Velhos e novos planos



Capítulo 6

Velhos e novos Planos



Acordou aos poucos naquela manhã, véspera de Natal, não queria sair do quentinho da sua cama tão cedo, nem precisava, afinal de contas estava de férias, não precisaria ir à aula e muito menos sair do quarto naquele dia frio...

Abriu os olhos e pegou o relógio sobre a mesa ao lado de sua cama, que marcavam nove horas da manhã. É... Dormira o suficiente, e isso que não conseguira dormir quase nada naquela noite, primeiro porque fora dormir tarde e segundo... Não conseguiu tirar Sirius da cabeça... Tudo bem que Sirius sempre esteve em sua mente, o tempo todo, mas... Parece que tudo estava ajudando para mantê-lo lá, pra mantê-lo em sua mente 24 horas por dia...

Sonhara com a dança, com seus corpos encostando-se ao ritmo da música e, principalmente, com o beijo que não aconteceu, mas que mesmo assim já lhe causara estragos aterrorizadores...

Não queria ter sonhado aquilo, não queria ter demonstrado seus sentimentos naquela noite, não queria ter aceitado, primeiramente, aquela dança, mas... Era um fraco, um idiota que saía correndo com um simples convite, com um simples gesto, até parecia que era ele o cachorro daquela história...

Socou a cama frustrado, arrependendo-se do que havia feito, mas ao mesmo tempo sorrindo feito um bobo. Sentou-se na cama e olhou pelo quarto com as camas vazias. Pelo menos ninguém o vira sorrindo, ninguém o vira murmurando elogios a si próprio, apenas ele e...

-Roxy? – Remo saltou da cama levando um cobertor consigo.

-Bom Dia!

-Há quanto tempo você está aí, como eu não te vi? Ou melhor... Como você entrou aqui? Esta é a casa da Grifinória, Roxy... e você...

- Sou uma Corvinal... sei disso... mas eu tenho os meus amigos aqui dentro... além do mais... não estou espionando ninguém, Remo... Apenas vim para te ver...e não se preocupe... Não vi nada suspeito... Apenas um sorriso e... Só. E... Eu estava desse lado, justamente para onde você não olhou bobinho...

Não sabia ainda o porquê, mas não acreditara muito naquelas palavras, mas mesmo assim...

-Você pode esperar lá fora? Digo... quero colocar alguma coisa quente...

-Ah... tudo bem... – Roxy disse sorridente e então virou-se de costas, o casaco grande escondendo suas curvas bem desenhadas e seu cabelo loiro preso em um rabo-de-cavalo bem feito que acompanhavam o balançar do seu corpo conforme caminhava.

Remo esfregou os olhos após soltar o cobertor no chão... estava tão atordoado que seus pensamentos estavam o enganando. Não devia pensar na sua amiga daquele jeito. Tudo bem que ela era linda, que era meiga e tudo o mais... mas... não estava mais agüentando aquela situação. Eles sozinhos naquele quarto... estava sentindo falta de carinho e sabia que Roxy o daria sem ele pedir... Mas... O que estava lhe atormentando... Era que quanto menos ele esperava, iria sair pedindo carinhos da loira... isso não podia acontecer...

Correu até o banheiro e enfiou-se debaixo do chuveiro, tomando um banho não muito demorado, mas ligeiramente frio. Estava precisando acalmar os ânimos...

Enrolou a toalha em seu corpo e então colocou a mão na maçaneta para abrir a porta, porém algo o puxara para trás... E se a Roxy estivesse no quarto? Não confiava muito nela, ou melhor, nas suas ações e também nem nas suas próprias... não iria sair quase nu... mas... o problema era que havia deixado suas roupas no quarto e não havia como pega-las de outra forma, até porque estava sem sua varinha...

Suspirou fundo, desejando não encontrar Roxy e então abriu a porta, mas algo chocara-se contra si de maneira dolorosa o derrubando ao chão. Sua única preocupação fora segurar firmemente a toalha em sua cintura.

-Ai...

