Joshua x Prudência



Capítulo 11 – Joshua x Prudência

A garota mal respirava, deitada, imóvel, no chão da Sala Comunal.

— O que houve com ela? – perguntou Tiago, assustado.

— Eu... Ela... Gastou muitas energias... – Sam olhava assustada para a garota no chão, desfalecida.

Tiago e Remo levaram-na imediatamente à Enfermaria.

— O que houve com ela? – perguntou Madame Pomfrey.

— Não sei... – responderam os dois garotos, juntos.

— Deitem-na aí! – Ela apontou para uma cama vazia. – É a aluna nova não?

— Sim, é a senhorita Andrews – respondeu Tiago, ajudando Remo a colocá-la na cama.

Lilian, mais prática do que os outros e nascida trouxa, foi procurar os sinais vitais de Julia. Parecia tudo bem, mas legilimentes não eram iguais aos outros bruxos. Fatigada com a perspectiva de que não podia fazer nada pela garota, Lily tocou-lhe as têmporas, aliviando a tensão e os músculos da face da novata. O choque inicial dera lugar, no caso de Samantha, a contrações de pavor, e Sirius mantinha-se um pouco apartado dos outros, consolando a namorada, que não parava de se martirizar.

— Sirius – chamou Lily repentinamente. – A última mente com a qual ela entrou em contato não foi a sua?

— Foi – concordou o Maroto. – Por quê?

— Põe a mão aqui – A ruiva encostou a mão do moreno rente à têmpora da garota desfalecida – e diz o ritmo. Estudei uma vez, acho que isso vai funcionar.

— Não é melhor esperarmos a Madame Pomfrey? – perguntou Lucy, assustada.

— Vai por mim, você não vai querer ver os exames de Legilimência – afirmou Lilian. – Vai, Sirius.

— Tum, tum, tum... Tum... Tum, tum, tum... Tum... Tum, tum... Tum... Tum, tum tum... – Ele retirou a mão após algum tempo. – É isso mesmo. O ritmo continua. O que significa?

— Que ela está com a mente protegida por barreiras e preservou as faculdades mentais – explicou Lily. – Vai ser tratada como se fosse apenas exaustão ou stress, nada muito pior.

— MINHA IRMÃ! – gritou Gabrielle, entrando na Enfermaria. – O que houve?

Ela tinha lágrimas nos olhos e encarava cada um, procurando uma resposta para o que ocorrera com sua irmã. Logo atrás dela estavam Tiffany e Josh.

— Hey, Tiago – chamou Josh, saindo acompanhado do amigo.

— Fale.

— O que houve com a garota? A Julia – perguntou Josh, sem esconder que estava tão abalado quanto os outros.

— Ela se cansou, é só uma exaustão, stress – mentiu Tiago.

— Tiago... Eu não sei o que houve, talvez uma ligação forte, mas eu senti que conhecia aquela garota há muito tempo, quando nos encontramos no lago – falou Josh, agora com os olhos marejados, mas contendo as lágrimas, afinal, ainda era namorado da Tiffany.

— Josh, cara, calma aí... – Tiago aproveitou o fato de todos os alunos estarem no Salão Principal, jantando, e saiu com o rapaz para o Hall de Entrada. – Vai.

— Vai o quê? – perguntou ele, fazendo-se de desentendido, com a voz trêmula.

— Chora – disse o Maroto, simplesmente. – É isso o que você quer e eu não vou dizer nada para Tiffany; nem sei se eu gosto daquela garota. Vamos, moleque, porque eu não tenho o dia todo.

— Eu não... quero... chorar... – Ele se continha cada vez mais.

— E essa lágrima aqui? – perguntou Tiago, insistente. – E essa aqui? Ciscos? São ciscos demais, não são?

— Cara... Eu tenho que te contar uma coisa importante – disse Josh, indo com o amigo para os jardins.

— Que foi? – perguntou Tiago.

— E... Eu fiz uma promessa para uma garota, prometi que a procuraria, mas por mais que eu queira, eu não lembro quem é a garota. Preciso da sua ajuda! – falou Josh, não escondendo as lágrimas.

