Aulas com Inimigos



Na manhã seguinte, todos esperavam a porta da sala de DCAT, os sonserinos (que infelizmente teriam aula junto com os grifinorianos este ano) pareciam muito felizes. Harry e Hermione não agüentavam mais aquilo, alem do que, Opala ainda não chegara e eles não sabiam onde ela se enfiara, pois não estava presente no café da manha.
Harry se perguntou vagamente se Lucio fizera algo com ela, mas baniu esse pensamento da cabeça. Porque iriam querer fazer mal a ela? Ela era uma garota solitária, meio fria e indiferente, mas nunca fizera mal a alguém, pelo que Harry sabia.
Draco, entrementes, se gabava a plenos pulmões e isso só piorou o humor de Harry, que se segurava para não enfeitiçar o garoto.
Pelo menos, fazê-lo calar a boca.
- É, parece que finalmente temos um professor de DCAT decente, creio eu –Dizia Malfoy a altos brados – Um que não tem favoritismos sabe? Que avalia pelo que os estudantes fazem e não pelo que são, acho que o pessoal da Grifinória vai ter problemas para ganhar pontos com ele. Afinal, com ele, não basta ter uma rachadura na testa e ser um decorador de livros... Tem que ter talento de verdade!
-É Malfoy, porque você e o seu grupinho têm tanto talento... Para serem comensais da morte que um dia serão pegos e mortos, espero eu. – Disse uma voz melodiosa, mas sarcástica. Harry se chocou. Era Opala.
Atrasada, mas estava bem. E muito bonita nas vestes do colégio, mesmo com o emblema da sonserina no peito. Prendera os cabelos num longo rabo de cavalo o que mostrava mais o seu rosto. Harry não soube porque, mas se sentiu muito bem ao vê-la e achou-a linda. Ela estava de braços cruzados e olhava o loiro com tanto desprezo que quem a visse, diria que era uma Grifinoriana como os novos amigos.
Ao ver que Malfoy ainda não achara uma resposta, os olhos da menina brilharam com uma luz clara que os deixou perto do prateado. Mas Pansy achara uma resposta firme.
-Ora, se não é a órfã de rua! Continua cantando em bares para ter dinheiro?- Devolveu Pansy Parkinson, mas Opala lançou a ela um olhar maldoso. Draco porem sorria mais perverso do que Opala, mas não se meteu e alias, ninguém se meteu. Em briga de garotas é sempre melhor não se meter e do que Harry conhecia de Opala, em briga particular dela era bem melhor não se meter.
-Ah. E você, Pansy? Gostou do meu ultimo show? Já que sabe aonde vou e o que faço é porque você também freqüenta bares... Ou foi lá porque as boates de vagabundas estavam fechadas? Como você ganhou seu dinheirinho extra se as Casas Noturnas estavam fechadas neste dia?
Isso foi o bastante para fazer Pansy corar, mas quando ela ia responder, Draco se adiantou, sem veneno na voz.
-Fica quieta Pansy, é melhor não mexer com a Opala... Sabe, acho que um dia desses, ela vai se tocar do sangue que tem.
Opala não pareceu confusa e Harry sabia porque. Ela mesma contara que era mestiça... Mas ainda zangada, Opala disse que jamais dera a Malfoy a menor intimidade para ser chamada pelo primeiro nome. Malfoy devolveu na hora.
-E você lá tem segundo nome menina? Essa é boa! Gostaria de saber porque é da minha casa, pobre, sem classe, burra e sangue ruim? Por Deus, devia estar na Grifinória!
-É, talvez eu devesse, mas é porque lá tem gente decente demais... Acho que eu devo ter jogado pedra na cruz ou coisa assim pra ficar na sua casa e ter você pra me azucrinar a vida!
Harry estava prevendo confusão das grandes, mas assim que Snape despontou no corredor, Opala calou a boca e fez uma cara inocente que não enganava ninguém.
-Entrem. –Ordenou Snape com voz ríspida. A sala estava escura e as paredes, vazias. As mesas eram para três pessoas e muito próximas. Opala, Hermione e Harry sentaram na que era mais perto da porta, sob olhares chocados de alunos da grifinória, que, como eles, jamais haviam notado Opala antes e sob olhares fuzilantes de ódio dos outros sonserinos, com quem, estava claro, Opala não se dava nada bem. Enquanto os outros se organizavam, Harry se inclinou e sussurrou, lembrando de uma coisa que Pansy dissera:
-Cantar? Você canta nos bares, Opala?- Ao ouvir isso, Opala deu um sorriso mínimo e respondeu com calma.
- É, no Três Vassouras. Só de vez em quando, sabe... Preciso duma graninha pra mim, não? Mas não canto muito bem... Apenas o bastante para me darem um dinheiro.
