Boas Lembranças



"Falling in love again
(Me apaixonando de novo)
And there is nothing I can do
(E não tem nada que eu possa fazer)
Falling in love again
(Me apaixonando de novo)
This time is with you
(E dessa vez é por você)
When I fall in love, is always the same
(Quando eu me apaixono, é sempre a mesma coisa)
I am tired of play this game
(Eu estou cançada desse jogo)
So tell me if you are gona break my heart"
(Então me diga se vai quebrar meu coração)
*Falling in love- Eagle Eyed Cherry

Draco acordou na manhã seguinte, com o sol em seu rosto. A cortina da janela havia ficado aberta. Ele se virou para o lado da parede, o lado que Gina dormia. Ele sorriu com o pensamento de tê-la a seu lado. Abriu os olhos e a encontrou acordada e vestida, o olhando.
_Que foi?- ele perguntou com voz de sono.
_Gosto de te ver dormir.- ela respondeu, então deitou e o abraçou com força.
_Aconteceu alguma coisa?- ele resmungou.
_Precisa acontecer alguma coisa para eu te abraçar?
_Então, é isso que está fazendo? Achei que estava tentando me sufocar.
_Eu só estava pensando quando você mudou para mim... ou pelo menos quando você me surpreendeu pela primeira vez, sendo gentil.
_Quer dizer que fui eu quem foi gentil primeiro?
_Pelo que me lembro, sim. Você começou tudo. - ela sorriu

"Setembro de 1994, Biblioteca de Hogwarts
Gina Weasley estava na ponta dos pés, tentando alcançar um livro de Poções na prateleira alta. Seu exemplar era tão velho e usado, que já perdera algumas folhas, e ela precisaria fazer copias para completa-lo. Ela bufava e ofegava tantando alcançar, mas era muito alto.
_O que está fazendo, Weasley?- a voz de Malfoy a despertou.
_Tentando... alcançar o livro!- ela ofegou, pulando- Ai, quase!
_Você é uma inútil mesmo, Weasley.- ele a empurrou para o lado- Sai da frente.
Ele ficou na ponta do pés, e conseguiu alcançar o volume com muita dificuldade, ofegando também.
_Toma.- falou, pondo o livro na mão dela e indo embora.
Gina continuou parada no lugar, surpresa. Draco Malfoy havia acabado de ajuda-la e só a insultara uma vez! O que estava acontecendo?
_Obrigada...- murmurou."

Roma, atualmente
_E da outra vez que nos encontramos sozinhos, fui eu quem te ajudei.- ela continuou.- Ainda bem, senão ia me odiar por não ter feito.

"Setembro de 1994, Castelo de Hogwarts
Gina andava pelos corredores vazios, já estava atrasada para o café da manhã, e as aulas iriam começar dali a poucos minutos. Foi quando viu alguém no meio do corredor, recolhendo livros do chão. Ao se aproximar percebeu que era Draco Malfoy. Estava virando a esquina para evita-lo, quando se lembrou do dia anterior. Ele a havia ajudado na biblioteca, fora grosseiro, verdade, mas ainda assim ajudara. Respirando fundo, e sabendo que provavelmente se arrependeria mais tarde, se virou caminhando na direção dele.
_Quer ajuda?- perguntou, ao se aproximar.
Ele não respondeu, recolhendo furiosamente os livros, pergaminhos, tinteiros e pena. Ela, impulsiva, se ajoelhou no chão e começou a ajuda-lo, e ele não reclamou.
_O que aconteceu?- ela perguntou, inconfortavel com o silêncio.
_Você veio rir de mim, também?- ele se virou furioso para ela.
_Na verdade, estou te ajudando, caso não saiba, Malfoy.- ela respondeu friamente, e ele voltou sua atenção para a miochila, guardando a última pena e se levantando. Ela se levantou também, e ele continuou.- Deve ter rido até não poder mais ontem, não foi?
_Você quer dizer sobre o que o Moody fez com você? Foi muito cruel da parte dele.- respondeu sincera.- Nem você merecia aquilo.
_Claro que pensa assim!- ele respondeu ironico- Depois de tudo o que fiz com você. Vai me dizer que não se divertiu também?
_Não. Talvez no começo, quando você virou uma doninha. Mas, quando ele começou a te bater no chão, foi horrível.
_Você é a única que pensa assim.- ele resmungou, encarando o chão.
_Se você tentasse ser mais simpático...- ela começou, mas ele a interrompeu gritando.
_Eu não quero ser mais simpático! Não preciso de ninguém!
_Todos precisamos de alguém.
_Eu só preciso de mim mesmo.
_Ótimo.- ela falou furiosa- Então aquilo não te afetou em nada.
_Você veio me ajudar e já ajudou.- ele falou, e virou as costas indo embora.
E ao vê-lo se afastar, Gina percebeu que estava com pena dele. 'Pena de Malfoy? A fome deve ter afetado minha cabeça!'"

Roma, atualmente
_Foram outros sonserinos, mais velhos.- Draco falou amargo.
_O que?
_Aquele dia. Eles me cercaram no corredor e viraram minha mochila, rindo de mim. Você tinha me perguntado.
_O pessoal da sonserina nunca foi mesmo famoso por seu companherismo. - Gina respondeu suavemente, sabia que a lembrança ainda devia atormenta-lo.
_É, acho que não.
_Não vai acontecer de novo.
_Talvez vá, mas não vão ser meninos de 16 anos e uma mochila virada.
_Tem medo dos Comensais?
_Não é medo, é como respeito, porque sei o que eles são capazes de fazer. E como não se tem chance contra ele, estando sozinho.
_Entendo, eu sinto a mesma coisa.
_Você é sempre tão compreensiva?- ele perguntou para ela, sorrindo ironico.
_Sim, e você tem sorte por ter me encontrado.
_Eu te encontrei?
_Você me ajudou e deixou eu te ajudar. Começou tudo.
_Mas, você me aceitou.
_Conseqüencia. Afinal, sou muito compreensiva, não sou?

"Outubro de 1994, Jardins de Hogwarts
_Animada para conhecer os estrangeiros, Weasley?- Draco sussurrou no ouvido de Gina, enquanto esperavam do lado de fora, a delegação de Beauxbatons e Durmstrang. - É uma oportunidade única na vida, para uma pessoa como você.
_Se você diz, Malfoy.- ela sorria, já não se incomodava mais tanto com ele.
_Será que não vai ficar com medo do pessoal de Durmstrang? Eles conhecem um bocado de Artes das Trevas.
_Temos os alunos da Sonserina.- ela sussurrou de volta.- Já estamos acostumados.
E Malfoy teve que se controlar para não sorrir. Ela estava certa."