— Não faço idéia de como posso ajudar, mas farei o que puder, conta comigo!

— Valeu... E o pior é que eu só posso contar contigo: se eu comentar qualquer coisa com meus "amigos", a Tiff vai ficar sabendo antes de eu dizer ararambóia.

— Ei, esse seu segredo está seguro comigo – afirmou Tiago. – Mas, me conta, como vocês sabiam que a Ju tava na Enfermaria?

— A irmã dela teve quase uma síncope e saiu correndo... Nós só viemos atrás.

— Engraçado, ligação entre gêmeos não costuma ser tão forte assim... – comentou Tiago, absorto.

— Elas sempre foram ligadas, segundo a Gabrielle – falou Josh.

— Bem, vamos lá. Logo a sua amável namorada vem atrás de nós. – Eles se viraram e lá estava ela, Tiffany, os olhos vermelhos de raiva.

— Josh! Por que fugiu de mim, amor? – perguntou ela. Tiago riu por dentro. A palavra amor saiu da boca daquela garota com um ódio tão profundo... Ela percebera que Julia havia entrado na vida de Josh.

— Precisava respirar um pouco de ar... Odeio a Enfermaria, tudo aqui recende a gente doente... É nojento – mentiu ele, descaradamente, mas Tiff pareceu aceitar.

— Oh, querido, se tivesse me dito, eu teria apressado Gabrielle... – disse ela, a voz melodiosa muito parecida com a de Melissa, mas três vezes mais melosa que a de Missy. – Ela já está saindo... Conversou com Madame Pomfrey; deve estar se despedindo daqueles... grifinórios – Ela quase cuspiu a palavra, tamanho foi o asco com que falou – que levaram a irmã dela para lá.

— Está tudo bem, Tiffany, eu e o Tiago só estavamos falando sobre... Quadribol! – Era incrível como Quadribol era assunto mais "poderoso" quando queriam enganar as namoradas.

— Claro, claro! Vamos pra dentro, sim? – pediu ela.

— Vão indo. Depois nos falamos Josh – falou Tiago.

— Vamos então, amor? – Tiffany frisou bem a palavra amor, mas mesmo assim saiu em um tom de ódio, raiva ou algo do gênero.

Ela e Josh entraram no castelo, seguidos por Tiago, que foi até a mesa da Grifinória e se sentou ao lado da namorada.

— O que houve, Ti? - perguntou Lucy, percebendo a expressão confusa na cara do namorado.

— Nada, não foi nada... Só não sei como é que o Josh não ve o tom de raiva que a Gentry diz "amor" – mentiu ele. – É incrivel como ele não percebe... Fiquei abismado.

— Tudo bem – aceitou ela, mesmo achando que fosse mentira, não queria perdê-lo por nada.

Na mesa da Sonserina, onde Melissa estava sentada, Tiffany conversava com ela.

— Mel, eu não sei... Tem algo naquela garota, irmã da Gabrielle que me trás uma sensação de perigo, em relação ao Josh – desabafou Tiffany.

— Não fique assim, amiga... Você continua dando a poção pra ele? – perguntou a outra.

— Não – confessou Tiff. – Eu achava que ele já me amava o suficiente para parar de dar a poção... Joguei toda ela fora.

— Você é doida! – sibilou Melissa, em um tom de voz baixo. – Você não é burra! Garota, você tinha que continuar, porque, sem a poção, o Josh não vai te amar! A poção não faz ele te amar, faz ele ter atração por você!

— Eu... Eu cometi um erro, mas vou tentar reparar isso! – falou Tiffany, determinada.

— Não Tiff, você não vai tentar reparar. Você vai conseguir reparar isso. Agora vou pra minha mesa; o Diretor chegou.

— Queridos alunos – disse Dumbledore, fazendo com que todos olhassem para ele. – Segunda-feira vai ser o primeiro dia letivo aqui das senhoritas Andrews, portanto, espero que as tratem muito bem. Não quero que sejam empregados delas, mas, sim, amigos. Então, se ninguém tem algo a falar, posso dar esse assunto por encerrado. – Ninguém falou. – Bom, que se sirva o banquete.

