Entre beijos e discussões

Entre beijos e discussões




O despertador a acordou, mais pouco conseguira realmente dormir naquela noite. Por mais que tentasse, parecia impossível tirar Harry de seus pensamentos. O beijo que trocaram na noite anterior parecia errado, mas ao mesmo tempo provocara uma sensação indescritível. Suspirou, ainda deitada na cama, mirando o teto; deveria ter perdido completamente a razão.

Nunca pensara em Harry como um homem com o qual pudesse se relacionar. Sempre o vira como um amigo querido, alguém em que podia confiar. E por mais que estivessem brigados, a esperança que secretamente nutria era de que algum dia voltassem a ser amigos. Como agora poderia desejar outra coisa? Balançou a cabeça várias vezes, tentando convencer-se de que estava apenas confusa. Esqueceria o beijo; e se o moreno quisesse fazer as pazes, seriam apenas amigos.

Além disso, lembrou-se de que Harry era casado. Respirou profundamente, ao mesmo tempo em que imaginava a reação de Gina se soubesse daquele beijo. Sua cabeça doeu, e Hermione simplesmente preferiu ignorar aquele assunto. Definitivamente não queria confusões com a ruiva. Afastou as cobertas, e caminhou para o banheiro. Precisava de um banho frio e muita coragem para encarar Harry no Ministério.

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- Quer mais suco, querido? – Gina perguntou, mas Harry não a ouvira. Estava distante, seu olhar perdido em um ponto qualquer das torradas a sua frente – Harry? Harry?

- Hum? – despertou somente quando a ruiva o cutucou.

- Eu perguntei se quer mais suco!

- Não, obrigado.

- O que houve? – ela parecia desconfiada.

- Não foi nada – desconversou, e apanhou uma das torradas. Nesse momento, Sara chegou.

- Bom dia – a menina cumprimentou.

- Bom dia, filha – Harry respondeu e sorriu – Está tudo bem?

- Está – ela correspondeu ao sorriso – Eu sinto muito ter brigado com o senhor ontem, mas eu estava chateada.

- Não tem problema, querida – ele pareceu mais aliviado.

- Como não tem problema? Ela fez um escândalo! Harry, você deveria ser mais duro com a Sara – Gina falou – Você a mima demais!

- O papai mentiu para mim, como eu não ia ficar chateada?

- A Sara tem razão Gina, eu errei...

- “A Sara tem razão, Gina”... – a mulher revirou os olhos – Eu realmente acho que deveria dar mais limites a essa menina. E poderia começar impedindo-a de ver a Hermione!

- O quê? – Sara olhou horrorizada para a mãe – Vocês não podem fazer isso!

- Por que não? A Hermione não é companhia para você – Gina disse – Não estou certa, Harry?

- Sara, você a conheceu há pouco tempo, não sabe quem Hermione realmente é – Harry falou.

- Isso mesmo! Aquela mulher é...

- Nem comece, mamãe! – Sara cortou Gina – Nada do que vocês disserem vai mudar a minha opinião. A Mi é um amor de pessoa, me trata com respeito e carinho, eu já disse que confio nela!

Harry olhou bem nos olhos da filha. Podia ver só pela expressão da menina o quanto ela estava sendo sincera, e ele percebeu que seria inútil tentar maldizer Hermione na frente de Sara. Ao mesmo tempo, Harry lembrou-se das tantas vezes que Gina falara mal de Hermione perto dele, e de jamais tê-la defendido daquela forma. Hermione era sua amiga há anos, por que não conseguiu agir assim no passado?

- Eu sabia que você não ia apoiar! – ele falou cruzando os braços, irritado. Hermione bufou de raiva.

- Claro que não, Harry! Se estivéssemos em outras condições, além de um pouco mais velhos, eu o apoiaria sem pensar duas vezes. Mas eu não acho que agora é o momento para casamento!

- E quando será? Daqui a quarenta anos eu terei idade suficiente para você?

- Harry, estamos no meio de uma guerra! – ela parecia indignada.

- E daí? Eu amo Gina, ela me ama, por que esperar?

- Foi idéia dela, não foi?

- Por favor, não comece Hermione... – a morena soltou um muxoxo – Por que você tem que implicar tanto com a Gina?

- Eu não estou implicando com ela.

- Você não era assim, Hermione... O que está acontecendo? Gina acha que você está com ciúmes, porque éramos inseparáveis, mas agora eu passo mais tempo com ela e...

