Hogwarts - A Granja



Domingo 12:14


Gina estava mais uma vez trancada no armário. Contava o número que gotas que caíam em algum lugar por detrás da parede onde ficavam os armários; estava no número oito mil e quarenta e cinco quando ouviu alguém de aproximar rindo e começar a abrir o armário. Viu (com a vista embaçada) um sombra verde girando o cadeado. Dessa vez não ia ficar barato. Aquela magricela da Bellatrix ia levar uns bons safanões; ah se ia!



Tal foi à surpresa de Harry quando Gina saiu do armário esmurrando sua face que ele sem alternativa imediatamente estuporou a garota.



– Muito bem, Harry! – disse Bellatrix rindo novamente – Apanhando de Lufa-Lufas! Muito bonito!



– Ora! – disse ele irritado. – Eu precisava tirá-la de lá! Se o Filch descobre isso estaríamos ferrados! Já te expliquei!



–Ah! Que seja! Agora coloca a ratazana – e quando disse isso, Harry olhou pra ela e concluiu que ela se parecia com uma ratazana muito mais do que Gina – para andar de novo e vamos embora daqui.



O efeito foi imediato: Gina corou tão logo voltou à se mover. Os arranhões no rosto de Harry denunciavam o engano.



– Tome, ratazana – disse Harry entregando-lhe a varinha roubada e mexendo os lábios pedindo para que não se zangasse – sua varinha medíocre. Volte pra sua casa e peça permissão para andar sozinha pelos corredores por aí da próxima vez.



– Vai ter troco, Potter! – gritou ela, e se sentiu muito estranha falando isso – Ah se vai! – e correu.





Domingo 12:27



Neville estava mais uma vez contando um de seus feitos extraordinários na Lituânia. Ou seria Congo? Não importava. Ninguém se importava, desde que continuasse a contar sobre suas viagens em tapetes mágicos e conversas com monges albinos. Quando Gina entrou na sala comunal.

Ele acompanhou os rostos boquiabertos que encaravam a figura furiosa e absolutamente descabelada que se jogou no sofá ao seu lado , bufando como um cão raivoso .



- Andou brigando? –perguntou Neville perplexo.



- É – respondeu irritada – Com o Harry...



- Como é? –indagou o amigo esbugalhando os olhos.



- Ah é uma longa história –respondeu com maus modos – Esquece. Mas pode ter certeza, isso não vai ficar assim...



Neville se ajeitou desconfortavelmente no estofado e olhou para a menina visivelmente preocupado.



- Você quer se vingar do Harry? – perguntou baixinho



- Não, do Harry não... Daquela corja inteira da Sonserina, reservando alguma coisa especial para Bellatrix Black – sibilou cerrando os punhos.



- Bellatrix, é? Perguntou interessado. – Tem algum plano?



Se tratasse de qualquer outra pessoa, Neville nunca teria concordado com aquilo.Mas a verdade é que ele estava esperando uma, só uma oportunidade de acertar as contas com aquela mulher.Ela lhe devia muito,estivessem no passado ou no futuro .


Gina não teve tempo de responder, o galeão que levava no bolso esquentou rapidamente.Era o sinal para uma nova reunião na sala precisa. Em silencio ela e o amigo se retiraram discretamente.




Domingo 12:45




Seguiram por alguns corredores se esgueirando por trás de pilastras e estátuas até chegar no local marcado. A porta então se abriu antes que eles a tocassem, e lá estava Rony com desespero absoluto no rosto. Hermione já estavam sentada com cara de tédio quando Gina e Neville se acomodaram.


Harry olhou sem graça para Gina, ele abriu a boca para dizer alguma coisa, mas foi interrompido por Hermione.



- Convoquei a reunião para tratar de um assunto urgente. Todo mundo já deve estar sabendo do que houve ontem...


- Se está falando do Rabicho – disse Rony animado – Você mandou muito bem, Mione!


Ela quase esboçou um sorriso, mas ao invés disso lançou um olhar impaciente para Rony.


- Por falar nisso como anda nosso amiguinho? –perguntou Harry rindo.


- Ligeiramente mal humorado –respondeu Rony – Se você olhar bem de perto vai encontrar umas pintinhas cintilantes espalhadas pelo rosto dele.


- Eu estava falando do fato de termos sidos seguidos –cortou Hermione – Isso é serio ,eles estão desconfiados .Vamos ter que tomar muito cuidado.


- Ham... Tem outra coisa – começou Harry, acho que não somos o único grupo a se reunir em segredo por aqui. Percebi que todas às terças-feiras, depois da ultima aula, vários dos alunos da Sonserina não retornam ao salão comunal


- Me deixa adivinhar – pediu Rony,sua voz lembrando levemente o tom etéreo da professora Trelawney – Esses alunos não seriam por acaso os futuros comensais ,seriam ?



Harry assentiu com a cabeça enquanto continuava a falar.