Roma, atualmente
_Você quer mesmo ficar aqui?- Draco perguntou, cobrindo os olhos com a mão. O sol estava muito forte, e ele estava morrendo de calor, todo suado. Odiava ficar suado! Queria voltar ao hotel e tomar um banho, e ficar em qualquer outro lugar, desde que fosse na sombra.
_Ah, eu sempre quis conhecer o Fórum Romano.- ela sorriu daquele jeito que o fazia concordar com qualquer coisa.
Ele ficou em silêncio, observando as ruínas do que já fora o principal centro comercial de Roma, com lojas, praças e até lugar para reuniões. Não sabia o que ela achava de graça em um lugar tão velho. Não havia nada ali, apenas poucos prédios em pé, pedras, poeira e aquele maldito sol! Mas, se ela queria ver, não havia nada que ele pudesse fazer.
De repente caiu em si e riu. Ele havia se tornado seu pior pesadelo. Apaixonado, comia na mão dela, e pior, na mão de uma Weasley. E sempre fora assim. Lembrava-se de uma coisa que acontecera, antes mesmo deles começarem a namorar. Antes mesmo dele saber que havia algo entre eles que não fosse ódio.

"Outubro de 1994, Castelo de Hogwarts
_Melhor fechar a boca, Malfoy.- ouviu a voz zombeira de Gina, em seu ouvido.
Eles estava parado no meio da escadaria do castelo, vendo as meninas de Beauxbatons passarem. Corando levemente, sem motivo, ele murmurou alguma coisa e foi embora."

Roma, atualmente
Como se ele devesse alguma coisa a ela. Era perfeitamente natural ele ficar olhando as meninas, afinal, elas eram bonitas! Francesas eram realmente muito bonitas. No entanto lá estava ele, no sol no meio do Fórum Romano em ruínas, junto com uma inglesinha ruiva, sardenta e briguenta, chamada Ginevra Weasley. O que teria acontecido com ele? Como teria ela transformado-o daquele jeito? Como ele não tinha percebido que ele estava mudando? Que eles estavam mudando um com o outro?

"Novembro de 1994, Castelo de Hogwarts
_Ei, Weasley!- ele se aproximou dela, no corredor vazio.
_Oi, Malfoy. Cadê aqueles dois armários, que você chama de amigos?
_Por aí.- ele deu de ombros.- Não preciso sempre deles. O que acha do meu distintivo novo?- ele perguntou, apertando o distintivo, que brilhou: Potter Fede. Queria provoca-la, mas ela não parecia chateada.
_Você tem direito a expor sua opinião.- ela deu de ombros.
_Mas,- ele continuou seguindo-a.- quanto tempo você acha que ele dura na primeira tarefa? Dez minutos? Talvez doze?
_Vamos fazer uma aposta?- ela parou no corredor, se virando para ele.- Se o Harry morrer, você ganha. Se ele sobreviver, eu ganho.
_Você não teria como pagar a aposta.- ele respondeu contrariado. Na realidade não achava que o Potter ia morrer, ele só falava aquilo para provoca-la.
_E você tem medo de perder.- ela respondeu sorrindo, e se afastando."

Roma, atualmente
Aquela era Gina. Não fugia de uma briga. Ele a olhou de longe, conversando com um guia. E nem por isso deixava de ser delicada. Ela era respondona, verdade. E nunca cansava de discutir com ele, o que era bom. Significava que ele teria que se esforçar mais em suas respostas, que ele não ia falar qualquer coisa e ela ia sair correndo chorando. Ela não tinha medo dele, nem medo de falar o que pensava. Quem sabe era por isso que fazia tudo o que ela pedia? Sabia que em uma discussão o risco de sair perdendo era grande.

Novembro 1994, Corredor de Hogwarts
Draco vinha caminhando por um corredor, para o almoço, quando viu o chão sumir sob seus pés. O mundo pareceu virar de ponta cabeça, literalmente, e com um baque ele caiu de costas no chão. O ar pareceu sumir de seus pulmões, e ele tentava respirar e xingar ao mesmo tempo. Suas costas doiam imensamente.
Foi quando ouviu alguém se aproximar, rindo de se acabar. Ele levantou a cabeça, e viu que era a Weasley.
_Hahahahaha. Você se machucou, Malfoy?- ela engasgou, chorando de tanto rir.
_Que diabos aconteceu?!
_O Pirraça passou o dia molhando o piso do castelo, você não foi o primeiro...
Mas, no que ele não tinha sido o primeiro, não ficou sabendo. Ao se aproximar dele, ela pisou no chão molhado, e caiu de bumbum no chão, fazendo o chão tremer. E para a surpresa dele, em vez de fixar brava, como ele, ela começou a rir ainda mais. Ele a encarou sério.
_Ora, vamos, Malfoy.- ela disse, tentando parar de rir- Você pode rir, eu não vou contar para ninguém.
_Não teve graça.- ele respondeu, se levantando com cuidado. Mas, quando ela não estava olhando, seus lábios se curvaram em um sorriso, que ele mal conseguiu controlar."

Roma, atualmente.
Ela o fazia rir. Ao pensar isso, ele sorriu, coisa que raramente fazia, especialmente naqueles anos.
_Onde você está, Draco?- a voz dela soou, e ele se sentiu acordar.
_Te esperando. No sol.
_Pobre, Draco.- ela sorriu.- Vamos, ainda temos muito o que ver.
_Que animador.
_Quer ir embora?
_Vamos quando você enjoar desse amontoado de pedras. O que não deve demorar muito.
_Falou como um verdadeiro amante da história.
_Você não faz idéia.- a verdade é que gostava de uma coisa ou outra, mas não a ponto de achar interessante um monte de pedras juntas, que um dia formaram um prédio.
_Então, vamos tornar as coisas mais interessantes para você. O que acha?- ela sorriu, puxando-o para trás de uma coluna.
_O que você vai fazer? Me deixar tirar sua roupa?- ele sorriu, brincando, e a beijou.
_Eu ia ficar ofendida com você.- ela respondeu.- Se a mesma idéia não tivesse passado pela minha cabeça. Mas, acho que não. Vamos fazer de conta que eu sou uma romana, e você um romano.
_Ganhou minha atenção.- ele respondeu ironico.- Estou tão animado que quero passar o resto de minha semana com você aqui.
_Você não pegou o espírito da coisa.- ela sorriu, se afastando vagarosamente dele.- Para você tirar minha roupa, primeiro tem que me achar.
E com isso saiu correndo. Ele ficou parado no mesmo lugar. Será que ela quisera dizer aquilo mesmo, que ele achava que ela quisera dizer? Sacudindo a cabeça e só levando em conta as palavras "pegar" e "tirar", ele saiu correndo atrás dela. Dobrou no canto em que ela virara, atrás de um prédio e seu queixo caiu. O lugar era muito maior do que ele imaginara, cheio de caminhos escuros e escondidos, prédios, praças e pessoas. Era um labirinto gigantesco e encardido, espalhado por todos os lados.
_Ela só pode estar de brincadeira comigo.- ele resmungou, correndo por entre um casal de idosos, em direção a uma fonte. Mas, ela não estava em parte nenhuma, ele não conseguia nem ver os cabelos vermelhos dela. Demorariam anos para se encontrarem! Era bem capaz de encontrar dois fantasmas romanos se procurando desde a festa de inalguração do lugar. Bufou, essa sempre fora Gina. Impulsiva, lembrava-se bem disso.