-Desculpe... – uma voz conhecida disse ao mesmo tempo que estendia uma mão para o levantar.

-Não foi nada... eu... não vi você... – Remo respondeu a um Sirius sem jeito.

-Tudo bem... afinal foi você quem caiu né? Eu é que devo explicações aqui... – Sirius disse tentando não direcionar seus olhos para o corpo nu do garoto, mas a tentação era tanta que algumas vezes não se agüentava e o olhava admirado.

-É...

-Mas... estava com pressa ou era impressão minha?

-Mais ou menos... acho que estava com frio... – Remo falou um pouco envergonhado, já que percebia os olhares do moreno sobre si.

-Não está mais?

-Por que a pergunta?

-Porque você não foi se vestir ainda...

-Ah..

-Não que eu queira... digo...

Remo tentou não sorrir, mas era impossível, já que era cômica a situação do amigo.

-Não quero que pegue um resfriado... aliás... tem alguém te esperando lá fora...

-Sei... de certa forma era dessa pessoa que eu estava me escondendo...

-Imaginei... a propósito... você sabe como ela entrou aqui? – Sirius perguntou curioso.

-Não sei... queria descobrir isso também... porque se tem alguém distribuindo a senha do nosso retrato, temos que o parar...

-Eu não acharia nada estranho se Pedro estivesse fazendo isso...

-Ah, Sirius... que implicância com ele agora...

-Ok... não esta mais aqui quem falou... – Sirius disse sorrindo, dando passagem para o amigo entrar no banheiro, o que este fizera prontamente trancando-se nele.

Sirius andava pelo quarto escolhendo as palavras mais adequadas para fazer o que pretendia, mas parecia que todas as mais educadas e com sentindo o haviam abandonado.

Olhou para a porta do banheiro e então encostou-se nela.

-Remo?

-Sim?

-Consegue me escutar? – Sirius perguntou apreensivo e então escutou um outro “sim” do amigo.

-Bem... sei que não parece muito legal ficar falando com uma parede entre a gente, mas esse é o único momento que te encontro sozinho sabe?

Remo colocou a calça rapidamente e então encostou-se na porta também.

-E o que você tem para me dizer?

-Bem... você... não gostaria de ir a Hogsmeade comigo hoje a tarde?

-Hogsmeade? – Remo perguntou atordoado tentando-se lembrar o que significava aquilo.

-Sim... hoje nós vamos poder fazer a visita... lembra?

-Não... – Remo afastou-se da porta e então terminou de se vestir rapidamente, olhou pelo banheiro a procura de seus sapatos, porém havia os esquecido no quarto. Abriu a porta, onde Sirius estava encostando, e este, demonstrando completa surpresa, já que estava sem apoio algum, tropeçou sobre Remo, que mais uma vez fora ao chão, porém, desta vez, com Sirius junto.

-Hoje não é o meu dia... – Remo falou em um murmúrio que Sirius fingiu não escutar...

-Desculpe novamente... – Sirius murmurou se ajeitando no colo do amigo debaixo de si que sentiu seu corpo tremer com aquele movimento.

-Tudo bem... digamos que agora estamos quites... já que a culpa foi minha... – Remo disse olhando nos olhos do moreno. Ficaram daquele jeito por algum tempo, se olhando, Sirius no colo do Remo, até que o moreno perguntou novamente.

-Qual a sua resposta?

-Pra que?

-Sobre ir comigo a...

-Ah... tudo bem... acho que não tenho nada para fazer hoje... – Remo falou e então percebeu que ainda estavam naquela posição. Olhou para o amigo que continuava sobre si, porém este parecia não ter a intenção alguma de se levantar.

-Você se importa? - Remo perguntou se odiando por ter que fazer aquilo

-Ah... desculpe... – Sirius falou um pouco sem jeito, levantando-se do colo do colega de quarto.

Remo caminhou até sua cama, sentando-se nela e colocando seus sapatos. Sirius o seguiu, e sentou de frente para ele, o observando enquanto terminava de colocar o calçado.

-O que foi?

-Obrigado pelo colo...

