Briga em família

O aeroporto estava cheio, e várias pessoas caminhavam apressadas com bagagens nas mãos. Hermione sorriu, enquanto mirava Paul mais uma vez. Nem acreditava que ele já iria embora. Sentiu o toque de uma das mãos dele em sua face, acariciando-a gentilmente.

- Faça uma boa viagem – ela desejou.

- Obrigado – Paul ficou em silêncio por algum instante – Eu vou sentir sua falta.

- Eu também... – Hermione disse – O que foi?

- Eu não sei, apenas... Tive uma sensação estranha.

- Como assim?

- Uma sensação de perda... – ele deu um pequeno sorriso – Acho que... Somente agora, eu percebo que te perdi para sempre.

- Paul... – ele a impediu de continuar, tocando-lhe os lábios com as pontas dos dedos.

- Estaria mentindo se dissesse que o que motivou a minha vinda foi o Congresso. Eu vim por você, Mione. Esperava estar voltando hoje com você.

- Sinto muito – Hermione baixou a vista.

- Não é culpa sua – ele se aproximou mais e a abraçou – Eu te amo, Mione. Eu sei que fiz tudo que podia para conseguir ter você de volta...

- Eu juro que queria poder corresponder esse sentimento, porque você merece – ele sorriu.

- Eu preciso ir... – Paul disse, ao ouvir o anúncio de seu vôo. Hermione balançou a cabeça positivamente – Será que... Eu posso pedir um último beijo? – a morena sorriu.

Ele se aproximou lentamente antes de tocar-lhe os lábios. Beijou-a intensamente, pois ele sabia que aquela seria realmente a última vez. Quando se separaram, Paul a beijou ainda carinhosamente na testa.

- Até um dia, Mione – ele disse antes de se afastar.

Hermione permaneceu imóvel por algum tempo, enquanto assistia Paul seguir para o portão de embarque. Por mais que a vida ao lado de Paul fosse mais fácil, algo dentro dela a impedia de voltar aos Estados Unidos. Questionava-se se teria feito a escolha certa. Respirou fundo, e então caminhou em direção a saída.

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Por mais que desejasse muito terminar logo aquele livro, não conseguia concentrar-se na leitura. Estava sentada na poltrona que havia em seu quarto, o livro em suas mãos. A curiosidade estava corroendo-a. Um sorriso travesso esboçou-se em seus lábios, e o livro foi simplesmente esquecido sobre a poltrona. Praticamente na ponta dos pés, deixou o aposento. Caminhou pelo corredor, e parou em frente a uma porta fechada.

Abriu a porta cuidadosamente. Seu coração estava acelerado, e a sensação de que seria pega a qualquer instante não lhe abandonava. Tentou não fazer barulho enquanto caminhava até o guarda-roupa. Parou abruptamente, e riu de si mesma ao lembrar que estava sozinha em casa e não precisava tanto cuidado. Relaxou mais e continuou seu caminho. Teria muito tempo até seus pais chegarem do jantar.

Sara não sabia exatamente o que estava procurando, mas seu instinto a guiava. Tinha certeza de que seu pai escondia algo... E escondia algo relacionado à Hermione. Abriu o guarda-roupa e direcionou sua busca à parte destinada as pertences de Harry.

Vasculhou por todas as gavetas, mas não encontrava nada além de peças de roupas. Separou as roupas que estavam em cabides na esperança de encontrar um fundo falso no guarda-roupa, mas fora inútil. Soltou um suspiro de frustração, antes de fechar as portas, e sentou na cama. Seu olhar recaiu então sobre o criado-mudo de Gina. Levantou rapidamente e seguiu para o outro lado da cama, no qual seu pai dormia, e procurou algo no criado-mudo dele. Não encontrou nada.

Percorreu o quarto com o olhar. Sorriu ao ver as estantes com os livros que apenas o pai lia. Lembrou-se que Gina comentara que aqueles eram livros muito tediosos. Havia diversos livros, mas Sara não se importaria de procurar em cada um deles. Pegou uma cadeira, e começou a folhear cada livro da estante.

