Alguém com quem contar



13) Alguém com quem contar

Sua filha fora seqüestrada, mas não podia contar com a própria esposa. Sem nem pensar direito, Harry entrou no elevador e, inconscientemente, apertou o número do andar de Hermione. Caminhou até a porta da mulher e tocou a campainha, não demorando para que esta fosse aberta. Hermione ficou surpresa ao vê-lo ali, havia acabado de chegar do ministério, mas percebeu imediatamente que algo estava errado.

- O que... – a mulher foi surpreendida com um abraço desesperado. Ia afastá-lo, mas ao ouvi-lo chorar, ficou sem ação – Harry...

- Minha filha, Hermione... – ele murmurou baixinho, não precisava dizer mais nada.

- Vem, Harry... – a mulher o convidou a entrar e o guiou até a sala. Assim que sentou, ele entregou a carta à Hermione – É ele... Droga! Eu não acredito que ele levou a Sara!

- Eu não sei o que fazer.

- Calma, nós vamos achá-la, eu prometo. – ela deu um pequeno sorriso, uma de suas mãos repousava no ombro do moreno.

- Como? Nós não fazemos idéia de onde a Sara está. – Harry ficou de pé, passou as mãos nervosamente pelos cabelos – Além disso, há essa hora ela... Ela pode estar...

- Não, claro que não! – Hermione também ficou de pé, de frente para o moreno – Harry, não pense nisso. Eu tenho certeza que a Sara está viva e bem.

- Ela é só uma garotinha, Hermione. – ela podia ver o desespero em seus olhos – Deve estar assustada, com medo.

- A Sara é uma garota muito forte, nós sabemos disso. – a morena segurou as mãos de Harry – Lembra-se de quem ela é filha? Lembra? Ela é filha de Harry Potter, aquele que desde pequeno enfrenta bruxos malvados.

- Eu estou com medo.

- Eu sei... Eu também estou. – ela sorriu – Mas estamos juntos nessa, Harry.

- Estamos? – Harry a olhou nos olhos.

- Sim, estamos. Eu vou te ajudar, eu prometo. Nós vamos trazê-la de volta sã e salva.

- Obrigado. – ele a abraçou. Encontrar apoio em Hermione era a última coisa que esperava, entretanto, saber que podia contar com sua ajuda, de certa forma, o tranqüilizava.

- Eu preciso ir ao Ministério.

- Agora? Fazer o quê? – perguntou confuso.

- Se eu rever os meus relatórios, talvez encontre alguma pista.

- Hermione, você não vai encontrar nada. Aqueles relatórios já foram avaliados diversas vezes, até por você mesma. Não temos pistas sobre esse bruxo. – Harry disse.

- Eu devo ter deixado passar alguma coisa e... – foi a vez de Harry segurar as mãos dela. A mulher o encarou.

- Você não deixou passar nada e não adianta ir ao Ministério uma hora dessas.

- Mas eu vou, Harry... Eu preciso ir.

- Então, eu vou com você.

- Não, não é necessário.

- Eu quero ir com você. – ele disse.

- Você deve descansar agora, talvez breve precisaremos enfrentar este homem, por isso precisa estar bem.

- Mas...

- Por favor, vá para casa e tente descansar um pouco. Assim que eu voltar do ministério, eu passo lá e...

- Não vou voltar para casa. – ele a cortou. Hermione ergueu a sobrancelha confusa.

- Claro que vai, precisa ir para casa e dormir um pouco.

- Você não entendeu, Hermione... Eu não quero voltar para casa, eu... Eu não quero ver a Gina.

- Por quê?

- Foi culpa dela... Ela esqueceu de busca a nossa filha, Hermione. Você entendeu o que eu disse? Ela esqueceu de nossa filha porque estava arrumando o cabelo! – ele parecia bem chateado ao contar isso e por algum tempo, Hermione não soube o que dizer.

- Não é hora de ficarmos apontando culpados. Talvez se a Gina tivesse ido buscar a Sara, ela também fosse seqüestrada.

- Eu não quero vê-la, Hermione. – ele respirou fundo – Pelo menos, ainda não.

- Tudo bem. Então, pode passar a noite aqui.

- A-aqui?

- Sim, eu tenho quarto de hóspedes. Venha comigo. – ela o guiou até os quartos do apartamento, entrando em um ao lado do seu – Você pode ficar aqui. Tem comida na cozinha, sinta-se à-vontade. Pode tomar um banho, se quiser também.