Deu para ver que Dumbledore procurava por alguém na mesa da Grifinória, então, Madame Pomfrey chegou e falou com ele.

— A senhorita Andrews desmaiou. Está na Enfermaria, e sai de lá amanhã neste horário.

— Tudo bem, Papoula. Sei que irá cuidar bem dela. – Dumbledore deu um voto de extrema confiança para a medibruxa, que agradeceu e se retirou.

— Dez galeões pelo o que ela veio falar com o Diretor – disse um dos amigos de Josh na mesa da Corvinal.

— Eu... Já volto – disse Josh, acenando para Tiago que estaria esperando por ele no 7º andar.

Não demorou muito e lá estava Tiago.

— O que houve agora? – perguntou Tiago.

— Você me ajuda a entrar na Enfermaria num horário que a Tiffany nem sonhe que estou fora da minha cama? – pediu o outro.

— Não sei porque, mas pensei nisso, então trouxe isso. – Tiago mostrou ao garoto uma capa prateada, que se revelou ser de invisibilidade. – Fica com ela e amanhã me devolve.

Josh sorriu, colocou-a no bolso da sua capa.

— Não sei como te agradecer – falou ele.

— Não agradeça a mim, e sim a Merlin, se a Gentry não descobrir que você quer visitar a garota que ela mais odeia nesse colégio – comentou Tiago.

— Valeu... Mesmo! – E Josh saiu correndo, e acabou encontrando a namorada.

— Por que corre tanto, meu amor? – perguntou ela, melosa como sempre.

— Nada... Só que marquei com meus amigos... Nós vamos jogar xadrez bruxo, e estou atrasado – mentiu ele novamente, sendo, mais uma vez, convincente.

— Tudo bem, durma bem! – E a garota deu um beijo nele, beijo esse que, se Julia estivesse perto para ler os pensamentos de nojo do garoto, riria a valer. Ele continuou até chegar à frente da Enfermaria, se cobriu com a capa de Tiago e entrou.

Lá estava ela, deitada naquela cama, com as mesmas roupas que ele havia a visto horas antes, quando ela e a irmã chegaram no colégio. Um turbilhão de emoções passou pelo garoto, sem contar aquele frio que insistia em subir e descer sua espinha, fazendo-o se arrepiar.

Tocou a face da garota, a mesma que lhe dera um beijo no rosto no lago, a mesma garota que Tiago insistia que ele, Josh, gostava. E o pior, Tiago estava demonstrando ser um ótimo vidente, afinal, até ele estava achando que começou a gostar da garota. Acariciou a face dela, como se fosse tudo o que quisesse naquele momento, como se precisasse daquilo para viver.

Isso não pode ser real..., pensou ele, sem conseguir tirar a mão da face da garota. Merlin, o que eu penso que estou fazendo? Não que minha maior virtude seja a fidelidade - nesse caso eu seria da Lufa-Lufa -, mas definitivamente não é a minha menor! Eu tenho a Tiffany, gostando muito dela ou odiando-a, e não dá pra eu começar a gostar de outra garota enquanto eu tiver algum assunto pendente com ela... Mesmo que essa outra garota seja tudo o que eu mais prezo na vida... Mesmo que eu...

Um suspiro fundo seguido de um gemido baixinho despertou o rapaz de seus pensamentos. Julia acordara e entreabrira os olhos, fitando-o demoradamente. Josh ameaçou tirar a mão da face da garota, mas ela não deixou que ele o fizesse.

— Não me deixa aqui sozinha... – pediu ela, suplicante, talvez não de todo acordada, mas muito consciente.

— Eu posso chamar a Gabi, ou uma das meninas para ficar com você, se quiser – ofereceu Josh, relutante com a perspectiva de que ela aceitasse a proposta.

— Não... Fica você... Só mais um pouquinho... Por favor...

— Mas...

— Por mim – pediu ela.

