A Toca?



O vidro traseiro do carro se abriu e ele viu um rapaz ruivo e sardento esticando o pescoço para ver melhor a casa. Deu um assovio alto, e pôde ver Rony Weasley o encarando e respondendo ao assovio.

- Ei Harry! Desça logo, não temos o dia todo! - berrou Rony de dentro do carro.

Harry, mais que rápido, pegou seu malão e a gaiola de Edwiges e desceu as escadas. A coruja piava indignada debaixo do braço de seu dono, pois ele não estava tendo muito cuidado com ela. Quando abriu a porta da rua, viu Rony em pé ao lado do carro, olhando para ele. Andou até ele, soltou o malão e a gaiola e o abraçou. Quando se soltaram, Rony pegou o malão e ajudou Harry a levá-lo até o porta-malas. Quando entraram no carro, Harry cumprimentou o Sr. Weasley e se voltou novamente para Rony.

- Nossa, obrigado por me salvarem. Já não aguentava mais ficar preso naquela casa.

- Rony, acho que você não fechou o porta-malas direito. Eu vou até lá fechar. - Harry sabia da verdadeira paixão que o Sr. Weasley tinha por carros trouxas, e tinha certeza de que aquela era uma das melhores experiências da vida dele, poder examinar um carro trouxa de último tipo.

Quando se virou para ver o Sr. Weasley lidando com o porta-malas, ele viu a cortina da sala de visitas de sua casa se agitando. Segundos depois, viu a tia
espiando por ela. Ela tinha um lenço nas mãos, e o mantinha perto dos olhos, que pareciam vermelhos. Mesmo a aquela distância Harry conseguia enxergar que ela estava chorando. Deu uma cotovelada em Rony, mas este não respondeu. Cotovelou-o de novo, e novamente não obteve resposta. Quando se virou para ver o que Ron poderia estar olhando, viu que este estava vidrado na garota dos Ravencroft, do outro lado da rua.

- Quem é ela, Harry?

- Uma garota que está se mudando para cá hoje. Acho que o sobrenome é Ravencroft, ou alguma coisa assim.

- Harry, ela não é uma garota comum. Ela é perfeita. Maravilhosa. Divina. Esplendorosa... - a cada palavra os olhos dele pareciam arregalar-se mais.

- Tá bom, Rony, já deu pra captar o sentido. - disse Harry rindo-se dele.

- É sério, ela não pode ser normal. Olhe para o cabelo dela, os olhos, a cor da pele... Ela é simplesmente perfeita. Eu não consigo encontrar um defeito sequer.

- Eu consigo.

- Sério? - disse Rony incrédulo.

- Seríssimo.

- E qual seria esse defeito, senhor eu-sei-tudo?

- Simples. Ela não é bruxa.

Naquele momento o Sr. Weasley entrou novamente no carro, dizendo que tinha demorado porque tinha encontrado uma coisa no porta-malas e não sabia para que servia e acabou por jogar fora. Mas tanto Harry quanto Rony sabiam que não; aquilo tinha sido apenas uma desculpa para ele ver se encontrava artefatos trouxas esquecidos por ali.



A conversa no carro continuou animada, passando por vários assuntos, desde o que tinham que comprar no Beco Diagonal até o último artigo de Rita Skeeter no Pasquim, que agora era uma revista de muito sucesso. Já deviam ser umas três da tarde quando resolveram parar para comer alguma coisa. Pararam em um trailer na beira da estrada, cujo dono também era bruxo, e amigo do Sr. Weasley. Eles pediram hambúrgueres e suco de laranja para todos, e a conversa recaiu sobre os N.O.M’s. Harry, conforme ele tinha previsto, recebera Excelente em seu N.O.M de DCAT. Em Feitiços, um Ótimo. Em Transfiguração, Herbologia e em Poções (?), um Excede Expectativas. E em História da Magia, Adivinhação e Astronomia, um regular. Até que suas notas tinham sido boas, não havia perdido nenhuma nota. Quando Rony disse as suas, ele ficou um pouco triste pelo amigo, que tinha tirado um Deplorável em Poções e em Adivinhação.

Quando terminaram de comer, regressaram ao carro, e viajaram cerca de mais duas horas. Quando iam começando a avistar a Toca, Harry notou movimento por lá e indagou a Rony o porquê da agitação. Rony apenas disse:

- Não quis te contar, mas você vai ver.

Quando ele avistou a casa, não acreditou. Estava agora enorme, e parecia-se mais com uma mansão. Estava pintada de branco, e tinha colunas na frente. Vários andaimes podiam ser vistos perto das janelas. O movimento que tinha visto eram pedreiros bruxos indo e vindo, e terminavam de fazer o acabamento da casa.

- Está ficando ótima, não? - perguntou o Sr. Weasley a Harry.

- Está muito bonita. Realmente está. – disse Harry quando o Sr. Weasley estacionou na frente da casa.

- Vamos subir, Harry, tenho que te mostrar meu novo quarto.

- Você tem um novo quarto?

- É claro que sim, acha que Fred e Jorge iam reformar a casa toda e me deixar naquele cubículo? – disse Rony enquanto subiam uma escada enorme, que ia até várias varandinhas.

