The Speedy-Gold 1



O biscoito mofado caiu instantâneamente da boca de Harry, que permaneceu paralizado e calado. Tudo bem que ele imaginava coisas sobre a Sra. Figg desde o acontecido da lareira, como disse tia Petúnia, mas que conhecia Dumbledore e era realmente uma bruxa ultrapassava os limites de imaginação possíveis dentro da cabeça do garoto!

- Ele não quer te ver fora da casa dos Dursleys! Você já deveria ter sido alertado pelo Sr. Weasley, mas vejo que não foi o que aconteceu. E o que houve? Está tão ruim assim? - prosseguiu a Sra. Figg, pegando o biscoito do chão e jogando-o pela janela. Ao ver que Harry continuou estático, retomou a fala.

- Não me ouviu, querido?

- Ah, e-é... sim, sim... - gaguejou. - é... a Sra. conhece Dumbledore?

- Mas claro que conheço Dumbledore! Quem não o conheceria! - exaltou, fazendo movimentos rápidos com os braços e mãos, e depois encarou Harry bem dentro dos olhos, aproximando de seu rosto e lhe dando um susto. - Por que? Não me diga que não conhece Dumbledore?

- Sim, conheço, claro que conheço. Estudo em Hogwarts. - Harry levantou-se do sofá velho, procurando distanciar um pouco do rosto da Sra. Figg. Não era nada, nada agradável suportar aquele bafo de comida estragada misturado a aparência doentia e velha.

- Oras, então não terei porque enrolar! Não converse com ninguém da rua... OUVIU?

Por que será que a Sra. Figg tinha a incrível mania de alterar a voz ou gritar? Pensava Harry enquanto massageava os ouvidos.

- Sim, sim. - disse ele.

- Ótimo. Agora volte para a casa dos seus tios e...

- Mas talvez o Sr. Weasley me leve para a casa dele. - interrompeu-a Harry, esquecendo-se completamente da última carta do Sr. Weasley.

- Ele está maluco? Não, não, nem pensar. Não quero ser culpada se acontecer alguma coisa com você. Já estou a anos me preocupando com a sua segurança.

- Com a minha segurança?

- Sim. - suspirou. - Dumbledore pediu que eu o vigiasse durante todo este tempo em que você esteve na casa dos Dursley.

Quando Harry pensava em dizer algo, ela o atropelou:

- Eu sei que eles não são flor que se cheire. Mas me diga - e sentou-se no sofá, agora ficando mais calma do que aparentava antes - o que te preocupa, menino? Eu vejo isso nos seus olhos.

Harry ficou adimirando-a durante um longo tempo e depois, não tendo outra alternativa já que a sua curiosidade de saber era maior, sentou-se no sofá e teve uma longa conversa com ela.


Era de se esperar que algo de novo acontecesse em sua vida, já que aquele insuportável tédio não passava nestas férias de verão. Ainda mais este ano, com o retorno de Voldemort. E pensar que Fudge e todo o Ministério não acreditam...


E, mais uma vez, algo a que Harry esperava tanto durante este tempo todo apareceu. Uma coruja marrom de olhos âmbar entrara calmamente e pousara na cama, erguendo a pata para Harry. Estranhando e desamarrando, abriu um envelope branco sem nenhum dizer e leu:


Caro Harry,

espero que esteja tudo ok com você. O Snuffles aqui está com saudades!


"Sirius!!!", pensou Harry, e uma onda de excitação invadiu seu peito a cada palavra que lia.


Vê se num apronta muito, ta?

Se cuide!



Quando Harry olhou pro lado, a coruja marrom de olhos âmbar já não estava mais lá e, esquecendo-se completamente de Edwiges adormecida na gaiola, não respondeu à carta do padrinho.


Agora, faltando uma semana para 1° de setembro, Harry estava se sentindo mais leve, porém mais incomodado sempre que pensava em dar algumas voltas pela rua a noite. Mas só de olhar para a carta de Sirius tudo aquilo passava e fazia com que sua ansiedade por voltar a Hogwarts e ver seus amigos e sair dali fugisse de seus pensamentos e vontades.