- Acho muito legal isso. Quem sabe um dia você forma uma banda? Eu estava pensando nisso. Nessas férias aprendi a tocar guitarra –Informou Mione, feliz. Harry que nunca imaginara Mione numa banda ficou chocado, mas um pigarro fez os três se voltarem para frente. Snape estava com os olhos fixos neles.
-Agora que tenho sua total atenção, finalmente, vou explicar umas coisas antes de começarmos o curso. Os senhores já estão no sexto ano e era de se esperar que soubessem muita coisa, mas com a constante troca de professores, duvido que passem de ano. Voces me conhecem há anos e não é porque minha matéria mudou que eu mudei. Portanto, fiquem avisados: não vou tolerar nada que não seja referente à aula.
-Então se eu der uma pancada nele será referente à aula pois é referente ao professor- Murmurou Opala, tão baixinho que só Harry e Hermione ouviram. Mione parecia querer explodir em risos. Snape olhou na direção dos três, mas não disse nada.
- Não há como combater o que não conhecem. Alguns dos seus outros professores foram relativamente bons para explicar, mas em métodos de demonstrações, devo dizer que foram um caos total. Estão tão atrasados e foi tão pouco exigido de voces que duvido que a maioria vá se dar bem este ano, porem aqueles que já são bons alunos e prestam atenção e se esforçam de verdade- O olhar dele se deteve em Draco e a patota da sonserina, a exceção de Opala- esses, não tem com o que se preocupar.
Se ele continuasse assim, Harry ia se descontrolar e ceder a tentação de jogar o livro grosso na caratonha feia e nariguda do Professor. Aquele falatório todo era só pra dizer que ia continuar o seboso nojento? Obrigado, isso estava na cara!
- A simples explicação de certas coisas como a Maldição Cruciatus não deve ser apenas explicada vagamente, mas sentida. Os tempos estão difíceis e não é com quadros e livros que vou ensinar. Certas coisas nessa matéria devem ser ensinadas na pratica. Hoje vocês vão sentir na pele o que o Lorde é capaz de fazer e que decerto fará se alguns de voces não se aliarem a ele ou se forem bastante tolos para provocá-lo.
Harry adoraria soltar um comentário em voz alta sobre Voldemort e como decerto Snape vira e sabia o que ele fazia. Mas teve que se calar, ele não queria uma detenção.
A classe inteira empalideceu e formou uma fila, em silencio e com muito medo.
Harry ficou bem no fim da fila, mas Mione que parecia estar morta de medo e Opala foram logo as primeiras. Mione gritou até cair no chão, e quando Snape retirou a maldição, ela estava vermelha e os alunos da sonserina riam. Opala porem segurou os berros ao máximo, porem, no fim, gritou como um lobo ferido.
A fila ia diminuindo e logo a vez de Harry chegou. Os alunos da sonserina sofriam poucos segundos, mas os da grifinória sofriam por mais tempo... Harry já sentira muito a maldição da dor, mas não queria prová-la de novo!
Os alunos olhavam tudo com silencio e atenção. Os olhos de Snape dançavam de alegria e ele sorria, Harry porem se manteve sério.
-Crucio- Disse Snape antes que Harry se preparasse. O garoto sentiu como se milhões de animais e facas mordessem e perfurassem seu corpo. Ele gritou, mas não se dobrou. O sinal bateu, porem, Snape não parou com a maldição. Harry urrava, com a certeza de que Snape iria matá-lo ali mesmo e nenhum dos alunos parecia ter vontade ou coragem para interferir.
Os olhos de Snape estavam arregalados de alegria e o branco dos olhos, maior. Parecia que Snape se deixara levar pela loucura.
Algum aluno disse algo, mas Harry nem ouviu. Ia enlouquecer com tanta dor, que é que tava faltando pra piorar o dia?
Snape ergueu a varinha com um sorriso. Harry, que começara a se curvar de dor, arfou de alivio. Ainda doía. Os alunos da sonserina riam. Harry se empertigou e encarou Snape com todo ódio que pode e voltou a sua mesa, onde Mione arrumava suas coisas e Opala o encarava com admiração.
-Você fez bem em não se curvar... Foi mais forte que nós. –Disse ela alto o bastante para Snape ouvir, mas Harry não queria ouvir elogios, queria era ir embora o mais depressa possível e tentar esquecer aquela humilhação toda mas lembrou com pesar que ainda teria de aturar os sonserinos na aula de poções.
E esta não foi melhor do que a de DCAT.
A sala continuava a cara de Snape, mas agora era Lucio que estava de pé ensinando, mas a arrogância continuava estampada em seu rosto em letras de néon.