"Dezembro de 1994, Castelo de Hogwarts
Draco andava por um corredor, quando deparou com Gina, ela parecia furiosa.
_O que aconteceu, Weasley?- ele perguntou, sorrindo de malícia.-Você....
_Malfoy!- ela se virou ainda furiosa, e jogou os livros que carregava no estômago de Draco, que perdeu o ar.- Segura pra mim, por favor! Aquele maldito! O Pirraça me jogou um balde de água na cabeça, gritando que era para apagar o incêndio! Ah, e está tão frio...- ela lamentou, apontando a varinha para si mesma, e secando suas roupas. Então, pegou os livros de volta.- Obrigada, Malfoy.
_É sempre bom ser útil.- ele grunhiu ironico, ainda sem ar."

Ela não devia ter percebido até hoje em como o acertara em cheio. Ele quase não conseguia respirar, como agora. Correndo no sol quente, no meio dos turistas, procurando-a em cada canto. Cada mulher ruiva que ele encontrava, lhe dava alegria, então decepção. Elas não eram a Gina. Nunca parecera haver tantas ruivas no mundo, como agora que ele procurava uma especifica.
Ela virou de volta, se escondendo atrás do pilar, tentando segurar a risada. Ela achava que a estava procurando, e ela na verdade, estava o observando de longe. A idéia de dar a volta no edifício, fora a melhor que ela tivera. Ele acharia que a estava perseguindo, e na verdade ela estaria de olho nele, com o controle da situação. Como sempre esteve... mesmo naqueles últimos anos. Todos consideraram seu enorme esforço em se manter atualisada sobre a movimentação dos Comensais da Morte, como dedicação. Achavam que ela queria acabar com todos os Comensais da Morte, e derrotar Voldemort. E de certa forma ela queria mesmo. Mas, também queria manter os olhos em Draco, saber se ele estava bem, se corria risco, se teria que enfrenta-lo. Ela cuidara dele, sem que ele jamais soubesse. Ela o amava de verdade. "Afinal, pode-se amar várias pessoas de várias maneiras, mas pode-se amar apenas uma pessoa, verdadeiramente, de todas as maneiras". Lembrou-se então de quando fizera realmente algo por ele, pela primeira vez. A lembrança, talvez, mais forte que tinha dele.

"Dezembro de 1994, Baile de Inverno
Gina caminhava sorridente pelo jardim iluminado. Conhecera um garoto da Corvinal, que parecia interessado nela. Miguel Corner. Ele podia não ser Harry Potter, mas já era hora dela superar o que sentia por Harry. Ele jamais gostaria dela, preferia garotas mais velhas e bonitas, como Cho Chang. Não importava o que Hermione dizia de que ela apenas precisava ser ela mesma perto de Harry, porque ela simplesmente não conseguia. O melhor seria ser ela mesma, com outra pessoa.
Suspirou, devia procurar Neville e explicar a nova situação para ele. Ela dissera que viria com ele como par, mas ele não era o melhor par. Nem perto, só pisava no pé dela, quando dançava. E ela queria aproveitar a festa, jamais teria outra chance como aquela. Além do mais, Miguel já devia estar voltando com as bebidas.
Foi quando ela viu alguém se mexendo atrás da árvore, alguém de cabelos loiros. Quando se aproximou, curiosa, viu que se tratava mesmo de Draco Malfoy. E ele estava sozinho.
_O que faz aqui, Malfoy?- ela perguntou, e ele se virou assustado- Onde está seu par?
_Que susto, Weasley. Eu não sei onde ela está, e isso também não é problema seu.
_Não precisa ser grosso. Ei, aquela não é a Pansy Parkinson?
_Onde?- e de repente ele deu um pulo, e se escondeu atrás dela.- Ela já foi?
_Está indo, por que? - Gina riu -Está se escondendo dela?
_Não tem graça! - ele resmungou.
_Mas, por que está se escondendo?
_Eu...- ele engoliu em seco, então a olhou desafiante.- Eu não seu dançar, ok, Weasley?
_Você não sabe?- ela tentou segurar o sorriso.
_Por que, é obrigatório agora?- ele grunhiu.
_Estamos em um Baile.
_Sério? Por que acha que eu estou aqui?
_Você... você quer ajuda? Quer que eu te ensine alguns passos? Por que eu mesma não sei muito.- ela ofereceu, sem pensar muito no que estava fazendo.
_Você vai me ajudar?- ele perguntou, sinceramente intrigado.
_Gina!- ouviram uma voz longe chamando, e quando ela se virou, viu que era Miguel. Ela se escondeu, esperando-o passar por eles.
_Quem era aquele?- Draco perguntou, assim que o outro se afastou.
_Nós... eu e ele, meio que estamos juntos. Entende?- ela perguntou, corando.
_E você o deixou sozinho para me ajudar?- Draco ergueu mais as sombrancelhas.
_Você quer ajuda com esse negócio de dança ou não?- ela praticamente gritou, impaciente, ao ver que ele tinha razão de achar estranho. Ela mesmo estava achando estranho, largar Miguel por Malfoy.
_Tudo bem, então.- ele respondeu se aproximando dela.
Então, foi quando ela percebeu o quanto estavam perto, ele segurando sem jeito a mão dela, nunca haviam se tocado antes, e lá estavam, sua mão na dele, e a outra dele, em sua cintura. "Isso não é nada" ela pensou desesperada, ao darem os primeiros passos da valsa, desajeitados, "Eu estou só fazendo minha boa ação do dia, não significa nada.". Mas, ela estava se sentindo muito corada, e não podia nem levantar o rosto para olha-lo nos olhos, o silêncio, porém, era o mais constrangedor.
_Pelo menos você é melhor que o Neville.- ela comentou, desesperada por algum som.
_Quem? O Longbotton? Alguma dúvida?
Ela apenas revirou os olhos. E eles continuaram a dançar, quase a música inteira.
_Pronto, agora eu acho que você se vira sozinho.- e virou de costas, para ir embora.
_Weasley.- ele chamou baixinho, e ela se virou curiosa.- Obrigado.- ele disse em um sussurro quase impossível de ouvir.
_Não foi nada.-ela respondeu, sem deixar de sorrir, e foi embora. "

Roma, atualmente
Não que ela não ficasse brava com ele, ela ficava também. E decepcionada de vez em quando. Como quando a reportagem sobre Hagrid saíra no jornal. Ela já ouvira falar muito no professor de Trato de Animais Mágicos, seu irmão estava sempre falando dele. Ela mesmo o conhecia um pouco, e não havia nada de monstruoso nele, ao contrário, Hagrid era uma das pessoas mais doces que ela já conhecera. Por isso, ficara furiosa com Draco, quando a reportagem de Rita Skeeter havia saído.