- Eu... Eu não sei como agradecer. – Harry a olhou bem nos olhos, deixando-a levemente corada.

- Você não precisa agradecer. – a mulher ia se afastar, mas Harry a impediu segurando seu pulso.

- Obrigado. – ela deu um pequeno sorriso.

- Volto em algumas horas, tente dormir um pouco. – o moreno acenou com a cabeça, e ela deixou o quarto.

***********************

Havia apenas uma fresta de luz vinda de uma minúscula janela. Estava sentada, abraçando suas pernas, na tentativa de aquecer-se um pouco; o lugar era frio e úmido. Cansara-se de chorar, sabia que de nada adiantaria, por isso fechou os olhos, mas o sono não vinha. Só queria que aquele pesadelo terminasse logo, que seu pai a resgatasse. Sua atenção voltou-se para a porta, e um homem apareceu. Não era o mesmo que a seqüestrou, mas também não parecia uma boa pessoa.

- Aqui está seu jantar, pirralha. – ele disse após jogar um pão no colo de Sara.

- O meu pai virá e todos vocês serão presos. – Sara disse fingindo não ter dado importância para o alimento. O homem gargalhou alto, irritando-a.

- Ah sim... Quando ele tiver uma bola de cristal, quem sabe! – ele a encarou – Até lá, você ficará conosco e continuaremos livres.

- Ele vai me encontrar, eu tenho certeza. – ela insistiu.

- Esquece, garota. Ele só virá quando o chefe quiser. Até lá, o Potter vai ficar apenas sofrendo, imaginando o que aconteceu com a filhinha dele.

- Eu duvido. Vocês não conhecem o meu pai.

- Potter não tem como nos achar.

- Ele não está sozinho nessa, eu garanto. – ela sorriu – Aposto como a Mi vai ajudá-lo.

- Mi? Quem diabos é Mi? – ele quis saber.

- Alguém certamente mais inteligente que vocês. Hermione vai conseguir me encontrar. – Sara sorriu confiante.

- Hermione? Hermione Granger? – a menina ficou em silêncio – Ela não tem como nos encontrar.

- Quer apostar? – Sara desafiou, irritando o homem.

- Claro, pirralha. – ele revirou os olhos – E eu vou ganhar, afinal mortos não têm como descobrir coisas...

- V-vai matá-la?

- Não, vou convidá-la para jantar! Você é mesmo burra, menina... Acabou de condenar a Mi. – ele gargalhou antes de sair. Um sorriso satisfeito surgiu nos lábios de Sara.

- Vamos ver quem é burro aqui. – ela então olhou para o pão duro em suas mãos, seu estômago roncou. Melhor que nada, pensou.

************************

Parou em frente à porta de seu apartamento. Parecia hesitar; a verdade era que não desejava encontrar o olhar de Harry e contar-lhe que não conseguira quase nada. Passou horas relendo os próprios relatórios e apesar de ter conseguido formular uma hipótese sobre o novo bruxo, não era nada que os levaria até Sara. Respirou fundo e finalmente entrou no apartamento.

Fechou a porta e após dar alguns passos viu uma silhueta perto da janela, tomou um susto e abafou um grito com as mãos. Após perceber a sua chegada, Harry saiu das sombras e se aproximou. Suspirou aliviada ao confirmar que era apenas o moreno.

- Você quase me matou de susto! – ela reclamou.

- Desculpe.

- O que eu falei sobre dormir um pouco?

- Eu não consegui, Hermione. – Harry disse. Percebeu que seus olhos estavam inchados e vermelhos. Perdeu, assim, a vontade de reclamar com ele – E então?

- Eu não achei nada que nos ajudasse a encontrar a Sara, sinto muito. – ela baixou a vista.

- Eu sabia.

- Mas... Após reler diversas vezes os meus relatórios, eu acabei pensando numa hipótese sobre esse novo bruxo. – Hermione disse. Caminharam juntos até o sofá, e a mulher iluminou a sala.

- Qual?

- Todos os ataques que tivemos nos últimos quatro meses foram direcionados a bairros trouxas nobres de Londres. Várias pessoas morreram, inclusive líderes políticos e empresários. Existem quinze bairros tidos como “ricos” aqui e seis deles foram atacados.

- Está querendo dizer que este bruxo quer destruir todos os bairros nobres de Londres?

- Não exatamente os bairros, mas sim seus moradores. Entende? Políticos e pessoas ricas e influentes para o mundo trouxa moram nesses bairros. – ela explicou – Imagine se todos os líderes trouxas morressem? A parte trouxa de Londres viraria um caos e, consequentemente, depois de um tempo esse caos nos atingiria.