-Esta aula- Começou ele- é muito importante, pois o Lorde das Trevas e seus servos usam muitas poções variadas. Logo, esta disciplina é muito relacionada a eles. Pois bem, o que podemos dizer do Lorde das Trevas?
Hermione, que nem pensara em levantar a mão (este assunto não a agradava) se surpreendeu ao ver a mão branca de Opala cruzar o ar como um raio. Lucio olhou a garota como se a avaliasse e apenas gesticulou a cabeça em sua direção. Harry porem pensou que aquela aula de poções seria mais sobre Voldemort.
‘Mais essa agora! O pai do Malfoy querendo fazer uma lavagem cerebral na gente’, pensou Harry enraivecido, mas ansioso para ouvir o que Opala diria, já que parecia que a boca dela estava diretamente conectada ao cérebro. Ela sempre falava o que lhe dava na telha!
-Voldemort não é lorde, pois ele se autodenomina assim, portanto não é um titulo valido. E ele é um psicopata –Disse ela, com muita naturalidade. Os outros alunos assoviaram ou a olharam como se fosse ou corajosa ou louca. Os olhos do professor Malfoy sequer piscaram.
-Interessante. A senhorita o considera, devo assim entender, um arrogante psicopata?
Opala pareceu feliz dele ter entendido depressa. E continuou numa voz cheia de veneno.
-Sim. E assassino também é um termo bem válido, mas o senhor entende disso, né professor? Um ex-Comensal da morte... –A classe ficou tensa. Opala e Lucio se encaravam numa luta de olhares, Lucio parecia estar se irritando. E Opala estava toda felizinha.
-Muita petulância de sua parte, acha que eu seria aceito aqui, caso ainda fosse comensal?- Mas essa pergunta fez Opala rir. Mione mordia o lábio inferior com força, mas Harry começara a admirar o modo como Opala falava com o professor Malfoy. Ela estava provocando a valer e Harry começou a se perguntar porque.
-Oh, Dumbledore confia em Snape, porque não em você? Agora, uma vez, comensal, sempre comensal é o que dizem, não? Hei, quantas pessoas o senhor já matou na sua carreira? Quinze? Trinta? E a marca? Doeu quando a marcaram na sua pele, doeu? – Opala estava provocando propositalmente e fingia estar numa entrevista. E Lucio não gostou da voz de falsete que a menina fez. Harry notou que Opala estava fazendo o possível para sair da aula. Se bem que mais parecia que a garota queria discutir por discutir!
-Dez pontos a menos para Sonserina, uma detenção e está expulsa desta aula.
Opala sorriu triunfante e se ergueu com um sorriso e saiu da aula. Os sonserinos perceberam o plano dela e fizeram caretas, mas o pessoal da grifinória queria aplaudi-la mesmo que ela fosse de outra Casa, nunca alguém falara assim com um professor. Ainda mais com um professor como Lucio ou Snape.
Harry e Mione A encontraram pouco depois, a menina estava na porta da sala de Transfiguração aguardando a aula. Alguns sonserinos que já haviam chegado a olhavam com raiva, mas os da grifinória ou a ignoravam ou apenas observavam.
Mione puxou Opala um pouco para longe deles e perguntou.
-Quer me explicar porque fez isso? Não estou entendendo!
Opala pareceu confusa e Harry também, mas logo entendeu o que Mione queria saber.
-Porque você provocou tanto o Prof. Malfoy? Você perdeu pontos e ganhou uma detenção, não entendi o que você lucrou!- Insistiu Mione e Harry entendeu porque ela estava assim. Nunca, em toda a sua vida, ela ou ele haviam visto tamanha falta de senso de perigo ou uma insensatez dessas. Era claro que a detenção ia ser bem terrível, mas o que Opala iria lucrar com isso? Sim, porque ela sorria, exibindo aqueles dentes reluzentes e quase tão brancos quanto sua pele.
-Perdi pontos E a aula- Disse Opala, enigmática, mas com um sorriso de triunfo. Mione riu.
-Ê, espertinha! A gente tendo que agüentar o cara e você saiu da aula e teve uma aula vaga e ficou no bem bom, não é?
-Na verdade, eu só queria provocar Lucio e sair da aula... Não pensei seriamente que não tive que agüentá-lo, mas valeu, Mione! Mais um lucro que eu não tinha notado!- Disse Opala com um sorriso propositalmente cômico de alegria. Mione e Harry desataram a rir.
Era melhor quando ela não estava tão distante, será que eles tinham conseguido ultrapassar os muros que Opala construira em torno de si? Podia ser, eles sempre tinham ultrapassado tudo! Regras, principalmente.
Mas ainda assim... Poderiam confiar verdadeiramente nela? Ela era da sonserina, porque era tão diferente?

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