O Sonho



Eles correram a abrir a porta para Mione. Fred e Jorge pegaram o malão dela e levaram para o quarto de hóspedes rapidamente. Enquanto isso, Harry e Rony, depois de cumprimentarem-na, a levaram para a cozinha, onde o jantar já estava sendo servido.

- Hermione, querida! Que bom você ter chegado. - dizia a Sra. Weasley que a abraçava calorosamente. - É realmente bom que tenha vindo hoje! Rony tinha me dito que vocês dois - e apontou com o queixo para Harry - iriam chegar hoje, mas como você ainda não tinha chegado... Preparei um jantarzinho mais especial hoje, já que é a primeira noite em que todos estão aqui. Toda a família está reunida!

- Muito obrigada pelo convite, Sra. Weasley. Realmente muito obrigada.. - falou Mione, meio desconcertada.

Quando todos já haviam se sentado, a Sra. Weasley começou a levar os pratos para a mesa. Harry se sentiu grato, estava faminto. A mesa estava farta e em poucos segundos estavam todos comendo um delicioso arroz de forno, lombo e costeletas de javali, batatas assadas e várias outras coisas muito gostosas.

Enquanto comiam, a conversa entre Harry e Hermione era sobre as notas dos N.O.M’s. Mione, ao contrário do que ele imaginara, não tirara Excepcional em todas as matérias.

- Lembra-se que eu disse a você e ao Rony que eu tinha confundido ehwaz e eihwaz? Foi o que manchou o meu boletim. Tirei Excede Expectativas... Fiquei arrasada. Estudei Runas Antigas o mês inteiro por isso. Embora ache que não vou estudar essa matéria no próximo ano.

- Mas que profissão você pretende seguir, Mione? Você sabe o que eu quero, ser auror, mas você nunca nos disse o que quer ser.

- Ainda não sei. Gostaria de ser auror também, mas você me conhece, sou mais cérebro do que ação. Eu gostaria de trabalhar no Ministério, talvez. Ou ser Curandeira. Mas tenho horror de sangue, não sei se daria muito certo...

Perto deles, Gina e os gêmeos conversavam sobre a loja de logros. Mais à frente, Carlinhos, Rony e Gui conversavam sobre o último jogo pela Taça da Liga Européia de Quadribol. E na outra ponta, o Sr. e a Sra. Weasley conversavam sobre a viagem deles de volta.

Ao terminarem o jantar, a Sra. Weasley serviu quadradinhos de chocolate com amêndoas, que todos comeram com satisfação. Fred, Jorge e seus pais tomavam vinho, e ofereceram a Harry, que recusou, por não estar habituado ao álcool.

- Vamos subir? Eu estou com sono, e vocês? – disse Rony. De fato, seu tom de voz era de quem estava com muito sono.

- É, eu também. Vou subir agora.- disse a Rony. - E vocês, garotas? – acrescentou para Gina e Mione.

- Vamos ficar mais um pouquinho, tenho de conversar com Mione. Eu mostro o quarto para ela quando subirmos. Boa noite para vocês dois.

- Boa noite para vocês também – disseram Harry e Rony em coro, subindo a escada.

Ao chegarem ao último andar da casa, subindo pela escada interna, Harry foi para a direita e Rony para a esquerda. Deram-se boa noite e entraram em seus quartos.

Entrando no quarto, Harry percebeu que não estava com sono, estava quase dormindo em pé. Quando foi se trocar, decidiu que estava muito calor, iria dormir só de calça. Estava um pouco preocupado, porque Hermione iria dormir ali também, afinal, não pegava muito bem ela chegar no quarto e vê-lo sem camisa. “Mas não vai nem ter chance dela ver nada. Eu vou estar coberto, e além do mais a luz vai estar apagada. E ela nem vai ficar olhando pra mim.” - pensava ele. De repente lhe ocorreu que era só a Mione, que o conhecia há cinco anos. Se fosse alguma outra garota, a preocupação era justificável. Mas não com ela, com quem convivia fazia tempo, com quem tinha relativa intimidade. Resolveu dormir sem camisa mesmo, não teria nenhum problema. Se enfiou debaixo dos lençóis e fechou os olhos. Sentiu alguma coisa o incomodando perto da orelha.

“Grande Harry. Agora que já está quase dormindo é que você percebe que não tirou os óculos. Você é mesmo um mongol, sabia?” – resmungava ele enquanto se levantava e ia até a cômoda colocar os óculos. Quando já estava voltando, ouviu um clique na porta e a luz se acendendo. Em seguida, uma voz o repreendendo.

- Harry James Potter! Você divide um quarto comigo, não fica bem você andar por ele em trajes sumários! – disse Hermione com a voz alterada, mas quase cochichando.

- Eu não estou andando em trajes sumários! – disse Harry, ligeiramente irritado. Sentia que estava corando, embora isso não fosse do seu agrado.

- Ah não, eu é que estou! Ande logo, vista pelo menos um robe! – a voz dela agora era a de quem estava se divertindo com a situação.

