Veneno



Veneno


Doía. Sentia muita dor. Não conseguia abrir os olhos - estavam pesados demais. Parecia que havia passado um trasgo por cima de Draco Malfoy. Não se tinha noção do que tinha acontecido, apenas uma vaga lembrança. Parecia ter sido um sonho. Sonho não, pesadelo, para ter ficado daquele estado, só se tivesse caído metros e metros de altura. Foi isso. Lembrou-se como se tivesse acabado de acontecer, porém não se lembrava o por quê. Poderia não ser tão bom jogador - "Mas cair da vassoura jamais, só Longbotton para conseguir essa proeza" - mas pensar doía, muito. Quanto tempo havia passado? Como terminou o jogo? O que... WEASLEY!
Levantou com um pulo e logo caiu de volta na cama, se contorcendo de dor. Gemia baixinho, o bastante para acordar uma garota que dormia ao pé da cama, apenas encostada no colchão fofo.

- Ei Malfoy, já que está tão bom assim, porque não sai voando? – falou Ginny sonolenta. Mexeu nos cabelos e coçou os olhos, encarando o loiro com tédio. O garoto abriu os olhos e demorou o olhar na ruiva, tentando focalizá-la. Era tarde da noite. Nenhum barulho e ninguém esperando por que ele acordasse. Somente Ginny. Um âmpito de raiva subiu-lhe a cabeça.

- Saia daqui, Weasley! - gemeu o loiro, desconcertado. Sentia-se um perfeito idiota, cheio de frescuras. Vários frascos de remédios que ele nem imaginava que existiam, ataduras e até flores. Mas ele bem que gostava disso, não quando era vindo de um Weasley - "Eu não posso ter perdido para essa..."

- Ok, Malfoy, só queria ver se estava vivo mesmo. – disse a ruiva, um tanto assustada com a reação do garoto. Ia se levantando quando Draco tocou em seu braço. Seu estômago deu voltas e mais voltas, como uma montanha-russa. Um simples toque fez Ginny amolecer. Tão sutil como uma pena. "Por que é sempre... assim". Estava fora de si.

- Por que... - começou Draco, em um tom diferente - Ei! Você me derrubou, sua idiota! Como ousa? - completou rispidamente quase aos berros. Estava furioso. Fuzilava os olhos verdes e tristes de Ginny, fazendo-a se culpar ainda mais a cada segundo que passava.

- N-Não foi a intenção, seu idiota - devolveu Ginny no mesmo tom usado pelo garoto - Não me chame de idiota, seu... arrogante. Você caiu que nem um pato e quebrou vários ossos. Está a 5 dias desacordado e ainda vem me atacando?

Havia tristeza no olhos da ruiva, o que fez Draco sentir uma leve fisgada em seu estômago. E como sempre, não deu atenção.

-Só porque falei a verdade, foi por isso, Weasley - respondeu o loiro, mais frio do que costumava ser - Falei que o Potter não te amava mais, nunca amou, se tivesse, nunca teria te trocado pela Chang. Também, quem iria gostar de uma garota como você... - não continuou. Foi interrompido pelas lágrimas que brotavam nos olhos brilhantes e maravilhosamente verdes de Ginny.

- Não... fale... o que não sabe, seu grosso! - já não continha as lágrimas que rolavam pelo seu rosto e pelas pequenas sardas. Mas nem assim Draco parava. Estava passando dos limites. – E somente para a sua informação, eu fiquei aqui esperando dia após dia você acordar! – bufou.

O garoto parou por um instante para assimilar o que a ruiva havia acabado de declarar. Mas a vontade de rebaixá-la era imensa. Deu de ombros, como se não se importasse.

- Sei que sou irresistível, Weasley, mas não babe, me dá náuseas. – falou arrogante.

- Me poupe, Malfoy. Não tenho tanto mau gosto para te apreciar. – respondeu à altura, com total desprezo, o que deixou o loiro muito irritado. Ele jurou para si que fuzilaria Ginny quando estivesse curado. Ela não era ninguém para menosprezá-lo.

- Oh, você é tão irônica, Weasley. Só faltava ser que nem sua amiguinha Granger, uma sangue-ruim metida a inteligente! - falou o loiro com desprezo. Falava com total naturalidade na voz, como se fosse um mero descaso. Sem perceber o estrago que estava causando.

