Um retorno não muito agradável



Harry ficou mirando o Sr. Weasley durante um tempo, pensando que talvez hoje em dia um sicle passasse a valer uns quinhentos galeões, mas não encucou muito com isso, apenas com o fato do Sr. Weasley ter conseguido pagar. Mas foi ele mesmo que disse que num pagou mais que um sicle... então não tem problema. Olhou para Hermione, que olhava para um Rony um tanto infeliz conversando com Tom, na beirada do bar. Harry instantaneamente olhou para Rony também e depois para a maravilhosa The Speedy-Gold 1. Será que ele ficou chateado por não ter uma vassoura, vamos dizer, decente?

Claro que ficou, dava para notar nos olhos dele e no jeito como encarara a vassoura a minutos atrás. Mas Harry não queria deixar o amigo assim. Pensou até em dar sua Firebolt pra ele, mas foi presente do padrinho. Sirius se importaria se ele desse?


Harry ficara muito feliz com aquela vassoura no início. Quando todos os Weasley estavam reunidos ali, o Sr. e Sra. Weasley prontos para ir embora, ficaram admirando-a, como se fosse de ouro ou uma coisa muito valiosa. Hermione era a que menos ligava para a The Speedy-Gold 1, depois de Harry, que desanimara quando subiu com seus dois amigos para seus respectivos quartos, Hermione tomando outro rumo e Rony acompanhando-o, dormiriam no mesmo quarto esta noite, enquanto Gina dormiria no mesmo que Mione e os outros em mais um quarto separado.

- É realmente bonita a vassoura. - comentou Rony, enquanto abria seu malão e tirava seus pijamas.

Harry olhou para ela novamente, ainda encabulado, mirando-a só mais um pouco para não perder o costume. Estava maravilhado.

- Pois é. - e guardou-a de vez, antes que aquilo subisse a sua cabeça. - Ei Rony, eu estava pensando - dizia Harry enquanto abria seu próprio malão para também pegar seu pijama e vesti-lo - será que Sirius deixaria eu te dar a Firebolt? Pô, acabei de ganhar uma vassoura nova e... eu queria dar ela pra você.... não se importa... não é? - continuou com cuidado, para não magoar o amigo.

E Rony, parecendo realmente desanimado agora, sentou-se na beirada de sua cama e mirou o amigo.

- Por que quer me dar uma Firebolt? Eu não irei usá-la Harry... não jogo em nenhum time de quadribol e não sou maior de idade. - dizia sem ânimo.

Harry imaginava que seu amigo tocara numa parte um tanto delicada, em dizer que não podia ter uma vassoura porque não iria usá-la em circunstância alguma.

- Mas eu queria dá-la... como um presente. Não precisa desanimar, aceita meu...

O amigo olhou para ele novamente, agora se deitando.

- Você não se importa com que Sirius vai dizer? Pensa só. Ele gastou o último tostão pra te dar aquela Firebolt e você quer dar ela pra mim... que não vou utiliza-la? Será que ainda não percebeu Harry... eu não preciso de uma vassoura cara pra ficar me gabando e olhando pra ela sem poder fazer nada. - e puxou suas cobertas para junto do corpo.

Harry, ficando decepcionado de como o amigo o interpretou mal, disse, um tanto alterado:

- Então fique sem nada. Estou tentando ser legal com você e vem com cinco pedras na mão... não posso fazer nada se você não joga em nenhum time de quadribol!

Rony, ofendido, retribuiu:

- É... isso mesmo... jogue na minha cara, é só isso que você sabe fazer com as pessoas... só porque é uma celebridade, só porque você tem dinheiro e eu não... continue assim mesmo Harry, você não faz idéia de como estou contente por querer me dar uma porcaria de uma Firebolt.

- Espere aí… eu nem toquei em assunto algum falando que você é pobre... não disse nada. Se não quiser é uma escolha sua, não sou culpado!
Harry, agora nervoso, terminado de vestir seu pijama, deitou na sua cama com pressa, tratando de se cobrir e dormir. Mas Rony era insistente, e isto o irritava mais ainda.