Remo riu divertido, enquanto levantava e pegava uma escova sobre sua mesinha. Andou até o espelho e penteou seus cabelos cuidadosamente, tudo bem... não tanto quanto Sirius, mas já era algum cuidado especial.

Sirius permaneceu sentado o olhando pentear os cabelos castanhos, que deviam estar cheirosos como sempre... o moreno balançou a cabeça de um lado para o outro tentando afastar aqueles pensamentos que insistiam em percorrer por sua mente.

-Está com sono? – Remo perguntou olhando Sirius pelo espelho.

-Ahn... Não, por quê?

-Você parece cansado...

-Mas não estou... quero me divertir muito hoje... com você. – Sirius disse lançando um sorriso ao Remo que ainda o olhava pelo espelho. Remo abaixou o braço que segurava a escova sentindo-se completamente enfeitiçado e zonzo com aquele sorriso, sentindo seu corpo amolecer novamente.

-Ótimo... – devolveu a escova para o lugar de antes e então voltou a sentar-se de frente para Sirius.

-Tem certeza de que não quer me falar nada?

-É... Talvez, Remo. Não sei o que você e a Ryan são, ou o que você sente por ela, não quero que se chateie pelo que vou dizer...

-Não tudo bem... considero a Roxy apenas uma amiga... – Remo enfatizou a última palavra, mas logo arrependera-se, estava deixando-se levar novamente pelos encantos de Sirius. Não devia ter respondido, devia ter deixado Sirius na dúvida, assim ele iria se aproximar mais, ficar com ciúmes, iria passar por cima daquelas aulas... mas... novamente aquele sorriso exerceu influência sobre si.

-Que bom... digo... ela não serve para você, Remo!

-E quem serve para mim? – Remo perguntou sentando-se ao lado de Sirius, que tremeu com a proximidade.

-Você que sabe... eu só estou dando um conselho, Remo, ela não serve para você!

-E... serviria para você? – Remo continuou, querendo ver qual seria a reação do moreno.

-Não! – Sirius o encarou um pouco nervoso. Não estava conseguindo agüentar aquela pressão... estava quase explodindo, a qualquer momento faria uma loucura... se Remo fosse mais adiante... não se responsabilizaria por seus atos.

Remo colocou uma mão sobre o braço de Sirius, este sentiu novamente um tremor pelo seu corpo, ao sentir o toque da mão do garoto.

-Mas... deixando a Roxy de lado... quem você acha que serviria para mim, Sirius... gostaria de saber a sua opinião.

-Eu... eu... não sei! – Sirius disse e então sem perceber o que fazia, derrubou Remo na cama e subiu sobre este, segurando seus braços acima da cabeça. Remo olhou-o assustado, mas sem fazer força alguma para se soltar. Sirius o olhava com paixão, sua mente estava vazia, Remo imperava nela, assim como imperava naquele momento, sob seu corpo.

Era tão bom sentir o corpo dele no seu, suas mãos entrelaçadas, faltava apenas uma coisa... Sirius aproximou seu rosto de Remo, e ao perceber que este não iria recusar, fechou a proximidade com um beijo, o beijo que Remo sonhara, que Sirius tanto esperara.

Seus lábios, enfim, estavam juntos, se movimentando com paixão, travando uma batalha, sentindo um o gosto do outro. Sirius soltou as mãos de Remo e as pousou sobre a cintura dele, este abraçara Sirius com força, querendo que este não o deixasse, que aquilo não acabasse nunca, porém... Sirius afastou seu rosto e então olhou profundamente os olhos de Remo, que brilhavam intensamente. Ambos sorriram por um momento, porém Remo, voltando ao seu estado normal fechou o sorriso bruscamente ao perceber que novamente havia se deixado levar pelo momento, pelos encantos de Sirius, este, ao observar a mudança brusca de expressão do lobisomem levantou-se correndo até a porta do quarto, a fechando atrás de si quando finalmente saiu.