- Acho que estou entendendo. – Harry a encarou – Ele nos enfraqueceria e assim seria mais fácil de nos derrotar.

- Exato. – Hermione massageou as têmporas e fechou os olhos.

- O que foi?

- Nada. – ela respirou fundo – Sinto muito, Harry, mas foi tudo que consegui descobrir essa noite.

- Você não está bem. – o moreno parecia analisá-la.

- É só uma dor de cabeça. Provavelmente porque eu não jantei... – Hermione levantou.

- Você não jantou? – ele levantou também, ficando na frente da mulher, impedindo-a de passar.

- Não. Quando você chegou mais cedo, eu tinha acabado de voltar do Ministério e... – ela ergueu a sobrancelha confusa, ao olhar para a face irritada de Harry – O que foi?

- Como pode estar sem comer até agora? – reclamou visivelmente chateado – Eu não quero que passe mal por aí.

- Mas eu tinha coisas mais importantes para fazer!

- Também é importante comer, Hermione. E como você mesmo disse, a Sara precisa que estejamos fortes e bem para salvá-la. Agora, é melhor ir tomar um banho e vir comer alguma coisa!

- Daqui a pouco.

- Agora!

- Você não manda em mim! – ela bufou de raiva.

- Pare de agir como uma criança birrenta! – Harry reclamou.

- Oras, seu... – ela parou de falar quando Harry a segurou pelos braços e a olhou bem nos olhos. Seu coração disparou; odiava quando isso acontecia... Por que seu coração tinha que acelerar quando Harry a olhava daquela forma? Sentiu a respiração dele perto de sua bochecha e depois sentiu os lábios do moreno em sua pele.

Fechou os olhos e suspirou quando as mãos dele envolveram sua cintura. Após beijar-lhe a bochecha, os lábios dele procuraram seu pescoço, mordiscando-o de leve e fazendo-a se arrepiar. Sentia o calor tomar-lhe o corpo e uma sensação de contentamento jamais sentida. Ao perceber o arrepio da mulher, um sorriso maroto se esboçou nos lábios dele. Harry decidiu provocá-la, começou a sugar o lóbulo da orelha de Hermione, provocando um gemido abafado na morena.

Decidida a parar aquela “tortura”, ela “fugiu” dele e, após segurar a face de Harry com as mãos, o beijou nos lábios. Quando pararam, ele ainda continuou perto dela, encarando-a com seus brilhantes olhos verdes.

- Vá tomar banho, Hermione. Eu... Eu vou preparar algo para você comer. – ele murmurou perto dela.

- Está bem. – eles se soltaram – Harry...

- Não. Não vamos falar sobre isso agora.

- Mas... – ele a silenciou com um leve beijo no canto dos lábios.

- Deixa as coisas acontecerem.

- OK. – Hermione deu um pequeno sorriso – Ah! Eu guardo algumas poções num dos armários da cozinha, pode pegar uma para dor de cabeça?

- Claro. – o moreno a beijou na testa – Eu te espero.

Harry foi até a cozinha de Hermione, e após pegar algumas coisas na geladeira e na dispensa começou a cozinhar. Apesar de não conseguir deixar de pensar em Sara, era impossível não pensar no que estava acontecendo entre ele e Hermione. Esse novo sentimento que parecia nutrir por Hermione o deixava confuso, entretanto, era um sentimento que o deixava feliz, por isso, ele decidiu que o melhor seria que as coisas fluíssem naturalmente.

Quando ela veio para a cozinha, vinte minutos depois, o cheiro da comida dele fizera seu estômago roncar. Deu um pequeno sorriso ao vê-lo terminar de colocar um prato na mesa. Harry, ao perceber a presença da mulher, correspondeu ao sorriso. Então, a incentivou a se aproximar.

- Espero que goste. – ele falou enquanto a morena se sentava.

- Impossível não gostar, o cheiro está maravilhoso.

- Aqui está a poção que pediu. – Harry colocou o frasco sobre a mesa. Após servi-la, sentou-se a sua frente.

- Obrigada.

- Por que tem tanta poção para dormir? – questionou curioso. A morena sorriu sem graça, corando levemente – Frequentemente tem problemas para conseguir dormir?

- Não exatamente. – ela falou antes de experimentar o jantar – Está maravilhoso, Harry.

