo.

-Está curioso?

-N-não.. só quero te dar uma dica...

-Deixa de ser curioso Tiago... eu só vou te contar porque você é meu amigo... ao contrário de você que não me considera amigo e que não me conta nada sobre sua vida! – Sirius falou sorrindo e então relatou tudo o que havia acontecido deixando Tiago satisfeito, mas ao mesmo tempo triste e apreensivo, porque aquilo podia acontecer com ele também... mas... era melhor não pensar naquilo...

-E... você aceitou o pedido dele?

-Por que eu não aceitaria? Eu tenho que mostrar que estou disposto a qualquer coisa para ficar com ele.

-Eu sei, mas...

-Eu não tenho medo da Roxy, Tiago... sei o que vocês todos estão pensando, até o Pedro acha isso... eu confio no amor do Remo, confio no Remo de todas as formas...

-Eu sei... eu também confio no Remo, devo minha vida a ele, o problema é que eu não confio na Roxy... – Tiago falou e então ambos riram. Talvez aquelas férias não seriam tão ruins assim, o único problema seria a enorme saudade que Sirius teria que agüentar por uma semana inteira.


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Espreguiçou-se mais uma vez e então olhou o relógio na parede da biblioteca, eram quase seis horas da tarde. Realmente... havia ficado a tarde toda lá dentro. Estava tão distraído e submerso naquele livro que ele mal viu o tempo passar e as nuvens densas se transformarem em uma chuva grossa.

Guardou o livro na mochila e levantou-se. Saiu da biblioteca e andou pelos corredores sem muita pressa, apesar de seu estômago protestar por comida, já que não comera muito no almoço.

Arrumou a mochila sobre suas costas que, milagrosamente não estavam pesadas e então apressou um pouco o seu ritmo para chegar mais rápido ao salão principal.

Fazia dois dias que Sirius e os outros haviam saído de férias e, o que já era de se esperar, ele estava com saudades e ele ainda nem tivera muito tempo para pensar no que iria fazer, não decididamente, já que não havia parado de pensar em Sirius sequer uma vez, mas... estivera tão ocupado terminando de ler seu livro sobre DCAT e jogado Snap Explosivo com alguns garotos da Lufa-Lufa que... acabara deixando aquilo de lado.

Não que tivesse muito que pensar, pois sua decisão já havia sido tomada quando ele viu Sirius entrando por aquele trem, só precisava colocar tudo em seu devido lugar dentro do seu cérebro e dizer ao Sirius. Só faltava aquilo e mais uma coisa... mas isso ele tinha o resto da semana para fazer...

-Remo? – Ou podia fazer naquele momento, pensou quando ouviu seu nome ser chamado por uma voz conhecida.

-Oi...

-Posso andar com você?

-O corredor é para todos, não? – Remo falou sem paciência. Há tempos queria conversar com ela, mas quando a via sentia tanta raiva que decidia deixar para outra ocasião, mas parece que não tinha escapatória...

-Sim... claro... – Roxy respondeu sem jeito. Não estava gostando daquele tom de voz... mas era melhor aquilo do que ser ignorada.

Quando chegaram ao salão comunal encontraram alguns alunos jantando na única mesa do salão, que havia sido colocada no lugar das habituais quatro mesas. Remo abanou para seus novos amigos da Lufa-lufa e então se sentou mais para a ponta. Roxy sentou a sua frente e começou a se servir de qualquer coisa, afinal de contas estava sem fome.

Remo, porém procurou se servir de tudo o que era possível e começou a comer sem se preocupar com nada no momento. Queria, antes de tudo, resolver o problema do seu estômago.

Roxy, porém, começou a comer o pouco de comida que estava em seu prato sem olhar para o garoto a sua frente, apenas com a cabeça baixa.

-Que? – Roxy disse depois de algum tempo quando uma colher de arroz fora colocada em seu prato.