Remo permaneceu deitado na cama, ainda sentindo o gosto dos lábios de Sirius nos seus. Sua vontade era de rir e chorar ao mesmo tempo. Estava confuso demais. Por que ele o havia deixado ali, sozinho? Por que ele saíra correndo depois daquele beijo? Como não havia pensando que Sirius fosse fazer algo como aquilo quando se deixasse envolver? Novamente cedera... novamente colocara tudo a perder... aquele beijo, por mais que fosse tão esperando, não devia ter acontecido... como seguiria em frente com seu plano, se Sirius já havia descoberto o que Remo sentia...?

Sentou-se na cama, passou uma mão pelos cabelos, ainda pensativo. Não estava com vontade de sair daquele quarto, não sabia o que iria fazer naquela tarde, quando encontrasse Sirius, sozinho... será que iriam se beijar novamente, será que Remo iria se deixar levar por aqueles olhos novamente? Esperava que não... ainda não havia desistido do plano, só havia ocorrido um imprevisto, nada mais...

Levantou-se da cama e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si delicadamente. Desceu as escadas, encontrando Roxy encostada no corrimão, ainda o esperando.

-Pensei que já tivesse desistido...

-Hm... de você eu não desisto, Remo... – Roxy se aproximou do garoto, enlaçado seu pescoço. Remo permanecera imóvel, sem retribuir o afeto. – Aconteceu alguma coisa?

-Por que a pergunta?

-Está estranho...

-Só impressão...

-Hm... então vamos mudar isso... que tal nos divertirmos juntos em Hogsmeade?

-Não vai dar... já tenho outros planos...

-Com o Sirius? – a loira soltou Remo, quando este fizera um sinal positivo com a cabeça. Roxy andou até um sofá, sentando-se nele, sendo seguido por Remo, que parou em sua frente, apenas a observando.

-E eu posso ir junto? – Roxy perguntou ao garoto em pé a sua frente.

-Não... não que eu não queira... mas desta vez eu prefiro ir apenas com o Sirius... ele é meu amigo e está precisando de mim...

-Amigo? – Roxy riu sarcasticamente, levantando-se e ficando a poucos centímetros de Remo. – Não seja idiota... ele é tão seu amigo com eu... e você sabe o que isso significa, não sabe? – Roxy perguntou encostando seu corpo no do garoto, aproximando seus lábios do ouvido de Remo. – Nós dois gostamos de você... cabe a você decidir quem escolher... mas pode ter certeza Remo, antes eu estava apenas me divertindo, agora você vai ver do que sou capaz... Você ainda vai ser meu... – Roxy beijou a orelha do garoto, deslizando seus lábios até a bochecha e depositando outro beijo ali. Sorriu ao ver o tremor que havia provocado no corpo do garoto e então saiu, deixando um Remo atordoado no meio da sala comunal.

-O que deu em vocês, hein? Querem me deixar maluco? Ou já estou maluco... Argh! – Remo gritou para a sala vazia e então sentou no sofá, esmurrando-o, tentando jogar sua raiva em alguma coisa.

-Remo?

-O que foi! – Gritou mal-humorado olhando para a pessoa que havia entrado naquele momento na sala. – Tiago?

-È... sou eu... o que deu em você para ficar gritando... o que te fizeram?

-Não ouviu eu dizer? Estou ficando maluco... e você tem culpa nisso! E se tem! – Remo disse andando até o amigo, apontando para ele com raiva. – Quem disse que você podia usar aquilo? Quem disse que você podia usurpar a minha idéia? Não está com medo que a Lílian descubra? Eu sendo atacado pelo meu próprio feitiço. Ah... Tiago... Você vai me pagar muito caro por isso!

-Do que você está falando? – Tiago perguntou temendo que já soubesse a resposta.

-Não me enrole, Potter! Em qual lição vocês estão? Na quatro? Aquela que é para demonstrar o que sente e perceber se o outro sente a mesma coisa? – Remo disse elevando sua voz mais ainda. Tiago ouviu tudo calado, seu nervosismo aumentando consideravelmente. Havia mexido no leão com vara curta, ou melhor, no lobisomem.

-Não me diga que não gostou Remo...

