Tony...?



Mas assim que Rita percebeu o rosto da pessoa ao lado de Harry ela paralisou. Chegou mais perto e analisou o rosto dela:

- Oras... eu vim aqui em busca de histórias do passado do menino Potter e me parece que eu encontrei o passado... vivo! Ou devo dizer ressuscitado? – ela tocou o rosto de Mel com a longa unha – É impressão minha ou você é Melanie Gray?


- Você não se esqueceria de mim mesmo não é Skeeter? Quantas vezes eu te enxotei do Quartel General dos aurores no passado? – Mel perguntou enquanto pegava o braço de Harry e o afastava da jornalista.

- É você mesma! Mas... – ela posicionou a pena em cima de um bloco de papel rapidamente, ávida por informações – você não havia sido dada como morta a muitos anos no ministério? Por onde esteve todos esses anos? Você, arrasada com o fim da vida de seu irmão, resolveu se refugiar longe da Inglaterra e renegar até mesmo os cuidados que deveriam ser dados ao seu sobrinho?!


- Nada a declarar a você, Skeeter. Cuide da sua vida. – Mel se afastava rapidamente, com Harry e Lupin.

- Ou você realmente passou pro outro lado? – Rita começou a segui-la, escrevendo febrilmente – Esses boatos correram muito quando você sumiu sabia? Disseram que Você-Sabe-Quem tinha forjado sua morte e que você tinha passado pro lado dele! Por alguns dias disseram até que tinha sido você que tinha entregado seu irmão ao lado das Trevas!

Ocorreu numa fração de segundos: com o som da espada sendo retirada da bainha, Mel se virou e posicionou a espada estrategicamente no pescoço da jornalista:

- Mais uma palavra sobre isso e você perde sua preciosa cabeça, Skeeter. – Mel tinha os olhos furiosos – Se você quer publicar alguma coisa, publique que eu voltei e que as mortes que ocorreram na minha família por causa de Voldemort vão ser vingadas. Todas elas. – Mel tirou a espada do pescoço dela – Agora saia daqui.

Ela deu as costas e voltou a andar, cada vez mais decidida de que tinha voltado, e que agora ela não ia deixar nada barato. Tudo ia ser resolvido, todas as mortes esclarecidas e haveria vingança. Ah se haveria...!



Pouco depois que haviam voltado a casa dos Weasleys, Mel parou o sobrinho antes que eles se juntasse a toda movimentação que havia na casa. Sozinhos na sala eles se encararam:

- Desculpe pelo ocorrido com a Skeeter. – ela tinha agido um tanto violentamente, e pensou que Harry ver a tia colocando espadas na garganta dos outros e ameaçando lhes arrancar a cabeça não era o que ele esperava – Mas ela sabe ser insuportável quando quer.

- Eu sei. Eu fui o alvo dela por um bom tempo, há dois anos atrás. – Harry respondeu sinceramente. – Se tivesse uma espada na época teria ameaçado arrancar a cabeça dela também.

Mel sorriu e ele sorriu de volta. O menino ia se virando pra sair quando Mel o chamou de novo:

- Eu... posso te dar um abraço...? – ela pediu, timidamente.

Ele sorriu e deu os ombros, como se dissesse “por que não?”. Mel o abraçou fortemente e por um longo tempo:

- Eu sei que você deve estar achando tudo isso surreal... nada deve estar fazendo sentido...

- É só porque... – ele media as palavras – por anos ninguém me falou nada de você. Por anos eu não tive pista de que você existia...

- Você ouviu o que a Rita disse... – Mel disse amargamente, soltando o sobrinho e o olhando nos olhos - ... Eu sempre fui uma incógnita por ser uma meio-gray... as pessoas desconfiavam de mim... e devem ter achado que eu passei pro lado de Voldemort quando eu... você sabe, sumi.

- Lupin me disse que nunca me contaram nada sobre você porque tinham medo de que quando dissessem que não sabiam se você tinha morrido ou não eu poderia ter esperanças de te achar... sabe, me meter em encrencas pra te achar... – Harry a encarou, sério – e provavelmente eu teria tentado. Qualquer coisa pra me ver livre dos Dursleys...