E, nesta noite, com mais uma coruja, percebeu que não só ganhara uma carta de Sirius mas, lá sabe-se como, uma de Cho Chang:


Caro Harry,


Olá! Acho que você está estranhando eu lhe mandar esta carta, não? Uma amiga me disse que você ficaria muito feliz se eu lhe desse feliz aniversário, por mais que fosse atrasado.
Parabéns! Bom, acho que é só isso que posso lhe desejar!
Estou com saudades!


Aquilo ficou preso na cabeça de Harry e fez o coração de Harry amolecer.


Espero te ver em breve!
Beijos da sua amiga,
Cho Chang.


Sim, este fora o melhor dia em toda aquelas suas férias!!!


Os Dursleys, na manhã que antecedia 1° de setembro, encaravam Harry com a mala pronta na mão e a gaiola de Edwiges na outra e, por mais que fosse incrível, era quatro e meia da manhã. Harry, uma vez estando perto do dia do Expresso de Hogwarts sair e ele ainda não ter comprado o material, decidiu passar uma noite no Caldeirão Furado e, de lá, ir para o Beco Diagonal e comprar seus livros. Afinal de contas, também encontraria seus amigos.

Dizia na última carta de Rony o seguinte:

"Espere a mim e a Mione em Frente ao Gringotes!"

Bom, era pra lá mesmo que ia.

Já do lado de fora da casa n° 4, na rua totalmente deserta dos Alfeneiros, ignorando totalmente as caras do tio Válter e de tia Petúnia, puxou a varinha e ergueu-a, apontando numa direção qualquer.

No mesmo instante apareceu um grande ônibus, de uns trÊs andares, e um rapaz de aparência jovem anunciando:

- Bem-vindo ao Nôitibus Andante, o transporte de emergência para bruxos e bruxas perdidos. Basta esticar a mão da varinha, subir a bordo e podemos levá-lo aonde quiser. Meu nome é Stanislau Shunpike...

Mas como Harry já sabia de praticamente tudo que ele ia dizer, pois viajara no Nôitibus a uns dois anos atrás, tratou de pegar as suas últimas moedas com valor - de bruxo - e entregar a Lalau.

- Tome. Quero ir para o Beco Diagonal, ou melhor, o Caldeirão Furado.
Lalau imediatamente puxou o malão de Harry e este subiu a bordo, levando a gaiola de Edwiges, que no momento estava vazia pois saira para caçar.

- E eu achando que você era Neville Longbottom. - disse Ernesto Prang, o motorista, ao ver Harry subindo no ônibus.

O garoto deu um sorrisinho e encaminhou-se para um dos lugares, enquanto Lalau guardava seu malão.

- Por catorze sicles você ganha chocolate quente e por quinze...

- Um saco de água quente e uma escova de dentes da cor que eu quiser. - interrompeu-o Harry sem emoção, sem saber como lembrava-se disso.

A viajem, como era de costume saber quando se viajava no Nôitibus, não fora nada calma, mas Harry já esperava e já estava preparado para isso.

- Obrigado. - agradeceu Harry a Ernesto, descendo do Nôitibus.

Harry tratou logo de entrar no Caldeirão Furado e, como já conhecia Tom, arrumar um quarto para dormir o mais urgentemente possível, pois seu sono aumentara desde sua saida da casa dos Dursley.

Manhã do dia que antecede 1° de setembro, dez horas.

Harry tomava um delicioso chocolate quente levado por Tom até o seu quarto. Melhorando o ânimo e o humor só de pensar que em breve estaria em Hogwarts, puxou a carta naturalmente enviada de Hogwarts em todas as suas férias contendo o seu material deste ano e deu uma breve olhada, pensando em como seria o seu dia no Beco Diagonal.

Primeiro teria que ir a Gringotes, obviamente tirar dinheiro e depois comprar todo o material necessário.