Já estava ficando cansada, e suas esperanças diminuíam à medida que folheava livros em vão. Talvez aquela fosse uma busca inútil, e ao olhar o relógio percebeu que logo seus pais chegariam. Ainda faltavam alguns livros, quando encontrou um cujo título era “Hogwarts, uma história”. Deu um pequeno sorriso ao imaginar que breve estaria entrando para Hogwarts. Desceu da cadeira e caminhou até a cama, não porque acreditava que encontraria algo ali, mas simplesmente porque o livro lhe chamara a atenção.

Passou a mão delicadamente sobre a capa do livro, estava em perfeito estado, o que a fez supor que alguém lançara um feitiço protetor nele. Duvidou ter sido Harry, pois conhecia o certo “desleixo” do pai em relação aos livros. Abriu a capa e encontrou uma dedicatória na contracapa. Sara começou a ler...

“Querido Harry,
Duvido que ache esse o melhor presente de natal que alguém já lhe deu, mas aposto que é a melhor maneira para que sempre lembre de mim. Posso estar sendo pessimista, mas nesse tempo negro em que vivemos, às vezes me questiono se existirá amanhã... Sei que odeias quando digo isso, mas é a realidade.
Passarei meu livro para ti como demonstração da minha grande admiração e carinho por você, para que nunca esqueça essa amiga que tens. Cuide bem dele para mim.
PS: Fiz um feitiço protetor nele, então não precisará se preocupar tanto.
Com carinho,
Hermione Granger”.

Sara estava boquiaberta quando terminou de ler. Releu mais três vezes para ter certeza de que não se equivocara. Não conseguia acreditar que acabara de ler uma dedicatória tão carinhosa como aquela, e muito menos que havia sido escrita por Hermione. Folheou o livro, mas não encontrara nada dentro dele. Contudo, era praticamente impossível ser outra Hermione Granger.

Um barulho vindo da sala a fez dar um pulo de susto. Ouviu as vozes dos pais, percebendo que eles se aproximavam. Levantou da cama e caminhou ao encontro deles. Quando Harry abriu a porta do quarto, assustou-se ao ver Sara parada em sua frente.

- Filha? O que faz aqui? – perguntou confuso.

- Sara, estamos cansados... Vá para seu quarto dormir, querida – Gina disse sem prestar muita atenção na menina.

- O que houve? – Harry insistiu na pergunta – Algo errado?

Sara apenas suspendeu o livro, permitindo que o homem lesse o título. Ele empalideceu. Havia esquecido daquele livro.

- Sara... – ele começou, mas a menina o cortou.

- Por que o senhor mentiu para mim, pai? – Sara questionou, suas expressões retratavam sua decepção – O senhor disse que jamais mentiria para mim.

- Do que ela está falando? – a ruiva questionou confusa.

- Querida, eu posso explicar... – Harry tentou se aproximar, mas a garota deu um passo para trás – Foi há muito tempo! Éramos muito amigos naquela época.

- O que aconteceu, pai? – Sara o olhou bem nos olhos – Como o senhor pode demonstrar tanta raiva de alguém que um dia já chamou de amigo? Ou o senhor acha que eu não percebo que sente raiva da Mi?

- Mi? Estão falando da Hermione? – Gina perguntou, confusa.

- A senhora também a conhecia, mãe?

- Sim... Ah, querida... É você que não a conhece ainda – a mulher disse – Seu pai fez a coisa certa quando deixou de ser amigo daquela mulher.

- Eu sinto muito, mas não posso acreditar que a Hermione seja uma pessoa ruim – Sara falou.

- Sua mãe está certa, você não a conhece! – Harry aumentou um pouco o tom de voz, a raiva começando a invadi-lo. Questionava-se por que guardara aquele livro.

- Talvez eu não a conheça tanto quanto vocês a conhecem, mas eu simplesmente confio nela. Em pouco tempo, eu percebi que posso contar com a Mi sempre que precisar... – os dois adultos ficaram calados.

- Aonde você vai? – Harry questionou.

- Ouvir a versão da Mi – ela disse.

- Já é tarde! – ele lembrou.