- Calma, já vou deitar. Só vim colocar meus óculos em cima da cômoda. – Ele se enfiou debaixo das cobertas até somente a ponta de seus cabelos rebeldes ficarem de fora. – Assim está melhor? – disse com a voz abafada.

- Rá, rá, rá, morri de rir com essa sua piada engraçadíssima, Sr. Potter. – ela falou com uma nota de sarcasmo gigantesca.

Ele colocou o rosto para fora e a olhou com cara de cachorro que quebrou a panela. Ela parecia não Ter se comovido muito com o gesto, pois cruzou os braços, ergueu as sobrancelhas e ficou olhando-o, tentando conter o riso diante daquela situação patética. Até que a expressão dela subitamente mudou para uma de preocupação.

- O que foi? Aconteceu alguma coisa?

- Digamos que sim...Como eu vou me trocar na sua frente?

- Eu viro de costas, ué. – agora o seu tom era de fingida inocência, e ele ostentava um sorrisinho no rosto.

- Já vi tudo. Vou Ter que me trocar no banheiro. – disse ela, olhando para ele com aquela típica expressão dos adolescentes quando dizem “Ninguém merece”. E completou, olhando séria para a cara dele: - e pode tirar esse sorrisinho da cara, Harry.

- Eu? Sorrindo? Onde? – ele exclamou com voz falsamente indignada.

Ela fez a mesma exclamação que fizera há dois verões passados. Alguma coisa com o som de “Meninos”.


Harry estava andando descalço dentro de um túnel enorme, largo e alto. As paredes eram de cimento, como o chão, e parecia que recentemente havia tido uma inundação ali, de tão molhado que estava. Então um espelho enorme apareceu em sua frente. Lembrava o Espelho de Ojesed, mas era maior.

Ele não conseguia enxergar seu reflexo no espelho. Via sua mãe ao lado de seu pai, e ao lado deles, via Rony e Hermione. O rosto de Rony não estava normal. Ele parecia triste. O verde dos olhos de Rony também não estava normal. Espere um momento, Rony não tem olhos verdes. Nem cabelos pretos. E muito menos uma cicatriz na testa. Não era mais Rony quem estava lá. Era ele, Harry.
Ele sentia que alguém estava observando-o. Quando virou-se para ver quem era, viu que existiam mais três espelhos atrás dele. Em um deles, viu seu próprio rosto, bem próximo, e enquanto olhava, acompanhou sua imagem dizer:

- Sirius.

E viu-se tentando de novo.

- Sirius Black!

Era, sem dúvida alguma, o espelho de dois sentidos que Sirius lhe dera no ano passado, e aquilo era ele tentando falar com seu padrinho pelo espelho. Olhou para um outro espelho, e percebeu que era o Espelho-de-Inimigos de Moody. “Não estou realmente em perigo até enxergar o branco dos olhos deles.” Dissera Moody certa vez. “Mas não foi Moody quem disse – pensou Harry. – Foi Bartô Crouch...”.

Mas quando ele olhou para o terceiro espelho, ele viu um rosto branco, ofídio, com narinas estreitas e olhos vermelhos. Era Voldemort, no espelho rachado em que Harry o vira como a si mesmo.

Harry se sentia enjoado, tentava gritar mas não conseguia. Repentinamente, ele sentiu um solavanco que o puxou, para o meio de uma espécie de rodamoinho com cores difusas. Ele escutou uma voz ao longe.

- Harry, fala comigo! Harry, você está me escutando? Harry...?

A voz foi diminuindo novamente. Ele não conseguia pensar em mais nada.


Ele sentia alguma coisa quente perto dele. Perto não; encostada. Abriu os olhos para ver o que era, e quase foi cego pela luz. Ele havia esquecido de fechar as cortinas antes de se deitar. Quando seus olhos se acostumaram à claridade, ele pôde olhar para a direita e ver o que era aquela coisa quente.

- Hermione? O que você tá fazendo na minha cama??? – berrou ele, assustado, intrigado e perplexo, tudo ao mesmo tempo.

- Anh? – disse ela, morrendo de sono. Um segundo depois, parecendo ter percebido aonde estava e com quem estava, olhou para Harry e explicou a situação:

- Harry? Que bom que você acordou, eu já estava preocupada. Você teve pesadelos essa noite? Nossa, seu sono estava muito agitado, você falava e se contorcia sem parar. Devo Ter cochilado enquanto tentava te acalmar. E... – ela parou de repente a frase, e ficou muito vermelha. Parecia Ter percebido agora que estivera deitada sobre o peito nu de Harry. Desvencilhou-se rapidamente dele, e foi para sua cama, evitando o olhar do amigo.

- Hermione, o que aconteceu? Ficou com vergonha de me ver assim?