Janeiro de 1995, Três Vassouras;
Gina pegava as garrafas de cerveja amantegada, para ela e Miguel. Fazia muito frio, e aquela bebida era ótima para se esquentar. Era uma sorte já estar no terceiro ano. Foi quando Malfoy parou ao seu lado no balcão, e sussurrou disfarçadamente:
_Olá, Weasley.
_Como você é cínico, não é Malfoy?- ela sussurrou furiosa com ele.
_O que quer dizer?
_Não está claro? O que você fez com o Hagrid! Mordido por um verme? Esperava um pouco mais de você. E pensar que eu estava começando a te achar tolerável! - e saiu com as bebidas, furiosa."

Roma, atualmente
Eles estavam naquele jogo a mais de dez minutos, e Gina tinha que confessar que estava ficando cançada. O sol estava muito quente, mesmo naquela parte afastada, na sombra. E embora ainda houvesse muito o que ver, tinha que confessar que tudo era muito igual. O melhor seria assustar Draco por trás, assim eles acabariam o jogo, e ela teria vencido. E não teria que tirar a roupa, embora nunca tivesse tido a intenção de fazê-lo, era só para fazer Draco se esforçar mais na procura.
Espiou uma esquina, pronta para se aproximar sorrateira, quando seu coração quase parou. Onde estava ele? Ele estava lá a apenas um minuto! "Será que aconteceu alguma coisa?" começou a pensar rápido, desesperada "Comensais talvez? Não, acalme-se, Gina. Esse lugar é grande, ele deve ter se perdido, só isso. E como é que vou acha-lo? Brincadeira estúpida!"
Foi quando sentiu duas mãos fortes em seu ombro, e foi virada com força. Com um rápido movimento, já estava com a varinha apontada para a pessoa, quando reconheceu aquele rosto, e aquele sorrisso irônico.
_Buu.- ele falou, ainda sorrindo charmoso.- Achou que tinha me enganado.
_Eu me distraí.- ela justificou, guardando a varinha no bolso.
_E eu te peguei. Pode começar.
_O que?- perguntou inocentemente, embora soubesse do que ele falava.
_O nosso trato. Eu cumpri minha parte, sua vez de cumprir a sua.
_Aqui?!- ela perguntou, tentando pensar em um bom argumento.
_A idéia não foi minha.- ele respondeu, e ela não teve o que falar, ele estava certo.
Respirou fundo, e olhou em volta, para se certificar que estavam mesmo em um lugar isolado. Então olhou Draco, que se encostara na parede, os braços cruzados, ainda rindo, muito charmoso.
_E então?- ele perguntou.
_Já vou. Você não quer ter um monte de turistas tirando fotos minhas, sem roupa. Não quando surtou por causa de um guia, que olhava meu decote.
_Foi por isso mesmo que eu te trouxe para um lugar isolado.
Ela parou de tirar a blusa e o encarou:
_Você sabia que estava sendo seguido? Como?
_Já ouviu de algo chamado sombra?- ele continuou sorrindo.
A expressão dela caiu. Como fora burra! Estava acostumada a perseguir Comensais, no que era muito boa, de noite. Não em meio a ruínas romanas no sol de verão. Suspirou de novo, vendo-o encara-la divertido, e tirou a blusa. Então virou de costas, e começou a tirar o sutiã. Se ele esperasse alguma dancinha para acompanhar, iria esperar sentado. Ela não ia rebolar nem nada, acabaria com aquilo logo de uma vez, e iriam embora. Tomar um banho ou algo gelado, de preferência.
_Alto!- uma voz gritou.-Soggiorno voi dove.
Gina, mais rápida do que nunca, vestiu de volta o sutiã e a blusa. Se virou e viu um guarda trouxa, descendo das ruínas mais próximas em direção aos dois.
_Tu sono arrestare!
_Draco, o que ele está dizendo?
_Não tenho muita certeza, mas parece que estamos presos.
_Presos?
_Aparentemente.
_Não podemos ser presos!
_Alguma outra idéia?
_Na verdade, tenho sim.- e segurando na mão dele, desaparatou.
Draco sentiu a estranha sensação de desaparatar, por todo o seu corpo. O que o deixava um pouco enjoado. A mão de Gina segurarava firmemente a sua, ela parecia se divertir aparatando. Sorte ter posto um feitiço anti-localização antes de vir a Roma, senão estavam perdidos por causa do Ministério.
Ele agüentou de pé a pancada do contato com o chão, assim como Gina. Estavam na entrada das ruínas, longe de onde haviam sido descobertos. Quando ele se virou para ela, viu-a caída no chão de tanto rir. Ela segurava a barriga histérica, e ele teve que se segurar para não rir também, ao vê-la naquela situação.
_Hahahahaha, Draco você não devia ter feito isso.- ela tentou falar, sem conseguir parar de rir.
_Mas, foi idéia sua! Você não devia ter nos aparatado, trouxas supostamente não deviam saber sobre magia.- ele reclamou, embora pouco lhe importasse o trouxa.
_Mas, você viu a cara daquele policial? Parecia que ele ia nos matar!- ela continuou rindo.
_Ele tinha uma certa razão, sabe?
_Ele estava com ciúmes.
_Por minha causa, ou por sua causa?
_Por nossa causa.- ela respirou, mais controlada, ainda rindo. Ela se levantou, pegando-o pela mão - Vamos.
_Nós não vamos acabar aquilo?- ele se aproximou mais dela.
_Aparentemente não, eu queria que fosse em outro lugar. A idéia de ser ali, foi inteiramente sua, já foi sua chance.
Draco olhava para Gina no sol, vendo a luz refletir em seu cabelo vermelho, fazendo-a ficar mais bonita, rindo daquele jeito. Ela sempre tinha resposta para tudo, sempre o surpreendia, parecendo ler seus pensamentos. Ela era assim, e sempre fora assim.

"Fevereiro de 1995, Castelo de Hogwarts
Draco entrou na fila do jantar, o salão Principal, a cada ano, parecia mais cheio. Foi quando viu cabelos ruivos cumpridos e furou a fila, se aproximando ao vê-la sozinha.
_Ainda brava comigo?-ele sussurrou, para ninguém saber que estavam conversando.
_Quando foi que não estive?- ela respondeu de mau-humor, sussurrando também.
_Quando estava me achando tolerável.- respondeu, lembrando-se da conversa que tivera com ela. Gina não o olhava desde aquele dia.
_O que você quer, hein Malfoy?- ela perguntou de forma mais calma.
_Nada.- ele deu de ombros.
_Então, o que veio fazer até aqui, para falar comigo?
Ele não soube o que responder, e por sorte, a fila começara a andar."