- Cale a boca! CALE A BOCA! - Ginny gritava tão alto que ecoava na sua cabeça.

O loiro parou no instante do surto, como se tivesse recebido uma ordem de algum superior. Adorava infernizar os Weasley, mas não conseguiria suportar aqueles olhos marejados por muito tempo. Mesmo assim, não perdeu a postura e, muito menos, seu charme. Superior como sempre.
A garota interrompeu seus pensamentos vagos. Soluçava alto - aos prantos.

- O que estou fazendo aqui... o que estou fazendo aqui... - murmurava repetitivamente para si.

- Vá logo embora, pobretona. - respondeu automaticamente o loiro.

Foi encarado profundamente por Ginny, que mudara seu olhar de tristeza e culpa para raiva e ódio em poucos milésimos de segundo. Draco ficou hipnotizado - "O que ela está fazendo?". Suava frio com aquela situação, nunca havia passado por alguma semelhante. Muito menos perto de alguma garota. Tinha todas que queria aos seus pés, a hora que quisesse, por que ficava tão fora de si quando a ruiva lançava seu olhar para ele? Não havia explicação, estava ficando doido. Sentiu seu estômago despencar e fez cara de nojo.

A ruiva aproximou-se do garoto. Estavam muito próximos. Os narizes a poucos centímetros fizeram com que Ginny sentisse o hálito de menta e a respiração um tanto acelerada de Draco. Não era normal, vindo dele. O loiro, por sua vez, sentiu o perfume da garota. Era doce, leve e muito suave. Assim como os traços de seu rosto, que a cada centímetro mais próximo, revelavam uma beleza que antes não era vista por Draco. Nunca imaginou que uma garota poderia ser tão... Idiota. "Pare com isso, seu estúpido, você enlouqueceu? O que está acontecendo?" - O loiro não se reconhecia. Deveriam ter lançado o feitiço da memória nele ou coisa do tipo. Estava diferente. Pensando diferente. Sentiu-se desconfortável perante a situação. Estava apreciando Virgínia Weasley? A pobretona a qual havia roubado o diário e publicado para todos lerem e gargalharem sem dó, nem piedade. Esse sim era o verdadeiro Malfoy. Mau.
Ginny quase se perdeu nos olhos acinzentados e penetrantes de Draco. Levantou um dedo em direção ao rosto do loiro, e falou, numa voz abafada e amarga.

- Nunca mais diga... – começou, mas não terminou sua frase. Trocaram olhares desesperados. Um procurava algo no olhar do outro. Palavras já não descreviam a cena e os seus sentimentos, verdadeiros ou não. Certos ou não. O tempo havia parado a favor deles. Draco puxou levemente a garota pelo pulso, fazendo-a inclinar o corpo sobre o dele. Ele soltou um leve gemido de dor. Se encaravam sem medo. Estavam tão próximos. Seus lábios haviam se tocado pela primeira vez. Um arrepio passou por Ginny. Draco e ela estavam fora de si. Envolveram-se em um beijo caloroso, esquentando o coração de pedra de Draco Malfoy, e outro despedaçado de Ginny Weasley. Mundos diferentes. Idéias distintas. Nomes a sustentar. E uma quebra de barreiras que abalaria os dois lados. O bem e o mal pareciam não existir em meio a guerra que estava travada.

Um beijo que poderia mudar o destino da história do mundo mágico. A união do impossível com o imprevisível. E eles não faziam idéia do que teriam que enfrentar, pois mal sabiam que dentro de cada de seus corações, sentimentos novos brotariam. Sentimentos venenosos.



N/A: Olááá genteee! Muito muito muuuuito obrigada meeesmo pelos comentários!! Vcs não sabem a minha felicidade =D
Bom, sei que o cap demorou um pouco para sair, mas eu só publico um quando já tenho o próximo quase pronto! Sei que não ficou muuito grande, mas é muito importante para o desenvolvimento da história!
Agradeço mais uma vez os comentários e os votos, continuem comentando, quero saber o que acharam desse novo capítulo, ok? Qualquer dúvida, podem perguntar também! Se quiserem me xingar, xinguem uahuahu

Bom, ficou muito grande esse N/A, daqui a pouco fica maior que o cap...

Beijos e beijos ;*

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