- Dursleys... – Mel pensou um tempo, então se lembrou – sua tia Petúnia... eu tinha me esquecido dela.

- Eu não... – Harry murmurou

- Vá ficar com seus amigos... – Mel disse sorrindo ao ver Rony e Hermione passando na porta da sala, como se ansiassem falar com ele – eu já tomei muito da sua tarde.
Harry deu uma última olhada pra tia, meio sem saber o que dizer, acenou pra ela rapidamente e saiu, procurando Rony e Hermione.



- Molly... – Mel adentrou a cozinha, a Sra. Weasley estava sozinha, terminando de arrumar o jantar – precisa de ajuda...?

- Oh querida, não, não... está tudo bem. – Ela fez um gesto pra que Mel se sentasse à mesa e ela se sentou também. – E você...? Como está?

Mel deu os ombros, um pouco cansada. Nem ao menos sabia o que sentir. Estava triste por constatar quanta destruição tinha acontecido, estava feliz por estar de volta, rever os que estavam vivos e poder cuidar de Harry, ficava furiosa quando se lembrava de Severo e de Voldemort. Enfim, perdida numa montanha russa de sentimentos ela suspirou pesadamente, pensando no que fazer.

- Eu imagino como deve estar sendo... você ficou tantos anos longe! – Molly tocou a mão dela, reconfortante. – Você precisa de uma boa refeição e uma noite de sono tranqüila e tudo vai ficar bem. Ou pelo menos um pouco melhor...

Mel sorriu, Molly sempre soube bem como reconfortá-la. Encarou a velha amiga, parecia cansada e Mel comentou:

- Você deve estar atarefada... o casamento.

- Ah, é verdade...

- Nem consigo realizar que Gui está se casando... parece que foi ontem que ele ia brincar na minha casa... – Sra. Weasley consentiu com a cabeça, leves lágrimas aparecendo em seus olhos.

- Bons tempos aqueles, não querida...? Mesmo com tudo o que acontecia... não sei porque reclamávamos...

- Eu sei. – Mel suspirou e se lembrou de algo que ainda queria fazer, olhou a amiga – Neville... eu gostaria de vê-lo.

- Por que não manda uma carta a casa da avó dele?

- É uma boa idéia... quer dizer... talvez ela acredite que sou eu e me deixe ver meu afilhado... – ela tirou a varinha do bolso e conjurou pena, tinta e pergaminho.

Ouviu-se alguns barulhos no andar de cima e Molly se levantou da mesa:

- Por Mérlin, o que terá acontecido agora? – ela perguntou enquanto ouvia barulho de coisas quebrando. – Essa casa está o mais puro caos, todos esses convidados e as crianças em casa...! Com licença Mel, querida... eu vou ver o que aconteceu.

Mel a viu sair da cozinha e começou a escrever a carta, explicando o mais sucintamente que podia como ela tinha voltado e tudo o que tinha acontecido. Mas foi interrompida pelo barulho da porta da cozinha se fechando um pouco bruscamente. Em alerta pegou a varinha e se virou pra lá, mas não encontrou nada mais do que Nicolas Delacourt, que tinha uma cara meio sem vergonha, e levantou as mãos como se estivesse se rendendo ao ver Mel apontar a varinha pra ele.

- Pensei que ia me safar aqui, mas parece que você me pegou! – ele usava o inglês de sotaque carregado.

- Fugindo de alguém...? – Mel perguntou, com uma sobrancelha levantada.

- Sabe, eu quebrei alguma coisa que não deveria ser quebrada lá em cima...– ele riu – provavelmente daqui a pouco minha mãe entra aqui soltando bolas de fogo e querendo me matar!

Por algum motivo que Mel não soube ela sorriu pro menino. Ele tinha um ar tão... tão animado, como há muito tempo ela não via em uma pessoa. Ele pareceu perceber que ela pensava isso, porque sentou na sua frente e sorriu mais uma vez:

- Eu estou bem animado com essa viagem... – ele disse, brincando com o tinteiro que Mel tinha conjurado – é que eu nunca tinha saído da França... pra falar a verdade eu nunca tinha saído de perto da minha mãe... ela é bastante... mmm... superprotetora.– ele envolveu o tinteiro com os dedos como se o estrangulasse – Às vezes até de mais.