Roma, atualmente
Estava chuvendo quando eles deceram do táxi, próximos ao hotel, coisa raríssima, de acontecer no verão italiano. Eles se abrigaram embaixo da lona de uma loja de roupas femininas, esperando a chuva passar. Ainda tinham esperanças de fazer algo mais naquela tarde, e por isso não queriam ir para o hotel.
_Droga de chuva!- ela deixou escapar, e olhou para ele, rindo.- Você parece um pintinho amarelo, molhado.
_E você parece a tentativa frustrada de apagar um incêndio.
_Engraçadinho. Para onde vamos agora?
Ele apenas deu de ombros, ela suspirou. Também não sabia onde poderiam ir.
_Fale a verdade.Você quase desistiu de me procurar lá no Fórum Romano, não foi?- ela provocou sorrindo, mas ele ficou sério.- Que foi?
_Você desistiria de mim, Gina?- ele perguntou de repente.
_O que? Lá no Forum? Talvez, se eu ficasse com muita fome.- ela brincou, mas ele continuou sério.
_Não, de verdade. Você desistiria de mim? Por eu não poder mais mudar?
_Você desistiria de mim, Draco?- ela perguntou igualmente séria.
_Não, mas o que isso tem a ver?
_Então, por que eu desistiria de você?
_Por causa disso.- ele respondeu, erguendo a manga do braço esquerdo.- Está ficando mais forte. Já é tarde demais.
Gina estremeceu ao ver a Marca Negra no braço dele, a olhando ameaçadora, culpada por toda a tragédia que acontecia. Ela então desviou os olhos da tatuagem, a cobrindo com a mão, e olhou fundo nos olhos de Draco.
_Não para mim. Isso é só uma marca, que pode virar a lembrança de alguma coisa ruim, não é o fim.
E ele a beijou, um beijo sofrido, por saber que eles não tinham esperanças de continuar juntos, mesmo sem desistir um do outro.
_Scusare.
Eles se afastaram, e se viraram para a voz, que surgira do nada. Havia um italiano baixinho e moreno, estendendo um panfleto para eles. Draco pegou o papel a contra gosto, parecia aborrecido por ter sido interrompido.
_Spettacolo questo notturno. Negli teatro. Sette lezione. Apparire.- o italiano continuou, apontando o outro lado da rua, e foi embora sorridente, distribuindo mais panfletos.
_Grazie.- Gina murmurou.- Pelo menos aprendi isso com você. Mas, não entendi nada do que ele disse.
_Um espetáculo hoje à noite, às sete horas. Ali, - apontou o outro lado da rua.- naquele teatro precário.
_Vamos? Não tinhamos muito o que fazer mesmo.
_Eu estava com esperança que terminássemos o que começamos hoje, no Fórum.-ele sorriu.
_Podemos fazer depois. O teatro começa às sete, e deve acabar rápido.-ela insistiu.
_E qual o nome dessa coisa?- Draco grunhiu, examinando o papel. Ele soltou um muxoxo.- E nem é em italiano. É uma peça escrita na época do latim, e traduzida para o alemão. Eu nem sei falar alemã direito! Imagine entender com um monte de italianos caipiras pronunciando.
_Carmina Burana.- ela puxou o papel.- Já ouvi falar. É uma ópera.
_Você quer mesmo assistir?
_A gente tenta. O ingreço é barato, se for muito ruim, vamos embora fazer outra coisa.
_Tá certo. -ele olhou o relógio.- Dá tempo de comer alguma coisa antes, vem. Estou faminto.
_Quando é que você não está?-ela revirou os olhos.
Entraram na primeira cafeteria que encontraram, comeram tortas e biscoitos com chá, conversando sobre Roma, e do quanto gostavam dali. E com isso, queriam dizer o quanto estavam felizes por estarem juntos. Depois andaram calmamente para o teatro, havia parado de chover havia muito tempo. Parecia que a chuva só havia começado para pararem e receberem o panfleto. Draco pagou as entradas e eles entraram na porta apertada, cheia de gente.
Gina abriu a boca ao entrar, assim como Draco. Era o teatro mais diferente que já haviam visto. Da porta já se entrava nele, e era enorme, não de largura, mas de altura.! Um teto de abóbada que chegava até o quinto andar de um prédio, com balcões todo entalhados e decorados, assim como o teto e as paredes. O chão tinha tapetes de veludo vermelho e um gigantesco lustre dourado, de ferro retorcido, iluminava o lugar com velas. Por isso, o ambiente era escuro e abafado, dava a estranha ensação que estavam em um lugar secreto, esquecido pelo tempo, desde 1700.
_Ele dá mais do que oferece.- Draco assobiou. Então foi empurrado, e percebeu que estavam no meio do caminho apertado.-Vem, o nosso lugar é lá em cima, segundo andar no balcão à direita.
Ele segurou a mão dela, para não se perderam, e juntos subiram as escadas, encontrando seus lugares com algum esforço. Se sentaram quietos, observando tudo. Haviam pessoas de todos os tipos ali, mas a maioria parecia familiarizada com o local. Poucos eram os que apontavam tudo, impressionados, e o número de turistas parecia menor ainda.
_Muito bonito aqui.- Gina comentou.
_Esquisito, isso sim.- Draco murmurou, olhando em volta desconfiado.
_Relaxa.- ela sussurou, deitando no ombro dele, e enrolando o dedo indicador no cabelo dele. Aquilo deu uma certa sensação de segurança a Draco, que relaxou na cadeira, e parou de reclamar.
A peça começou, cinco minutos depois da hora marcada. O teatro caiu em um silêncio absoluto, e quando as cortinas abriram, Draco e Gina perceberam que o lustre iluminava diretamente o palco, mas não o público. O homenzinho que lhes entregara o panfleto apareceu, e com pose de profissional, sob o aplauso do público, começou a falar:
_Signoras e signores...
_O que ele está falando?- sussurrou Gina.
_O de sempre "senhoras e senhores...", agradecendo a presença de todos.- ele se calou para escutar mais um pouco, e voltou a traduzir para Gina.- Parece que era uma peça escrita por monges e eruditos em latim, na época medieval. É uma parábola da vida humana, exposta a constantes mudanças.
_Vai dizer isso para nós.
_A obra tem três partes. O encontro do homem com a naturza, com os dons da natureza e com o Amor.
_É mesmo uma ópera?
_É. Pena, não gosto muito de óperas, são maçantes.
_Nunca assisti uma, em um teatro de verdade.
_Vamos descobrir se você gosta, agora. Já vai começar.
E mal ele falou isso, ouve um barulho forte, e uma música alta e ritmada, que parecia bater junto com seu coração. Gina se viu segurando com força o braço de Draco. Haviam vozes, e parecia que o chão do palco se movia, como água. Foi quando percebeu que eram pessoas, todas deitadas no chão, juntas, fundidas em uma, mexendo apenas seus braços e pernas, se levantando lentamente. Todas vestidas iguais, com panos rasgados amarrados no corpo e maquiagem forte e verde, todas tão parecidas, que não dava para saber quem era homem ou mulher. A música ficou mais devagar, como um se sussurrassem em segredo. Draco se mexeu ao seu lado, então se aproximou:
_Eles estão cantando "Ó Fortuna variável como a lua, como podes, de forma tão implacável destruir minhas virtudes e fazer a todos chorar? Choro as feridas causadas pela fortuna Porque ontem no topo da roda estava. E hoje, caído do cume vejo outro em meu lugar."
De repente, todos se abaixaram, e um monstro pareceu rugindo, era feito do mesmo material das roupas, e era duas vezes o tamanho de uma pessoa, seu efeito era mesmo assustador. Havia então, uma acrobata no teto, descendo pelo véu, se torcendo e virando de ponta cabeça, e por fim, montando no monstro. Mesmo que mais tarde quisesse se lembrar de tudo o que vira, Gina não conseguiria. A peça era cheia de detalhes, mas ela lembrava-se bem dos bailarinos. Uma mulher e um homem, que se amavam, no meio daquela loucura, assim como ela e Draco.
_A letra da música é bem interessante.- ele sorriu.
_Achei que você não entenderia alemão, especialmente vindo de um bando de caipiras italianos. -Gina provocou.
_Meu alemão é melhor do que eu esperava.- ele respondeu.- A letra diz "Mercador, dá-me o rouge para colorir minhas faces e conquistar meu amado, fazei amor, moços e moças. Olhai-me, jovem companheiro e deixa-me amar-te." Para um monte de monges eruditos, eles tinham bastante experiência.
_Então, você está gostando da peça?
_Algumas partes.
As danças e a música continuaram, sempre dando novas sensações a Gina. Ela nada entendia do que falavam, mas mesmo assim gostava. Era um espetáculo maravilhoso, que ela estava muito feliz de ter a oportunidade de assitir, especialmente ao lado de Draco. Olhou-o sorridente, ele estava prestando bastante atenção, o que significava que ele estava gostando. Ela tivera medo que ele ficasse entediado. Quando voltou os olhos ao palco, quase soltou um grito. O monstro atacava a bailarina, que delicada, tentava escapar apavorada. Ela não podia morrer! Com uma patada, o monstro a derrubou no chão, foi quando seu amado apareceu, lutando bravamente contra o monstro, derrotando-o. O bailarino agaixou-se então, pegando a amada no colo, caída delicada e mole em seus braços.
_O que eles estão dizendo, Draco?- ela perguntou desesperada.
_Hã, - ele pareceu despertar- "Dia, noite e tudo não me contentam as vozes das virgens me fazem chorar. Grande é a minha dor."... "Consolem-me amigos, tua amorosa face me leva ao pranto"... e... "Morro por dentro mas revivo com um beijo teu." É isso.
_Ele a protege, assim como você me protege.- Gina deixou escapar.
_O quê?
_Você também, sempre me protegeu. Não lembra-se?