- Aí está o problema, Harry... Tudo agora é o que a Gina acha... O que aconteceu com você? Harry, você está tão influenciável... É como se não tivesse mais sua personalidade – ela desabafou, irritando-o.

- Não seja ridícula! – ele a encarou – Pelo visto, agora, além de implicar com a Gina vai implicar comigo?

- Eu não estou implicando com ninguém, Harry – Hermione levantou, e caminhou até ele – Você que não é mais o mesmo. Onde está o meu amigo de opinião própria? Onde está aquele amigo que me defendia não importava a situação?

- Eu sou o mesmo, Hermione, com minhas opiniões e personalidade... Talvez você quem não esteja merecendo ser defendida – ele falou, mas se arrependeu ao perceber que ela ficara sem palavras e seus olhos marejaram. Ela deu um pequeno sorriso triste antes de se afastar.


- Papai? Papai? – Harry balançou a cabeça para afastar aquela lembrança.

- Sim?

- Vamos? – a menina já estava de pé.

- Terminou seu café da manhã? – ele questionou.

- Já sim!

- Então vá escovar os dentes antes de irmos, mocinha – Sara resmungou algo, mas seguiu a ordem do pai.

- O que está acontecendo, Harry? – Gina ergueu a sobrancelha – Está ausente, perdido em seus próprios pensamentos, desde hoje cedo.

- Não foi nada, já disse – o moreno levantou da cadeira, em caminho da sala. Gina fez o mesmo e o seguiu.

- Eu realmente duvido que seja “nada”, Harry! Diga-me em que tanto pensa?

- Gina, por favor...

- É naquela mulher, não é? Maldita Hermione! – Gina bufou de raiva – Eu sabia que se ela voltasse seria para transformar nossa vida num inferno!

- Nossa vida não é um mar de rosas desde antes a Hermione voltar, e você sabe disso! – Harry disse, já irritado.

- Mas ela certamente deve estar tentando colocar você contra mim novamente! – a respiração de Gina estava irregular, e sua face vermelha de raiva.

- Você já está ficando paranóica... – a mulher respirou fundo, e se aproximou do marido, abraçando-o.

- Perdoe-me, meu querido – Gina o beijou na curva do pescoço – É que fico louca só de pensar que possam tentar nos separar e...

- Você deveria parar de pensar que todo mundo quer nos separar.

- Eu sei, mas é difícil... Eu te amo, Harry, não conseguiria viver sem você – ela sorriu, mas o semblante do moreno permanecia sério.

- Gina...

- Pronto, papai! Já escovei os dentes – Sara apareceu, interrompendo a conversa.

- Ah... Ótimo, então... Vamos, querida – ele sorriu para a menina, e se afastou da esposa. Gina cruzou os braços e se jogou no sofá quando ficou sozinha.

- Maldita.

***********************

Hermione agradeceu mentalmente por não ter cruzado com Harry assim que chegou ao Ministério. Pelo visto, havia chegado mais cedo, e se pudesse faria o possível para não encontrá-lo. Arrumou os pergaminhos sobre a mesa, e começou a trabalhar. Passou as duas primeiras horas trabalhando sem que ninguém viesse interrompê-la, até que recebeu uma mensagem do ministro, chamando-a a sua sala.

Preferia não ter que sair de sua sala, mas não era um pedido e sim uma ordem, então ela não tinha escolha. Rezando mentalmente ela deixou a sala, e agradeceu por conseguir chegar à sala do ministro sem encontrar Harry. Após quase meia hora, o ministro a liberou, contudo, no retorno à sua sala, ela não teve a mesma sorte... Harry estava saindo do seu escritório, e a viu. O homem ficou ligeiramente pálido, e ela percebeu que não era a única a querer evitar aquele encontro.

- Bom dia – ela murmurou baixinho enquanto passava. Harry não respondeu, mas a segurou pelo braço. Hermione soltou a fechadura e o encarou – Algum problema?

- Precisamos conversar... – ele falou.

- Não temos nada para conversar, Potter – ela se soltou dele, e abriu a porta principal, fechando-a em seguida. Caminhou para sua sala, mas percebeu que Harry a seguia, então parou antes de entrar na outra sala – Eu já disse que não temos nada para conversar!

