Uma noite inesquecivel...

- Alo, Mione? Você não deve Ter chegado em casa ainda, e eu não to muito bem pra aparatar ou para usar a lareira, então vou deixar o recado na secretaria do felitone ou o que vocês chamam esse troço. Eu quero conversar com você sobre Hogwarts. Depois a gente se fala. É a Gina, ta?


*****

Gina não sabia aonde ia, não sabia por que ia, não sabia como conseguia sequer caminhar.

Tudo parecia surreal. Mas, porque uma afirmação tão boba tinha deixado Gina daquele jeito?

Porque Gina pensara, durante quase sete anos, que Harry não tinha se importado com ela, e que, naquele instante, o mais importante para ele era matar Voldemort, mesmo que ele tivesse que deixar Gina morrer. E depois vinha o peso na consciência: Harry morreu por Gina, para lhe proteger.

E agora ela estava andando pelas ruas de Londres, sem saber aonde ir. Olhou para o céu - não era uma noite muito bonita. Relâmpagos e trovões iluminavam as ruas mal cuidadas por onde ela passava. Ate o tempo contribuía com o humor de Gina.

Nem uma verdade me machuca
Nem um motivo me corrói
Ate se eu ficar só na vontade já não dói

De repente, começou a pingar. A chuva caiu sem piedade nenhuma. Gina tinha idéia que as pessoas que andavam pela rua saíram correndo para se proteger, mas ela não estava nem ai.


Nem uma doutrina me convence
Nem uma resposta me satisfaz
Nem mesmo o tédio me surpreende mais...

Agora Gina quisesse mudar de ares; talvez porque não estava mais nem ai para Belatriz Lestrage, quer dizer, ainda havia ódio, já que foi ela que deixou o Rony em coma, mas não havia mais obsessão em fazer ela pagar pelo que fez...

Mas eu sinto que eu to viva
A cada banho de chuva que chega molhando o meu corpo...

Ela agora podia pensar melhor: parecia que a chuva estava levando toda a amargura que ela carregava por 7 anos. E uma pergunta lhe despontou na sua cabeça: Ela soube aproveitar a vida que Harry deu pra ela?

Nem um sofrimento me comove
Nem um programa me distrai
Eu ouvi promessas e isso não me atrai
E não há razão que me governe
Nem uma lei pra me guiar
Eu to exatamente aonde eu queria estar...

A resposta era não. E um não sem medo de errar. Gina não percebeu, mas ela acabou virando uma velha de 24 anos! Tão amargurada pela vingança, não conseguiu curtir o resto de sua adolescência, tinha poucas amigas, e vivia sozinha. A solidão lhe engolia as vezes...

Mas eu sinto que eu to viva
A cada banho de chuva que chega molhando o meu corpo...
A minha alma, nem me lembro mais, em que esquina se perdeu ou em que mundo se enfiou...
Mas, já faz algum tempo...
Já faz algum tempo...
Já faz algum tempo...
Faz algum tempo...

Ela não queria falar com mais ninguém. Ela queria ficar sozinha. Gina sabia que aquilo não fazia bem, mas era seu maior desejo. Ela não queria trabalhar, ela não queria sair... Ela só queria ficar sozinha, pensando no que faria da vida a partir de agora...

A minha alma, nem me lembro mais, em que esquina se perdeu ou em que mundo se enfiou...
Mas eu não tenho pressa...
Já não tenho pressa...
Eu não tenho pressa...

Irônico como simples palavras podem mudar uma pessoa em tão pouco espaço de tempo.

Não tenho pressa...

*****

Gina passou o dia seguinte de cama. Não que tivesse ficado gripada, o problema era que ela não estava afim de trabalhar. Afinal, ela tinha esse direito, mesmo.

Só não contava que, no final do dia recebesse visitas:

- Ah, meninas! Vocês não precisavam Ter vindo...
- Ora, que isso! Se uma amiga esta necessitada...
- ...todas as oncinhas vêm ajudar!

Todas as três mulheres riram.

Gina tinha duas amigas inseparáveis: Hermione Granger e Luna Lovegood. No inicio, era difícil Hermione e Luna ficarem no mesmo ambiente sem Ter pelo menos um olhar reprovador ou uma língua pra fora. Com o tempo, as duas acabaram se entendendo e formaram o ´´clã das oncinhas``. Era engraçado como Gina conseguia se sentir tão feliz com suas amigas por perto.