- Não consegui descobrir sozinho o que eles fazem ,ainda não confiam em mim o suficiente .Eu estava pensando em segui-los essa semana , posso usar a capa da invisibilidade ou mesmo tentar vasculhar as coisas deles qualquer coisa que nos dê uma pista do anda acontecendo ,mas vou precisar criar uma distração ,para que ninguém dê pela minha falta .



- Eu cuido disso – falou Gina pela primeira vez ,trocando um olhar significativo com Neville .- Podemos criar um pouco de caos para os alunos da sonserina.Talvez esvaziar por alguns minutos a masmorra deles .



- Tem certeza ? –perguntou Rony olhando com um jeito estranho para a irmã .



- Absoluta –respondeu uma Gina sorridente .








Terça feira – 15:05



Harry estava saindo da ultima aula do dia,seguia sozinho pelo corredor,observando Rodolphus Lestrange de longe .Consultou impaciente seu relógio de pulso .Gina e Neville estavam atrasados, tinham que agir agora,ou simplesmente não teria como segui-los .



Estava quase desistindo quando viu Gina andando apressada em sua direção.Por algum motivo a expressão da menina lembrava muito Fred e Jorge.



-Proteja a cabeça – sussurrou ela ao passar por Harry




- O que ?-já ia pedindo uma explicação mas não foi preciso.


Ouviu um burburinho ao longo do corredor ,os alunos riam e rapidamente abriam caminho para um exercito de “pequenas coisas “ que andavam em fila pelo corredor.
Não percebeu de imediato do que se tratava ,mas a medida que se aproximavam ,começou a duvidar do que via.


Dezenas de Frangos assados vinham marchando pelo corredor .
Ainda não tinha se recuperado da surpresa quando o ataque começou .



Viu três frangos pularem alto se agarrando nos cabelos de duas meninas do sexto ano.Elas gritaram horrorizadas enquanto eles esfregavam a pele engordurada na cabeça delas .



Belatrix Black que vinha logo atrás de Harry nem teve chance .Foi cercada por cinco deles que a perseguiram pelo corredor .



Viu de relance Rodolphus tentar sair em socorro da menina ,mas foi impedido por um frango gordo que chutou com força a canela do grandalhão .


Harry queria muito ficar e assistir aquilo ,mas precisava se apressar.Saiu de fininho do meio do pandemônio e entrou sorrateiro na masmorra da Sonserina quase deserta. Colocou sua capa de invisibilidade e seguiu pelo dormitório masculino. Era importante que ninguém o visse. Entrou no quarto dos garotos e começou a revirar um armário que estava destrancado. Sujou suas mãos com algo que parecia ser purê de batatas do almoço numa tigela.



–Que tipo de idiota guarda purê de batatas no armário?



Mas então alguma coisa pequenina começou a se debater por entre as roupas jogadas no chão. Harry puxou uma camiseta fedorenta dos Deadly Weapons: um frango (ou talvez fosse um peru, porque era enorme) assado pulou para se libertar e se chocou com o garoto invisível. O frango parecia muito assustado e começou a chutar na direção de Harry, acabou por puxar a sua capa e saiu correndo com ela sobre a cabeça. Um frango invisível correndo pelos corredores? E se alguém pegasse a sua capa? Bom, era melhor não fazer nada. Apenas continuar procurando. Na pior das hipóteses: ele morava naquele quarto. Mas foi então que a porta se abriu se supetão e um raio verde saltou para dentro do quarto, indo se chocar contra um outro armário. Enquanto o armário se contorcia e gritava de dor, Harry se enfiou debaixo de uma cama. Para a sua infelicidade ali havia um par de sapatos que cheiravam muito mal. O armário então havia se tornado uma espécie de porta para o outro lado da parede e uma voz esganiçada cortou o silêncio, que então havia se estabelecido:


– Calado, Severo! Pare de resmungar do cheiro de gordura nas suas roupas. Afinal seu cabelo já tem esse cheiro desde sempre! – era Olívia Ruttleboard.



Harry espiou um pouco e viu Snape torcer a cara para ela quando ela não estava olhando.



– Seja mais educada com o – começou Rodolfo tirando um saco aveludado do bolso – como é mesmo o apelido que você tem na Grifinória, Severo? Ranhoso!



E todos riram escandalosamente. Quando Rodolfo começou a abrir o saco de veludo e todos se calaram Harry começou a sentir alguma coisa muito quente na sua perna. Virou-se e viu um dos frangos animados de Gina enfiando seu pé por inteiro dentro daquela carne recém-assada. Começou a balançar os pés freneticamente, mas a criatura parecia não querer largar. Pegou um dos tênis fedorentos e, se esforçando pra não causar grande ruído, atirou-o no frango, que correu apressado para fora do quarto. “Ele vai chamar a atenção deles para debaixo da cama! Estou frito!”, pensou Harry. Mas ao colocar um pedaço do rosto para fora da cama para observar notou que o armário voltara ao normal e que o grupo de futuros comensais já havia desaparecido.