- Eu discordo... – Hermione estava encostada à porta, e Harry bem em frente. A morena se assustou quando uma das mãos dele foi em direção a sua cintura, mas ela logo entendeu o porquê. Harry abrira a porta de seu escritório, e quase a empurrou para dentro – Temos um assunto pendente.

- O que aconteceu ontem foi... – ela foi surpreendida pelos lábios de Harry nos dela, e por alguns segundos não soube o que fazer. Entretanto, Hermione logo relaxou e correspondeu ao beijo. As mãos dele percorriam suas costas, ao mesmo tempo em que a aproximava mais. Contudo, em algum momento, Hermione pareceu retornar a razão e se afastou – Não! Isso é errado...

Ele estava com a respiração irregular e os lábios inchados. Seus olhos verdes brilhavam intensamente, e ela não conseguia decifrá-los. Harry manteve o silêncio por vários minutos, assim como Hermione. Ela, então, respirou fundo e sentou numa poltrona que havia ali, e apoiou o cenho nas mãos.

- Isso não deveria estar acontecendo – ela murmurou confusa. Seu mundo de repente estava de pernas para o ar. Uma coisa era ter sido amiga de Harry e voltar a sê-lo, se ele permitisse. Outra coisa era beijá-lo daquela forma. Sua cabeça doeu só de pensar nas conseqüências que um romance com Harry traria. E Hermione não tinha certeza se estava disposta a enfrentá-las.

- Mas está acontecendo – a voz dele saiu meio rouca. Ele passou as mãos nos cabelos, ligeiramente irritado – Por Merlim, Hermione, não acha que eu queria que isso acontecesse, acha?

- Hermione? O que aconteceu com a “Granger”? – perguntou ironicamente.

- Por favor, não é o momento para esse tipo de observações.

- E é o momento para quê? Para continuarmos a nos beijar e depois trocar juras de amor? Francamente!

- Por que você tem que ser tão racional?

- Alguém tem que ser, não é? – ela revirou os olhos – As coisas não são tão simples, como você costuma acreditar...

- Que droga, Hermione, não dá para você ser menos irritante? – a mulher levantou irritada.

- Eu não sou irritante, você que é impulsivo!

- Impulsivo? Eu?

- Sim... Quem começou os beijos? Tanto esse como o de ontem?

- Não lembro de em nenhum desses momentos você ter me impedido imediatamente – respondeu, sarcasticamente.

- Eu fui pega de surpresa! – Hermione rebateu.

- Ah... Claro, ótima desculpa. Pois não foi isso que você demonstrou correspondendo aos beijos que eu comecei... – a mulher bufou de raiva.

- Isso é definitivamente um erro! Nós não conseguimos nem ser amigos novamente, quanto mais namorados! – ela disse, cruzando os braços.

- E quem disse que eu quero namorar você? Isso, definitivamente, nunca!

- Então, por que está aqui? Por que o segundo beijo? – ela questionou.

- Eu precisava ter a certeza de que estou começando a enlouquecer...

- Ha-ha-ha, muito engraçado... Pois então que vá procurar tratamento agora mesmo – a mulher abriu a porta – Fora da minha sala!

Harry a olhou por alguns instantes, mas nada disse. Respirou fundo, e caminhou até a porta. Parou perto dela, e sentiu vontade de beijá-la novamente, mas dessa vez se controlaria. Deveria estar cansado e estressado por causa do trabalho e das brigas com Gina, por isso acabou beijando aquela mulher. Contudo, prometera a si mesmo que nunca mais aquilo iria se repetir. Deixou a sala, sem mais uma palavra.

- Maldito! – ela resmungou, enquanto batia a porta violentamente.

*************************

Passara o resto do dia completamente irritado e de mau humor. Desejava tirar da memória as últimas horas de sua vida, e não pensar mais nos beijos que trocara com Hermione. Todavia, isso parecia impossível. Amaldiçoou-se mentalmente por ser tão fraco, e se questionou milhares de vezes como poderia sentir algum tipo de atração por aquela mulher. Era verdade que Hermione estava mais bonita, mas Harry já conhecera mulheres mais bonitas que ela, e nem por isso sentira-se atraído daquela maneira. Não conseguia encontrar uma razão, por isso, no fim do dia seu humor estava ainda pior.