"Março de 1995, Castelo de Hogwarts
_Weasley! Cuidado!
Gina ouviu alguém gritar, em um corredor vazio, e a próxima coisa que viu, foi que estava no chão, Malfoy ao seu lado.
_O que pensa que está fazendo?- ela perguntou confusa, se levantando.
_O Pirraça! Ele ia derrubar aquele busto feio do Eurico, o esquisitão, na sua cabeça, se você não percebeu!- ele respondeu, parecendo furioso.
_Você me salvou, Malfoy! Obrigada!- ela exclamou, o abraçando.
_Ei, não precisa me matar sem ar.- ele reclamou.
_Muito obrigada mesmo!- ela o soltou, recolhendo os livros do chão.- Você é bem mais que tolerável, Malfoy.
_Foi só um impulso!- ele tentou justificar.
_Mesmo assim. Eu tenho que ir, estou muito atrasada para encontrar o Miguel. Obrigada mesmo, por salvar minha vida."

Roma, atualemente
_Não lembrava disso.- ele confessou.- Foi muito no impulso, não reparei no que estava fazendo.
_Vou continuar ignorando esse fato.- ela sussurrou.- Talvez inconscientemente você quissesse salvar minha vida.
_Talvez.- ele respondeu, beijando-a na testa. Suspirou, sorte sua tê-la salvo naquele dia, e ajudado em outros.
Os bailarinos estavam novamente em cena, mulheres e garotas suspiravam a toda volta. Draco teve que conter um sorriso, se elas não entendiam a letra "Em dúvida estou Entre duas forças Entre o amor e o pudor", elas ao menos deviam perceber que os dois estavam se esfregando no palco. Mesmo assim a cena não deixava de ser bonita. "Docemente a ti me entrego", a música falou, e ele entendeu. Ele havia se entregado a Gina, porque abrira mão de tudo o que acreditara a vida toda, por ela. O espetáculo então terminou com a música de início, as pessoas novamente formando um mar de braços e pernas no chão.
O teatro explodiu em apluasos, e as cortinas mal haviam se movido. Draco se viu de pé com Gina, aplaudindo e assobiando, flores eram jogadas no placo, enquanto os atores se curvavam e agradeciam. A felicidade era geral, todos haviam apreciado enormemente o espetáculo.
_Eu nunca consegui fazer isso!- ela riu, gritando para poder ser ouvida por cima dos aplausos.
_Isso o que?- ele gritou de volta, suas mãos doendo de tanto aplaudir.
_Assobiar, com os dois dedos na boca.
_Você precisa que eu te ensine tudo, Weasley?- ele riu, lembrando-se de algo que acontecera a muito tempo.

"Maio de 1995, Biblioteca de Hogwarts
_Olá, Weasley.- Draco cumprimentou, aproximando-se de Gina. Ela estava sentada no fundo da Biblioteca vazia e escura, estudando pelo que parecia horas.
_Oi, Malfoy.- ela repondeu distraída, continuando a leitura, parecia até abtuada com a presença dele.
_Fazendo o que? Estudando? Como se isso fosse mudar sua vidinha medíocre.
_A gente faz o possível, não é?- ela respondeu sem parecer se importar com o que ele dissera.- Além do mais, a única coisa que quero mudar é minha nota de Feitiços.
_É mesmo?- Draco olhou em volta, para se certificar que estavam realmente sozinhos, e que ninguém poderia ouvi-los.- O que você não entendeu?
_Como eu faço feitiços de troca?- ela desviou o olhar do livro pela primeira vez, e olhou Draco.
_Weasley, como você chegou ao terceiro ano? Nem isso você sabe! Vem aqui, eu te explico.
Gina se aproximou mais, e ele começou a explicar, usando sua própria varinha. Para quem os olhasse de longe, pareciam grandes amigos."

Roma, atualmente
Eles saíram do teatro, de braços dados e sorrindo. Havia sido uma boa peça, mesmo na opinião de Draco. Como não tinham para onde ir, saíram caminhando pela cidade, vendo as lojas iluminadas, observando as pessoas que passavam em volta.
_Eu adoro o teatro.- Gina falou de repente.- Pena que não tive muitas oportunidades para assisti-lo. - acrescentou corando levemente. Draco ignorou o fato que ela não tinha dinheiro, aquilo não importava mais.
_Não perdeu muita coisa.- ele respondeu para alegra-la, sem faltar muito com a verdade- Esse é um dos poucos espetáculos que eu já assisti, e que valeram à pena. Gosto muito mais de partidas de Quadribol.
_Estavamos lá, na Copa Mundial de Quadribol, anos atrás. Lembra-se?
_Como poderia me esquecer? - "Você estava lá.", pensou mas não falou nada.- Foi um bom jogo.
_O melhor que já assisti.- ela concordou.- Incluindo o das Harpias de Holyhead, contra os Tornados.
_Você gosta das Harpias?
_É um time bem feminino. - ela sorriu, e estava sendo modesta. O time, desde sua fundação, era formado apenas por mulheres, daí sua popularidade por entre grupos bruxos masculinos também.- E você, torce para quem?
_A União de Puddlemere. Definitivamente.
_Já sei o que te dar de aniversário então.
_Uma camiseta do time?
_Não, lenços de papel, para quando você chorar. Eles não ganham a liga à quase dez anos.
_Muito engraçado, só porque o seu time ganhou a Liga ano retrazado.
Mas, ela mal ouviu. Uma lembrança muito forte viera a sua cabeça, e ela sorriu. Aniversário...