Correu do dormitório para contar a Rony e Hermione. Tropeçou em alunos caídos que se debatiam com os frangos assassinos pelo caminho, mas acabou chegando ao ponto de encontro .
Os quatro amigos pareciam rir muito.



–Harry! – disse Hermione enxugando as lagrimas de riso – Você não imagina o que...



– Depois vocês me falam! – interrompeu ele – Descobri que há uma passagem nos armários do dormitório masculino na Sonserina! Não sei como fazê-la se abrir! Mas com um pouco mais de observação tudo será possível! Poderemos até mesmo descobrir algumas das técnicas das artes das trevas que só os comensais têm, caso tenham feito anotações. Ou procurar descobrir os objetivos iniciais de Lorde Voldemort!



– Isso é ótimo! – disse Hermione. – E muito perigoso. Não se arrisque demais Harry. Temos tempo.


– Quanto tempo acha que temos? Não temos tempo nenhum. Temos que acabar com isso o quanto antes!


– Tudo bem. Eu te entendo. Vou pegar uns livros sobre passagens mágicas e você me explica o viu e vamos descobrir como funciona. Certo? O importante é não se afobar.


– Tá. – disse ele se acalmando – Volto depois então! Perdi minha capa de invisibilidade!


–Calma! – gritou Rony. – Não quer saber o quê...?


– Não! Mais tarde! – disse Harry. – e saiu enlouquecido pelos corredores.





Terça-Feira – 15:29




Tiago Potter estava sentado com os outros marotos nas escadarias do Hall principal para poder rir dos sonserinos que passavam correndo dos frangos. Lupin dava gargalhadas como não costumava dar nunca. Rabicho aplaudia cada piadinha que Tiago fazia. E Sirius apenas observava a cena com um olhar de profunda admiração e satisfação.



– Mas o quê, por Merlin, está acontecendo aqui? – gritou Filch que segurava uma vassoura numa mão e uma rede na outra – Ah! Vocês! – disse apontando para Tiago e Sirius. – Boto minha mão no fogo como foram vocês! Pragas! – e por um momento se esqueceu dos frangos e deu dois passos em direção aos garotos com um olhar mortal.



Só quando uma garota de longos que cabelos loiros (e engordurados) gritou por ajuda ele voltou a si e se virou batendo com a vassoura nos frangos que, ao receberem o impacto se transformavam numa chuva de penas verde-e-rosa com um som terrível e muito alto de um hipogrifo raivoso.



Cada frango que explodia era uma gargalhada na boca de Pedro, Tiago e Lupin. Sirius então se levantou e na direção de Filch, que estava agachado espancando um frango que se recusava a explodir. Sirius apontou a varinha para o traseiro do zelador.


– Por que ele faz isso? – disse Lupin – Por que ele sempre tem que fazer?


– Accio cueca! – disse Sirius – E a calça de Filch se rasgou de surpresa e a cueca do homem foi arremessada para cima de um dos frangos que subiu as escadas correndo, elegantemente vestido. – Petrificus Totalis! – gritou Sirius antes que Filch se virasse e pudesse ver quem arrancara sua cueca.


– Corram! Vamos! – gritou Sirius – Subam!


Os quatro começaram a subir as escadas correndo.


– Pobre coitado! – disse Lupin correndo.


– Porquê “pobre coitado?” Você sabe que o Filch nos colocaria na guilhotina se pudesse, Aluado!


– Não! – disse Tiago – Você não entendeu, Almofadinhas! O Aluado estava falando do frango, coitado, e não do Filch.


Rindo todose começaram a subir um terceiro lance de escadas quando, Harry, muito apressado, se esquivando de um frango com uma cueca na cabeça, trombou com o pai e os dois rolaram escada abaixo.



Um baque surdo paralisou os marotos. Tiago se levantou cambaleando com a testa sangrando muito. E Harry ficou parado sem saber o que fazer. Talvez tivesse matado seu pai. Não sabia o que fazer. Fez, então, a única coisa cabível numa situação daquelas:



– Pra você aprender por onde anda, grifinório! – e saiu muito preocupado, ainda pensando se deveria voltar e ajudar.



Sirius e Lupin carregaram Tiago até a enfermaria. Ficaram livres de punições por parte de Filch porque afirmaram estar correndo de um frango na hora do incidente. O Frango com a cueca na cabeça continuou correndo pela escola. Era mais rápido do os demais e ninguém conseguiu pegá-lo. Filch ficou mais severo do que nunca. Tiago começou a andar com um chapéu de bruxo muito surrado e não tirava ele por nada. Nem nos treinos de quadribol.



E assim se passaram três dias. Três dias em que Bellatrix havia desaparecido e quase ninguém havia notado.

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