- Então por que as poções? – insistiu no assunto. Percebeu que Hermione não queria falar sobre isso, mas ficara preocupado. Fazia tanto tempo que não se preocupava com a amiga, mas percebeu que, como há muitos anos, era desconfortável pensar que ela estivesse com algum problema.

- As poções são... Para quando eu tenho pesadelos. – ela descansou o garfo sobre o prato. Seu olhar ficou fixo num ponto qualquer da mesa.

- Pesadelos? – ele a lançou um olhar preocupado.

- Antigas lembranças que ainda me assombram. Elas vêm, às vezes, durante os meus sonhos, e se eu não tomar essas poções, eu não consigo mais dormir. Além disso, elas me garantem que os sonhos não voltem, pelo menos não mais naquela determinada noite. – Hermione o olha com um sorriso triste nos lábios – Será que podemos falar sobre outra coisa?

- Claro, Mione. – ele segurou uma das mãos dela que estava sobre a mesa. Poucos instantes depois, assustou-se ao vê-la chorar – O-o que foi? Por favor, perdoe-me por ter tocado em um assunto delicado para você, não era minha intenção fazê-la chorar e...

- Há quanto tempo eu não ouvia você me chamar de Mione? – a mulher sorriu – Acho que nem posso acreditar.

- Pode sim. – Harry agora tocou carinhosamente a face dela – Mione... Eu também sentia falta de te chamar assim.

- Eu sinto tanta saudade, Harry. Saudade da nossa amizade. Será que... Eu posso pedir uma coisa?

- Sim, é claro.

- Me abraça? – ele sorriu para ela em resposta. Ficaram de pé, e então ela pôde abraçá-lo fortemente. As lágrimas ainda escapavam de seus olhos, e o moreno percebeu que o choro dela ficou mais desesperador – Ah, Harry! Eu estou tão feliz, mas ao mesmo tão triste. Eu queria tanto que a Sara estivesse aqui conosco e pudéssemos comemorar juntos esse momento.

- Eu também. – os olhos dele brilharam. Passava as mãos gentilmente pelos cabelos dela.

- Não quero mais brigar com você. Eu quero ser sua amiga novamente. – ela falou afastando-se um pouco. Harry enxugou-lhe as lágrimas.

- Eu não sei, Mione.

- Você não quer voltar a ser meu amigo? – questionou o encarando.

- Não. Eu acho que... Quero mais que amizade de você. – a morena corou ao mesmo tempo em que um sorriso se esboçava em seus lábios.

- E a Gina?

- Há muito tempo a Gina deixou de ser minha esposa.

- Mas vocês continuam casados. – ela lembrou.

- Eu não me sinto como um homem casado. Você me conhecia muito bem, Mione, sabe que eu jamais trairia minha esposa se ainda a amasse. – Harry falou – Só que você também deve lembrar-se da Gina. Ela insiste em continuar, nega-se a ver que não somos mais marido e mulher, apenas dois adultos que moram sob o mesmo teto.

- Acho que também não quero ser somente sua amiga. – a mulher ruborizou, fazendo-o sorrir – Mas eu também não quero ser sua amante, Harry.

- E não será. Quando a Sara estiver de volta, eu conversarei com a Gina e pedirei o divórcio. Você aceitaria, então, ser minha namorada?

- Talvez... – ela fingiu pensar no assunto.

- Talvez? – ele a abraçou e a beijou nos lábios – Eu sei que é difícil, mas esqueça tudo de ruim que lhe disse, Mione. Eu estou feliz que tenha voltado. Enlouqueceria se estivesse sozinho nesse momento.

- Tudo bem. O que importa é que estamos juntos... E eu prometo que encontraremos a Sara.


N/A: Bom... Novamente, minhas milhões de desculpas, mas além da falta de tempo para escrever, eu tive algumas dificuldades criativas, heuiehuiehuihe, e estava meio travada no cap, pois não tinha certeza se deveria escrever logo essa cena de reconciliação, ou esperava mais um pouco... Well... Espero que vocês tenham curtido! Eu vou fazer o possível para o próximo sair mais rapidinho, mas acredito que no mínimo, demora umas duas semanas, oks!? Desculpa mesmo, queria ter tempo para atualizar mais rapidamente! Torço para que tenham curtido o cap, não teve muita coisa interessante, mas apesar de tudo eu amei escrevê-lo, e os próximos acho que serão bem mais legais!! xD heuiehuiehuiehuieh... Agradeço a todos que leram, comentaram e votaram!! Um beijo enorme!! Pink_Potter : )

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