"Junho de 1995, Castelo de Hogwarts
Gina andava por uma ensolarada Hogwarts, infelizmente a caminho da Biblioteca. As provas não a deixavam em paz, e era realmente uma sorte Malfoy tê-la ajudado aquelas vezes. Sem ele, talvez não fosse capaz de alcançar uma nota em Feitiços, alta o suficiente para agradar sua mãe. Foi quando ouviu os guincho de Pansy Parkinso, no corredor logo a frente.
_Oh, Draquinho, seu aniversário! Você é tão mais velho...
_Seu aniversário é mês que vem.- ele suspirou, parecendo cançado.
_Oh, não pense no meu aniversário.- ela continuou, como se ele não a tivesse ofendido.- Preocupe-se com o seu, que é hoje. E com o presente que vai estar te aguardando no Salão Comunal quando chegar lá. Vai adorar minha surpresa.
_Mal posso esperar.- ele respondeu desanimado.- Se me der licença, vou ao banheiro.
Gina ouviu uma porta se fechar, e depois virou o corredor. Pansy esperava do lado de fora, mas ao ver Gina soltou um muxoxo, virou as costas e foi embora, com o nariz empinado. Gina tentou segurar a risada, e quando achou que ela estava longe o bastante bateu na porta.
_Ela já foi.- falou.
Momentos depois Malfoy saia do banheiro, parecendo aliviado.
_Graças, eu já não agüentava mais.- então olhou para Gina desconfiado.- O que faz aqui?
_Estava indo para a Biblioteca, mas ouvi vocês dois, sem querer. Estava engraçado.
_Que bom que minha vida é uma piada para você.- ele retrucou contrariado.
_Então, ela disse a verdade? É seu aniversário mesmo?
_Ah, aparentemente. É sim.
_Feliz Aniversário, então!- ela sorriu, e o abraçou com força.
_Obri.. obrigado.- ele gaguejou, parecendo surpreso e indesiso, se devia abraça-la de volta, ou não. Mas, ela o largou antes.
_Tenha um dia maravilhoso então.
_Ok.
_E boa sorte com suas provas.- ela continuou, sem conseguir calar a boca.- Espero que você consiga estudar transfiguração, você disse que estava com um pouco de dificuldade.
_É, estudei ontem. Tô melhor agora.
_Boa sorte, então.- ela repetiu sorrindo.- Tchau.
E sem esperar resposta ela virou de costas e saiu, virando o corredor. Então, correu até o banheiro feminino mais próximo, onde se trancou. O seu coração estava disparado, mas não pela corrida. Ela tinha realmente o abraçado? Malfoy? Um sonserino?
_Oh, meu... - ela quase chorou.- Eu gosto dele!
Ser atropelada pelo trem de Hogwarts deveria ser mais confortável. Ela realmente gostava dele. Seu estômago estava gelado, suas mãos trêmulas, e foi com vergonha que percebeu que falara como ele como se fosse uma idiota. Mas, é que ele era tão legal com ela, a ajudando nos deveres e tudo.
_Oh, não! Isso está errado! Está tão errado! -ela falou, escondendo o rosto nas mãos.
Ela não podia gostar dele! Nem perto disso! Ela devia odia-lo! Mas, como ela poderia? Ele não fizera nada de mal para ela, fazia um bom tempo. Na verdade, salvara-a do Pirraça. Ele era tão... legal.
E Harry? Bem, ela achava que ainda o amava. Mas, Draco... Oh, meu! Ela o chamara de Draco? E pensava seriamente na possibilidade de ama-lo? O que estava acontecendo com ela?"

Roma, atualmente
Fora quando ela percebera o que sentia por ele. Não podia dizer desde quando gostava dele, mas apartir daquele dia, tinha a ceteza de que gostava. E isso mudara sua vida, definitivamente. Ela havia percebido que só gostava dele, porque ele era alguém muito diferente do que todos pensavam.
_Olhe onde viemos parar. - a voz dele interromepeu seus pensamentos. Gina ergueu os olhos e sua respiração quase parou.
Estavam em frente a uma pequena praça, rodeada de prédios, e no centro havia uma enorme fonte, onde haviam cavalos, homens e anjos esculpidos. Era enorme!
_Piazza Novana.- Draco murmurou- Eu não gosto daqui. Parecem pessoas em desespero.
_É.- Gina concordou, observando a fonte. Algumas esculturas até pareciam gritar, como o cavalo. E incosncientemente o abraçou, outra lembrança vindo a sua mente.

"Junho de 1995, Campo de Quadribol
Tudo estava uma bagunça. As pessoas corriam de um lado para o outro, falavam, gritavam ou apenas choravam. Cedrico Diggory estava morto. E Harry parecia abalado e ferido. ela pensou em correr atrás dele e de Moddy, que se distanciavam em direção ao Castelos. Ela pensava em oferecer a Harry um ombro amigo, algum consolo, mas parara na metade do caminho. Era melhor não se intrometer.
_Preocupada com o Potter?- a voz de Malfoy chegou até ela, que estremeceu. No meio da confusão e no escuro, era difícil enxerga-lo, mas ela reconhecera sua voz.
_O que será que aconteceu?- ela perguntou.
_Eu não sei.- Draco falou sombrio- Só seu que o que quer que tenha sido, o Potter teve sorte.
_Sorte?
_Ele pode contar o que aconteceu, diferentemente de Diggory.
_Pobre Cedrico, esse tipo de coisa não era para acontecer num Torneio Tribruxo.
_Você... você está preocupada com o Potter?- Draco repetiu. Ela teria notado um pouco de ciúmes?
_Claro que sim.- ela respondeu confusa.
_Então, é melhor te deixar sozinha, para você ir atrás dele.- Draco falou baixo, se afastando.
_Malfoy, espere...- ela murmurrou, mas ele não ouviu. Gina suspirou, ela queria que ele tivesse ficado."