Ela se perdeu nos olhos do menino por um instante, tinha um azul tão profundo e brilhante:

- E pelo visto você está gostando da Inglaterra. – ela disse depois de um tempo.

- Bastante. Eu sei que tem coisas nada legais acontecendo por aqui e o tal Harry Potter às vezes parece bem estressadinho, mas... eu tenho gostado. – ele percebeu que tinha falado alguma bobeira – Aaah, desculpe. O tal Harry Potter é seu sobrinho, não é?

- É sim. – ela disse, mas não tinha se aborrecido com o menino. Na verdade ela por um tempo ficou pensando sobre o tom de voz dele. Era tão familiar....!

- Eu tô meio perdido ainda nessa sua história sabe... parece que você tinha perdido a memória é...?

Resumidamente Mel explicou a ele os acontecimentos. Ele ficou por um tempo calado depois disso, pensativo:

- Dava pra escrever um livro sobre sua vida... – ele murmurou. Então sorriu – espero que você tenha mais sorte dessa vez...!

- Obrigada... – Mel sorriu de volta pro lindo garoto – sorte é algo que eu realmente vou precisar.


- Nicolas Delacourt!! – a bonita senhora de cabelos prateados entrou na cozinha, um olhar muito severo lhe deformando o rosto. Disparava um amontoado de palavras em francês... – Eu não posso me virar por um segundo sem que você apronte uma das suas, não é a toa que não posso ficar longe de você, não seria muita surpresa se você conseguisse colocar fogo nessa casa!

- Aah mãe, não começa... – ele resmungou ainda em inglês.

- Fale comigo em francês, Nicolas, em francês!

- Sente-se, Sra. Delacourt... – Mel se fez perceber, falando em francês, e com um gesto das mãos ela usou seus poderes pra arrastar uma das cadeiras mais próximas da senhora pra que ela pudesse se sentar. – Tenho certeza de que foi tudo um acidente, Nicolas deve simplesmente ter feito algo sem querer, num arroubo de animação. Não é mesmo Nicolas...?

O menino não lhe respondeu por um tempo: tinha o olhar fixo nas mãos de Mel, e depois seus olhos correram das mãos dela pra cadeira e então ele a encarou pasmo:

- Como você fez isso...? – perguntou num sussurro.

- Eu não sou totalmente humana... veja bem... eu sou meio Gray, acho que você já deve ter ouvido falar da minha raça e então herdei alguns poderes da minha mãe. – Mel nem se embaraçava mais ao responder isso, mas viu que Nicolas continuava a olhando estupefato – Eu não sei se isso acontece com as veelas... – ela olhou pra mãe do garoto – acontece Sra. Delacourt?

- Muito raramente. – ela respondeu visivelmente irritada. – Nicolas, se levante já daí e venha comigo. Você ficará de castigo, ao meu lado.

- Por favor mamãe... eu já tenho 17 anos, você não pode mandar em mim como se eu tivesse sete...! – ele resmungou, mas se levantou ao se deparar com o olhar quase maligno de tão severo que a mãe tinha.

A Sra. Delacourt se levantou e o menino a seguiu, mas quando passou por Mel tinha algo de diferente em seu olhar: uma espécie de curiosidade desesperada, como se quisesse se sentar e fazer milhões de perguntas a ela.

Mel sorriu pra ele antes que o menino sumisse atrás da porta da cozinha. Por um tempo refletiu sobre o garoto: ele inteiro lhe era familiar, do jeito de falar a maneira de olhar. Tudo. Bateu os olhos sobre a carta meio escrita a sua frente e balançou a cabeça pra afastar os pensamentos estranhos que estava tendo. Tinha que terminar de escrever a carta: tinha que rever seu afilhado.



Na manhã seguinte, em algum lugar, a porta de um quarto escuro foi escancarada. Uma mulher de longos cabelos negros entrou, um olhar maldoso e um jornal na mão. Parou na frente de um homem que estava jogado em uma poltrona: os dedos massageando as têmporas e os olhos perdidos no fogo.