— Tudo bem. – Ela segurou a mão do rapaz, fazendo com que suas mãos ficassem entrelaçadas.

— Que horas são? – perguntou a garota.

— São... hum... Devem ser umas dez e meia da noite de sábado – respondeu ele.

Ela sorriu. Esse sorriso... Por que ele não me é estranho? Por que eu me sinto como se já conhecesse esse sorriso à muito tempo? Por que? Tantas perguntas... Tantas dúvidas... Nenhuma resposta, pensou ele, sorrindo.

Droga... Por que ele tem que sorrir? Calma, Julia, calma... É só o namorado da melhor amiga da sua irmã...

”Bom, talvez ele seja um pouquinho mais que apenas o namorado da melhor amiga da sua irmã...”

Sim, ele também é top popularidade entre todas as garotas do colégio.

“Algo além disso...”

Um legilimente natural com pouca capacidade de controle?

“Algo mais fundo...”

O que pode ser mais fundo que a Legilimência?

”Algo de seu coração?”

Sim, ele é um excelente aspirante a grande amigo...

”E o amor você vai esconder até o dia em que sair do colégio, certo?”

Por que não? Não vai demorar muito...

”Ou seja, você gosta dele...”

Não!

”É, é só o sorriso dele, o toque, o jeito como ele fala, anda, olha pra você...”

— Julia... Tenho que ir... – falou ele, a despertando de seus devaneios.

— Tudo bem... Volte me visitar, estarei te esperando – pediu ela.

— Eu tento... – respondeu Josh.

— Promete?

— Sim... Eu prometo.

Ele suspirou e tentou largar a mão da garota, mas seus músculos pareciam não obedecê-lo. Não queria ir, embora precisasse... Hesitante, ele voltou a face para a garota deitada e murmurou:

— Julia... Eu... Eu posso... posso... – Ele corara. O que estava fazendo, afinal? Ela era a irmã da melhor amiga de sua namorada!

A garota sorriu. Afinal, que mal tinha deixar ele fazer fosse o que fosse que ele queria?

— Claro, Josh.

E, num suspiro, ele a beijou. Apenas um toque repleto de carinho e amor. Nada violento ou passional, simplesmente... apaixonado. Depois, conseguiu soltar a mão das mãos da garota e saiu pela porta da Enfermaria, coberto com a capa da invisibilidade.

*~*~* Na Sala Comunal da Sonserina

Gabriele tapou a boca com uma das mãos.

— Por que faz isso com ele? – perguntou a loira.

— Porque ele me atrai... Enquanto outro garoto não me fizer sentir assim, nada de parar com o Josh – respondeu a outra, simplesmente.

— Mas isso é desumano! – exclamou a outra, perplexa.

— Não precisa ser humano – disse Tiff, dando de ombros. – Foi uma coisa que eu aprendi com Melissa... Ele é popular. Você acha que existe realmente alguma chance de ele encontrar o amor verdadeiro? Ele está feliz e eu estou satisfeita, querida, e isso é o que importa.

— Ainda não me parece certo... – hesitou Gabrielle.

— Um milhão de aproveitadoras já tentaram isso com ele – replicou a garota, firme. – Por que será que eu fui a única a conseguir? Porque ele gosta de mim. Ou pelo menos não me odeia. Sou melhor do que a maioria das garotas que ele conhece.

— Tiffany...

— Quer tentar? – perguntou ela, sorrindo. – Escolha um garoto, qualquer um. Posso até fazer a poção para você. Quer tentar?

— Não, obrigada, eu já fiz a Amorentia, uma vez. Minha irmã fez a Felix Felicis, nunca usou – revelou Gabrielle.

— Interessante, você já usou a Amorentia? – perguntou a outra, interessada.

— Sim... – respondeu Gabi.

— Uma pena... Eu pagaria bem por ela... Poderia fazê-la outra vez?

— Creio que não. Nunca conseguiríamos tudo que precisamos, e você tem que amar a outra pessoa.

— Isso é bobagem – replicou Tiffany, rindo. – Teoricamente você também precisa amar para usar a Dispassione, mas ela funciona perfeitamente bem.