Deixou o escritório meia hora antes do horário normal para não correr o risco de vê-la. Foi direto para casa, mas encontrou o apartamento vazio. Estranhou, pois àquele horário, geralmente Sara estava em casa. Pressupôs que a menina havia saído com a mãe. Seguiu direto para o banheiro e demorou vários minutos no chuveiro, na tentativa de relaxar um pouco. Quando saiu do banho, vestiu uma roupa e jogou-se na cama.

Sua cabeça parecia que ia explodir, e ao levantar-se para pegar uma poção para dor de cabeça, ele avistou uma coruja negra na sua janela. Devido aos feitiços de proteção apenas algumas corujas tinham permissão para entrar em seu apartamento. Harry, então, caminhou até a janela e a abriu a fim de pegar o envelope que o animal trazia. Um calafrio percorreu o seu corpo, ao mesmo tempo em que mirava as contorcidas letras vermelhas no envelope. Tinha escrito apenas, “Para Harry Potter”. Antes de abrir o envelope, ouviu a voz de Gina o chamando da sala; logo, ela chegou ao quarto, sorridente.

- Ah... Aqui está você! – ela disse, e nesse momento a coruja voou para longe – Gostou do meu novo corte de cabelo? – perguntou aproximando-se e o beijando nos lábios.

- Sim, está linda... – falou, mas pouco havia prestado atenção à esposa. Estava curioso sobre o conteúdo da carta.

- Obrigada! Passei a tarde arrumando o cabelo para a festa dos... – Gina começou a falar, mas em determinado momento Harry não mais a ouvia. O ar começou faltar em seus pulmões, enquanto lia a carta.

“Saudações, senhor Potter...
Provavelmente, o senhor deve ter ouvido falar de mim, mas pelo visto não tomou as precauções necessárias. Não acreditou na ameaça de minha presença, mas finalmente posso demonstrar que posso ser temido, principalmente pelo famoso Harry Potter. Eu voltarei a fazer contato.
Não se preocupe, cuidarei bem de sua filha.
V.”


- Harry? – Gina o chamou ao perceber que o marido estava pálido – Aconteceu alguma...

Ela não teve tempo de terminar, pois Harry saiu correndo em direção ao quarto da filha, chamando-a. Ele, entretanto, não obtinha resposta. Procurou por quase toda a casa, mas definitivamente Sara não estava ali.

- Onde está a Sara, Gina? – ele questionou quando a ruiva chegou à sala de estar.

- Eu não sei, oras... Talvez tenha ido à casa de Hermione... – a mulher revirou os olhos.

- Você a buscou na escola? – ela ficou em silêncio – Gina, você a buscou na escola hoje e a trouxe para casa?

- Na verdade, eu... Eu esqueci, mas eu tenho certeza que ela deve ter vindo sozinha. Sara já é uma mocinha – as pernas de Harry cederam, e ele se ajoelhou. Ainda não conseguia assimilar direito a informação, e aos poucos o desespero o tomava – não precisa se preocupar, querido.

- Você é a pior mãe que eu poderia ter escolhido para Sara – ele disse, mas aquilo não pareceu abater a mulher, e o irritou ainda mais – Como pôde esquecer de buscá-la e nem se preocupar com isso?

- Querido, eu... – ele não quis ouvi-la. Levantou e caminhou até a porta, batendo-a em seguida.

Sua filha fora seqüestrada, mas não podia contar com a própria esposa. Sem nem pensar direito, Harry entrou no elevador, e inconscientemente apertou o número do andar de Hermione. Caminhou até a porta da mulher e tocou a campainha. Não demorou para que está fosse aberta. Hermione ficou surpresa ao vê-lo ali, havia acabado de chegar do ministério. Percebeu imediatamente que algo estava errado.

- O que... – a mulher foi surpreendida com um abraço desesperado. Ia afastá-lo, mas ao ouvi-lo chorar, ficou sem ação – Harry...

- Minha filha, Hermione... – ele murmurou baixinho. Não precisava dizer mais nada.

N/A: Bom... Depois de vários dias aqui estou \o/ \o/ \o/ Não tenho muito para falar, apenas torço para que curtam a fic!! \o/ E claro, desculpem-me pela demora, mas eu estava louca por causa dos estudos estes últimos dias, então... Não tive condições para postar antes!! =D Acredito que atualizarei outras fics em breve, pq eu fiquei de férias \o/ espero que continuem acompanhando!! Obrigada a todos que leram, comentaram e votaram!! \o/ Um beijo enorme!! Pink_Potter : )

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