-Eu odiei... Você devia saber...

-Desde quando você sabe disso? – Tiago perguntou, percebendo a gravidade do problema.

-Desde sempre... ou você acha que o Pedro iria perdoar vocês... ou melhor... você acha que eu, o criador, não sei reconhecer minha criatura...!

-Pedro? Ahg... eu mato ele! Se ele não tivesse contando, você não teria assimilado tudo tão facilmente... eu estava modificando algumas coisas...

- Cala Boca! Você não vai matar ninguém... Eu vou matar você antes... – Remo falou seriamente e então arrastou o amigo para o sofá, sentando-se ao seu lado. – Agora escuta o que eu vou dizer... se você não quer que a Lily saiba disso, vai fazer tudo o que eu mandar, ok?

-Isso é chantagem, Remo...

-Hahaha... Como estou me importando...

Tiago suspirou derrotado e então pediu para o Remo seguir.

-Você vai seguir com as aulas, Tiago, vai fingir que não escutou o que eu disse, que isso não aconteceu... e não vai mais modificar nada... nem uma virgula... quero saber onde vocês estão... – Remo parou por algum tempo colocando as mãos sobre a cabeça pensativamente e então voltou-se para Tiago novamente - Você não podia ter feito isso comigo... eu ajudei você Tiago, com isso, com essas lições...

-Por isso mesmo, Remo, você me ajudou, queria ajudar vocês... qual o problema disso? Afinal de contas... Sirius gosta de você...

-Você já contou para a Lily como a conquistou? O que ajudou vocês?

-Não...

-Por quê! - Remo esperou algum tempo para ver se o amigo respondia a sua pergunta, mas quando este não o fez, Remo sorriu sem emoção. – Está vendo... Se Lílian soubesse ficaria do mesmo jeito que eu... É como se a pessoa que nos ama não soubesse achar as nossas qualidades, não soubesse tocar no ponto que sabe que iríamos gostar. O amor, Tiago, é muito mais do que lições, do que palavras; é fazer alguns gestos impensáveis em momentos mais impensáveis ainda... é como dar aquele beijo apaixonado quando a pessoa não está esperando, quando se estão brigando... tenho certeza que foi isso que você fez com a Lílian...

-Fiz... Remo... eu não me arrependo de ter tido essas aulas... aprendi muito com você... achei que dando as mesmas aulas ao Sirius ele ficaria mais seguro, afinal de contas, seriam para você... a pessoa que me ensinou tudo e que, de certa forma, ensinaria ao Sirius...

-Eu não queria ensinar isso ao Sirius... queria que ele soubesse isso por si só... como eu aprendi! O amor que eu sinto por ele me ajudou a criar essas aulas, Tiago... você usou as lições que eu meu baseei no Sirius, para conquistar a Lílian... e... agora está sendo usada para me conquistar...

-E eu volto a perguntar... o que há de errado nisso? Ele não está te traindo... está tentando te amar, Remo...

-Esse não é o problema... eu sei que ele me ama... eu o amo também, Tiago... disso ninguém pode duvidar... acontece que... a Roxy está conseguindo fazer muito mais efeito em mim do que o Sirius... ela está usando o amor dela para me conquistar, e ele está usando teorias... palavras... suas idéias...

-Idéias pode até ser minhas... mas palavras não... eu não disse para ele dizer que sente sua falta... e, Remo, você vai acreditar mais no amor da Ryan, do que no de Sirius?

Remo abaixou a cabeça por um momento, lembrando de cada situação, de cada momento que ficara ao lado de Roxy, em como ela lhe fazia se sentir completo, lhe fazia se sentir feliz por lhe dar tanto carinho. Mas ao mesmo tempo, lembrava-se dos seus momentos com Sirius, eram avassaladores, apaixonantes, delirantes... não conseguia comparar, só agora sabia que não conseguia comparar os dois... amava Sirius e sentia atração por Roxy... mas, ainda bem, que esta última era passageira, pelo menos era assim que Remo esperava.