— Tiff...

— Olha, se eu conseguir os ingredientes, você faz? – perguntou a garota, suplicante.

— Eu... Eu...

— Faz ou não faz?

— Me desculpe Tiffany, mas não posso – respondeu Gabrielle, sinceramente.

— Por quê? – perguntou a outra, exasperada. – É medo??

— Talvez... – hesitou Gabi, num murmúrio.

— Medo do quê? De Dumbledore? Ele nem liga, desde que fiquemos vivos aqui dentro. Não vou matar ninguém, eu juro...

— Tiffany, não insista! E não quero fazê-la de novo! – gritou Gabi.

— Somos amigas ou não? – Tiffany tentou persuadir a outra.

— Se é pra isso que quer minha amizade então... não. – Gabrielle murmurou o não, de forma que só elas escutassem.

Tiffany encarou a garota por algum tempo, gargalhando em seguida. Sem entender, a loira não se moveu. Tiffany foi até o dormitório, de onde voltou com um copo de algo que parecia (muito) alcoólico. Ela bebeu, oferecendo um pouco para a garota.

— Não, obrigada – respondeu Gabrielle. – Tiffany, o que deu em você?

— Abstinência, querida. – Ela suspirou. – Nada de mais.

— Você é alcoólatra? – espantou-se a loira.

— Não – disse Tiffany, muito sóbria, com um meio-sorriso. – Minha mãe era. Se eu ficar muito tempo sem, passo mal. – Ela tomou mais um gole da bebida. – Simples assim. Quer um gole?

*~*~* Enfermaria

— Julia? – perguntou uma voz conhecida pela garota.

— Hã? Tiago! O que houve? – perguntou ela assustada.

— Não foi nada... Vim pra saber se o Josh ainda estava aqui.

Pronto, ele havia falado a "palavra-chave": Josh. Ela suspirou.

— Ele esteve aqui, saiu, faz uma meia hora... Sabe quando eu vou poder sair daqui? – perguntou a garota.

— Amanhã.

— Horário?

— Sei lá! Umas nove horas – respondeu ele.

— Manhã?

— Noite.

Ela parou de questionar o garoto, começou a rir.

— O que foi? – perguntou Tiago, confuso.

— Tudo isso por causa de uma promessa... – Ela sorriu, fechando os olhos. – Sabe, Tiago, queria que todo mundo pudesse amar como aqueles dois... Sammy e Sirius, sabe... Eles se amam tanto que morreriam um pelo outro.

— É... – Tiago já havia se esquecido que Julia era legilimente. Eu queria poder amar Lucy assim... Eu queria tanto poder amá-la assim... Ela merece alguém melhor do que eu, se eu não consigo dar a ela tudo o que ela precisa...

— Aloooouuu!! Tiago, Terra chamando!!! – Julia deu três tapas de leve na face do rapaz.

— Caramba, eu devo ser bom de bater, não é? – Ele fechou a cara, indignado. – Já foi a Lilian, a Lucy, a Sam, o Sirius, o apanhador da Lufa-Lufa... Me diz, eu tenho cara de saco de pancada? Ninguém nunca levou um tapa pra saber que PUTZ QUE ME GRILA, TAPAS DOEM?!

— Calma... Me ajuda a sair daqui? – pediu ela. – Antes da minha alta, agora.

— Como?!

Ela o olhou, sabia que ele havia entendido o que ela pediu, só não queria a ajudar. Sabe-se lá por que... Ele andou treinando Oclumência, pensou ela divertida.

— Oras, vamos, Tiago, você me entendeu!

— Não, eu não entendi! – exclamou ele, perplexo. – Ju, você tá louca? Assim, pergunta estúpida, mas te deram alguma coisa de estranho? Não tem como você sair da Enfermaria antes da sua alta.

— Tiago! Qual é, me ajuda! – pediu a garota, magoada. – Achei que você era meu amigo!

— Seu amigo, sim, insano, não – replicou ele, veemente. – Julia, pelo amor de Merlin, é um dia.