- Tenho notícias, – ela disse – más noticias pra você, Snape.

Ele levantou os olhos pra encará-la, mas não respondeu a provocação. Tinha mais coisas a pensar do que em respostas pras implicâncias de Bellatrix.

- Isto. – ela colocou o jornal a centímetros do rosto dele, enquanto sorria sarcástica – É familiar pra você?

Ele mirou a manchete do dia: “Melanie Gray volta a Inglaterra! A auror dada como morta retorna e promete vingar as mortes de sua família.”

- Você vê, o plano que eu arquitetei há anos: o de mandá-la pra longe, de apagar as lembranças dela até que ela estivesse selvagem o bastante pra agir como uma gray... – Bellatrix disse, ainda mantendo o jornal na frente do rosto dele – Plano que infelizmente nunca chegou a ser terminado porque o Lord das Trevas foi... mmm... derrotado temporariamente, agora foi finalmente por água abaixo e ela voltou, recobrou a memória!

Ele a ignorou de novo e releu aquele cabeçalho duas vezes deixando a surpresa daquela notícia se apoderar dele mais do que queria. Correu os olhos pela matéria escrita por Rita Skeeter e depois se deteve na foto grande na capa: Melanie ao lado de seu sobrinho.

Era ela.

- O que você acha que ela deve estar pensando de você hein, Snape? – Bellatrix continuou em voz desdenhosa – Ou o que ela deve estar preparando pra você? Você, que a traiu tantas vezes, que passou anos atormentando o sobrinho dela e que no final das contas matou o tão adorado Alvo Dumbledore, a quem ela amava como um pai...! Você pode imaginar de que maneira ela vai despejar a vingança dela sobre você?

- Não, eu não posso imaginar, Bellatrix... – ele disse com a voz o mais fria possível – mas talvez você possa me contar como é, porque há alguns anos atrás ela se vingou de você, não foi? E se não tivesse havido a interferência do Lord das Trevas, hoje você não estaria aqui pra me mostrar isso.

Ele bateu a mão no jornal bruscamente, o jogando no chão.

- Milord me defendeu uma vez e ele o fará de novo se for preciso!– Bellatrix respondeu altiva a provocação, suas narinas ficando brancas de cólera.

- Milord tem mais com o que se preocupar. – ele sorriu, sarcástico – Então é melhor você pensar no que fazer quando Melanie resolver se vingar da mulher que matou o filho dela, que roubou a vida dela e que por fim matou o marido dela. – ele se levantou apontado o dedo pra ela – Porque essa mulher Bellatrix, é você.

- O que está acontecendo aqui? – Narcisa Malfoy adentrou o quarto enquanto via sua irmã fuzilar Snape com os olhos e sair de lá, bufando. Ela se virou pra ele – O que aconteceu aqui, Severo?

- Isso. – ele apontou o jornal no chão, a foto de Melanie – Ela está de volta...

Tentando afastar todos os pensamentos e sentimentos contraditórios que estavam se passando dentro dele por causa daquilo ele jogou o jornal na lareira e saiu do quarto.

Narcissa por sua vez se sentou na poltrona que ele tinha deixado, observando a foto do jornal se consumir aos poucos no fogo.

Por dentro ela se consumia de remorsos. E se lembrou fielmente da noite em que tinha visto Melanie pela última vez.

Naquela noite Melanie estava gritando e implorando pela vida do filho, enquanto Narcissa assistia a tudo aquilo, vendo sua irmã ameaçar matar a criança na frente dela.

Lembrou-se do momento em que ela e Bellatrix pararam na porta de Grimmauld Place, 12, brigando.