-Não... só estou dizendo que posso mudar de idéia caso o Sirius não siga os sentimentos dele..

-E por que você não deixa eu falar com ele? Posso dar uma dica... dizer isso de forma simplificada pra ele.

-NÃO! Você não vai fazer isso, Potter... se fizer isso, ele não vai demonstrar realmente o que sente, vai sempre ser empurrado por alguém... Você vai fazer o que mandei... vai dar a próxima lição, do jeito que eu te ensinei... o resto você deixa comigo...

Remo disse confiante e então quando ia saindo da sala comunal, Tiago o chamou novamente.

-Posso te perguntar o porquê dessa fúria toda? Digo... você sabia o tempo todo e estava calado, eu não entendo o que o levou a contar tudo agora... na verdade, acho que teria sido mais proveitoso para você assistir tudo de camarote e depois jogar tudo na minha cara...

-Eu não joguei e nunca jogaria nada na sua cara, Tiago, e nem em nenhum de vocês... adoro meus amigos... amo Sirius... não estou desabafando isso porque quero me vingar de você... é que eu... o Sirius está me deixando maluco...

-Como exatamente? – Tiago perguntou e quando Remo lançou um olhar furioso para ele, complementou. – eu preciso saber, Remo, entenda... tenho que avalia-lo...

-Avaliar? Ah, Tiago, então ouça e me diga... como você disse para ele demonstrar o que sente?

-Eu não disse como, só disse para ele te convidar para sair... nada mais...

Remo sorriu por um momento deixando o garoto a sua frente desconcertado.

-Por que esse sorriso?

-Por que o Sirius fez algo diferente da lição... ele me beijou! – Remo disse radiante, deixando Tiago sorridente também, porém logo o sorriso do lobisomem fora desfeito e este disse voltando ao seu estado de rancor. – Mas não pense que eu vou perdoar vocês... nada vai fazer eu mudar de idéia, Tiago, eu vou mostrar ao Sirius que ele não precisa de lições para me conquistar... – ao dizer isso Remo finalmente saiu deixando Tiago sozinho com seus pensamentos.

Não era para aquilo ter acontecido. Como não se lembrou daquele fato, de Remo conseguir se lembrar das lições, de tudo, como pode ter sido tão distraído a esse ponto?

Sentou esparramado no sofá e fechou os olhos passando uma mão por seus cabelos. Não iria conseguir ficar na frente de Sirius e fingir que nada daquilo estava acontecendo. Como faria aquilo? Não teria coragem de trair Sirius... mas também tinha que considerar o fato de que havia traído o Remo... afinal de contas, tinha traído os dois...

Talvez seria melhor mesmo fazer o que Remo lhe dissera. Continuaria como se nada tivesse acontecido, até porque não queria que Lily descobrisse algo que ele temia tanto. O jeito seria esperar Sirius completar aquelas lições e naquela noite lhe dar a última e definitiva lição, a que talvez, e põe talvez nisso, amoleceria o coração do Remo.

Tiago suspirou profundamente e então levantou-se do sofá espreguiçando-se e saindo pelo retrato para o corredor a procura de Lílian, a única que realmente importava naquele momento...


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Sentou em frente à mesa da sua casa emburrada. Suas amigas corvinais a olhavam curiosas, porém essa não queria falar nada, queria apenas tomar seu café e pensar no que faria de tarde, no que faria naquela véspera de Natal.

-Qual o problema, Ryan? – uma garota morena, do sexto ano, perguntou sorridente, porém demonstrando preocupação.

-Não me enche, Anne, eu não estou a fim de falar... com ninguém. – Roxy falou cruzando os braços sobre a mesa e depositando seu rosto em meio a eles.

-O que há? Os marotos te dispensaram? Já esqueceu o Lupim?

-Não é da sua conta o que eu faço ou o que eu sinto, entendeu?

-Pensei que fosse sua amiga...

-Amiga? Você virou minha amiga depois que eu comecei a andar com os marotos e a ficar com o Pedro...