-Você precisa comer... pensa que eu não notei que você não tem se alimentado direito? – Remo falou distraidamente enquanto servia a garota com coisas saudáveis, sem perceber que ela o olhava de maneira admirada.

-Pensei que não se preocupasse comigo... – Roxy falou depois que Remo terminara de colocar comida em seu prato.

-Mas eu me preocupo... com qualquer um que eu considere meu amigo...

-Mesmo depois de tudo o que eu fiz você me considera sua amiga?

-E eu não devia... mas eu te entendo. Sei o que é gostar de alguém, mas... mesmo assim, não sei se vou conseguir perdoar as bobagens que você fez.

-Pode me pedir o que você quiser... desde que você me perdoe. Sei que não posso ter você, que nunca vou saber o que é ser amada por você, mas eu gostaria de pelo menos ser sua amiga.

Será que deveria confiar? Por que não? Todos merecem uma chance de se redimir, não? Eram essas as perguntas que pairavam na mente de Remo, porém as respostas para todas elas ele queria que fossem fáceis. Mas quem era ele para julgar alguém...

-Tudo bem... eu acredito em você, e já que você está disposta a fazer alguma coisa para se redimir... – Remo falou e então sussurrou apenas para a jovem ouvir o que ela deveria fazer.

-Posso contar com você?

-Claro... – Roxy falou e então, após se despedir de alguns colegas e de Remo saiu rumo ao seu dormitório deixando sua comida no prato e um Remo mais satisfeito.


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-O que você pensa que está fazendo? – Tiago perguntou agarrando o moreno pela mão.

-Tiago... eu preciso saber como ele está...

-Não... daqui dois dias você vai poder vê-lo ao vivo. Além do mais... você disse que iria deixar ele pensar um pouco, pelo menos agora vamos fazer o que é certo. – Tiago disse segurando um pequeno pacote nas mãos.

-O que é isso? – Sirius disse rasgando a carta que mandaria a Remo e apontado para o pacote na mão do amigo.

Andavam pelo Beco Diagonal a procura de presentes para a festa de fim de ano daquela noite, já que queriam que tudo ficasse perfeito.

-Bem... isso é um pacote...

-Não me diga... eu quero saber o que tem aí dentro.

-Anéis.

-E para que você vai querer anéis?

-Para colocar no meu dedo e no dedo da minha noiva! – Tiago falou sem jeito.

-Noiva? Quando você decidiu pedir a Lily em casamento? Não sei se ela vai aceitar...

-Já aceitou... eu só vou oficializar o pedido hoje de noite...

-E você não me contou? – Sirius perguntou fingindo estar magoado.

-Eu... não deu tempo.

-Então para se redimir você vai ter que pedir para eu ser seu padrinho de casamento.

-Acho que isso devia ser espontâneo... mas tudo bem... – Tiago parou no meio da rua e então pigarreou. Olhou nos olhos de Sirius e disse: - Aceitaria ser padrinho do meu casamento?

-Oh! Que surpresa magnífica! Eu adoraria! – Sirius disse marotamente e então andou até uma loja onde a vitrine mostrava roupas de gala. – E como agradecimento eu pagarei a roupa do noivo, será o meu presente!

-Não... você não precisa me dar presente algum... – Tiago disse falando seriamente enquanto Sirius ainda sorria.

-Vamos lá Tiago... não fique tão sério... mesmo não sendo seu padrinho de casamento eu iria dar algo importante a você e a Lily... quero a felicidade de vocês...

-Que adorável... – Tiago disse e então ambos riram atraindo a atenção de algumas pessoas que passavam.

Depois de mais algumas horas, ambos os amigos estavam cheios de sacolas com presentes e guloseimas e esperavam ansiosamente por aquela noite, talvez Sirius fosse o mais ansioso, já que depois daquela noite, faltariam mais dois dias para ele ver o seu amado Remo...

Continua...


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OBS: O que acharam? Espero que tenham gostado e que agora já sabem que a má sorte do Sirius está passando...

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