- Fred e Jorge estão...?

- É, estão. Quando eles diziam que iriam abrir uma loja de logros ninguém imaginava que isso ia longe assim. Para você ter uma idéia, eles compraram a nossa velha e querida Zonko’s!

- Compraram...?

- Compraram. E digo mais, estão riquíssimos! Isso tudo que você está vendo são eles quem bancam, e dizem que daqui de casa eles não saem, que daqui ninguém os tira. Nem se casarem, dizem eles. Embora eu ache que esses dois não têm muito jeito de quem irá se casar um dia.

- Realmente, é verdade.

Continuaram com essa conversa sobre os gêmeos até chegarem na última sacada. Entraram por uma porta e foram dar em uma sala bem mobiliada, com sofás de couro. De lá saíam mais quatro portas, duas em cada parede, de frente uma para a outra. Então Rony foi mostrando qual porta era de que lugar.

- Essa primeira a direita aqui, é o meu quarto. A do lado dela, é a do quarto da Gina. Essa outra aqui, à esquerda, é a do quarto de hóspedes, onde você vai ficar. E, se a Mione vier, ela também. – Harry já ia abrindo a boca para dizer que não era muito conveniente ele e Mione dormirem no mesmo quarto, quando Rony o interrompeu com um gesto. – Eu sei, eu sei, uma garota e um garoto adolescentes sozinhos num quarto, etecétara... Mas o quarto é bem grande, e tem uma espécie de biombo que divide o quarto em dois. Qualquer coisa é só corrê-lo. – o assunto parecia resolvido, e Harry não tinha ânimo para discutir com o amigo naquele momento.

- Quer ir até meu quarto? Quero te mostrar como está.

Quando os dois entraram no quarto, Harry sentiu o queixo cair. O quarto de Rony era todo preto, com algumas listras e quadrados alaranjados espalhados pelas paredes. Sua cama agora tinha um forro preto com espirais desenhadas de laranja. Nas paredes, várias prateleiras eram cheias de livros, e algumas tinham o que pareciam ser pilhas de doces. No chão, um tapete redondo e laranja forte tinha no meio dois CC’s negros entrelaçados, o símbolo dos Chudley Cannons, time de Rony.

- Uau, Ron... Está muito legal o seu quarto!

- Fred o decorou para mim. Nem gosto de pensar quanto isso deve ter custado, mas ficou muito bom mesmo, né?

- Você não sabe o quanto...

- Quer ir ver o seu? Ainda não o vi pronto; terminaram hoje a tarde.

Quando eles viram o quarto, ficaram bobos. As paredes eram vermelho sangue, e em uma delas havia uma tapeçaria linda, com uma pintura medieval. As duas camas eram bem grandes, e eram feitas de madeira escura. Entre elas havia uma pesada cômoda, também de madeira escura. Em uma mesa estava o malão de Harry e em um suporte, a gaiola de Edwiges. Só quando já tinha admirado tudo isso foi que Harry notou uma coisa.

- Rony, cadê o biombo que você falou?

- Eles devem ter esquecido. Droga, isso tinha que acontecer agora? Vou lá embaixo perguntar o que aconteceu. Fica à vontade aí, esse é teu quarto. Fui! – e desapareceu pela porta.

Harry tirou o casaco e o colocou em cima do malão. Jogou-se na cama com óculos e tênis e acabou adormecendo. Foi acordado algumas horas mais tarde por uma voz à porta que reconheceu sendo a de Gina.

- Harry, acorde. O jantar está quase pronto, mamãe pediu que eu te chamasse.

- Ahn? Ah, sim, eu já vou. Vou descer em minutos, diga à sua mãe. – disse Harry com voz de sono.

- OK. – e fechou a porta com um clique.



Em alguns minutos Harry tinha se trocado e chegava à cozinha, depois de se perder duas vezes. Quando entrou na cozinha, percebeu que era o único cômodo em que estava tudo do mesmo jeito que era da última vez que vira à Toca.

Todos vieram lhe cumprimentar. Primeiro vieram os gêmeos, depois a Sra. Weasley, depois Gina e finalmente, Gui e Carlinhos. Ele se sentou ao lado de Rony, e os dois começaram a conversar sobre a questão do biombo.

- Olha só o que aconteceu: O homem que tinha que colocar os biombos, tinha que ter colocado ontem, mas não deu tempo. Agora ele caiu da escada e quebrou o pulso. Ou seja, as coisas vão ficar meio constrangedoras para você e Hermione.

- Que dia ela chega?

- Acho que era para ser hoje, mas até agora nada... Ela disse que viria de trem para Ottery St. Catchople, e depois pegaria um táxi até aqui.

Mal pronunciou essas palavras e escutaram um barulho de porta de carro batendo. Ele, Rony, Gina e os gêmeos correram para a frente da casa para ver quem era. Quando a nuvem de poeira levantada pelo carro se dissipou, eles puderam ver uma garota de cabelos castanhos e volumosos arrastando um malão, seguida por um gato. Era Mione.

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