— Sabe quanto significam 24 horas perdidas numa cama de enfermaria? – perguntou ela, encarando-o.

— Claro! Acha que eu nunca fiquei nesse lugar por 24 horas? – Ele também a encarava, aqueles olhos castanho-esverdeados e os azuis dela pareciam se perfurar.

— Acontece que você não viu o pensamento do Diretor – comentou a garota, um tanto exasperada, porém, ainda falando baixo.

— Ah, não, nem vem, porque amanhã não vai ter nada e eu sei que não.

— Tiago! Sabia que faz 30 anos que Dumbledore deixou de ser professor e se tornou diretor? – perguntou ela, desafiando-o. Ele respondeu com um aceno negativo. – E é por isso mesmo que ele planejou um passeio surpresa a Hogsmeade – terminou a garota.

— Ahn... – Tiago compreendeu então o dilema de Julia. – Ah, o.k., eu te ajudo a sair daqui... Já volto, tá bom, não durma...

— Dormir? Aqui? De jeito nenhum. – Ela empurrou-o com a mão. – Vai logo, garoto!

Tiago saiu correndo da Enfermaria, rezando para pegar Josh no lugar de sempre. Para a sorte do moreno, o corvinal estava na cozinha, como sempre fazia quando não tinha sono. Os elfos eram ótimos para contar casos bizarros que sabiam rolar pelo colégio, e Josh gostava de ouvi-los. Tiago, ofegante, pediu a capa para o rapaz, que a cedeu, perguntando:

— O que houve?

— Tirar Ju da Enfermaria – respondeu o Maroto, colocando a capa da invisibilidade e sumindo pela porta da cozinha, deixando para trás um incrédulo Josh.

Tiago corria ofegante pelos corredores, chegou, enfim, à Enfermaria.

— Julia? Ju? – chamou ele, aos sussurros.

— Tô aqui! – respondeu ela, ao mesmo tom de voz.

— Ótimo! – Ele abriu a capa. – Seguinte, você vai ter que ser muito acrobata agora.

— Como é que é? – perguntou ela, sem entender.

— Chega mais perto, garota!

Julia se adiantou alguns passos, e Tiago puxou-a para bem junto de si, soerguendo-a e fazendo-a abraçá-lo com as pernas, os braços ao redor do pescoço do Maroto.

— Acha que consegue se segurar? – perguntou ele, com um nadinha de receio.

— Claro – respondeu ela, sorrindo. – Vamos logo.

Eles encontraram Josh no caminho, o garoto parecia estar voltando para a sua Sala Comunal, não pararam para conversar, Filch estava por ali.

Chegaram em frente à Mulher Gorda, com a sorte de não terem encontrado Pirraça.

— Isso são horas? – perguntou o retrato.

— Olha, eu já lhe disse a senha, pode me fazer o favor de nos deixar entrar? – perguntou Julia irritada.

— Não fale assim comigo, novata!

— Novata ou não novata, pode fazer o misericordioso favor de nos deixar entrar nessa droga de Sala Comunal?! – tornou Julia, furiosa.

— Ah, stress... – murmurou a Mulher Gorda. – Ótimo, entrem, entrem...

Os dois passaram pelo buraco do retrato lado a lado, entrando na sala aquecida com muito prazer. Julia se desvencilhou da capa, bem como Tiago, e atirou-se nos braços do Maroto.

— Valeu, Ti; te devo mais essa.

Ela sorriu, e Tiago fez um gesto de "Não foi nada de mais". A morena subiu as escadas para o dormitório feminino, acordando uma ruiva louca de vontade de implicar com alguém. Lilian desceu as escadas num tropel corrido, encontrando Tiago recolhendo a capa de invisibilidade do chão.

— Fora da Sala Comunal a essa hora da noite, Potter? – perguntou ela, com um humor um tanto negro.

— Menos, Evans, bem menos – disse ele, dobrando a capa bem dobrada e dirigindo-se à escada do dormitório masculino.