Roma, atualmente
Eles foram para o hotel, para tomar um banho, estavam suados desde manhã. Gina estava deitada na cama, tomara banho já estava de pijamas, assitindo a TV trouxa, enquanto Draco estava no banho. Ela podia ouvi-lo lavando a cabeça, e sorriu suspirando. Iria sentir falata daquele barulho. Os dias deles estavam acabando, só mais três dias, e não se veriam nunca mais. Tentando segurar as lágrimas, e olhando a foto deles que mantinha em sua escrivaninha, ela mudou de canal e começou a assistir um filme.
_O que está fazendo?- Draco saiu, secando o cabelo, a outra toalha enrolada na cintura. Gina podia ver a boa forma física dele.
_Um filme bem interessante. "Orgulho e Preconceito". Parece um pouco com a gente, eles se odiavam no começo.
_Hum, é uma daquelas histórias melosas e chatas?
_Não teve nenhum beijo até agora, se você quer saber.
_Hum...- ele fez de novo, e Gina jurava poder ter ouvido ele murmurar "aparelho inútil".
_Você não gosta muito de aparelhos trouxas, não é?- ela sorriu.- Mas, essa história é legal. Já te disse que me lembra de nós. Nosso primeiro beijo também demorou.
_Depende.- ele sorriu, vestindo o pijama, os cabelos molhados caindo um pouco sobre seus olhos.- Para mim que não estava esperando, ele foi muito rápido.

"Junho de 1995, Estação de Hogsmeade
Draco andava por entre os outros alunos, procurando por Crabbe e Goyle. Ele não conseguia imaginar como dois armários como eles conseguiam desaparecer. Armários... Um leve sorriso passou pelos seus lábios, Weasley costumava chama-los assim. Parou de sorrir imediatamente. Por que pensava nela?
Nesse momento sentiu alguém puxa-lo com firmeza, para dentro do vagão de cargas, e surpreso viu que era ela.
_Oi, sardenta.- ele falou, as costas contra a parede, ela o encarando de frente parecendo nervosa.
_Malfoy, o que eu vou fazer talvez seja a coisa mais estúpida, que já fiz na vida.-ela falou séria.
_Então, não faça.- ele retrucou nervoso, querendo sair dali. Seu coração batendo acelerado, mas ela não saia de seu caminho.
_Mas, é fim de ano, antes das férias de verão. E você-sabe-quem está de volta, talvez eu nunca mais tenha uma chance. E irei me arrepender senão fizer.
_Por que?
_Porque é o melhor para nós dois.
_O que você quer dizer...?- ele tentou argumentar, mas ela o interrompeu.
_Eu nunca tive medo de você, Malfoy. Se no começo eu sentia algo, além de ódio, era pena. Pobre garoto rico, sem qualquer coração ou sentimento. E eu senti isso até eu descobrir, esse ano, que você tem um coração. E que ele está cheio de bons sentimentos, mesmo que você tente ao máximo esconde-los.
_O que você quer me dizer, com todo esse discurso?- ele perguntou, tentando trazer algum controle ou sentido para a conversa.
_Que agora eu sinto orgulho de você. Você é mais que um estúpido Sonserino. Você passou por cima de todos esses anos de raiva e orgulhp que seus pais te ensinaram a sentir. Você ainda é orgulhoso e estúpido, às vezes, claro. Na maioria do tempo com outras pessoas. Mas, você provou, para mim, que é algo mais. Você é mais forte que eles, eles não puderam acabar com todos os bons sentimentos, que haviam em você.
_Eu não tenho bons sentimentos! - ele gritou desesperado.- Eu não sou bom!
_Sim, você é. Você me ajudou várias vezes esse ano, sem esperar nada em troca.
_Todo mundo comete erros. E você me ajudou também.- ele a acusou.
_Sim, e eu agradeço por eles, porque assim eu pude te conhecer realmente.
_O que você está dizendo?- ele tentou voltar o ar zombeiro, sem conseguir.- Que você gosta de mim?
_Minha avó sempre dizia que para entender o coração dos outros, precismos ter um corção. Você entendeu o meu, o que significa mais uma vez, que você tem um também. Sim, Malfoy, eu gosto de você.
Ele queria dar um passo para o lado, e fugir, mas ao mesmo tempo algo o impedia. Era como se quissesse ficar! Paralisado de surpresa, ele viu-a se levantar nas pontas dos pés, se aproximando lentamente. Ela o olhou nos olhos, como se pudesse ver e entender tudo o que se passava dentro dele. E ele apenas ficou ali, paralizado, até sentir os lábios dela contra os seus.
Um tremor involuntário tomou conta de seu corpo, seus olhos ainda abertos. Mas, ao senti-la apertando os lábios suaves contra os seus, fechou-os também, sua mão correndo para o pescoço dela, para puxa-la para mais perto. Ele se sentiu estranho, mais leve. Seu peito parecia cheio de uma grand eeuforia, de felicidade. E ele não podia pensar em mais nada, nem que aquilo era uma enorme burrice que só lhe traria problemas. Tudo que existia era aquele beijos, os lábios dela, os cablos incrivelmente vermelhos. Cabelois de Weasley. E isso o despertou, ele segurou-a pelos ombros a afastando.
_Por que fez isso?- ele perguntou furioso, e sem esperar resposta, virou de costas e foi embora."

Roma, atualmente
_Você me assustou aquele dia, Gina.
_Por que?
_Ninguém nunca tinha me dito nada como aquilo, especialmente tudo de uma vez. Nunca ninguém realmente tinha me entendido. Como você disse, ninguém sabia que eu podia sentir algo além de ódio e orgulho. Nem mesmo eu. Você foi a única. Foi então que entendi que aquilo tudo, que você disse, podia ser verdade.
_Se te consola, também fiquei confusa. - ela respondeu.- Eu me senti tão... aquecida por dentro. Seu beijo era diferente de qualquer outro que eu já provara. Tão... macio. Sei lá. Então, você saiu correndo e tudo que eu podia pensar é que a culpa era minha.
_Foi sua culpa.- ele sorriu, puxando-a para um beijo.
Ela tentou empurra-lo, para continuar falando, mas não resistiu. Abriu os braços, puxando-o para mais perto. Depois de tanto tempo, e de tantos beijos, ele conseguia continuar tendo o mesmo efeito sobre ela, aquela sensação maravilhosa que sentia. Era muito sortuta por isso, mesmo.

How ca you see into my eyes
(Como você pode ver dentro dos meus olhos)
Like open doors
(Como portas abertas)
Leading you down into my core
(Te levando para dentro de mim)
Where I´ve became so dumb?
(Onde eu fiquei entorpecido)]
Without a soul
(Sem uma alma)
My spirit sleeping somewhere cold
(Meu espírito dorme em um lugar frio)
Until you find it there and lead it back home
(Até que você o encontre e o leve para casa)
Wake me up inside
(Acorde-me por dentro)
Call my name and save me from the dark
(Chame meu nome e salve da escuridão)
Bid my blood to run
(Obrigue meu sangue a fluir)
Before I come undone
(Antes que eu desfaça)
Save me from the nothing I´ve become
(salve-me do nada que me tornei)* Bring me to Life - Evanescence

NA/ ok, demorei mais do que esperava, e tb saiu mto maior. Espero que estejam gostando, mesmo que não tenha recebido nenhum cometário. Não vou desistir, porém! O próximo capítulo vai demorar, o que vai dar tempo a vocês para ler tudo isso. Espero que estejam gostando, e desculpe os erros. Nunca fui a Roma e nunca tive uma aula de italiano, tudo que tenho nesse sentido de Itália, é um bisavô que nunca conheci. Beijos, e comentem, Mary

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