Arabella Figg



Cap 3 - Arabella Figg.

Harry ficou encabulado. Ficar na casa dos tios ou sair de vez?
Se bem que era bem mais confiável acreditar na palavra do Sr. Weasley e consequentemente de acordo com a carta de Rony, Dumbledore do que numa pessoa desconhecida. Mas isso, infelizmente, ainda encucava dentro de sua cabeça.

Ligou o abajur, deitou-se na cama e puxou o livro de feitiços para fazer os deveres de casa.

"Será que Duda conhece aquele cara?", ficou pensando enquanto buscava em sua mochila uma pena e procurava o tinteiro. "Esqueça isso Harry, Duda não merece a sua preocupação - ah, aqui está você!" exclamou ao encontrar o tinteiro, dirigindo-se para a cama novamente e começando a fazer o dever na calada da noite.

Escutou um ronco alto e ao mesmo tempo engraçado, que com certeza era de tio Válter, e decidiu apagar o abajur e usar a varinha, seria mais seguro.

Sete e meia da manhã, 3 de agosto. Era a segunda noite a que se sacrificava a ficar acordado até às três da madrugada fazendo os deveres de casa. Nunca estivera tão cansado naquelas férias em toda sua vida.

"Não quero nem imaginar quando tiver deveres do 5° ano pra fazer..." disse a sí mesmo, ficando sentado e espriguiçando-se, ao mesmo tempo que dava um longo bocejo.

Pegou os óculos e levantou-se de vez, guardando o material da escola novamente debaixo da tábua solta de sua cama, pois esta noite dormira com a cara em cima do livro. O sono foi tão forte que nem sequer guardou o material.

Hoje, decididamente, não deceria para tomar café da manhã.
"Não faz a mínima diferença", pensou, "Duda precisa mais que você - disse imitando uma voz que lembrava a de sua tia - sempre o querido Dudinha..."

Era como ele pensava, pois o comportamento dos tios em relação ao seu café da manhã não mudara nada, exceto que o encaravam com desgosto e cara feia de vez em quando, e tinham uma mania de fazer as coisas calados, como se ele não existisse ali. Às vezes, e raro, ordenavam a ele que fizesse as coisas, porém tio Válter só levantou a voz a Harry quando uma coruja entrou igual a um foguete e acertou sua cabeça, piando alto feito louca.

Harry reconheceu rapidamente: Píchi.

"Mas será que eu não avisei ao Rony direito?" pensou nervoso, enquanto desamarrava a carta da pata miuda de Píchi quando conseguiu alcançá-la.

- MOLEQUE! - esbravejou tio Válter que, por culpa da pequena coruja, derramara café na própria roupa e no jornal. - QUANTAS VEZES JÁ LHE DISSE? NÃO QUERO ESSES BICHOS NA MINHA CASA!!! - e ele só fez almentar a voz e cuspir no rosto de Harry a cada palavra, aproximando a cara púrpura pra cima do garoto. E com um único movimento, apontou pra cima, para o quarto onde Harry ficava. - E não terá comida hoje!! - exclamou, seguindo Harry com os olhos enquando o garoto seguia aborrecido para a escada.

- NÃO TENHO CULPA SE ME MANDARAM PÍCHI! - defendeu-se Harry, pisando enraivecido no degrau da escada.
Nem ligou ao ver a cara do tio tentando raciocinar o que seria Píchi, apenas subiu para seu quarto e leu a carta:

"Caro Harry,

desculpe mandar a Pícji mas é que estou com pressa. Infelizmente não vou poder buscá-lo para ficar o resto das férias em minha casa. Cuide-se.

Atenciosamente,

Arthur Weasley".

Aquilo não foi o que esperava e só deixou Harry mais nervoso ainda.

- SAIA DAQUI!!! - gritou para a pobre Píchi, que se encaminhava em direção à gaiola de Edwiges. Ao ouvir o grito do garoto, piou infeliz e voou em direção a janela, saindo apressada e, Edwiges, que acabara de acordar, lançou ao dono um olhar de desaprovo.

- Pronto, terminei, chega de estudar. - disse Harry a sí mesmo em voz baixa na madrugada de 15 de agosto, guardando os livros, pergaminhos e o resto do material. - Nox! - disse, e sua varinha se apagou.

Depois, com um leve bocejo, virou-se de barriga pra cima e ficou adimirando o teto, pensando o quanto seria bom ir para a casa dos Weasley passar o final das férias lá. Sua vida de uns tempos pra cá só piorara e decididamente Harry não via nada de agradável ser uma "celebridade" no mundo bruxo, na verdade era a pior coisa.

"O que será que Voldemort planeja agora que retornou? Claro que reunir seus comensais..."

E outra coisa ainda mais preocupante atravessou sua mente assim que lembrou do Lord das Trevas. Por mais que odiasse seu primo, não deixava de lhe ocorrer se aquele no parque era Voldemort.

"Ele sorriu" disse a si mesmo, levantando-se e indo até a janela, adimirando o céu. "Ele não se daria o trabalho de vir até aqui... mas poderia ser um comensal, eu sinto - ai!"

Sua cicatriz, que a alguns dias não doía tanto, parecia que entrara em brasas, mas passou tão rápido quanto dizer "um".

"Ele deve estar feliz agora", disse um ego interno em Harry, sem ânimo.

Jogou-se novamente na cama e esperou o sono chegar, agarrando-se ao travesseiro e tendo um maravilhoso sonho, em que Cho o beijava.

- Só falta mais duas semanas. - disse Harry, riscando o dia quinze no calendário, assim que acordara.

Seus tios, hoje, só deveriam estar de bom humor, pois não pediram pra Harry fazer absolutamente nada e nem ao menos implicaram com o menino. Por vezes andavam até sorridente.

Sua barriga deu um enorme ronco, fazendo-o sentir mais fome do que tinha antes. Foi até a tábua solta de sua cama e pegou o último pedaço de bolo que sobrara e devorando-o todo em menos de três minutos.

Depois, assim que desceu, entendeu o porque a felicidade tão grande dos Dursley.

- Ela vai se mudar, vai se mudar. - ouviu a voz de tia Petúnia feliz na cozinha, enquanto conversava com o marido.

- Sim, livres dessa gente. - dizia tio Válter.

Harry, da sala mesmo, contornou para o hall e saiu. Duda ainda dormia e seus tios não sabiam que ele acordara mesmo.

"Quer dizer que a Sra. Figg vai se mudar", pensava, enquanto andava pela rua e passava bem na frente da casa dela.

- HARRY!!! EI, AQUI!!!

Ele olhou despercebidamente para uma senhora vestida de pijama no portão de casa com um coque bem apertado e um sorriso amplo, acenando-lhe: era a Sra. Figg.

"É só pensar no capeta que ele aparece", pensou Harry, dando um sorrisinho para ela e tentando desviar conversa, acenando-lhe também e seguindo caminho.

Mas era impossível escapar dela. Harry sentiu uma mão puxá-lo pelo braço e arrastá-lo até dentro de uma casa um tanto fedorenta e com gatos.

- Não me ouviu chamando-o, Harry? - disse a Sra. Figg, fazendo o garoto se sentar num sofá velho dentro da sala de visitas.

- Mas...

- Tome, coma. - disse ela bondosamente, enfiando um biscoito na boca do garoto.

- Agradecido, senhora... - ia dizendo Harry com a voz engrolada por causa do bicoito com um leve sabor de mofo.

- Não me agradeça. Estou tentando falar com você sobre Dumbledore a tempos!

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