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- Se você entregar essa criança ela irá morrer! – Narcissa disse a irmã enquanto tentava tirar o bebê dos braços dela.
- Eu não sei se você percebeu Cissy, mas essa é a idéia!- Bellatrix lhe disse friamente puxando o bebê de volta. A criança chorava. - Oh, céus que barulho infernal! – Bellatrix reclamou.
Narcissa lembrou-se do choro do seu filho, olhou os olhos azuis da criança e se lembrou dos olhos azuis do seu menino que era tão pequeno quanto aquele. E teve pena. Num movimento brusco e desesperado tirou a criança dos braços da irmã, correu alguns metros e então aparatou. Foi parar em um lugar qualquer da grande Londres: uma rua vazia mas bem iluminada. Um casal passeava tranqüilamente pelo lugar, trocando palavras em francês. Ela correu até eles e colocou a criança nos braços da mulher:
- Fique com ele – ela disse em inglês, num tom gritado - leve-o daqui!
E desaparatou. Sabia que o certo a fazer era levar o menino de volta a seu primo, mas não teria tanta coragem assim. Pelo menos tinha assegurado que ele estaria vivo.
Voltou à casa dos tios e lhes garantiu que tinha jogado o bebê num rio e que ele morrera afogado. Viu então Regulus matar um elfo domestico, transfigurar o corpo do servo em um corpinho semelhante ao de um bebê e depois queimá-lo. Segundos depois que ela deixou a casa dos tios, Sirius tinha chegado lá.
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Narcissa se levantou da poltrona. O que ela poderia fazer? O destino daquela criança já tinha sido selado há muitos anos. Agora ela não poderia fazer mais nada.




Mel pouco conseguiu dormir naquela noite. Depois de escrever a carta e jantar reunida com todos, ela se retirou num quarto que Molly lhe arranjou e tentou dormir.

Mas ela tinha um sono agitado e cheio de sonhos quando conseguia “apagar” e acordava minutos depois, suada e assustada, se perguntando onde estava.

Ao amanhecer, quando percebeu que não adiantaria continuar na cama, ela saiu do quarto e vagou pela casa dos Weasleys, abriu a janela da sala e se pôs a observar o céu que se tornava dourado com o sol raiando, e o céu que começava a ter a mesma tonalidade de azul claro que era visível em seus olhos.

Quando ouviu passos as suas costas, se virou rapidamente. Seu sobrinho a observava:

- Não consegue dormir? – eles falaram juntos, um perguntando ao outro. Sorriram.

- Tendo alguns pesadelos... – repetiram o acontecido, e riram mais uma vez.

- Eu e sua mãe falávamos muito desse jeito, juntas. – Mel disse pra ele – Seu pai dizia que era por que nós pensávamos muito igual. – ela se ajeitou no sofá em que estava sentada e fez um gesto pra que ele se sentasse ao lado dela – Você estava tendo pesadelos...?

- Nada que não tenha acontecido antes... – ele disse se sentando – eu vivo tendo pesadelos e sonhos estranhos.

- Isso acontece comigo sempre que algo me perturba... – Mel passou o braço pelos ombros do sobrinho – mas eu não vou te perguntar se tem algo te perturbando, por que é uma pergunta muito idiota.

Ele riu. Mel voltou sua atenção para o céu por uns instantes. A sua cabeça girava em tantas perguntas e acontecimentos e tudo mais que ela ficava tonta às vezes.

- Você estava tendo pesadelos também? – Harry observava a tia atentamente.

- É... eu passei a noite sonhando que ia ao enterro do Sirius e então no meio disso a Bellatrix aparecia com o corpo do meu filho nos braços falando que era pra enterrá-lo também e depois Voldemort se materializava lá, tentando tirar você do meu lado... e no meio disso tudo Severo tentava me convencer a me juntar a ele, passar pro lado de Voldemort. – ela suspirou – Tudo me atormentando numa noite só...

Harry se afastou um pouco dela, e se virou pra encará-la:

- Você conhecia o Snape. – sua voz era meio de acusação – Conhecia muito bem, pelo visto. O chama de Severo.

Mel o olhou: ver Harry falando daquele jeito era a mesma coisa que presenciar James a censurando por andar com o “seboso”.

- Sim, eu o conhecia. Fomos amigos por um tempo.

Harry tinha um olhar de pura aversão e incredulidade quando ela falou isso.

- Você...? – ele perguntou abismado – Irmã do meu pai, mulher do Sirius, era amiga do Snape?!