- Daqui a pouco vai querer ser o Ministro... acha que pode tudo... - dizia ele em voz baixa, ao mesmo tempo que era pra si e não era.

- Será que dá pra você calar a boca? Quero dormir, acho que você não notou. - gritou Harry, impaciente. O amigo, ofendidíssimo, se levantou e saiu do quarto, deixando Harry só e, assim como queria, em paz para dormir. Mas não foi o que aconteceu, não conseguiu.


Manhã de 1° de setembro.

Harry passara aquela noite em claro, ainda estava decepcionado com o amigo e não tinha motivos para pedir desculpas, não fizera nada de errado, muito pelo contrário, tentara ser até legal com ele. Após arrumar seu malão e se trocar para descer e tomar café da manhã, descobrira nas conversas entre Rony e Hermione que ele dormira no mesmo quarto que a amiga e a irmã. Mas mesmo assim Harry, orgulhoso, não olhou para Rony. Ele que estava errado... ele que quis sair do quarto.

Parando de pensar neste assunto chato que aparecera na sua vida como mais um desgosto, lembrou-se da carta anônima e agora concluindo que fora de má intenção da pessoa que o mandou, pois não acontecera nada de mais na casa dos Dursley e na rua dos Alfeneiros, a não ser que descobriu que a Sra. Figg era uma bruxa e o tal homem de preto apareceu no parque e conversou com Duda, que, por mais estranho que fosse, o conhecia, estava meio que óbvio. Duda era grandalhão e etc, mas era medroso como só. Não sairia conversando com um desconhecido de aparência estranha sem conhecê-lo, e ainda mais se fosse um bruxo, o que era pior.


- Vamos meninos e meninas, já são quase onze horas. - dizia o Sr. Weasley quando eles estavam na plataforma 9 e meia, na estação King’s Cross. Rony foi o último a passar.


- Doces? - perguntou a moça do carrinho quando passou pela cabine onde Harry estava com Hermione, Rony e Gina. Harry, para não deixar passar a vez, comprou um pouco de cada coisa, porém não tocou em nada direito e Rony muito menos, olhava pela janela da cabine o lado de fora do trem passar. Hermione pegou um sapo de chocolate e comeu quieta, olhando de um para outro e de vez em quando levantando para dar uma olhada pelo corredor. Um momento depois que Harry se lembrou:

- Quem será que foi nomeado como monitor? Você sabe, Mione?

A amiga deu de ombros.

Gina, que saira um pouco da cabine para dar uma volta, pois realmente o ar que pairava dentro dela de desavença não estava bom, voltara correndo e pelo visto muito contente, escancarando a porta da cabine e berrando:

- Hermione, vem aqui, vem aqui! - e puxou a menina que, sem saber, foi arrastada para fora da cabine.

E agora eles estavam ali, sozinhos, Era estranho ficar num local com uma pessoa que você conhecia mas não falava, pelo menos momentaneamente. Harry, não querendo e nem suportando estar naquela cabine e ainda mais agora, levantou-se também e foi dar uma volta pelo corredor do trem, coisa que nunca parara pra fazer em todos os anos que viajara no Expresso de Hogwarts. Só depois foi entender o que deixara Gina, e pelo visto Hermione também, muito feliz.

Era um rapaz, de aparência de uns vinte e três anos, rosto jovem, de cabelos acajus claros, olhos verdes vivos, de pele clara e alto, de corpo feito e vestido de preto que deixara-as atiçadas daquele jeito. Gina não parava de falar apressada, parecia que ia desmaiar e Hermione parecia levemente empolgada. Talvez não estivesse tanto assim por causa de Vitor Krum. Vai saber o que meninas pensam.