- Eu tenho certeza que ainda assim, ela me receberá – Sara se afastou e seguiu até a porta.

- Maldição! – Harry exclamou enraivado.

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- Sara? – Hermione estranhou ao ver a menina em sua porta.

- Eu... Posso entrar?

- Claro – a mulher sorriu – Está tudo bem?

- Não... – as duas caminharam até a sala – Mi... Por que você mentiu para mim? – Hermione ficou momentaneamente sem ação. Não precisava de mais explicações.

- Porque eu percebi que seu pai não gostaria que soubesse sobre o que aconteceu no passado – ela respondeu – Sara, eu não sabia que você era filha de Harry, e quando eu descobri, confesso que fiquei sem ação. Eu não soube o que falar ou fazer naquele momento, mas logo entendi que a última coisa que ele queria era que descobrisse a verdade.

- O que houve? – a menina questionou, e imediatamente percebeu o quanto tocar nesse assunto balançou Hermione. A tristeza ficou visível em sua face.

- Até hoje eu não sei o que realmente aconteceu... – ela deu um sorriso triste – Lembro-me que nossa amizade foi se desgastando e um dia ela simplesmente terminou.

- Foi o meu pai quem brigou com você?

- Sim... Mas eu não posso culpá-lo pelo fim de nossa amizade – Hermione a encarou – Paul me fez perceber que eu também tive minha parcela de culpa... Meu orgulho me fez desistir muito fácil. Talvez, se eu tivesse insistido as coisas não tivessem sido assim.

- Então você se arrepende? – a menina perguntou.

- Muito. Seu pai era meu melhor amigo, assim como Rony – a garota se surpreendeu – Sim, eu também conheço o Rony. Estudamos juntos em Hogwarts, éramos inseparáveis naquela época... Eu não perdi somente a amizade de Harry, eu perdi toda uma família... Seria impossível permanecer em Londres assim, por isso fui embora.

- Não posso acreditar nisso... É tão triste.

- Ei... Não quero que fique triste pelo que houve – Hermione a abraçou – Faz parte do passado.

- Você odeia o meu pai, Mi? – a mulher ficou em silêncio por alguns instantes.

- Não, eu não odeio o Harry – ambas sorriram – Eu confesso que já tentei, mas eu não consigo.

- Você acredita que um dia possam ser amigos novamente?

- Eu não sei... Harry parece ter um motivo muito forte para não querer ser meu amigo de novo – Hermione percebeu o quanto Sara parecia triste e chateada. Achou que deveria conversar mais um pouco com a menina e tentar acalmá-la – Quer lanchar comigo?

- Quero sim – elas levantaram.

- Sara...

- Sim?

- Não fique com raiva de seu pai... Eu entendo que ele não queria que soubesse do passado...

- Ele mentiu para mim – Sara falou.

- Eu sei, e eu acabei mentindo também... É muito doloroso para mim lembrar o que aconteceu. Talvez seja doloroso para ele também... Você precisa perdoá-lo.

- Eu... Eu já perdoei... – ela confessou – Mas ainda estou com raiva, sabe...

- Sei... – Hermione sorriu – Só não seja muito dura com ele. Harry é louco por você.

Sara balançou a cabeça e sorriu, antes de seguir com Hermione para a cozinha. Após o lanche, elas conversaram um pouco mais, até que a menina decidiu voltar para casa.

Quando abriu a porta, encontrou a sala parcialmente escura. Seu pai estava esperando-a sentado num dos sofás. Assim que a viu, Harry levantou.

- Filha...

- Amanhã nós conversamos, pai – foi tudo que ela falou antes de seguir para o quarto. Harry tentou falar algo, mas foi inútil. O homem bufou de raiva, mas ao invés de ir para o quarto, caminhou em direção à porta.

Hermione ainda estava acordada quando violentas pancadas na porta a assustaram. Caminhou lentamente até a entrada de casa, e soltou um muxoxo quando ouviu a voz de Harry. Assim que abriu a porta, ele entrou sem nem ser convidado. Ela fechou a porta novamente.