- Sim, eu fui amiga dele. Claro que na época eu ainda não era declaradamente irmã do seu pai e nem era mulher do Sirius. – ela respondeu calmamente – Acho que Lupin te explicou como eu me integrei a família, acho que ele te contou que por um tempo eu não fui considerara uma Potter, e ninguém sabia que eu era irmã do seu pai... – Harry concordou com a cabeça – então... pra falar a verdade, antes que seu pai soubesse que eu era irmã dele, ele só sabia me encher o saco. Não que isso tenha mudado muito depois, porque a diversão da vida do seu pai quando estávamos em Hogwarts era encher o saco dos outros, mas ele era um pouco mais cruel comigo por eu ser uma meio-gray. No meu primeiro ano na escola eu era bem solitária, discriminada pela minha “origem” e as únicas pessoas que falavam comigo eram Frank Longbottom, a sua mãe... e o Severo.

- Ele? – Harry perguntou, enojado.

- Ele. Foi meu amigo por um bom tempo, até descobrir que eu era irmã do seu pai. Aí ele se afastou de mim, o que aconteceu mais ou menos no quinto ano dele e do seu pai na escola. - Mel colocou a mão no bolso do sobretudo que vestia e tirou um espelho de lá. Harry observou: era oval com um cabo longo, desenhos florais entalhados na sua borda, o cabo também estava todo entalhado em desenhos e tinha duas pedras preciosas incrustadas bem no meio: um rubi e uma esmeralda. – Aqui, eu te mostro como aconteceu...

- O que é isso? – ele perguntou rapidamente, os olhos fixos no espelho.

- Se chama Espelho das Saudades. Foi um presente do Sirius pra mim, há muitos anos. Funciona mais ou menos como uma penseira. Você já usou uma penseira?

- Até mais do que eu gostaria... – ele murmurou.

Meio sem entender o que ele queria dizer com aquilo ela mentalizou a cena de quando Severo tinha descoberto que ela era irmã de James e tocou com o dedo indicador o rubi no cabo do espelho. A cena daquela manha de inverno em Hogwarts começou a passar no espelho e Harry assistiu aquilo, atentamente.

- Educado como sempre... – Harry disse sarcasticamente quando a cena terminou e Mel retirou a lembrança do espelho de volta pra sua cabeça:

- Você vê... depois disso nossa amizade acabou. Uma vez ou outra nós voltamos a nos falar mas... Severo me decepcionou em todas elas... – ela suspirou – em uma das últimas vezes que nos encontramos ele me disse que tinha se arrependido de todo mal que tinha feito e eu o fiz prometer ser fiel a Alvo e ajudar a te proteger. Mas, pelo visto, ele me decepcionou mais uma vez.

Ele matou Dumbledore. – Harry disse, cheio de fúria. – E eu vou matá-lo se o encontrar.

Por um instante ele achou que Mel ia brigar com ele, por ele ter falado aquilo. Mas ela simplesmente o fitou por um tempo e então colocou a mão no ombro dele:

- Eu sinto muito querido, mas eu vou ter que te privar desse desejo de vingança, por que a alma de Severo é minha. Esse era um dos termos do juramento que ele fez a mim, e que quebrou.

Harry simplesmente concordou com a cabeça. Como negar? Ele podia ver que os olhos dela brilhavam com raiva.

Então uma coruja irrompeu pela janela e posou no braço do sofá em que eles estavam. Mel se adiantou e tirou o pedaço de pergaminho que estava preso a perna dela.

- Ah... – ela exclamou feliz – que ótimo!

- O que...?

- É uma carta de Augusta Longbottom, me dando permissão pra ver Neville! – o rosto dela se iluminou num sorriso – Parece que mamãe já tinha mandado uma carta a ela, explicando que eu voltei.

- Mamãe... você quer dizer a McGonagall?

Mel riu. Ele deu os ombros:

- É que muita coisa ainda me parece estranho de mais pra eu entender. Sabe, ver alguém chamando a profa. McGonagall de mãe é... estranho.

- Eu sei...! – ela deu mais uma lida na carta – Todo mundo sempre achou isso esquisito, mas ela é a única mãe que eu tenho, independente de qualquer coisa. Quero dizer, as grays não são nada maternais. Nas duas vezes que já estive com minha mãe biológica ela quase me matou...

Harry arregalou os olhos quando ela disse isso.