Assim que o trem parou e Harry pôde ver Hagrid e falar com ele, que ficou sabendo de uma coisa que era meio que novidade. Seu amigo gigante, depois que o cumprimentou e aos seus amigos, lhe deu um jornal, o Profeta Diário, e dissera-lhe para ler depois, encaminhando aquele bolo de alunos do primeiro ano para o outro lago.


Apenas quando entrou na carruagem que Harry foi ler o Profeta Diário,

Hermione e Rony um tanto silenciosos demais.
Dizia tudo o que ele imaginava. Tinha uma foto sua e uma reportagem logo abaixo, escrita por uma mulher chamada Melina Diggle, ou era impressão de Harry ou tinha um sobrenome meio que familiar. Falava que ele era um louco, que gostava de ser o centro das atenções e que mentira que Voldemort (o Lord das Trevas) ressurgira e que, pior ainda, aquilo era um planinho sujo de Albus Dumbledore para ganhar, junto com ele, mais fama.

- Loucos! - exclamou ele ao terminar de ler e passando para Hermione. - Você já leu isso?

- Sim. Estão contra Dumbledore também. Na verdade acho que Fudge não admite que ele seja mais inteligente e que V... o Lord das Trevas tenha voltado ao poder. - disse a garota por fim.


Harry, depois de um tempo, ficou olhando de relance para Rony. Na verdade não queria ter brigado com ele - aquela se tornara sua pior volta a Hogwarts.


Se tornou pior ainda momentos depois. Ele nunca imaginaria que encontraria o que encontrou dentro dos terrenos de Hogwarts.

Enquanto entrava e passava pelos portões acompanhado dos amigos, ele decididamente tomou coragem e falou com Rony.

- O que deu em você? - e repensou melhor, tentando ser mais gentil. - Por que parou de falar comigo? Por causa daquilo?

Hermione meio que distanciou deles, sem dar palpites. Rony olhou para ele pela primeira vez naquele dia.

- Foi você que começou. Você que jogou na minha cara o que eu sou. Pensa que tenho vergonha de ser pobre? Não tenho. Não precisa ficar me alertando. Você quis se fazer de bomzinho só pra que eu me sentisse inferior... pra se sentir melhor porque tem uma The Speedy-Gold 1... acha que não sei? Está enganado.

Harry, fechando a cara, deu meia volta e foi andando em outro rumo, distante dos amigos. Hermione, vendo que uma briga feia podia acontecer, correu atrás de Harry mas este a impediu.

- Não me siga. Não quero que venha comigo, ok? Vá com Rony... se amiguinho... o pobrezinho e coitado... - disse ele um pouquinho trêmulo, com desgosto na voz. E, com passadas, largas, distanciou-se realmente dos amigos, deixando uma Hermione falando sozinha para o vento.

Só depois de uns dois minutos, quando estava próximo a entrada do castelo, quando ao longe dava para ver o Salgueiro Lutador, é que a pior coisa aconteceu naquele seu dia tempestuoso de problemas em sua volta a Hogwarts.

Sentiu um frio forte e repentino e, quando se virou para ver o que era, deu de cara com um ser vestido de preto, encapuzado que deslizava sobre o chão. Era nada mais e nada menos do que um reconhecível dementador. E para piorar sua situação, esquecera sua varinha no malão, que a essa altura do campeonato estava sendo carregado para dentro da escola, melhor dizendo, do quarto dos meninos do 5° ano. E antes de pensar em porque tudo de diferente, ruim e estranho acontecia com ele, foi ficando triste, pensando em coisas tristes, pensando na morte de Cedrico, que no ano passado o deixara fortemente abalado, em Voldemort, e em Cho.... até em Cho. Pensando num grande não que lhe daria. Que nunca mais veria e falaria com Rony, pois fora ignorante demais com o amigo... e antes de tentar pensar que aquilo tudo era uma mentira ao mesmo tempo que o dementador já estava a um palmo de seu rosto, viu, em vislumbres, um anjo braco e iluminado se apossar daquela figura feia encapuzada e de si mesmo. Estaria morto?


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.