-Falando nele... já reparou que ele anda sozinho ultimamente...? – a morena perguntou olhando de relance para a mesa da Grifinória, onde o garoto fazia seu desjejum sozinho.

-E o que tem isso? – Roxy perguntou levantando a cabeça e olhando para o garoto também.

-O que tem isso? Parece que ele tem adquirido um novo charme... não sei... de repente é só impressão minha... mas eu já ouvi algumas garotas falando que ele está ficando mais popular...

-Eu estou percebendo... tão popular que ele não consegue nem ficar sozinho... – Roxy complementou com um ar zombeteiro. – Qual é Anne? Por que está me empurrando o Pedro? Só por que eu não consegui fazer o Black olhar para você?

-Era o nosso plano, não era? Você faria a cabeça do Pedro e então chegaríamos perto do Remo e do Sirius e... Mas o que você fez? Nada disso... ficou com os dois pra você... pensa que eu não percebi o que aconteceu ontem no baile? Você sozinha com eles? – Anne falou rancorosa, elevando a voz aos poucos.

-Fica quieta sua idiota! Não consigo tirar o Sirius de perto do Remo... será que você não percebeu? Eu era apenas uma intrusa... o que os dois queriam era ficar sozinhos...

-Ah... está brincando né? – a morena perguntou mais calma.

-Acha que eu brincaria com isso? Estou dizendo que aquele dois são mais do que amigos... – Roxy mal havia acabado de falar, quando Anne soltou uma risada muito alta, atraindo a atenção dos colegas a sua volta.

-Está querendo me dizer que eles são gays? O Remo te trocou pelo Sirius?

-Ah... sua besta... fala baixo! – Roxy disse se levantando. – Nem sei por que te disse tudo isso... aliás... acho até que foi bom... assim você para de me seguir e eu posso ficar sozinha com os mais gatos de Hogwarts! – a loira sorriu divertida e então pegou um bolinho de queijo e saiu em direção à mesa da grifinória.

Uma idéia havia surgido de repente em sua mente naquele momento, não poderia a deixar fugir. Se Pedro estava tão popular como Anne havia lhe dito, era melhor aproveitar...

-Oi! – Roxy disse sentando-se ao lado do garoto ficando praticamente colada nele.

-Oi... – o garoto respondeu sem olhar para a recém chegada.

-Ainda está bravo comigo? – a corvinal perguntou em um muxoxo ao mesmo tempo em que virava o rosto do garoto para lhe fitar.

-Por que eu estaria? – Pedro perguntou sarcasticamente, mas ficando cada vez mais nervoso por aquela proximidade da garota.

-Ah... Pedrinho me desculpe... acho que eu te devo isso... Fui tão burra! – Roxy disse fingindo um arrependimento ao mesmo tempo em que enlaçava o pescoço do garoto.

-Por que isso?

-Eu não vi o que estava fazendo quando te dispensei, Pedro, você não percebeu o quanto eu fiquei triste depois da nossa separação? – Roxy perguntou acariciando o rosto do garoto, que sorriu com aquele gesto.

-Na verdade eu não vi você depois... do que aconteceu...

-Claro que não... eu estava trancada no meu quarto... estava arrependida...

-E por que será que eu avistei você com o Sirius e o Remo?

-Por que eu queria me redimir de alguma forma, Pedrinho, e pensei que você estaria junto com eles... mas... agora chega de conversa... será que você pode me perdoar? – Roxy perguntou roçando seus lábios nos do grifinório, que sem pensar duas vezes a beijou com vontade.

Alguns alunos, os poucos que ainda estavam no salão olharam a cena com curiosidade, principalmente Anne que não pensou que a garota fosse capaz de fazer aquilo, seduzir Pedro para conseguir o que queria... realmente, Roxy era impossível. Anne pensou sorridente antes de sair do salão.

Após o beijo ter cessado, Roxy afastou-se do garoto um pouco desnorteada, não sabia se era pelo fato de ter sido pega desprevenida, ou se era pelo fato de que pela primeira vez havia sentido como era o beijo do Pedro e para falar a verdade, era muito bom. Mas preferia a primeira opção, imagina... Roxy Ryan gostando do beijo de Pedro Pettigrew!