- Depois eu te conto direito, se tivermos tempo. – Mel disse, guardando a carta no bolso – Eu preciso ir ver Neville.

Ele concordou e ela se levantou do sofá.

- Vou tomar um banho, pra poder sair. – ela disse enquanto se inclinava pra beijar o rosto do sobrinho. – Você vai ficar por aqui?

- Acho que sim.

- Bem, então... mmm... é melhor fecharmos essa janela, quero dizer... cuidado nunca é pouco e... – ela olhou pra ele, que tinha um certo ar desconfiado. Ela suspirou – ah, o que eu tô falando...? Quer dizer, você sobreviveu todos esses anos sem que eu estivesse aqui pra te dar esses conselhos idiotas de segurança.

- Por pouco, mas sobrevivi. – ele sorriu


- Ok, - ela deu mais um beijo nele – eu só quero te proteger... mas você sabe se cuidar, eu sei.

- Eu ficarei bem durante os minutos em que você estiver no banho. – ele brincou – acho que posso sobreviver!

- Engraçadinho! – ela riu, se afastando – ver isso é a mesma coisa que ver seu pai zoando com a minha cara!

E saiu, deixando-o na sala.


Quando Mel saiu do banho, desceu à cozinha e a encontrou cheia de gente. Molly servia o café a todos. Harry, sentado entre Gabrielle e Gina (que lançava olhares mortais à irmã de Fleur) língua pra ele debochadamente, enquanto passava pela mesa, em direção a porta da cozinha.

- Mel, sente-se e coma. Estávamos esperando por você. – Sr. Weasley sugeriu em meio a balbúrdia das conversas na mesa.

- Obrigada, Arthur, mas eu vou à casa de Augusta Longbottom, tomar o café da manhã com ela e rever Neville. – ela respondeu, e teve que falar em um tom mais alto pra sobrepor a voz de Fleur, que discutia febrilmente com sua mãe alguns detalhes finais do casamento – Eu realmente só vim me despedir de todos.

- É melhor você esperar alguns segundos, querida. – Molly se dirigiu a ela docemente, enquanto batia na mão dos gêmeos, pra que eles parassem de fazer suas torradas levitarem. Pareciam bastante animados. – Remo acabou de nos mandar uma coruja, dizendo que vem encontrar você.

- Aconteceu alguma coisa? – Mel perguntou, já se preocupando.

- Não, ele só está trazendo alguns pertences seus, que Minerva mandou. – ela respondeu agora pegando uma travessa com pão e levando pra mesa. – Sente-se e tome ao menos uma xícara de chá.

- Ok... – Mel concordou e se sentou no único lugar vago da mesa: num lugar em frente a Nicolas Delacourt, que estava ao lado de Gabrielle.

Assim que Nicolas percebeu a presença dela na mesa passou a encará-la firmemente, parando às vezes para poder soprar no ouvido de Gabrielle, que lhe olhava totalmente irritada.

Por um momento Mel paralisou vendo aquela cena. Aquele gesto simples, de soprar no ouvido da menina só pra irritá-la teve o poder de atordoar Melanie mais do que qualquer coisa, simplesmente pelo fato de que Sirius tinha a mesma irritante mania de fazer isso com ela, toda vez que queria chamar sua atenção.

E assim como funcionava com Mel estava também funcionando com Gabrielle, por que ela finalmente tirou os olhos de Harry pra olhar pro tio:

- Pare tio Nick! – ela bufou, com raiva – Você é um chato!

- Tia... você está bem...? – Harry chamou por ela. E foi unicamente o fato de ouvir Harry a chamando de Tia pela primeira vez que a fez voltar um pouco à realidade.

Ela encarou o sobrinho e disse, debilmente:

- Eu... é... estou bem. Sim... estou bem.

Desviou sua atenção de novo pra Nicolas, que soprou no ouvido de Gabrielle mais uma vez e então piscou pra ela.

O queixo de Mel caiu, sem que ela pudesse evitar.

Como ela não tinha visto isso antes?! Como isso pudera passar despercebido por todo um dia? Era ele... os cabelos negros muito lisos caindo sobre o rosto, os olhos muito azuis, aquele jeito brincalhão de sempre e a mania de arrumar confusão... aquele jeito sem vergonha de piscar pros outros... era ele e tinha todas as mesmas manias do pai! era Anthony, seu filho!