Mione sentou na poltrona que costumava se sentar sempre que fazia visitas a Gina:

- Você disse que precisava conversar comigo sobre o cargo de Hogwarts. O que ouve?
- É que eu vou aceitar – disse Gina, olhando pela janela da sala.
- Mais você não quer, né? – Disse Luna – você ta dizendo isso porque esta tentando esquecer o Harry. Eu sabia que quando o Rony acordasse isso iria acontecer...

Luna estava com sua expressão sonhadora, como sempre acontecia quando ela era sincera. Tinha horas que Gina queria matar a amiga por tamanha cara de pau por falar as coisas sem medo, especialmente quando essas coisas eram a respeito de Harry.

Um silencio mortal, quase palpável, tomou conta da sala. E foi Hermione quem o quebrou:

- Olha Gina, se você quiser pensar melhor, eu respeito. Eu acho que você não pode fazer as coisas na cagada, porque podem dar errado, entende? Eu não to dizendo pra você não aceitar, eu to dizendo pra você pensar melhor, pra não se arrepender mais tarde, sacou?

Gina pensou mais um pouco. É, elas tinham razão. Não valia a pena largar o emprego que a deu uma condição social tão boa. E ela não sabia se teria paciência pra ensinar; ela gostava era de estar no meio do furdunço, chutar o pau da barraca e levantar poeira. E, no final das contas, Hogwarts lhe trariam mais lembranças amargas...

- Bom, enquanto você pensa, que tal irmos tomar umas?- Mione levantou num pulo - Tem um tempão que nos não saímos pra balada. V’ bora, Gina? Vai lá, veste uma roupa decente e vamos cair na gandaia.
- Ah, meninas, eu não sei. Vão vocês!
- AH, NÃO!- As duas gritaram.
- Anão é um bichinho pequinininho, sabe?

Mais uma coisa engraçada no clã das oncinhas: Não adiantava Gina dar uma de velhota cansada e caduca, as meninas sempre venciam quando o quesito era sair pra balada. Dessa vez não foi diferente...

******

Era uma noite com muitas estrelas no céu, diferente da noite passada, onde a chuva havia despencado com toda força sobre Londres. Para uma sexta-feira, estava indo muito bem, obrigado.

Gina, Mione e Luna haviam chegado a uma rua movimentada, cheia de jovens. Muitos deles vestiam roupas pretas e tinham muitos pirsens no rosto. Gina olhou para uma deles – usava saia de tule e corpete, tinha os cabelos com mechas azuis e vermelhas e calçava um coturno digno do exercito. Com certeza Gina estava deslocada ali, com sua calça jeans e sua blusa com estampa floral.

Entraram; Luna segurando a mão de Gina e Mione se apoiando nos ombros da ruiva. O bar que foram estava lotado, então decidiram pegar as cervejas – Gina, no caso, sua tequila - e ficarem encostadas no carro de Hermione.

- Eu amo ficar entre os jovens. Me deixa mais nova, sabe...
- Ah, francamente, Luna, você quer dizer que adora ficar com os jovens. Especialmente os loiros...
- Se recalque matasse, em Granger...

Duas horas depois Gina começou a desconfiar que fosse a única sóbria daquele lugar. Ou pelo menos entre as três. Luna começou a chorar, dizendo que os nefurdios do Afeganistão estavam em extinção. Hermione já tinha jogado o sobre-tudo que usava dentro do carro e tinha começado a cantar uma musica pesada que os roqueiros do outro lado da rua estavam ouvindo.

- ´´Oh, how I wish /For soothing rain /Oh, how I wish to dream again...`` Meu Deus, os bons morrem cedo, que merda. ´´ My loving heart/ Lost in the dark... ``

Foi tudo tão rápido que Gina, mais tarde, nem conseguiria explicar. Uma hora Hermione estava cantando engrolado uma musica na calçada. Outra hora Hermione estava cantando engrolado uma musica no meio da rua.

Uma buzina de carro disparou antes de um Astra vim pra cima de Hermione, que não pode desviar, e acabou jogando a jovem professora pro ar. Gina via as coisas muito rápido; a musica, a rua, Hermione, os gritos...

*.*.*.*.*.*

No próximo capitulo:

Hermione Granger é internada as pressas no hospital central de Londres, depois de ser atropelada. Ela esta bem é já recebia alta quando Gina percebeu uma coisinha muito familiar...

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