- Boa noi... – ele a impediu de concluir a frase.

- O que disse à minha filha?

- A verdade – Hermione respirou fundo, já imaginando que seria uma longa conversa.

- A sua verdade, você quer dizer... – Harry estava vermelho de raiva – Aposto que ficou enchendo a cabeça de minha filha, fazendo-se de vítima.

- Olha, se você veio aqui me ofender, é melhor ir embora agora mesmo, porque está é minha casa!

- Você é a culpada de tudo! Por sua culpa Sara descobriu a verdade, por sua culpa ela agora deve estar zangada comigo!

- Minha culpa? MINHA CULPA? – ela questionou se aproximando dele – Você ficou louco? Eu não falei nada a Sara... NADA! Ela já chegou aqui chateada, porque o PAI dela preferiu mentir para ela! – ela se aproximou, enraivada.

- Culpa sua sim... Culpa daquele seu maldito livro! – ela parou em frente a Harry.

- Do que está falando? – perguntou confusa.

- A Sara viu aquele livro que você me deu uma vez... – ele revirou os olhos.

- V-você guardou mesmo o livro? – Hermione não conseguiu evitar um pequeno sorriso. Harry não soube o que responder.

- Bem... Eu... – o homem bufou de raiva por ter confessado aquilo – Não é o que está pensando!

- E o que acha que estou pensando? – mais uma vez ele ficou em silêncio. Hermione também não falou mais nada, e apenas o olhou bem nos olhos. Harry abriu a boca duas vezes, mas ainda demorou um pouco antes de finalmente dizer algo.

- Maldita hora em que você voltou – ele disse.

Harry, então, a surpreendeu quando segurou seus braços. Hermione o encarou sem medo. Ele parecia querer falar mais alguma coisa, mas não conseguia. Por um instante, uma sensação estranha percorreu todo o corpo de Hermione. Seu olhar recaiu sobre os lábios dele e antes que pudesse reagir, Harry a beijou.

Correspondeu imediatamente, como se ansiasse por aquele momento. Sua mente esvaziou-se, e não conseguia pensar em nada além do beijo dele. As mãos que antes a apertava nos braços, envolveram-na pela cintura, aproximando bem os corpos. Deveria ter ficado completamente insano, mas era mais forte que ele; não conseguiu resistir. Nenhum deles parecia querer encerrar o beijo, mas depois de algum tempo tiveram que parar.

O silêncio os envolveu por vários segundos que mais pareceram uma eternidade. Os lábios de ambos estavam vermelhos e inchados, e as respirações eram descompassadas. O mesmo sentimento de confusão os atormentava, mas nenhum deles ousou dizer uma palavra. Harry, então, se afastou, e saiu do apartamento. Hermione fechou a porta, estava igualmente chocada.

N/A: Bom... Eu nem peço mais desculpas pela demora *Pink cara de pau*, pq vcs já sabem que Pink anda super corrida e os estudos qualquer dia vão deixá-la louquinha O_o Sei que demorei, mas finalmente aqui está o cap... Infelizmente, não está do jeito que eu queria, me desculpem... Eu não sei... Achei horrível *_* E eu reformulei esse final, pq o que eu tinha escrito da primeira vez estava pior =O Anyway... Mil desculpas!! xD Contudo, eu acredito que o proximo seja mais interessante, ehehehehhee... Finalmente as coisas vão começar acontecer entre os HHs \o/ \o/ \o/ Sei que esse beijo aí não foi lá essas coisas, mas esperam que tenham gostado xD Bom... Talvez eu demore um pouco para voltar aqui, mas eu juro que volto e que não vou abandonar esta fic, oks?! =D AHh... Agradeço a todas as pessoas que leram e votaram, e um obrigada especial àquelas pessoas que tb deixam um comentário!! Aimm... Mil desculpas mesmo pela demora *eu não consigo não me desculpar xD*, eu juro que queria poder estar atualizando mais frequentemente, mas não posso mesmo!! Peço compreensão e paciência!! \o/ E torço para que tenham curtido essa att!! Obrigada mais uma vez!! Grande beijo!! Pink_Potter : )

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