Ela deitou-se, de costas para Harry, e não respondeu. Ao invés disso, começou a resmungar baixinho, e por duas vezes ele viu ela esmurrar a própria cabeça. Ele ainda insistiu para obter uma resposta dela, mas como não obtivera nenhuma, levantou-se, vestiu seu robe e foi para o banheiro se trocar. Quando passou pela cama dela, ainda tentou olhá-la, mas ela simplesmente puxou as cobertas para cima de si, como ele fizera na noite anterior. Ele, se dando por vencido, saiu do quarto e foi em direção ao banheiro.

Quando chegou à cozinha, Rony, Carlinhos e Gui já estavam à mesa. A Sra. Weasley estava na frente do fogão, esperando o caramelo das panquecas derreter. Ao entrar, todos lhe deram bom dia.

- Aonde está seu pai? – perguntou Harry ao se sentar do lado de Rony na mesa.

- Já foi para o trabalho. Disse que precisava resolver uns assuntos da Ordem antes de chegar ao Ministério.

- E os outros? Ainda dormindo?

- Não, todos já acordaram, menos Hermione. Você sabe se ela já acordou?

- Já. – Ele realmente não queria comentar com Rony o que acontecera no quarto naquela manhã, por isso se limitou a uma resposta lacônica.

Poucos instantes depois Hermione entrava na cozinha. Desejou bom dia e se sentou defronte a Harry e Rony. Parecia decidida a não olhar para o primeiro. Nas poucas vezes em que o olhar dos dois se encontrou naquele café, ela ficava muito vermelha e olhava para outro lado. Ele estava começando a ficar irritado com aquilo. Sabia que Hermione tinha motivos de sobra para ficar com vergonha, mas começar a evitá-lo já era demais. Quando a Sra. Weasley serviu as panquecas, os pensamentos de Harry foram interrompidos por Rony.

- Essas panquecas estão maravilhosas. Estava realmente faminto. Sabe, acho que não seria má idéia arranjar um elfo doméstico para mamãe. Ela parece estar realmente cansada. – disse ele.

Harry olhou para a Sra. Weasley também. Realmente, a um olhar mais atento ela parecia muito cansada. Ele se perguntou porquê.

- Rony, me passa essa calda, por favor? – mais uma vez seus pensamentos eram interrompidos. Desta vez por Hermione.

- Ah, Hermione, pede para o Harry, ele está mais perto de você do que eu.

Ela contraiu os lábios, fechou os olhos com força, e já ia abrir a boca para dizer “Harry, a calda, por favor” quando viu a calda já na sua frente. Harry, percebendo que a amiga estava realmente envergonhada em falar com ele, foi mais rápido e pôs a calda na frente dela. Ele arriscou um sorriso para ela, que retribuiu, enquanto jogava montes de calda de chocolate sobre a panqueca.


Harry estava deitado sobre a grama do quintal. Este, assim como a cozinha, parecia não Ter mudado nada desde a última vez. Ele contemplava as copas das árvores, pensando no que ele podia fazer para deixar Hermione menos mal. Ele sabia que se ele apenas chegasse para conversar, ela iria, no mínimo, fugir. Ele também estava se perguntando o porquê das atitudes dela. Afinal, Hermione sempre fora uma daquelas garotas que não dão risadinhas quando os garotos estão perto e nem era obcecada por arranjar um namorado. Ela nunca havia ligado muito para essas coisas, embora Harry achasse que ela tinha uma quedinha por Rony. Agora, de repente, ela ficava assim, cheia de pudores e vergonhas com ele? Justamente com ele, que era seu amigo havia cinco anos?

Por fim, decidiu que o melhor era escrever uma carta para ela, pedindo a Gina que a entregasse.



Mione,



Eu não sei se você está lembrada, mas nós somos amigos há cinco anos, e não existe porquê você ficar tão encabulada por causa daquele incidente hoje pela manhã. Fiquei até feliz por saber que você se preocupou por minha causa enquanto eu estava tendo aquele sonho. Eu já vi a sua cara cheia de pêlos de gato, e nem assim você ficou tão envergonhada. Vamos lá, se anime, esqueça o que aconteceu hoje de manhã, OK?



Harry


“É, está legal.” Pensou ele enquanto caminhava pelo gramado para procurar Gina dentro de casa.

Mais tarde, já depois do almoço (purê de batatas e peixe), ele voltou ao quintal, mas como o sol estava a pino, resolveu ir se sentar debaixo das árvores que observara mais cedo. Ele se sentou entre duas raízes enormes de uma delas, e ficou olhando os nós do tronco, pensando vagamente no que aconteceria se ele ateasse fogo em um deles. Então, quando desviou sua atenção para um mosquitinho que pousara perto de sua mão, ele escutou seu nome.

- Harry? Podemos conversar por um instante?





Nota da Autora: Hehehe! Eu sou malvada!!! Cortei o capítulo no meio só para deixar vocês curiosos! Ah, queria agradecer a todo mundo que elogiou a fic, muito obrigada mesmo. Se vocês não tivessem comentado, eu não iria continuar. Eu tava muito triste com a história do meu tio-avô... Mas bola pra frente e agora, dois capítulos por semana!! (Empolguei...)

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