"Nos encontramos em frente a Gringotes", dizia a última carta de Rony e não foi novidade Harry, no final da tardinha, ver os Weasley no Beco Diagonal. Não foi exatamente de frente pro banco dos bruxos, mas se encontraram como o combinado.

Molly, a mãe de Rony, lhe deu um abraço bem apertado. Gina, que nunca tivera coragem na vida de fazer isso, também lhe deu um abraço, porém breve. O Sr. Weasley lhe apertou a mão, os gêmeos lhe bagunçaram o cabelo e Rony, que deveria estar tão feliz quanto os outros, lhe deu um breve "oi" e um aperto de mão.

- E aí Harry? Como foi as suas férias? - perguntou ele assim que entraram no Caldeirão Furado, enquanto Gina e os irmãos subiam para guardar o material e o Sr. e a Sra. Weasley disseram buscar seu presente de aniversário "atrasado".

- Foi bom... não tanto no início, mas foi...

E, antes que Harry pudesse terminar de falar, viu uma garota de cabelos crespos e ondulados correndo em sua direção. Ao chegar perto dele, lhe deu um demorado abraço.

Rony, mostrando-se muito indiferente, tomou um gole de sua cerveja amanteigada, que havia pedido a Tom antes de iniciar conversa e pagado com o dinheiro que o irmão lhe dera.

- Que bom te ver Harry! - disse Hermione um tanto sem fôlego, sentando-se numa das cadeiras desocupadas e tomando um gole da cerveja amanteigada de Rony. Este, parecendo que a alegria voltou a tomar conta de seu corpo, disse:

- Abusada.

- Obrigada. - retribuiu resposta a garota, porém sem nenhum vestígio de raiva.

- E então Harry, como foi suas férias?- tornou a dizer Hermione, olhando dele para Rony.

- Foi bem.. te garanto que foi melhor do que eu esperava...

Mione e Rony se encararam e depois olharam para Harry.

- E não... não aconteceu nada...

- ... de estranho? - terminou Hermione a fala iniciada de Rony.

Harry, tomando fôlego, contou tudo, desde a carta anônima até a Sra. Figg.

- Acho que era Vol...

Mas ele não pode terminar de falar, pois lá vinha o Sr. Weasley acompanhado de uma esposa nada, nada satisfeita.

Trazia um embrulho grande porém comprido. Assim que chegou próximo a mesa dos três, pousou-o sobre ela, olhando para Harry.

Rony, novamente mostrando-se indiferente, tomou outro gole de sua cerveja amanteigada, olhando para o vidro da parede que dava na rua na frente do Caldeirão Furado. Hermione, assim como Harry, olhou para o embrulho.

- Vamos, abra. - tornou a dizer o senhor Weasley.

Já estava óbvio que era uma vassoura.

- Mas eu já tenho uma. - disse Harry, enquanto desembrulhava uma bela vassoura lustrosa e brilhosa.

- Acho que você ainda não entendeu bem o que é isso. - prosseguiu o Sr. Weasley, e sua esposa continuava a estar de mal humor.

Rony fingiu deixar o copo cair e, levantando-se, foi até onde Tom estava. Não pretendia presenciar Harry ganhar outra vassoura, e ainda mais aquela.

Era realmente bonita, mas Harry não viu nada de tão especial, a não ser que era um presente. Nela estava cravado em ouro e prata os dizeres: "The Speedy-Gold 1".

- Espero que tenha bom proveito quando estiver maior de idade, Harry. - disse Arthur, mirando-o. Hermione continuava estática. - Com toda certeza você não tem uma. É nova no mercado e... digamos que só alguns times internacionais as tem. Corre mais do que a Firebolt, mas não esqueça a sua outra vassoura, ela também é muito boa.

Harry, sem saber o que dizer, ficara agradecido com tal presente, só não tinha a mínima idéia de como uma família, com tão poucas condições, conseguira lhe dar algo tão caro. E, ou era impressão de Harry, ou o Sr. Weasley podia ler mentes.

- Não se preocupe com o preço dela... te juro que não paguei mais que um sicle!

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