-Você... – Roxy começou percebendo que Pedro continha um sorriso extremamente irritante nos lábios. – Você não quer dar uma volta em Hogsmeade comigo? Depois do almoço...

-Você está me convidando para sair? Digo... será um encontro? – Pedro perguntou, seu nervosismo voltando assim como a vontade de sentir o corpo da loira novamente perto do seu.

-E por que não? Pensei que você quisesse isso, já que me surpreendeu com esse beijo...

-Ahn... não sei, não estou a fim de sofrer tudo outra vez... quem me garante que você não está planejando algo?

-Ah... não seja bu... digo... não seja paranóico Pedro... estou falando sério... até porque eu percebi o quanto o Sirius e o Remo se gostam, é obvio que eu não disse isso a eles, mas eu percebi que não devo interferir...

-Ou seja... sou sua última opção!

-Claro que não... se você olhar em volta vai ver que não é minha última opção... Pedro... eu gosto de você! – Roxy disse tentando soar verdadeira, o que estava conseguindo com êxito, já que Pedro a abraçara de tal forma que mostrava que ele realmente gostava dela e havia a perdoado.

Às vezes se perguntava se ela não estava sendo tão má, mas no fim chegava à conclusão de que o Remo valia tudo aquilo...

-Claro... Também gosto de você, Roxy... – Pedro falou nervoso, sua voz falhando um pouco.

-Que bom... – Roxy falou se afastando do garoto e se levantando. – Nos vemos depois né?

Pedro afirmou e então Roxy lhe dera um selinho, saindo logo em seguida pela porta do salão principal. O garoto a seguiu até ela desaparecer e então sorriu mais confiante.

-Espero que isso não seja um sonho...! – falou antes de colocar outro pedaço de pudim em sua boca.


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Aquela manhã havia passado rapidamente, os formandos estavam ansiosos para finalmente poderem passear em Hogsmeade, até que finalmente a Professora McGonagall os liberou para saírem.

Sirius, que observava alguns casais saindo abraçados pelos portões de Hogwarts, esperava um certo alguém chegar. Para sua surpresa, seu nervosismo tinha passado um pouco depois daquele beijo trocado.

Estava se sentindo mais confiante, mas feliz por saber que Remo pudesse sentir a mesma coisa, já que ele havia correspondido aquele beijo da mesma forma que Sirius o fizera.

Esperava não estar depositando falsas esperanças naquele fato, mas não custava nada tentar e muito menos sonhar...

Cruzou os braços e observou um grupo de meninas passar por ele, todas davam risinhos e olhavam em sua direção. Se fosse outros tempos, Sirius sorriria e daria um “oi” a elas e então observaria cada uma delas para ver qual era a mais bonita, mas naquele momento aquilo havia se tornado algo sem graça e o que ele mais queria fazer era dar “oi” ao Remo e dizer o quanto ele era bonito.

-Oi... – Remo disse assustando um pouco o moreno.

-Oi... pensei que havia desistido...

-Por que? Já estava escolhendo alguma garota caso eu não viesse? – Remo perguntou sorridente, tentando não demonstrar o ciúme que tivera dele quando aquelas garotas passaram sorridentes por ele.

-Não... só fiz uma constatação... algo que eu pensei que poderia acontecer depois...

-Acho melhor a gente ir... o que você queria me mostrar? – Remo perguntou fugindo do assunto que Sirius esteve prestes a começar. Este estranhou o fato e ficou extremamente decepcionado, mas não iria forçar... se Remo não queria falar sobre o beijo, não iriam falar...

-Está preparado? – Sirius perguntou sorrindo, deixando Remo um pouco desconcertado, já que fazia tempo que Sirius não lhe lançava aquele sorriso de desmontar qualquer um.

-Muito! – Remo respondeu com a mesma confiança e então ambos saíram pelos portões de Hogwarts sorridentes, ambos ansiosos pelo que iria acontecer naquela tarde...


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CONTINUA!

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