— Hum, de jeito nenhum, Potter. – Ela se postou entre Tiago e a escada. – Diga-me, o que estava fazendo? Além de raptar Julia, claro.

— Evans, me deixa em paz – pediu ele, educado, mas raivoso.

— Ei, eu vou ter que te deter, garoto – disse Lilian, ironizando. – A Mulher Gorda está de prova que você estava fora da Sala Comunal a essa hora da noite.

— Ótimo, pode me deixar em detenção, mas pelo amor de Merlin, não amanhã. – Ele se deu por vencido, não esquecendo as palavras de Julia.

— Lil? – perguntou Julia, ao pé da escada.

— Oi! - exclamou a ruiva, sorrindo. – Tá melhor?

— É, tô... – Julia fitou-a, um tanto desconfiada, mas deu de ombros. – Estou bem, sim... Não se preocupe.

— O.k... Durma, querida, porque temos um gigantesco dia pela frente – disse Lily, condescendente.

— Ah... tá...

Julia retirou-se, pensando que aqueles dois definitivamente eram muito esquisitos. Lilian voltou-se para Tiago, o humor negro completamente de volta, um riso maroto nos lábios e uma vontade louca de pisar o moreno até ele tornar-se um besourinho esmagado...

— Evans? – hesitou ele, receoso.

— Lembre-se, você já tem uma detenção segunda-feira que vem... – comentou a ruiva, mal piscando.

— Tá, eu posso ir dormir? – perguntou Tiago, veemente.

— Não – disse ela, sem entender direito o porquê de sua própria atitude. Ótimo, eu tenho dupla-personalidade, agora... Não é possível, eu não deveria estar aqui, discutindo com ele...
Ela tá muito estranha... Será que está com febre?, pensou Tiago, preocupado.

— Não deveria estar acordado ainda – corrigiu ela, provocando risos sufocados em Tiago.

— Se você não sair da frente, fica difícil eu subir para o dormitório... – replicou ele, sarcástico. Ou eu estou com algum problema ou ela está começando a surtar...

— A escada é bem larga, Potter... – disse a ruiva, erguendo uma das sobrancelhas. Merlin do céu, por que eu falei isso? Eu devo ser insana!

— Eu não vou passar nessa frestinha de um milésimo de centímetro, minha ruivinha – tornou ele, complacente. Ah, meu Merlin, eu não disse isso, eu não disse isso, eu não disse isso...

— Você está me chamando de gorda? – perguntou ela, indignada. Ele me chamou de ruivinha? Ela andou bebendo?

— Você está deitada na escada – implicou Tiago. Ela percebeu que eu a chamei de ruivinha? Não, não é?

Julia, que ainda estava na parte de cima da escada, se divertia com o casal, mas percebeu que Tiago estava subindo e foi para o dormitório.

Lilian entrou com cautela para não acordar as amigas e Melissa – tudo bem que a última estava como uma pedra.

— Lil? - perguntou uma Samantha sonolenta.

Droga, Sam, por que você precisa ter um sono tão leve?, pensou a ruiva

— Eu, Sammy... Pode ir dormir, vai...

— Hum... Faça menos barulho – pediu a garota, e, virando-se para o lado, adormeceu novamente.

Lilian suspirou e atirou-se na cama de dossel, fitando o cortinado e o teto, devaneando.

“É, Lilian Evans, você simplesmente não consegue entender que a atenção de Tiago esteja em outra garota que não você...”

Não é verdade... Eu apenas precisava implicar com alguém.

"Para isso servem os namorados e as amigas... Não se implica com um ex-quase-ficante-e-aspirante-a-namorado."

E quem seria esse?

"O nome Tiago Potter lhe seria familiar?"

Ótimo, agora sou uma doida tendo meus devaneios quando já deveria estar dormindo!, pensou a ruiva, virando-se na cama e adormecendo com o pensamento "Tiago Potter é namorado da sua amiga e amigo do seu namorado" na cabeça.

*~*~*~*~*~*~*~*Tiago/Lily ~ Samantha/Sirius ~ Lucy/Remo ~ Alice/Frank*~*~*~*~*~*~*~*

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