- Mel, você está bem? – Lupin havia chegado, segurando uma maleta em uma mão e com a outra a tocava no ombro.

- Eu estou bem. – ela respondeu quando percebeu que todos os rostos naquela mesa estavam voltados pra ela. – Bem. Eu só... preciso ir. Será que você pode me acompanhar até a.... a... porta. É. Até a porta, Remo?

- Claro... – ele murmurou, vendo que ela olhava muito fixamente pra Nicolas.

Ela deu passos um pouco trôpegos até a porta, sua mente explodindo em pensamentos contraditórios.

“É ele... é ele... é ele..” Mel repetia isso pra si como um mantra que a ajudava a desacelerar seu coração que batia desesperadamente.

Sentiu-se de volta a realidade quando ouviu o barulho de Remo fechando a porta atrás de si, e a encarando. Mel levou a mão no decote da roupa que vestia e retirou de lá o camafeu e o abriu. Observou a foto do seu filho por um longo tempo e então olhou para o amigo:

- Remo... – ela disse com uma voz rouca de agonia.

- Não, Mel... – ele a encarou sério – eu sei o que você está pensando, eu vi o jeito que você olhou pra esse menino desde a primeira vez...

- Remo, – ela assumiu um ar mais urgente e menos aéreo – você não percebe? Ele tem todas as manias do pai...!

- Mel, não é ele... – ele a segurou pelos ombros - não pode ser o Tony...

- Você viu o jeito que ele me olha?! É como ver o Sirius me olhando! E aquele jeito de piscar, aquela cara de sem vergonha...

- Ele não foi criado perto do Sirius, Mel. Esse menino não pode ter as mesmas manias que ele...

- Então entre lá e olhe Remo! – ela apontou a porta da cozinha, desesperada – Olhe se ele não se parece com o Sirius!

- Mel, o Nicolas foi criado na França... – ele falava pausadamente, como se isso a ajudasse a entender – ele nasceu lá, eu ouvi a Sra. Delacourt falando isso há alguns dias.

- Ela está mentindo! – ela falou quase gritado – É meu filho! Eu sei, porque sinto isso, senti desde a primeira vez que o vi... eu só não tinha percebido ainda porque estava atordoada de mais pra perceber qualquer coisa!

- Mel, por favor, não vamos mexer com isso... – ele, ao contrario dela, falava cada vez mais baixo – olhe, a mãe desse menino é realmente possessiva...

- Mas é meu filho....

- Nós não podemos provar isso, pelo menos não agora...

- Então como você explica a cor dos cabelos dele? Todos da família tem cabelos loiro-prateados e ele tem os cabelos muito negros, como os de Sirius!

- Isso não quer dizer nada... ele é só um garoto que tem as mesmas características físicas que o Tony tinha.– Ele a tirou de perto da porta – Vem, você tem que ir, a Sra. Longbottom deve estar te esperando, você tem que ir ver seu afilhado.

- Mas... é meu filho que está lá dentro... – ela olhava fixamente a porta enquanto Remo a puxava pelas mãos, pra longe dali – é meu filho! Há 17 anos eu não posso abraçá-lo, me deixe entrar lá e abraçá-lo, por favor...

- Eu não posso. – ele a olhou, agora tão desesperado quanto ela se demonstrava – Eu simplesmente não posso! Como você vai entrar aí e dizer a eles que o garoto é seu filho, sem prova alguma? Você vai começar uma briga, porque a mãe dele não vai gostar nem um pouquinho. Por favor Mel, vamos sair daqui. Depois falamos sobre isso. Por favor...


Cedendo aos poucos Mel se deixou arrastar pra longe, mas seu coração ainda mantinha firme a convicção de que aquele era seu filho.
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Mais uma vez obrigada pelos coments, pessoas... e só pra registrar: Mandinhaaaaaaaaaaa! Que milagre vc apareceu!!! Guria que saudade de vc, que saudades do Rô!!!!!!!! Nuss, tô indo mandar um email!! Bjs!

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